sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dúvida


Filmes baseados em peças de teatro são geralmente muito pouco dinâmicos e sua força se concentra nos diálogos e nos conflitos entre os personagens. Pense em "O Homem que Não Vendeu Sua Alma", "Equus", "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?". O problema de "Dúvida" é que além dele ser pouco dinâmico, os conflitos são banais e nada de muito sério parece estar em jogo. Esses filmes precisam ser explosivos, surpreendentes, os personagens precisam fazer coisas impensáveis! Eles fazem todo um dramalhão em torno da hipótese do padre ter abusado do garoto, mas temos a sensação de que mesmo que tudo seja provado, não seria assim algo tão grave. O garoto é amigo do padre, tem certa maturidade, é gay, vai ver ele gostou! Qual o problema? Outras coisas no filme incomodam, como o uso errado de alívio cômico e uma linguagem de câmera que só ajuda a fortalecer a idéia de que nem o diretor está acreditando muito na história. Ou seja, o filme soa sempre um pouco tolo, mas é uma tolice divertida que pode ser vista com prazer. Afinal, o que é entediante na companhia de Meryl Streep?

Indicado a 5 Oscars: Melhor Atriz (Meryl Streep), Melhor Ator Coadjuvante (Philip Seymour Hoffman), Melhor Atriz Coadjuvante (Amy Adams), Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis), Melhor Roteiro Adaptado.

Doubt (EUA, 2008, John Patrick Shanley)

INDICADO PARA: Quem gostou de "Notas Sobre um Escândalo", filmes sobre conflitos morais.

NOTA: 6.5

3 comentários:

Anônimo disse...

Não acho que precise ser dinâmico, a monotoniedade cria um certo clima de tensão, que acho que faz parte do filme, além de se tratar da igreja, que é uma coisa um tanto quanto... ok.
Quanto ao problema, é um padre tendo relações com um menino. Não importa muito se ele é gay e quer ou não.
E o legal é que saimos do filme sem saber se realmente aconteceu, abrindo possibilidade pra cada um fazer seu final.

Caio Amaral disse...

Oi Teo! Não tenho problema com finais abertos... Mas nesse caso, deixar a questão no ar me parece mais uma saída fácil, pois o conflito não era assim tão interessante. Se tivessem revelado que o padre não abusou do menino, seria surpreendente porém tornaria o filme banal; se provassem que abusou, seria mais satisfatório, mas ainda assim previsível e não particularmente chocante. Seria meio banal de qualquer forma. Uma saída teria sido criar uma nova surpresa... Tipo o padre realmente não abusou de ninguém, mas a Meryl Streep sim fez algo com o garoto e estava tentando incriminar o padre! Rsss. Sei lá. Só me interessa final aberto quando estou realmente envolvido na questão. Lembra de "Antes do Pôr do Sol"? Aquilo sim foi uma rasteira na platéia!

Anônimo disse...

Tive a mesma impressão que vc. A história não tem esse peso todo, no fundo o mais importante e a carga dramática de cada personagem, cujas atuações realmente estão memoráveis. Merryl como sempre incrível e Viola Davis (com praticamente uma cena) dão show. O último momento da Sister Aloysius foi frustante....