quinta-feira, 29 de março de 2012

Pina


Documentário em 3D sobre a coreógrafa alemã de dança moderna Pina Bausch, que morreu em 2009 (os leigos, como eu, podem lembrar dela do número das cadeiras que aparece no início de Fale com Ela). O filme, dirigido por Wim Wenders, foi indicado ao Oscar de melhor documentário e estranhamente (por ser um documentário) foi a seleção oficial da Alemanha pra concorrer à vaga de melhor filme estrangeiro.

A fotografia e as locações são muito bonitas, os números de dança são bem encenados, e é apenas nesse sentido que eu considero esse um bom documentário (no fundo ele está mais pra um concert film - um show - do que pra um documentário convencional). Sobre Pina Bausch em si não ficamos sabendo muita coisa (suas ideias, influências, processo criativo, vida pessoal, não há entrevistas de arquivo, etc). Pelo contrário - os depoimentos dos amigos a tornam ainda mais distante, transformando-a quase numa criatura mágica, de outra dimensão, alguém que "via tudo mesmo com os olhos fechados".

O estilo dela é o oposto do que eu gosto em dança. Primeiro porque dança é uma maneira de expressar música, que é a base - a arte primária. Separada da música, dança pra mim não tem muito valor - e aqui, boa parte dos números são feitos em cima de sons que nem sempre são música e, quando são, parecem servir mais de pano de fundo. Além disso, não gosto do universo dela: o que Pina projeta com sua dança é dor, desespero, um homem primitivo, fraco, em desarmonia com o mundo, fazendo bizarrices, etc. Se fosse um documentário sobre a artista eu teria me interessado mais; mas como é basicamente uma apresentação do trabalho dela, tudo depende de você gostar ou não desse tipo de dança. Eu não gosto.

Pina (Alemanha, França, Reino Unido / 2011 / 103 min / Wim Wenders)

INDICAÇÃO: Pra quem gosta de dança moderna.

NOTA: 4.0

domingo, 25 de março de 2012

Jogos Vorazes


Semanas antes de estrear surgiu um enorme frisson ao redor desse filme entre o público adolescente e ficou claro que a série se tornaria o próximo fenômeno mundial na linha de Crepúsculo, Harry Potter, etc. O filme é a adaptação do primeiro de 3 livros escritos por Suzanne Collins (ela própria escreveu o roteiro do filme - a primeira decisão inteligente da produção). A história se passa num futuro pós-apocalíptico onde uma nação chamada Panem, dividida em 12 distritos, promove um evento televisivo anual chamado Jogos Vorazes, onde um casal de cada distrito (24 pessoas ao todo) é sorteado pra lutar pela sobrevivência na selva até que apenas 1 pessoa sobreviva (há uma certa crítica ao estatismo e à mídia no meio disso tudo, mas o filme evita assuntos polêmicos e foca mais na ação e no drama dos personagens). O diretor é o competente Gary Ross, o mesmo de Pleasantville e Seabiscuit.

O filme é um acerto, começando pelo casting do casal - a estratégia parece ter sido escolher bons atores em primeiro lugar, e não modelos que consigam interpretar. Jennifer Lawrence continua com a força que mostrou em Inverno da Alma, e o garoto Josh Hutcherson sempre foi talentoso e só precisava de um hit como esse pra virar astro. O roteiro também é muito bom - personagens gostáveis, conflitos bem estabelecidos, temas universais, história clara e estruturada (achei ótimo que os jogos só começam depois de 1 hora de filme). E há momentos interessantes, ideias criativas como a de transmitir mensagens através de tordos (pássaros capazes de imitar melodias). São detalhes como esse que elevam um filme de um passatempo pra um entretenimento de verdade.

Acabei de ler que o filme faturou chocantes US$155 milhões no primeiro fim de semana, se tornando a 3ª melhor estreia da história, atrás apenas de Batman - O Cavaleiro das Trevas e o último Harry Potter (um feito ainda mais impressionante, afinal não se trata de uma sequência nem de uma estreia de verão). Não é desmerecido.

The Hunger Games (EUA / 2012 / 142 min / Gary Ross)

INDICAÇÃO: Quem gostou das séries Crepúsculo, Harry Potter (embora como filme esse provavelmente seja melhor que todos dessas sagas), Planeta dos Macacos - A Origem, Avatar, Gladiador, etc.

NOTA: 8.0

terça-feira, 20 de março de 2012

Shame


Drama que se passa em Nova York e mostra a rotina de um homem atraente (Michael Fassbender, que aparece nu e ganhou atenção na mídia por causa do tamanho do pênis), porém deprimido, frustrado, que tem aversão a relacionamentos e tenta atingir certa satisfação através de prazeres físicos - fazendo sexo o tempo inteiro com todo tipo de mulher (e às vezes até homens) e cheirando cocaína. E pra piorar, vem morar com ele a irmã carente e desequilibrada (Carey Mulligan) que torna sua vida ainda mais desagradável.

O filme é Naturalismo puro - um registro passivo deste homem passando por diversas situações, intercalado por cenas longas e silenciosas onde nada acontece (ele correndo nas calçadas de Manhattan, ele demorando horas pra escolher um prato num restaurante, etc...). E não há análise ou explicações. O filme se chama "Shame" - mas vergonha de que? Da obsessão por sexo? Ele não me parece tão envergonhado. A irmã diz: "Nós não somos pessoas más, nós só viemos de um lugar ruim". Que lugar? A família? A cultura? Não se sabe. O propósito do filme parece ser o de contemplar a angústia como um fim em si mesmo.

(Acho engraçado que mesmo em casos nítidos de Naturalismo como esse - um filme que parece se orgulhar de não ter história/enredo/clímax - o cineasta tem a impressão de que ele não pode terminar o filme sem que nada aconteça - então quase sempre há uma morte ou algo drástico e aleatório próximo ao fim, pra dar pelo menos uma ilusão de desfecho; de que algo mais intenso aconteceu e agora o filme pode acabar — essa ideia de "guardar o melhor para o final" vem da Primazia do Espectador, do Princípio da Ascensão, que são princípios Idealistas, não Naturalistas)

Shame (Reino Unido / 2011 / 101 min / Steve McQueen)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Direito de Amar (bem melhor), O Solteirão (bem melhor), Brown Bunny, 9 Canções, O Último Tango em Paris, etc.

NOTA: 3.5

Projeto X - Uma Festa Fora de Controle


Comédia adolescente na tradição de Porky's, American Pie, Superbad, que pega carona no sucesso de Se Beber, Não Case (lembra as fotos da festa nos créditos finais? Imagine um filme inteiro sobre aquilo).

3 alunos losers do colegial querem transar e se tornar populares e resolvem dar uma festa na casa de um deles enquanto os pais estão fora. Só que a notícia se espalha e o que era pra ser um aniversário pra 50 pessoas sai do controle e vira praticamente uma rave, onde todo tipo de catástrofe acontece. Ou seja, é a festa dos sonhos de muito nerd reprimido. O filme é feito no estilo "found footage" - todas as imagens vêm de câmeras pessoais/celulares, muitas filmadas pelo próprio elenco.

Claro que os garotos são idiotas e o filme reforça minha impressão de que muita gente que se diverte dessa forma faz isso pra impressionar outras pessoas, por se sentir inferior, não porque está fazendo algo que gosta de fato.

Mas no fim o filme funciona, pois ele é muito mais uma tiração de sarro dos garotos e da situação do que uma glorificação do vandalismo. É tudo tão exagerado, surpreendente, oposto do correto, que vira um pastelão (há sempre uma linha tênue entre comédia e drama; se por exemplo o filme focasse demais no dono da festa e na preocupação dele em não destruir a casa, poderia virar um filme irritante sobre a culpa).

Nas semanas após o lançamento nos EUA, várias festas foram feitas inspiradas no filme, resultando em prisões, casas com prejuízos superiores a 100 mil dólares, tiroteios e até uma morte.

Project X (EUA / 2012 / 88 min / Nima Nourizadeh)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Se Beber, Não Case, Superbad, Caindo na Estrada, Porky's, etc.

NOTA: 7.0

segunda-feira, 12 de março de 2012

W.E. - O Romance do Século


Segundo longa dirigido pela Madonna, que também bancou quase toda a produção, co-escreveu o roteiro e a música tema "Masterpiece" (que ganhou o Globo de Ouro mas não pôde ser indicada ao Oscar por causa das regras esquisitas da Academia - a canção não toca logo no início dos créditos finais, só começa 1 minuto depois!).

O filme conta a história do Rei Eduardo VIII da Inglaterra, que abriu mão do trono pra ficar com Wallis Simpson, uma americana que já havia se casado 2 vezes antes (quem toma seu lugar é seu irmão George VI, que foi o tema de O Discurso do Rei).

O roteiro alterna entre o passado e os tempos atuais, onde uma jovem solitária e desiludida está obcecada pela história de Edward e Wallis, que ela considera ser o maior romance de todos os tempos, pois abrir mão do trono é o maior sacrifício que ela pode imaginar. (Aqui eu me pergunto: por que a menina mede amor através de sacrifícios? É uma visão negativa das coisas e vai ver é por isso que ela está com um marido que bate nela.)

Achei o filme decente, honesto, embora seja um pouco superficial e naturalista (não revela nada sobre a essência do relacionamento de Wallis e Edward). Mas gostei da atriz que faz Wallis, há diálogos inteligentes, sutilezas, uma variedade de emoções... O maior problema do roteiro é a meia hora final que é interminável. Os principais conflitos já foram resolvidos e o filme continua, continua, sem ter muito mais o que mostrar. Ainda assim, ponto pra Madonna. To gostando mais dela do que do ex, Guy Ritchie.

W.E. (Reino Unido / 2011 / 119 min / Madonna)

INDICAÇÃO: Quem gostou de A Dama de Ferro, Grey Gardens, Coco Antes de Chanel.

NOTA: 6.5

sábado, 10 de março de 2012

Atlas Shrugged: Part I


A Revolta de Atlas é o magnum opus de Ayn Rand e provavelmente o livro americano mais conhecido e influente que ainda não havia sido adaptado pro cinema (o livro é um épico filosófico cheio de ideias polêmicas a respeito de política, economia, ética, sexo; tem mais de mil páginas, foi lançado há mais de 50 anos, e mesmo assim continua em alta e sendo debatido - só em 2009 vendeu mais de 500 mil cópias nos EUA). Esta é sua primeira versão pro cinema, que será lançada em 3 partes (isso SE forem feitas, pois o filme foi muito mal recebido pela crítica).

O livro se passa num futuro indefinido (no filme situaram em 2016, o que eu acho um erro), e mostra o que aconteceria com os EUA se as grandes mentes - empresários, cientistas, artistas; os grandes produtores que carregam o mundo nas costas - começassem a desaparecer misteriosamente. No centro da história está Dagny Taggart, uma mulher determinada que dirige a principal ferrovia do país e luta pra mantê-la em funcionamento enquanto o mundo desmorona (o livro previa a crise econômica americana, e até por isso teve um boom de vendas nos últimos anos).

Por que o livro nunca tinha sido adaptado? Em partes pela complexidade do tema e pelo medo de mexer em algo tão sagrado pra muita gente; mas acho que o real motivo são as ideias controversas do livro. Atlas toca em muitos tabus, temas que todo mundo tem medo de defender. Você pode fazer filmes celebrando traficantes, prostitutas, serial-killers, mas glamourizar empresários, homens individualistas, ateus, isso parece irritar muito mais gente.

Eu sou fã do livro e de Ayn Rand, mas essa primeira parte do filme é um desastre. Não só é fraco como cinema, como não serve nem pra divulgar das ideias de Rand (o diretor é estreante, os roteiristas e produtores não têm nada no currículo de relevante). Pra quem não leu o livro, o filme vai parecer uma série de diálogos confusos, reuniões desinteressantes, personagens secundários que você não sabe quem são ou o que querem - e o filme acaba sem um desfecho, antes mesmo de você entender por que ele começou.

Apesar das teorias econômicas e tudo mais, o que te prende emocionalmente no livro não é nada disso. O livro, no fundo, é sobre uma mulher extraordinária sendo disputada pelos homens mais atraentes e brilhantes do planeta e tendo que escolher entre um deles (imagine o que prende as garotas em Crepúsculo - sem querer fazer comparações entre as obras!). Uma das coisas mais memoráveis do livro são as intensas cenas de sexo - no filme, não há nada disso de paixões grandiosas, etc. Eles simplesmente deixaram de fora a alma da história.

Além disso, o livro é sobre uma mulher que, contra todas as críticas, toma o lugar do irmão no comando de uma grande empresa e precisa se mostrar mais competente que ele, que é um dos grandes vilões da história. No filme, ela já começa dirigindo a ferrovia, como se sempre tivesse feito isso, eliminando todo esse tema da mulher desacreditada que tem que se provar - outro pilar emocional do livro.

Há também o mistério dos gênios que vão desaparecendo da face da Terra sem deixar rastros. Isso o filme até explora, porém muito mal. No livro, a intriga era tão grande que eu me sentia assistindo Lost, Arquivo X ou algo do tipo.

A Revolta de Atlas teria que ser um épico de 3, 4 horas, no estilo de clássicos como Doutor Jivago, E o Vento Levou, Lawrence da Arábia, onde há todo um contexto político, porém o que sustenta a história são os romances, a busca pessoal do herói, etc.

O lado bom é que, agora que já tocaram no intocável, já fizeram uma versão ruim do livro, a pressão diminuiu - quem sabe não encoraja cineastas melhores a produzirem algo à altura.

Atlas Shrugged: Part I (EUA / 2011 / 97 min / Paul Johansson)

INDICAÇÃO: Se você não leu o livro, jamais veja esse filme!

NOTA: 4.0

John Carter: Entre Dois Mundos


Superprodução da Disney sobre um veterano da guerra civil americana que é inesperadamente teletransportado para Barsoom (Marte), um planeta desértico habitado por criaturas exóticas no estilo Star Wars/Avatar e que está no meio de sua própria guerra. O desejo de Carter é apenas voltar pra casa, mas ele acaba se vendo preso no conflito entre as cidades e no processo se apaixona por uma princesa marciana.

O filme é baseado numa série famosa de livros de fantasia; foi co-escrito e dirigido por Andrew Stanton, roteirista de filmes da Pixar e diretor de Procurando Nemo e Wall-E. Stanton recentemente deu uma palestra brilhante no TED falando sobre narrativa e revelando os segredos das grandes histórias. Assistindo John Carter, uma pergunta me assombrava: como uma pessoa pode ter um discurso tão esclarecido, dominar tão profundamente a teoria sobre algo, e na prática cometer os mesmos erros de sempre?

Pra começar, pra um filme cujo título é o nome do herói, Carter é um personagem extremamente fraco - não há nada de muito interessante ou especial nele, nem muito carisma ou personalidade tem o ator Taylor Kitsch; o filme passa mais tempo tentando fazer ele parecer gostoso do que gostável. Além disso, ele só quer ir embora de Marte e nada do que acontece lá é muito envolvente, nem pra ele nem pra plateia. Nem o romance convence (embora a heroína Lynn Collins seja uma das melhores coisas do filme).

O visual e os efeitos especiais são incríveis (vale a pena ver em IMAX 3D), a direção é elegante, mas no fim John Carter parece uma versão fraca de Avatar e de muitas coisas que você já viu. Longe de ser um fiasco, mas pela ambição e potencial do projeto, deixa muito a desejar.

John Carter (EUA / 2012 / 132 min / Andrew Stanton)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Tron: O Legado, O Príncipe da Pérsia, Star Wars: Episódio 1, etc.

NOTA: 6.5

terça-feira, 6 de março de 2012

Poder Sem Limites


Parece um desses filmes que mostram as origens dos super-heróis - 3 amigos de colegial descobrem um cristal misterioso, aparentemente extraterrestre, e a partir daí ganham superpoderes, como a habilidade de mover objetos com a mente e voar.

O filme é quase todo visto pela filmadora de um dos rapazes, no estilo found-footage (A Bruxa de Blair, Cloverfield, etc). Não há muito sentido pra essa linguagem aqui (afinal, algumas imagens não são da câmera) mas por outro lado, o melhor efeito do filme vem disso: o realismo documental das imagens em contraste com a fantasia dos eventos cria um resultado realmente fantástico - a sensação de voar nunca pareceu tão real fora de um sonho (na última década muitos filmes mostraram coisas inacreditáveis, principalmente catástrofes, filmadas de maneira realista, com câmera na mão - me parece sempre uma tentativa de reprisar o 11 de Setembro - o impacto daquelas imagens ao vivo, e esse filme tem vários desses momentos).

Mas essa técnica é a melhor coisa do filme, que não tem história. É basicamente o registro de 3 adolescentes tolos brincando com seus novos poderes, mas eles não têm nenhum objetivo. Na segunda parte o filme fica sombrio e pretensioso, explorando a "essência má" do homem, mas tudo de forma superficial (e revelando emoções conflitantes: a intenção de passar uma mensagem deprimente, ao mesmo tempo em que se utiliza de algo infantil e inocente pra agradar a plateia, fazendo-a se imaginar com poderes mágicos, capaz de tudo).

Teria gostado mais se a história fosse uma vingança contra os bullies, no estilo Carrie - A Estranha. Enfim, não é grande coisa, mas pelo menos é mais sério e original que a média.

Chronicle (Inglaterra, EUA / 2012 / 84 min / Josh Trank)

INDICAÇÃO: Quem gostou de X-Men: Primeira Classe, Kick-Ass, Cloverfield.

NOTA: 6.5

domingo, 4 de março de 2012

A Mulher de Preto


Um jovem advogado (Daniel Radcliffe) viaja sozinho a trabalho pra um vilarejo distante onde deverá regularizar os documentos de uma mansão abandonada que será vendida. A mansão tem um histórico de tragédias e é assombrada pelo espírito de uma mulher vestida de preto.

Achei o filme idiota e, antes de tudo, chato; uma versão teen e descartável de dezenas de outros filmes (foi baseado num livro de 1983 que gerou uma peça de sucesso e um filme pra TV em 89, que parece bem melhor). Ele só passa a impressão de ser mais sério que um Atividade Paranormal por ser de época, ter uma produção mais rebuscada. Mas no fundo é apenas uma maquininha vazia de dar sustos que produz um "boo" a cada 5 minutos pra não matar a plateia de tédio, usando apenas clichês e truques baratos.

Não há força na trama, nos personagens. Por que Daniel quer investigar os mortos? É um clichê desse tipo de filme: quando um personagem se depara com uma assombração, o procedimento é tentar descobrir sua identidade, puxar a árvore genealógica do espírito, investigar as circunstâncias de sua morte... Quem agiria assim?!

Daniel passa boa parte do filme seguindo pegadas, barulhos, mostrando que quer encontrar os fantasmas. Daí quando ele encontra, faz cara de pânico e foge. Logo em seguida, começa a perseguir outros barulhos, e depois foge de novo - ele quer ou não quer achar os espíritos? Se quer, por que? Qual o interesse dele? Até onde sei isso não faz parte do seu trabalho nem de seu interesse pessoal. Se ele não quer, por que fica voltando à casa? A resposta mais provável é: porque o filme precisa ter 90 minutos.

The Woman In Black (Inglaterra, Canadá, Suécia / 2012 / 95 min / James Watkins)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Atividade Paranormal, O Orfanato, A Chave Mestra.

NOTA: 3.5

quinta-feira, 1 de março de 2012

Drive


O ator mais quente do momento (Ryan Gosling) interpretando um fora-da-lei com uma jaqueta descolada, carros, ultraviolência, estilo retrô, um toque europeu (o diretor é dinamarquês), e você tem o filme mais "cool" dos últimos tempos.

A história é sobre um piloto calado e habilidoso que, além de ser dublê em cenas de carro em Hollywood, trabalha numa oficina mecânica e presta serviços pra mafiosos, dirigindo em assaltos e fugas.

O filme é extremamente estiloso, com uma estética anos 70/80 meio underground (me lembrou coisas antigas do Luc Besson, Cronenberg, Scorsese, Brian De Palma - o diretor claramente é cinéfilo), é super bem fotografado, com movimentos de câmera precisos, trilha sonora pop, mas por trás disso infelizmente não há um roteiro à altura; o estilo está acima do conteúdo. Tudo de fato é muito "cool", mas esse parece ser o maior objetivo do filme.

O roteiro na primeira metade é um registro arrastado do personagem; só ganha movimento mais pro final quando ele passa a ser caçado por mafiosos. Mas aí é apenas ação (ou reação); não há muito conflito ou envolvimento. O personagem é misterioso, quase robótico (não tem nem nome, remetendo às figuras míticas dos faroestes de Sergio Leone) e isso cria um distanciamento da história, tornando difícil de se importar se ele vai viver ou morrer, se vai ficar com a garota ou não, afinal não sabemos o que ele pensa (além disso ele é criminoso - não seria exatamente trágico se ele fosse pego pelos bandidos).

Vale mesmo pela beleza da direção e por algumas performances interessantes.

Drive (EUA / 2011 / 100 min / Nicolas Winding Refn)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Deixe Ela Entrar, Bastardos Inglórios, Crash - Estranhos Prazeres, Subway, Taxi Driver, Bullitt...

NOTA: 6.5