sábado, 16 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida

Comédia romântica roteirizada e dirigida por David O. Russell (originalmente era pra ter sido feita por Sydney Pollack e Anthony Minguella, mas ambos morreram em 2008). É o primeiro filme desde Reds (1981) a ser indicado ao Oscar nas 4 categorias de interpretação (foram 8 indicações ao todo, incluindo as "Big Five", que é quando um filme é indicado nas 5 categorias mais importantes: Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro).

Bradley Cooper interpreta um homem com transtorno bipolar que sai de um hospital psiquiátrico após 8 meses em tratamento. Ele volta a morar com seus pais (Jacki Weaver e Robert De Niro - em sua melhor performance dos últimos anos), e eventualmente conhece a personagem da Jennifer Lawrence, uma garota igualmente neurótica com quem ele começa uma amizade inesperada.

É importante notar que essa não é uma comédia realista sobre problemas psicológicos (se fosse, eu provavelmente teria gostado menos da história). Ela transforma a neurose em algo atraente e divertido. Em vez de torná-los pessoas incapazes e frustradas, os "problemas" no fundo dão a eles qualidades positivas; tornam eles pessoas fascinantes pois são muito mais honestas, intensas e autênticas que o comum - vivem a vida e dizem o que pensam sem nenhum receio do que os outros vão achar.


É pra ser visto como uma comédia romântica mesmo, mas muito acima da média em termos de interpretação e roteiro (a dança que eles planejam pro final do filme dá um ótimo senso de direção pra história, de uma maneira meio Pequena Miss Sunshine).

Jennifer está perfeita no papel e é daquelas acertos de casting que, quando a atriz entra em cena pela primeira vez, antes mesmo dela dizer a primeira palavra você já pensa "Oscar!". Me lembrou a Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona - além dela também fazer o tipo atraente/maluca, demora um certo tempo até a personagem aparecer, criando certa expectativa - quando ela finalmente surge, você quase pode ver as faíscas saindo da tela.

Silver Linings Playbook (EUA / 2012 / 122 min / David O. Russell)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Pequena Miss Sunshine, Alguém Tem que Ceder, Melhor É Impossível, comédias do Woody Allen.

NOTA: 8.0

5 comentários:

Rodrigo E. disse...

Poxa Caio, primeira vez que o Bradley Cooper mostra que é um ator de verdade e você nem reserva uma frase para elogiá-lo? haha. Gostei bastante do filme também! Só acho que ele é simpático demais com o personagem do De Niro - no final ele nem é repreendido por essas apostas irracionais que vinha fazendo. A Jennifer Lawrence estava ótima mesmo. Aquela cena da janta(se não me engano, eles pedem cereal e chá pra garçonete, rs)é de arrepiar!

Caio Amaral disse...

Haha, verdade Rodrigo.. podia ter sido mais justo com ele.. acho que não quis ser repetitivo dizendo "Jennifer está ótima, De Niro está ótimo, Bradley está ótimo, etc".. rs.

O lance das apostas é meio suspeito mesmo, mas acho que não me incomodou pq o filme não enobrece o De Niro.. mostra ele como um senhor totalmente irracional, supersticioso.. um 'caso perdido' mesmo.. Se fosse um drama sério com uma mensagem inspiradora, daí acharia errado ele vencer a aposta.

Em comédia muitas vezes há essa inversão de valores.. Imagine "Férias Frustradas".. No final eles sequestram o guarda, invadem o parque, etc.. E no fim conseguem se divertir e não são presos - e não vejo nenhuma má intenção nisso. Você tem que somar os detalhes, ver a atitude geral do filme, e detectar se ele está rindo da situação ou se está de fato tentando promover valores errados... A cena do jantar é ótima mesmo, hehe. Abraço..!

marllon breno disse...

Concordo que Lawrence está bem no papel (algumas vezes rola um overacting, mas pela personagem dá pra relevar). Só achei bizarro ela vencer a Riva no Oscar, que deitada, sem mexer boa parte do corpo em quase metade de um filme, fez bem mais em termos de interpretação. Mas que está em um dos melhores papéis do ano em que foi lançado, isso está !

Caio Amaral disse...

Marllon, é muito comum ganhar o Oscar a atriz mais popular/bonita do momento que teve uma boa performance naquele ano.. mesmo quando não é de fato a melhor performance.. repare que a maior parte das vencedoras de melhor atriz / atriz coadjuvante é de mulheres belíssimas.. abs.

marllon breno disse...

Sim. É perceptível que popularidade influencia no Oscar (vide Sandra Bullock vencer por sua interpretação ordinária em "The blind side"). Ainda assim é bizarro, principalmente quando a superioridade da runner-up é evidente (caso de Meryl/Sandra; Montenegro, Meryl, Blanchett/Gwyneth;Felicity/Reese; e por aí vai...)