quarta-feira, 30 de março de 2011

Sem Limites


Dirigido por Neil Burger, do ótimo O Ilusionista (com Edward Norton), o filme conta a história de um escritor falido e com bloqueio criativo (Bradley Cooper) que descobre uma droga experimental que faz com que o cérebro humano funcione em sua capacidade máxima. Em poucos minutos, ele se torna capaz de enxergar e ouvir de maneira aguçada, pode acessar memórias de todo o seu passado com precisão, fazer cálculos complicados, aprender línguas em minutos, e finalmente escrever o seu livro.

Em vez de ir pra ficção-científica e abordar questões mais profundas, o filme se passa no mundo das finanças e foca em Bradley fazendo dinheiro - está mais pra um Wall Street do que pra Matrix. Não sei se esse era o melhor caminho pra um filme com uma premissa tão interessante. Se você vai contar a história do ser humano mais inteligente que já existiu, não soa meio limitado situar o filme em reuniões de negócios?

O problema é que é muito complicado escrever uma história onde o protagonista é o maior gênio da humanidade. Afinal, como o roteirista vai retratar essa pessoa de maneira minimamente convincente, se ele próprio não for um gênio? (Isso me lembra do quadro do Monty Python sobre o homem que inventava a piada mais engraçada do mundo - lógico que eles nunca mostravam a piada, só o efeito dela nas pessoas). É possível retratar um gênio da matemática, um gênio da música, mas tentar retratar um gênio absoluto em todos os sentidos é uma tarefa quase impossível de cumprir.

Mas mesmo "sub-aproveitado", o filme é dirigido com criatividade e tem uma das premissas mais originais que eu vi recentemente - e tem também um efeito visual novo que eu nunca tinha visto antes: uma imagem que vai ampliando e levando a gente numa viagem através da cidade, mas sem mudanças de perspectiva, como se fosse um zoom constante que fosse esticando a imagem infinitamente e ao mesmo tempo levando a gente pra frente. Impossível de descrever, é sem dúvidas uma das coisas mais estranhas desde o efeito "Vertigo" de Hitchcock (e não deixa de ser perfeitamente apropriado pra este filme, já que a história mostra um homem que vê além da capacidade humana).

Sem Limites (Limitless / EUA / 2011 / 105 min / Neil Burger)

Orçamento: US$ 27 milhões
Bilheteria atual: US$ 56 milhões
Nota do público: 7.4
Nota da crítica: 5.9

INDICAÇÃO: Quem gostou de Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme, Controle Absoluto, Quebrando a Banca, Deja Vu, A Passagem, Efeito Borboleta, etc.

NOTA: 6.5

sexta-feira, 25 de março de 2011

Jogo de Poder


Baseado na história real de Valerie Plame (Naomi Watts, desglamourizada), agente da CIA que teve sua identidade exposta pelo próprio governo por causa de um artigo polêmico que seu marido (Sean Penn) escreveu no jornal criticando o governo Bush (todo aquele lance de invadir o Iraque sem ter evidências das armas nucleares).

O trailer dublado da Paris Filmes dá a impressão de um filme pior do que é (aliás, Paris Filmes, vamos trocar de diretor artístico??). É um filme sério, mas tem cara de matéria de jornal... Tudo muito distante, frio. O filme conta a história, mas se mantém o tempo todo a uma distância profissional da platéia. Não tenta provocar nenhuma emoção. Nem emoções negativas de revolta, injustiça... Pessoalmente, não me interesso por esse tipo de filme. Não conheço nenhum grande filme que não toque o espectador num nível mais pessoal. Relatar fatos é função do jornalismo, cinema tem que emocionar a gente de alguma forma, não acham?

Curiosidade: segundo o IMDb, há uma mensagem codificada nos créditos finais que ainda não foi descoberta.

Jogo de Poder (Fair Game / EUA - EA / 2010 / 108 min / Doug Liman)

Orçamento: US$ 22 milhões
Bilheteria: US$ 22 milhões
Nota do público: 7.0
Nota da crítica: 6.9

INDICAÇÃO: Quem gostou de Zona Verde, Rede de Mentiras, O Reino, etc.

NOTA: 5.0

quarta-feira, 23 de março de 2011

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles


Provavelmente o filme mais chato de invasão alienígena que eu já vi. A sensação está muito mais pra um Guerra ao Terror, Falcão Negro em Perigo, do que pra um Independence Day. Tudo é contado do ponto de vista de soldados, como se fosse um filme de guerra mesmo. O filme evita tanto o assunto extraterrestres que fica até esquisito. Nenhum personagem parece impressionado com o fato de existir vida fora da terra... Eles só estão preocupados em fazer um bom serviço... Serem bons soldados... Se os inimigos são terroristas, marcianos, não faz diferença.

Não temos também nenhuma referência do resto do mundo. Como as pessoas estão reagindo? E a mídia? Toda a graça dos filmes desse tipo está no embate da ficção-científica com o mundo real... Independence Day, Contatos Imediatos, todos gastam muito tempo no começo introduzindo personagens comuns, e mostram a invasão do ponto de vista de gente normal, ao redor do mundo, em situações do cotidiano. Aqui não temos nada disso, e o efeito se perde (o que é frustrante é que o filme foi vendido como se fosse um filme tradicional de invasão alienígena - basta ver o trailer, o pôster com os surfistas - pura enganação).

E como filme de guerra/ação ele também é péssimo. Câmera na mão tremendo, cortes rápidos... Tudo tão mal decupado que a gente nunca entende direito quem é quem, pra onde estão atirando, etc.

Enfim, já devia ter desconfiado. O diretor do filme é Jonathan Liebesman, o mesmo de O Massacre da Serra Elétrica: O Início e No Cair da Noite - aquele filme de terror ridículo sobre a fada do dente. Entre um bom trailer e o currículo do diretor, confie sempre no currículo!

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (Battle: Los Angeles / EUA / 2011 / 116 min / Jonathan Liebesman)

Orçamento: US$ 70 milhões
Bilheteria atual: US$ 114 milhões
Nota do público: 6.4
Nota da crítica: 3.7

INDICAÇÃO: Quem gostou de Skyline, Distrito 9 (só que esse é pior), do segundo Transformers, A Reconquista, etc.

NOTA: 2.5

Sexo Sem Compromisso


Dirigido por Ivan Reitman (Ghostbusters, Um Tira no Jardim de Infância, Irmãos Gêmeos, Junior, Minha Super Ex-Namorada), a comédia mostra um casal de amigos que resolvem usar um ao outro pra sexo, mas com a promessa de manter o relacionamento puramente físico (ou seja, já é difícil se identificar com os personagens, pois ou eles são muito fúteis, ou estão se auto-enganando). Vamos ver quem adivinha o que vai acontecer depois...

Você sabe que o filme está em apuros quando uma cena de sexo entre Natalie Portman e Ashton Kutcher (dois atores perfeitamente atraentes) é tão prazerosa quanto assistir uma cirurgia. O filme é uma "sex comedy", mas o sexo é constrangedor e o humor é lamentável. Diálogos vulgares, piadas de mau gosto (inclusive ofendendo idosos), dezenas de personagens secundários tentando fazer graça na hora errada, trilha sonora esquisita. O filme é simplesmente uma bagunça esquecível e movida a clichês. Uma versão barata de Amor e Outras Drogas.

Sexo Sem Compromisso (No Strings Attached / EUA / 2011 / 108 min / Ivan Reitman)

Orçamento: US$ 25 milhões
Bilheteria atual: US$ 128 milhões
Nota do público: 6.3
Nota da crítica: 5.0

INDICAÇÃO: Quem gostou de 27 Vestidos, Separados pelo Casamento, 40 Dias e 40 Noites...

NOTA: 4.0

terça-feira, 15 de março de 2011

Mistério da Rua 7


Lembram no final de Ghost, quando o vilão morria, e vinham aquelas sombras sinistras com olhos e bocas (eu morria de medo) e arrastavam o cara pro inferno? Bem, resolveram fazer um filme inteiro sobre isso.

Dirigido por Brad Anderson, de O Maquinista, o filme parte de um começo promissor - estamos na cabine de projeção de uma sala de cinema lotada. Acaba a força. Quando o projecionista (John Leguizamo) desce até a sala, todas as cadeiras estão misteriosamente vazias - com as roupas das pessoas ainda sobre os assentos. Em outros pontos da cidade, o mesmo acontece. Vemos Hayden Christensen acordando de manhã, se arrumando pro trabalho, mas quando chega na rua só encontra carros batidos sem ninguém dentro, montes de roupas jogados nas calçadas e algumas pombas. Pra onde foi todo mundo durante o blackout? Por que algumas pessoas não desapareceram?

Quem for mais atento (ou tiver visto o trailer), logo vai perceber que os únicos sobreviventes são aqueles que tinham alguma fonte de luz própria (uma lanterna ou algo do tipo) e não ficaram totalmente no escuro. Mas eles ainda não estão a salvo - quando as lanternas se apagam, as sombras estão ali prontas para atacar.

Muito da ação do filme consiste de personagens correndo de um ponto escuro pra um ponto iluminado antes que as sombras os alcancem. 1 vez ou outra isso poderia funcionar, num acidente, mas como acontece o filme todo, os personagens perdem a credibilidade, afinal nenhum ser humano nesse contexto ficaria exposto à escuridão tão facilmente.

Outro problema é que o filme nunca estabelece direito as regras do jogo. Por quanto tempo eles podem ficar no escuro? Qualquer fonte de luz basta, em qualquer intensidade? Se for um colar por baixo do casaco ainda funciona? E a luz da lua, não serve pra espantar os monstros? O filme nem ao menos deixa claro se os personagens já sacaram o que está acontecendo.

Personagens com nomes bíblicos e várias discussões sobre destino, culpa, etc, servem pra despertar na platéia o interesse em traçar alguma parábola religiosa. Mas é tudo enganação. O que começa como um episódio interessante do Twilight Zone termina vazio de sentido e significado e quase toda a platéia sai da sala frustrada.

De qualquer forma, é mais sofisticado que a média, funciona pela maior parte do tempo e tem um bom elenco (Thandie Newton, além de Hayden que eu acho o ator mais elegante da atualidade).

Mistério da Rua 7 (Vanishing on 7th Street / EUA / 2010 / 90 min / Brad Anderson)

Orçamento: ?
Bilheteria atual: ?

Nota do público: 5.2
Nota da crítica: 5.0


INDICAÇÃO: O filme começa pra quem gosta de Twilight Zone, Shyamalan, Spielberg, Eu Sou a Lenda, etc. Termina pra quem gostou de O Livro de Eli, A Estrada, O Nevoeiro, etc.

NOTA: 5.5

sexta-feira, 11 de março de 2011

Rango


Gore Verbinski - diretor de filmes que eu não gosto muito como Um Ratinho Encrenqueiro, A Mexicana, O Chamado e a trilogia Piratas do Caribe - faz aqui seu primeiro longa de animação. Rango é um camaleão de estimação excêntrico e desajeitado que vive dentro de um aquário. Numa viagem de carro, há um acidente e ele se vê arremessado no meio do deserto do Nevada, onde terá que sobreviver por conta própria. Ele vai parar numa cidade de répteis, tatus e animais dos mais variados, que vivem na dependência do prefeito corrupto que controla a água da cidade. Após contar algumas mentiras, ele se torna uma espécie de herói e é nomeado xerife.

A crítica tem sido muito favorável ao filme, que se destaca por ser fora do comum, meio bizarro e também pela "fotografia" híper sofisticada (Roger Deakins, de Bravura Indômita, foi o consultor fotográfico). Não é um desenho para crianças. No fundo, é uma homenagem/paródia dos westerns de Sergio Leone, e há inúmeras referências a filmes clássicos - não só faroestes, mas também Apocalypse Now, Star Wars, Chinatown, etc.

Alguém inventou que desenhos pra crianças têm que citar clássicos pra agradar aos pais, e agora todo mundo faz igual. Acho uma chatice - são apenas referências vazias que no fim só provam que o diretor assistiu certos filmes - não significa que ele tenha qualquer mérito dos filmes que está citando (muito pelo contrário, geralmente só se presta a fazer isto quem não tem os méritos e já se anuncia como inferior).

Enfim, o filme não funciona pois não é nem uma paródia, nem um western - o filme cai na prateleira "cinismo"... "tongue-in-cheek"... Todo o enredo elaborado vai por água abaixo, pois não há como se importar pelo personagem, que é detestável (malandro, fraco, mentiroso, desajeitado). Se o herói não leva a história a sério, por que nós iremos?

O incrível é que todos os personagens do filme são fisicamente grotescos - às vezes até nojentos mesmo de se ver. Um close no rosto suado do Charles Bronson em Era uma Vez no Oeste era uma imagem muito mais agradável do que os animais "fofinhos" desse desenho. Algo para se pensar..

Nem vou falar do elenco - este filme NÃO é estrelado pelo Johnny Depp.

Rango (EUA / 2011 / 107 min / Gore Verbinski)

Orçamento: US$ 135 milhões
Bilheteria atual: US$ 60 milhões
Nota do público: 7.9
Nota da crítica: 7.5

INDICAÇÃO: Quem gostou de O Fantástico Sr. Raposo, 9 - A Salvação, Coraline.

NOTA: 4.5

sábado, 5 de março de 2011

Esposa de Mentirinha


Danny, um cirurgião plástico (Adam Sandler) convence sua assistente Katherine (Jennifer Aniston) a se passar por sua ex-mulher pra cobrir uma mentira que contou à sua nova namorada, com quem ele pretende se casar - mas claro que no processo ele vai se encantando cada vez menos pela namorada e mais por Jennifer.

Geralmente não me convencem muito esses contos do tipo "o amor está ao seu lado" - histórias de pessoas que se conhecem há muito tempo e do nada resolvem se apaixonar (como o último filme da Aniston, Coincidências do Amor), sem que tenha havido alguma mudança significativa em alguma das partes (alguma mudança de consciência - ou mesmo de corpo, de situação financeira!). Mas aqui até que faz sentido, pois os dois tinham um contato mais profissional e só passam a se conhecer direito com essa nova situação (ela fica melhor de biquíni do que ele pensava, ele é melhor como pai do que ela pensava, etc). Além do fato de surgir uma "concorrente", algo que sempre acelera as coisas. Enfim, a química funciona.

Mas claro que o foco aqui é a comédia e não o romance. E você já conhece o humor "sutil" de Adam Sandler - quem entrar na sala pra ver um romance leve e agradável, quando ver a cena da ovelha vomitando o pato de borracha vai perceber que as coisas estão caminhando pra outra direção...

O filme é meio sem filtro - algumas piadas são extremamente idiotas, beirando o constrangedor, mas muitas são hilárias, com uma tendência pra grosseria (que eu pessoalmente adoro). O balanço final é positivo. Outra coisa divertida é a aparição surpresa de Nicole Kidman, que chega parecendo que vai fazer só uma ponta, mas acaba ficando pro resto do filme.

Esposa de Mentirinha (Just Go with It / EUA / 2011 / 117 min / Dennis Dugan)

Orçamento: US$ 80 milhões
Bilheteria atual: US$ 106 milhões
Nota do público (IMDb): 6.1
Nota da crítica (Metacritic): 3.3
Assista o trailer

INDICAÇÃO: Quem gostou de Gente Grande, Zohan - O Agente Bom de Corte, Como Se Fosse a Primeira Vez, Penetras Bons de Bico, etc.

NOTA: 6.8

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desconhecido


Fui ver o filme mas dei uma dormida no final... Perdi a explicação toda da trama, então não vou fazer crítica...

Durmo no cinema às vezes, mas nunca quando estou gostando do filme... Aqui foi porque tinha dormido realmente mal à noite...

Mas gostei do filme... Liam Neeson (que depois que perdeu a esposa Natasha Richardson num acidente de esqui tem trabalhado sem parar) sofre um acidente de carro a caminho de uma conferência importante na Europa. Quando acorda 4 dias depois, a esposa não o reconhece e um outro homem parece ter tomado sua identidade (tem o mesmo nome que ele, documentos, fotos antigas com sua esposa, etc). Ele perdeu a memória ou é tudo uma armação?

Thriller padrão, sem frescuras, mas bastante eficiente... Uma coisa meio Busca Implacável / A Identidade Bourne / Plano de Vôo...

A luz acabou na sala 2 vezes no Kinoplex Itaim... A platéia esperou pacientemente por vários minutos - se a trama fosse menos envolvente com certeza alguns teriam ido embora.

Vou assistir aos 10 minutos que perdi de alguma forma, embora isso não deva mudar muito a impressão geral do filme.