sábado, 5 de dezembro de 2009

Abraços Partidos


Abraços Partidos é um melodrama com elementos de film noir e suspense (uma das sub-tramas envolve um garoto com uma câmera que de cara nos remete a Peeping Tom (1960), que inclusive é citado no filme). Mas um filme de Almodóvar não tem gênero, assim como um filme de David Lynch ou de Fellini não tem gênero. É um universo próprio; como sempre, vão ter prostitutas, traições, drogas, acidentes trágicos, personagens gays, pessoas obsessivas e vermelho - muito vermelho!

Esta história em particular se passa em torno de uma problemática produção cinematográfica. Acho interessante que muitos diretores que também escrevem roteiros acabam criando histórias que se passam no mundo do cinema, ou então personagens que sejam escritores, atores, etc. Nada mais natural - Almodóvar faz filmes há mais de 30 anos e este é certamente o assunto que mais domina.

Penélope Cruz está muito bem, como sempre que trabalha com ele. Mas a maior performance do filme acho que é a do próprio Almodóvar por trás das câmeras. Ele é um desses diretores exibidos que estão sempre chamando a atenção do público pro aspecto da direção - mas ele faz isso com estilo e sempre nos momentos certos. Há uma demonstração brilhante numa sequência onde o cineasta dentro do filme assiste a uma montagem ruim do longa que está produzindo; apenas um grande diretor como Almodóvar poderia mostrar a mesma cena 2 vezes; uma mal dirigida e a outra bem dirigida!

Abraços Partidos talvez não seja tão brilhante quanto Volver, seu último trabalho, mas ainda assim é um filme pra todo mundo ver. Tem alguns cineastas que são simplesmente incapazes de serem desinteressantes.

Los Abrazos Rotos (ESP, 2009, Pedro Almodóvar)

INDICADO PARA: Todo o público adulto.

NOTA: 7.5

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