quinta-feira, 28 de maio de 2009

Uma Noite no Museu 2


Li a crítica do Rubens Ewald antes de assistir o filme onde ele dizia que este era melhor que o primeiro pois o roteiro era mais redondo, havia soluções melhores, etc. Estranhei porque os críticos americanos estavam falando o contrário. Daí lembrei algo importante - eu e o Rubens não concordamos em nada quando o assunto é humor! E o primeiro "Uma Noite no Museu" só funcionou porque havia 2 ou 3 piadas realmente fantásticas (como a da índia lendo marcas de pneu na neve). O resto era bobagem; a premissa já é tão bobinha que uma trama mais elaborada não faria nenhuma diferença. Mas o Rubens provavelmente nem ligou pras 2 ou 3 piadas que eu falei; julgou o filme mais pela aventura.

O filme é apenas uma sucessão de gags e sacadas mais ou menos criativas envolvendo os elementos do museu. Não há de fato um enredo, e os conflitos são banais - a situação mais dramática é quando Owen Wilson (em miniatura) é colocado dentro de uma ampulheta pelo vilão (a idéia é que quando o tempo se esgotar ele irá morrer soterrado; o que não faz sentido, pois nenhum lado de qualquer ampulheta fica completamente cheio de areia, ele iria continuar respirando o ar do outro lado do vidro, só que com areia até o pescoço!). Isso é só pra demonstrar que a qualidade de idéias aqui é meio fraca (há uma piada completamente inapropriada quando Ben Stiller troca tapas com um macaco - "bater no macaco" é uma gíria pra masturbação em inglês!). Ou seja, é tudo tão casual e desnecessário que o filme não funciona nem como uma diversão acéfala do tipo "A Lenda do Tesouro Perdido". A única coisa boa no filme inteiro é Amy Adams ("Encantada") como a aviadora Amelia Earhart - uma participação inspirada que apenas confirma o talento dela. Enfim, se for levar as crianças, compre bastante coisa pra comer durante a sessão.

Night at the Museum 2: Battle of the Smithsonian (EUA/CAN, 2009, Shawn Levy)

INDICADO PARA: Crianças apenas.

NOTA: 4.5

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Budapeste


O que esperar de um drama cujo personagem principal é um completo fracassado? Quando você começa a escrever um filme, uma das primeiras coisas que se define é o personagem principal (às vezes até antes da história). E normalmente você tenta criar a pessoa mais interessante e admirável possível. O Woody Allen vive interpretando "losers" - mas perdedores apenas em algumas categorias, como no amor e no trabalho. Fora isso ele é sempre fascinante, engraçado e cheio de frases geniais.

No filme "Trovão Tropical" há uma teoria sobre interpretar retardados no cinema - que você nunca pode fazer um retardado completo, se não a Academia não te reconhece (você pode fazer "Rain Man", que é retardado mas é um gênio da matemática e ganha no blackjack). Com fracassados acho que é a mesma coisa - e José Costa em "Budapeste" é um full-loser. Um quarentão chato, triste, mal nos relacionamentos e com a profissão mais desprezível que existe: um ghost-writer (escritores que são pagos pra escrever biografias para outras pessoas e abrir mão de qualquer crédito de autoria). Ou seja, a não ser que você veja genialidade em frases como "A poesia de verdade desaba por dentro...", poupe-se dessas 2 horas de masturbação pseudo-intelectual.

Contei mais de 12 pessoas que sairam da sala durante a sessão.

Budapeste (BRA, 2009, Walter Carvalho)

INDICADO PARA: Apenas fracassados maiores ainda. Pq no filme pelo menos o cara fracassa na Hungria... Tem umas pontes bonitas...

NOTA: 2.5

terça-feira, 19 de maio de 2009

Anjos e Demônios


No meio de tantas super-produções fracassadas, que deram errado por terem sido entregues às pessoas erradas, dá gosto ver este exemplo perfeito do bom e velho filmão de estúdio. Uma produção hollywoodiana impecável, com um grande astro no elenco, uma história comercial adaptada de um bestseller, e um diretor experiente que faz o serviço com segurança e habilidade. Um entretenimento eficiente e sem pretensões, que entrega exatamente aquilo que vende. É alta cultura? Não, é apenas diversão.

Às vezes me acusam de ser exigente demais com o cinema, que um filme às vezes pode ser apenas diversão. Eu concordo mais do que ninguém! O problema é que a indústria anda tão pobre que até pra uma diversão passageira é necessário um vencedor do Oscar como Ron Howard (ele dirigiu "O Código Da Vinci" além de filmes importantes como "Cocoon", "Apollo 13", "Uma Mente Brilhante", "A Luta pela Esperança" e "Frost/Nixon" - é como um William Wyler ou um George Cukor, não é considerado um grande artista mas um excelente artesão). O filme é uma sequência de ação do começo ao fim, cheia de surpresas e reviravoltas, com uma trilha alucinante de Hans Zimmer e uma direção de arte inacreditável (lembre-se que NADA foi filmado de fato no Vaticano).

Senti falta de alguma coisa? Sim, principalmente de Langdon. É tanta coisa acontecendo que o filme nunca tem tempo de respirar, e não há tempo pro personagem. São raros os momentos em que a câmera para um pouco e podemos curtir a companhia de Tom Hanks. E um filme não pode ser apenas trama; os melhores do gênero sempre mesclam a aventura com uma história pessoal igualmente importante (pegue os Indiana Jones como exemplo). Mas aqui ele está apenas correndo de um lado pro outro a serviço (provavelmente numa tentativa do filme de agradar a quem leu o livro, evitando cortar muitas passagens da história, sem deixar o filme com 3 horas de duração).

Comparando com "O Código Da Vinci", achei este menos emocionante (até porque a história de "Da Vinci" era mais grandiosa), porém mais gostoso de seguir, mais coerente e com menos falhas (começando pelo cabelo de Tom Hanks).

Angels & Demons (EUA, 2009, Ron Howard)

INDICADO PARA: Todos. Quem gostou de "Da Vinci".

NOTA: 7.5

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Divã


Apesar de ter gostado do filme e de ter dado muita risada, saí da sessão meio esgotado. Daí descobri que apesar de parecer uma comédia, o filme tinha sido na verdade um estudo amargo sobre o envelhecimento. O que ele quer te fazer sentir do começo ao fim é que as coisas não duram: o corpo, a família, filhos, maridos, amigos, nem mesmo a terapia. Você sai do filme se sentindo 10 anos mais velho, até porque o próprio roteiro sofre uma espécie de envelhecimento - ele começa cheio de vigor, originalidade, boas piadas... Mas no terceiro ato vai perdendo a força, até um final amarelo e agridoce.

Adorei a produção (perto desse, "Se Eu Fosse Você 2" fica parecendo um vídeo caseiro), o filme tem piadas excelentes, Lília Cabral está ótima e ainda melhor está Alexandra Richter fazendo a amiga engraçada (essa é digna de um filme do Lubitsch!), mas acho que o filme tem algo de contraditório em sua proposta. Ele se apresenta como algo vindo da prateleira de "Sex and the City", mas se eu fosse uma mulher acima dos 30 anos, "Divã" me deixaria realmente desesperada! Ao invés de inspirar e divertir, o que o filme me diz é o seguinte: você pode ser rica, ter saúde, beleza, filhos, ser casada com o José Mayer, ter affairs com o Gianecchini e o Cauã Reymond, mas a vida ainda vai ser a mesma droga. Eu conheço filmes sobre o holocausto que são mais otimistas do que este!

Divã (BRA, 2009, José Alvarenga Jr.)

INDICADO PARA: Público adulto. Quem gosta do cinema comercial italiano ou argentino.

NOTA: 6.5

terça-feira, 12 de maio de 2009

Star Trek


Conheço muita gente que não sabe diferenciar "Star Trek" de "Star Wars", apesar de serem coisas tão distintas. Mas tenho que admitir que esse universo é muito confuso, até pra quem conhece. Imagine que em 1966 foi lançada a série de TV original "Star Trek". Esta foi gerando outras menores, como "Star Trek: The Next Generation" e "Star Trek: Voyager" ao longo dos anos 80 e 90. Mas têm também os filmes para cinema, que foram 10, até "Star Trek: Nemesis" (e tem os "Star Wars" no meio disso tudo pra confundir; são 3 clássicos e 3 modernos, porém cronologicamente invertidos!).

Agora surge este novo "Trek", com atores novos, e todo mundo fica se perguntando; É sequência? É remake? É spin-off? É prequel? Basicamente, o filme é apenas mais uma sequência. Acontece que esta trama em particular envolve viagens no tempo e realidades paralelas, servindo assim como uma perfeita desculpa pros produtores recriarem toda a série, rejuvenecendo os atores e deixando tudo com uma cara mais fresca e pop.

Por enquanto, é o melhor blockbuster de 2009. O filme foi dirigido por J. J. Abrams, criador da série "Lost", que é ao mesmo tempo o ponto forte e o ponto fraco do filme. O lado bom é uma direção envolvente, que agarra a platéia pelo pescoço e deixa ela presa do começo ao fim. O ponto negativo é que falta no filme um certo requinte cinematográfico. Nas interpretações, na direção, na fotografia. Uma dimensão artística que existiria se houvesse um diretor mais sensível por trás. Mas é tão raro ver um filme pipoca que realmente funciona, que a gente tem mais é que bater palma.

O que é legal nos "Star Trek" é que cada episódio traz sempre uma história interessante de ficção científica, que não é apenas um filme de ação ou um melodrama transferido pro espaço. As tramas utilizam o universo sci-fi pra criar dramas e conflitos que só seriam possíveis nesse contexto. Como a cena em que o Capitão Kirk precisa tirar Spok do comando da nave, mas pra isso tem que extrair dele uma reação descontrolada, pra provar que está emocionalmente comprometido. Spok é mestre no controle das emoções, e tirá-lo do sério parece algo impossível. Mas Kirk recebe dicas da única pessoa que realmente conhece Spok por dentro - o próprio Spok, só que mais velho, vindo de uma realidade alternativa! São esses toques que tornam o filme interessante e fazem todo o resto funcionar. Destaque pra Zachary Quinto que faz o Spok e pra Zoe Saldana, que no fim do ano sai no "Avatar" do James Cameron.

Star Trek (EUA/ALE, 2009, J.J. Abrams)

INDICADO PARA: Qualquer um a fim de um bom entretenimento.
Avaliação do público (IMDb): 8.6
Avaliação da crítica (RottenTomatoes): 91%

NOTA: 8.0

domingo, 3 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine


Não sei o que está acontecendo em Hollywood. Alguns anos atrás esse tipo de filme poderia até ser ruim, mas pelo menos tinha efeitos de primeira linha. Será que eles se renderam à pirataria e assumiram que grande parte do público irá assistir ao filme no computador? Se foi isso erraram - o filme fez 87 milhões só no primeiro fim de semana (mesmo tendo vazado antes na internet). Acho triste ver que mesmo em tempos de crise as pessoas saem de casa, compram o ingresso, enfrentam filas, e a indústria cinematográfica responde com um lixo desse naipe. Um filme de segunda categoria mesmo, longe dos hits do ano passado "Homem de Ferro" e "O Cavaleiro das Trevas", e inferior ainda aos 3 primeiros "X-Men". Logo após os créditos iniciais eu virei pro meu amigo e disse: este filme está complamente fora de controle! E a impressão se manteve até o final. Hugh Jackman, que impressionou o mundo no último Oscar, desce de novo de categoria e se une a Vin Diesel e outros astros de ação cujo maior talento são os bíceps (desafio qualquer pessoa a achar 1 único frame do filme onde Jackman não esteja com as sobrancelhas franzidas!). O filme foi dirigido por Gavin Hood, diretor de "Tsotsi", vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006. Me dá certa angústia imaginar que os produtores possam ter procurado um diretor estrangeiro (em vez de um diretor de Hollywood competente) na esperança de dar ao filme uma sensibilidade mais artística.

X-Men Origins: Wolverine (AUS/EUA/CAN, 2009, Gavin Hood)

INDICADO PARA: Não dá pra indicar.
Avaliação do público (IMDb): 6.9
Avaliação da crítica (RottenTomatoes): 15%

NOTA: 3.5