sábado, 10 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios


O novo filme de Tarantino é longo, entediante, e absolutamente vazio - há uma sensação de futilidade, de falta de importância e de significado envolvendo cada cena do filme. Me lembrou o Spielberg quando começou a querer ficar mais sério em A Cor Púrpura - ele não tinha maturidade e também não entendia nada do assunto; apesar disso A Cor Púrpura foi um grande filme porque tinha emoções genuínas e profundas. Não dá dizer o mesmo desse...

Pegue a sequência inicial - um oficial nazista visita uma casa onde uma família de judeus se esconde sob o piso. A cena é longa, com movimentos de câmera coreografados e bem pontuados, tudo feito de maneira precisa e habilidosa com a intenção de criar suspense. Mas a cena não tem força pois tanto o dono da casa quanto os judeus são vagos pra platéia, não temos nenhum envolvimento com eles (e também não temos a impressão de que Tarantino se importa realmente pela questão dos judeus). Esse sentimento se estende por todo o filme; uma sucessão de conversas longas que quase sempre terminam em tiroteio, que é sempre a saída mais fácil. Não há um personagem central; o filme não é sobre ninguém... E também não é sobre ideais ou valores. O melhor personagem é o vilão, mas não há um contraponto, um herói igualmente forte. Nem os "bastardos" formam um grupo tão interessante assim que mereça o título do filme.

Tarantino é bom pra paródias, filmes de ação, coisas assumidamente rasas que ele transforma em filmes de primeira. Aqui ele tentou fazer algo quase sério mas faltou maturidade - faltou se importar de verdade pelo material. O amor de Tarantino pelo cinema e pelos filmes dos outros fica claro em cada plano, em cada referência; mas ele não investe o mesmo interesse em seus próprios personagens. O filme foi um sucesso de público graças a Brad Pitt (que está ridículo, 100% do tempo com as sobrancelhas curvadas pra cima, se escondendo atrás de uma única expressão de deboche).

O longa parece mais uma homenagem de luxo a esse universo cinematográfico de Quentin Tarantino. Pra mim é o seu mais fraco até agora; só que o filme termina com uma cena de efeito e arranca um aplauso final da platéia - que sempre cai nesse truque e sai vibrando da sala achando que foi tudo genial.

Inglourious Basterds (EUA/ALE, 2009, Quentin Tarantino)

INDICADO PARA: Quem gostou de A Espiã, Planeta Terror, O Albergue 2...

NOTA: 5.0

2 comentários:

Unknown disse...

Bom, já mantenho os humores preparados... Mas Tarantino é "must see"... Talvez se a mesma história levasse a idéia de filmes pessoais como da patota do American Zoethrope as coisas seriam diferentes.
No final das contas, Tarantino é Tarantino... Tem que entender a "brisa" dele.

Tiffany Noélli disse...

Caio! Seu Post sobre Bastardos Inglórios, já valeu por isso: "Brad Pitt (que está ridículo, 100% do tempo com as sobrancelhas curvadas pra cima, se escondendo atrás de uma única expressão de deboche". Até hoje ñ entendo pq ele quer provar q é um bom ator, se ñ verdade ñ é?! Não assisti ainda o filme, mas vou logo, pq amo o Tarantino! Bjs