terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dredd

Não é um remake do filme O Juiz de 1995 (com o Stallone), mas um filme novo baseado nos mesmos quadrinhos. A história se passa num futuro apocalíptico onde os EUA foram devastados e reduzidos a 1 única megacidade de 800 milhões de habitantes. Tomada pela violência e pelo caos, a cidade é protegida por policiais que têm autoridade para prender, julgar e executar criminosos por conta própria. A ação principal do filme se passa dentro de um prédio residencial gigante, com todas as saídas bloqueadas, onde um juiz e sua parceira em treinamento são caçados por traficantes.

Apesar de não ser literalmente um remake, não deixa de ser mais um exemplo dessa onda de reviver produções escapistas dos anos 80 e 90 e transformá-las em filmes ultraviolentos e sombrios (Hollywood tem me lembrado o Cemitério Maldito, onde as pessoas tentavam ressuscitar entes queridos, mas eles acabavam voltando como zumbis do mal - vamos ver como será o Robocop do José Padilha). O lado bom aqui é que o filme tem um enredo razoavelmente bem estruturado, além de um herói que luta por justiça e que não é moralmente ambíguo (como de costume). Isso não quer dizer que seja um filme muito positivo. Embora a história seja essencialmente positiva ("mocinho vence bandidos"), há um desencontro entre estilo e conteúdo: o filme foca tanto na violência física, nas balas que rasgam a pele dos vilões em câmera lenta, que a emoção predominante acaba sendo de horror e tragédia.


De qualquer forma, o filme é visualmente interessante (as cenas de morte em câmera lenta chegam a ser bonitas às vezes), há um enredo acompanhável, e a personagem de Olivia Thirlby (a parceira de Dredd) traz um alivio inocente à trama que torna a atmosfera menos escura e claustrofóbica.

Dredd 3D (EUA, Reino Unido, India / 2012 / 95 min / Pete Travis)

INDICAÇÃO: Quem gostou de O Vingador do Futuro, Resident Evil 5: Retribuição, Watchmen, Hellboy, etc.

NOTA: 6.0

sábado, 22 de setembro de 2012

Cosmópolis

Dirigido por David Cronenberg (A Mosca, Marcas da Violência), o filme mostra Robert Pattinson como um bilionário excêntrico em sua limousine atravessando o trânsito caótico de Manhattan para ir ao cabeleireiro. Teatral e alegórico, o filme pretende ser uma crítica ao capitalismo, caracterizando o bilionário como um ser inconsequente e detestável.

Só que falar asneiras não é o mesmo que fazer uma crítica, e o filme não pode ser levado a sério em termos intelectuais - ele não discute fatos, não prova seus argumentos, não mostra as alternativas - apenas solta opiniões pretensiosas e sem fundamento em diálogos esquizofrênicos que fazem a gente questionar seriamente a saúde mental do autor.


Discordo profundamente dos ataques do filme ao dinheiro e à razão, mas mesmo que o conteúdo fosse diferente - mesmo que fosse uma crítica válida à sociedade - ainda assim seria um filme medíocre em termos de história, diálogos, produção, etc. Nem aqueles que concordam com ele deverão ficar muito satisfeitos (das 10 pessoas que estavam na minha sala, 4 saíram na metade).

Cosmopolis (França, Canadá, Portugal, Itália / 2012 / 109 min / David Cronenberg)

INDICAÇÃO: Quem gostou de O Preço do Amanhã, O Nevoeiro, Ensaio Sobre a Cegueira.

NOTA: 2.0

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

Produzido por Tim Burton e baseado no livro de Seth Grahame-Smith (autor de "Orgulho e Preconceito e Zumbis"), o filme revela que vampiros existiam no século 19 e que a Guerra Civil serviu em partes para tentar exterminá-los. Benjamin Walker faz o jovem Abraham Lincoln, que tem a mãe assassinada quando criança por um vampiro e depois de adulto vai buscar vingança.

A última coisa que eu esperava de um filme com este título é que ele se levasse a sério. Até E o Vento Levou tem humor, romance - mas este não; o filme mantém um tom pesado e dramático do começo ao fim e quer passar uma mensagem importante sobre os direitos humanos. Este erro de tom pra mim é o primeiro problema do filme.

Outros problemas também prejudicam: 1) o herói é comum, sem personalidade; o ator não convence como um homem grandioso que marcou a história 2) sua busca por vingança não é algo envolvente o bastante pra sustentar o filme 3) o vilão é esquecível e não há uma relação interessante entre eles.


O filme não funciona nem como puro escapismo pois não há nenhum senso de realidade. A fotografia é hiper-manipulada, artificial, com cara de computação gráfica. Seres humanos normais lutam como se estivessem na Matrix. Tudo é fake. Fantasia só acontece quando é abordada com inteligência e realismo. Se o filme torna explícitos os efeitos digitais e a falsidade, a graça vai embora - é como um mágico que usa cordas visíveis pra levitar, já que no fim ninguém de fato acredita que ele pode voar. O que ele esquece é que a plateia quer ser enganada.

O filme é quase respeitável mas tudo é mediano, convencional, cheio de clichês - a fotografia, a música, o elenco, os diálogos, as reações, as cenas de ação... Os cineastas simplesmente não têm sensibilidade pra esse tipo de entretenimento.

Abraham Lincoln: Vampire Hunter (EUA / 2012 / 105 min / Timur Bekmambetov)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Sherlock Holmes, da série Anjos da Noite, Van Helsing, etc.

NOTA: 4.0

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ted

Estrelado por Mark Wahlberg e Mila Kunis, o filme conta a história de um menino solitário que pede no Natal que seu ursinho de pelúcia ganhe vida, para que eles se tornem melhores amigos. Uma estrela cadente atende o seu pedido e o ursinho passa a andar e a falar, chocando os pais do garoto e se tornando uma celebridade nacional.

Mas em vez dessa história, o filme resolve contar o que acontece anos depois do "felizes para sempre", mostrando a rotina medíocre do garoto (agora com 35 anos de idade) e do ursinho, que vivem usando drogas e não têm nenhum propósito na vida (é uma paródia dos contos de fada, mais ou menos como Encantada, só que com piadas sujas).

Sucesso inesperado nos EUA, a comédia é a estreia na direção de Seth MacFarlane (criador de The Family Guy) que também escreveu o roteiro e faz a voz do ursinho. O filme é inundado de referências à cultura pop: faz piadas com E.T., Indiana Jones, Star Wars, Flash Gordon, 007, Top Gun, Aliens, Os Embalos de Sábado à Noite, Katy Perry, Taylor Lautner e muito mais.


Mas em vez de alguém que despreza isso tudo, o filme parece ter sido feito por um fã desses filmes - alguém que se preparou a vida toda pra criar o seu Star Wars ou E.T., mas que em algum momento se tornou cínico, abandonou suas ambições originais (com medo de se tornar alguém como Mark Wahlberg no filme) e concluiu que elas não passavam de infantilidades - só que mesmo assim precisa manter esse universo vivo de alguma forma, e o faz tirando sarro dele, o apresentando sob a proteção da comédia.

Apesar de eu não gostar da atitude, ainda achei um dos filmes mais autênticos e bem escritos do ano. A habilidade de MacFarlane pra inventar diálogos absurdos com inteligência é impressionante e, apesar do cinismo e da moralidade duvidosa, é possível se divertir com o filme num nível puramente criativo.

Ted (EUA / 2012 / 106 min / Seth MacFarlane)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de O Ditador, Se Beber Não Case, Segurando as Pontas, Penetras Bons de Bico, etc.

NOTA: 7.5

sábado, 15 de setembro de 2012

O Legado Bourne

Quarto episódio da série Bourne, que agora muda o foco para o agente Aaron Cross (Jeremy Renner, de Guerra ao Terror), parte de um outro programa secreto do Departamento de Defesa que usa químicos pra aumentar as capacidades físicas e mentais de seus agentes. Sob o risco da operação Outcome ser exposta, a CIA resolve cancelar o programa e para isso começa a eliminar os envolvidos.

A primeira hora é difícil de acompanhar e é cheia de personagens desconhecidos que estão vários passos à nossa frente e falam como se o espectador estivesse a par de tudo. Mas isso não soa como falha de narrativa ou como estratégia pra disfarçar um roteiro sem conteúdo. Pelo contrário, temos a sensação de estarmos entrando num universo complexo, onde há muito mais informações além daquelas que estão na tela - o filme exige uma concentração elevada do espectador, que se não estiver em foco pode perder detalhes importantes da história.


Seguimos 3 tramas paralelas lideradas pelo ótimo trio de atores Jeremy Renner, Rachel Weisz e Edward Norton. Após essa primeira hora confusa, as histórias finalmente se encontram e o filme vira uma grande perseguição, com sequências de ação fantásticas mas que sempre preservam algum senso de realismo. 

O filme foi dirigido por Tony Gilroy (de Conduta de Risco) que foi roteirista dos outros 3 filmes - talvez por isso o filme consiga manter o mesmo espírito e a mesma qualidade da série mesmo sem Matt Damon.

The Bourne Legacy (EUA / 2012 / 135 min / Tony Gilroy)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou dos outros 3 da série, de À Toda Prova, Missão Impossível - Protocolo Fantasma, Inimigo do Estado, etc

NOTA: 7.5

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Os Mercenários 2

Sequência do filme de 2010, o filme volta a reunir ícones de ação como Sylvester Stallone, Bruce Willis, Jason Satham, Jet Li, Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme e Chuck Norris. A história acompanha Stallone e seu time no leste europeu num plano de vingança contra o personagem de Van Damme, depois que este assassina covardemente um membro de sua equipe.

Assim como o primeiro, a história é desinteressante e serve apenas como desculpa para as sequências de ação. Na verdade o filme só pode ser justificado sob a premissa de que força física e violência são fins em si mesmos. Assim como um filme pornô, que tem sexo como um fim em si mesmo e inclui uma história apenas para interligar as cenas de sexo, o filme salta de uma cena de luta para a próxima, tratando a matança com humor e descontração, como se tudo não passasse de um grande jogo de paintball (o verdadeiro problema aqui não é ter violência, mas ter ação divorciada de drama). Algumas lutas têm certo valor coreográfico, especialmente as de Jason Statham. Se todas fossem assim, o filme estaria mais justificado, mas não é bem o caso - o foco aqui não é na arte da luta, mas na "masculinidade" dos personagens: vozes graves, músculos, brigas, armas, facas, tatuagens, caveiras, Harleys, potência - o tipo de exagero que só pode vir de alguém com sérios problemas sexuais (como esses caras que compram motos barulhentas pra compensar questões de autoestima).


A maior graça do filme no fundo é ver ícones como Schwarzenegger, Stallone e Bruce Willis lado a lado, mas embora isso tenha certo valor de entretenimento, não pode ser considerado um mérito real do filme. Quando estes atores surgem na tela, qualquer emoção positiva que você possa ter não é porque este filme é bom, mas porque filmes como O Exterminador do Futuro, Rambo Duro de Matar foram bons.

The Expendables 2 (EUA / 2012 / 103 min / Simon West)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Os Mercenários, da série Velozes e Furiosos, Esquadrão Classe A, etc.

NOTA: 5.0

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Intocáveis

Baseado num livro autobiográfico, tornou-se o 2º filme francês mais visto de todos os tempos (atrás apenas de A Riviera Não É Aqui). A comédia dramática conta a história de Philippe, um milionário tetraplégico de meia-idade que contrata Driss, um jovem inexperiente para ser seu auxiliar de enfermagem. Philippe é reservado, apreciador de arte e tem dificuldade de se relacionar com mulheres. Driss é expansivo, inculto, mulherengo - e dessa diferença de personalidades nascerá uma amizade improvável.

Driss representa o mito da figura mágica que surge pra transformar nossas vidas, trazendo diversão, aventura, nos ajudando a resolver nossos problemas. Essencialmente, o filme está próximo a fantasias como Mary Poppins ou E.T. (alguns de meus favoritos) só que num contexto realista. É interessante notar que essas figuras frequentemente estão associadas ao poder da cura, à música alegre e ao voo (aqui, a cura vem da maconha, o som é do Earth, Wind and Fire e o voo é de paraglider, mas mesmo assim existe o padrão). Driss também aprende coisas com Philippe, como a conviver na alta sociedade e a desenvolver sua sensibilidade artística.


A única razão de eu não amar o filme da mesma forma que amo outras histórias desse tipo é o fato dos personagens serem comuns e não apresentarem grandes valores de caráter (enquanto as figuras "mágicas" de Hollywood costumam estar ligadas a grande sabedoria e integridade, as virtudes de Driss parecem vir simplesmente do fato dele ser espontâneo e comum). De qualquer forma, é uma história simples, universal e o filme é bem feito em todos os níveis. Não é difícil de entender o seu sucesso.

Intouchables (FRA / 2011 / 112 min / Olivier Nackache, Eric Toledano)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Um Sonho de Liberdade, O Discurso do Rei, Melhor É Impossível, etc.

NOTA: 8.0