terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Frances Ha (anotações)

- Atriz convence muito nesse papel! Caracterização muito bem feita - mas não é uma personagem admirável (se ela tivesse 10 anos de idade, seu comportamento teria certo charme, mas aos 27, parece apenas uma menina perdida, sem classe, um pouco inconveniente e sem auto-estima - realmente "inamorável" como diz o amigo).

- Diálogos e relacionamentos muito autênticos. Divertido ver 2 pessoas que são tão abertas e têm tanta sintonia quanto essas duas amigas. Lembra um pouco um sitcom.

- Naturalismo: filme não tem uma trama ou uma mensagem explícita. Personagens não estão atrás de algo específico - são apenas arrastados pelas circunstâncias. O maior propósito da história parece ser expor a personalidade de Frances.

- Filme está na premissa de "universo malevolente": acha que a vida é uma série de eventos desconectados que levam a lugar nenhum. É o oposto do que seria um filme inspirador - ao assisti-lo, uma pessoa jovem e não muito segura terá sérias dúvidas quanto às suas ambições, carreira, e achará que seus sonhos são insignificantes e seu destino não está sob o seu controle.

- Filme não explica por que Frances é uma "perdida". Será que ela escolheu a carreira de dançarina com bom senso? Será que ela tem algum talento ou potencial? Será que ela se esforça o bastante? Nada disso é dito. Temos apenas a sensação de que a vida é incerta - uns simplesmente se dão bem, têm talento, são bem sucedidos, têm dinheiro, têm onde morar, e outros não já não têm a mesma sorte (compare com Blue Jasmine - que também é sobre uma mulher perdida, mas que não tem o mesmo senso de pessimismo - pois o filme explica e julga a protagonista; ele mostra as decisões erradas que ela faz, as razões pelas quais ela termina no buraco, etc - aqui, Frances é retratada com neutralidade, como se ela fosse apenas uma vítima do acaso - convidando o espectador a se identificar).

- Depois que ela apresenta sua coreografia e é elogiada pelo amigo, ela diz, com ar de descaso: "Ah, obrigada, eu gosto de coisas que se parecem com um erro". Ela não leva nada a sério! Não é surpresa que esteja onde está.

- Cena da caixa de correio que explica o título do filme: confirma também o pouco caso e desleixo da protagonista, que não se esforça nem pra que seu nome seja escrito da maneira correta.

CONCLUSÃO: Lado bom: personagens e diálogos muito realistas e interessantes. Lado ruim: abordagem naturalista e premissas negativas.

(Frances Ha / EUA / 2013 / Noah Baumbach)

FILMES PARECIDOS: Elena, Antes da Meia Noite.

NOTA: 6.0

domingo, 22 de dezembro de 2013

A Vida Secreta de Walter Mitty (anotações)

- Visualmente interessante desde os créditos. Fotografia parece ser a maior atração do filme (e também o uso inesperado de efeitos especiais sofisticados).

- Personagem desinteressante. Detesto esse tipo de arquétipo - o loser metódico de meia idade, com um emprego chato de escritório e sem vida pessoal. Se ele estivesse entediado e fazendo isso apenas por uma necessidade temporária, eu ainda me identificaria. Mas não. A vida dele É assim.

- Pouco provável ninguém saber como encontrar o fotógrafo e ele precisar viajar atrás do cara. Desculpa do roteiro pro protagonista ter que sair numa aventura. Trama do filme não convence. E mesmo que convencesse, a meta de Mitty é muito banal pra plateia se importar: tentar encontrar um fotógrafo que pode ou não saber onde está um negativo, que pode ou não resultar numa foto interessante, que pode ou não salvar o emprego chato dele.

- Filme sofre do Idealismo Corrompido. Ele diz timidamente que a vida deveria ser cheia de aventura, emoção, grandes desafios, mas no fundo não acha que isso seja possível. Se o autor realmente tivesse essas convicções, ele teria feito um filme como Missão: Impossível ou algo do tipo.

- Não estou torcendo pra que haja um romance. O que essa mulher iria querer com um cara sem graça e inseguro como Mitty? Não há um elo muito forte entre eles.

- Hahahah - paródia de Benjamin Button!! Ben Stiller devia ter transformado o filme inteiro numa comédia pastelão que é o que ele faz melhor.

- Outro problema da história: viagem inteira pode ser uma alucinação na cabeça de Walter, o que distancia a gente da ação e quebra o senso de escapismo.

CONCLUSÃO: Visualmente muito bonito mas trama é artificial e a mensagem "pare de sonhar - comece a viver" não chega a convencer.

(The Secret Life of Walter Mitty / EUA / 2013 / Ben Stiller)

FILMES PARECIDOS: O Curioso Caso de Benjamin Button, Onde Vivem os Monstros, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Viagem a Darjeeling.

NOTA: 6.0

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Como Não Perder Essa Mulher


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)

ANOTAÇÕES:

- O filme mostra um cara superficial, com valores horríveis, promíscuo e o retrata com uma ironia simpática. Ou seja, o filme quer atingir o positivo negando o negativo. Mas será que isso é o bastante? Será que haverá algo de fato positivo no filme? Ou o filme se limitará a ser cínico e rir de atitudes desprezíveis?

- Interessante o fato dele preferir filmes pornôs a relações reais com mulheres. Há algo de platônico nisso.

- Scarlett Johansson está linda, carismática e tem boa química com Joseph Gordon-Levitt.

- O filme tem ótimos toques de humor (ele rezando enquanto faz academia, menina no celular na igreja). Direção é autêntica, tem estilo próprio, etc.

- Personagens secundários são muito bons (família de Don, Julianne Moore).

- A briga sobre Don querer fazer a faxina ele mesmo é interessante (como caracterização). Será que ele tem algum tipo de TOC? É perfeccionista? Isso parece ter tudo a ver com o fato dele preferir filmes pornôs a mulheres reais.

- Passagem de tempo muito criativa (usando uma espécie de animação stop motion).

- O personagem é gostável porque ele parece inocente no fundo. Reconhece as próprias falhas e tenta melhorar. É uma pessoa limitada, mas não mal intencionada.

SPOILER: Demais quando a personagem da Julianne Moore começa a fazer ele entender sua própria psicologia! Cena de sexo muito boa!

SPOILER: Depois que ele tem uma relação satisfatória com Moore, ele não acha mais natural ir se confessar ao padre - observação incrível do roteiro!

CONCLUSÃO: Filme muito honesto e íntimo (só pode ter sido baseado em experiências pessoais de Joseph) com ótimos personagens e uma sensibilidade psicológica incomum.

(Don Jon / EUA / 2013 / Joseph Gordon-Levitt)

FILMES PARECIDOS: O Lado Bom da Vida, Amizade Colorida, 500 Dias com Ela.

NOTA: 7.5

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Hobbit: A Desolação de Smaug (anotações)

- Produção top, efeitos de primeira, fotografia bonita, locações fantásticas, atores sérios. Tudo isso dá um ar de importância ao filme que o torna atraente independentemente da história (pelo menos até certo ponto). Entretenimento que se leva a sério (compare com uma saga como Crepúsculo, que parece tola nos efeitos, atores, diálogos, etc).

- Não há conflitos muito fortes além da ação física, e personagens não são muito interessantes (falta um protagonista forte; filmes sobre grupos geralmente são vagos e menos envolventes). Mas pelo menos a história é clara. Sabemos onde eles têm que chegar e que obstáculos precisam enfrentar.

- Sequência das aranhas muito bem feita!!

- Ideia de escapar dentro de barris divertida, mas as lutas deixam a desejar. Detesto esses personagens ultra habilidosos que sempre que aparecem esquartejam dezenas de adversários em segundos e sem nenhum tipo de esforço. É um nível de força e precisão totalmente impossível que destrói a realidade das cenas.

- Um pouco monótono o filme, no sentido de que o tom emocional é sempre o mesmo: "algo terrível está prestes a acontecer". Filme são 2 horas e meia de pessoas falando em tom sério e aguardando o próximo perigo. Cria certo suspense, mas não é o bastante (falta variedade, emoções positivas, etc). Outro problema: filme cria situações difíceis para os personagens, mas os tira de maneira fácil e desinteressante (sempre há uma arma especial, uma planta mágica, alguém fora de quadro que mata o vilão no último momento, etc). Isso impede a gente de sentir orgulho dos personagens.

- Ausência de surpresa também me entedia. Tudo é muito previsível (em termos visuais, de narrativa; os personagens são exatamente os arquétipos que aparentam, etc).

- Dragão muito bem feito! Cara assustadora.

SPOILER: Por que o ouro está sólido mas vira líquido de um segundo pro outro? E por que o dragão consegue se livrar tão facilmente? Final frustrante.

CONCLUSÃO: Produção de primeira com algumas cenas de ação bem feitas, mas pobre em narrativa, direção, personagens, etc.

(The Hobbit: The Desolation of Smaug / EUA, Nova Zelândia / 2013 / Peter Jackson)

FILMES PARECIDOS: Oz: Mágico e Poderoso, Branca de Neve e o Caçador, O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, O Senhor dos Anéis.

NOTA: 7.0

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Carrie, a Estranha (anotações)

- Essa atriz não é um pouco bonitinha demais pra fazer papel de uma nerd excluída? Ela vai ter que compensar com a interpretação.

- Performance da menina totalmente exagerada e teatral! Julianne Moore também como a mãe! Raro isso hoje em dia... Torna o filme divertido de ver! (Às vezes provoca certas risadas na platéia e vira um pouco "kitsch", mas eu perdoo pois a intenção é tornar tudo mais intenso e dramático).

- Figura de Jesus sangrando - não faz sentido! Filme não é sobre telecinésia? Ou ela é filha do diabo ou algo do tipo?

- Um pouco forçado todo mundo humilhar Carrie no colégio. Poucas pessoas seriam tão cruéis com uma menina inocente e claramente problemática. Por outro lado, não incomoda tanto o exagero nesse caso. É divertido ver as pessoas sendo cruéis e injustas com Carrie - quando você sabe que ela tem poderes secretos que ninguém sabe.

- Roteiro é sensível  na sequência em que Tommy pede pra Carrie a ir ao baile com ele. Seria falso se ela aceitasse de cara, pois de fato parece uma armação. Mas a maneira como ele insiste - e o detalhe dele lembrar do poema que ela leu na classe - fazem a gente acreditar que ela compraria a história.

- SPOILER: Filme passa do ponto ao tentar superar o clímax do original (rachaduras na rua, cena do posto, etc). Fica muito over. E senti falta da cena da mão que era uma das mais marcantes do primeiro..!

CONCLUSÃO: História continua ótima em sua simplicidade. Seria difícil fazer um filme desinteressante desse livro, pois ele lida com questões muito básicas de auto-estima, além de ser uma história irresistível de vingança. Filme deve ter sido mal recebido principalmente por ser um remake de um clássico cultuado, pois ele é muito mais bem feito que a maioria dos remakes recentes.

(Carrie / EUA / 2013 / Kimberly Peirce)

FILMES PARECIDOS: A Morte do Demônio (2013), Carrie, a Estranha (1976).

NOTA: 7.0

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Última Viagem a Vegas (anotações)

- Mau gosto: filme tira sarro da velhice logo nas primeiras cenas (cena da hidroginástica) - acredita que ser idoso é algo constrangedor que precisa ser lidado com humor.

- Premissa já não é das mais interessantes. Não espero que coisas realmente fantásticas aconteçam nessa viagem. Não pelo fato deles serem mais velhos, mas por serem personagens convencionais, não muito interessantes. Não há grandes conflitos, questões de vida ou morte... É tudo muito tímido e comportado pra uma comédia do tipo Se Beber, Não Case!

- É o tipo de situação que seria divertida na vida real mas que não é incrível o bastante pra se fazer um filme a respeito. É como mostrar pra um amigo o vídeo daquela viagem incrível que você fez com sua família, e perceber que filmado não tem a mesma graça.

- Tentativa de tornar idosos "cool" pro publico jovem. Intenção é boa, mas estratégia é errada. Filme quer mostrar que, apesar da idade, eles são iguais aos jovens e só querem saber de curtir o momento, aprontar, beber, ir pra balada, caçar meninas novas... Acaba sendo meio deprimente, até porque não acontecem coisas muito ousadas ou extremas (como em Se Beber, Não Case ou mesmo o italiano Meus Caros Amigos). Seria mais interessante ver um personagem como o Woody Allen numa despedida de solteiro (alguém que fosse o oposto desse tipo de curtição).

CONCLUSÃO: Elenco simpático, mas história não é das mais engraçadas e humor é ameno demais pra esse gênero de filme.

(Last Vegas / EUA / 2013 / Jon Turteltaub)

FILMES PARECIDOS: Se Beber, Não Case! Parte III, Minha Mãe É uma Viagem, Antes de Partir, etc.

NOTA: 5.5

sábado, 7 de dezembro de 2013

Azul É a Cor Mais Quente (anotações)

- Qual a necessidade desses closes nas pessoas comendo macarrão de boca aberta?!

- Legal que no começo ela ainda não se descobriu lésbica. Torna a história mais envolvente e acessível pro público em geral (assim como Brokeback Mountain atingiu um público mais amplo do que o gay).

- Estava simpatizando mais pela personagem até vê-la na passeata. Será que esse elemento político tem a ver com o filme / é necessário?

- Não há um conflito forte. Ela não tem um namorado, traumas psicológicos, a família não é homofóbica nem religiosa, não corre o risco de perder o emprego... Virar lésbica não trará grandes problemas. No máximo a rejeição das amigas na escola. Mas não parece ser uma grande questão.

- Perigoso: direção do filme pressupõe uma atração sexual da platéia pelas atrizes (closes em partes do corpo, etc). Romance não é construído com base em valores mais amplos, portanto só deve se envolver mesmo quem for lésbica.

- Primeira cena de sexo entre as duas uma das mais chocantes que já vi!!!!!! Totalmente pornográfico e apelativo!!!

- Outra cena de sexo explícito?? As pessoas só comem e fazem sexo no filme??

- Comendo macarrão de novo? Depois ostra? Por que sempre as coisas mais nojentas visualmente? E as pessoas estão sempre babando, comendo de boca aberta. Filme desglamouriza personagens de propósito.

- Não há um enredo estruturado. Boa parte do filme são conversas rotineiras e situações que nada acrescentam à história (cenas na escola, encontros com amigos, etc). Parece documentário ou filme amador.

- Diálogo sobre orgasmo feminino ser superior ao masculino: filme é sexista (detalhes como a cena do museu - elas admirando pinturas de mulheres nuas). História devia focar em caráter, valores universais. Imagine se em Brokeback Mountain os caras ficassem cultuando o corpo masculino e falando da superioridade sexual do homem. Todo mundo ficaria revoltado e com razão. É como aqueles filmes americanos exclusivamente para negros, que focam demais na raça e acabam sendo racistas só que ao contrário.

- 3 horas de filme? Além de não ter um enredo o filme é interminável! Muita falta de consideração com o espectador. Filme é cheio de cenas sem conteúdo e desnecessárias.

- Protagonista é mentirosa, trai a namorada. Não é uma personagem admirável.

- Filme ganhou Palma de Ouro em Cannes justo no ano em que o SPIELBERG era o presidente do júri?? Este filme é o oposto de tudo o que ele sempre expressou em seus filmes (narrativa, estrutura, Idealismo, etc).

- Ator quando quer ser aclamado tem que chorar, deixar o ranho escorrer até a boca e não limpar. Nojento.

- Não há explicação pro fim do amor. Talvez ele nem tenha existido. Foi superficial assim como o primeiro encontro... Baseado em primeiras impressões e por isso mesmo não durou.

CONCLUSÃO: Boas atrizes, mas filme não tem enredo, é longo demais, atração é superficial, filme é sexista, cenas de sexo são apelativas.. IMPORTANTE: Isso não tem nada a ver com o fato do filme ser sobre lésbicas (e eu não ser uma)! Quem lê meu blog sabe que eu sou sempre negativo com filmes Naturalistas e filmes que focam demais no aspecto físico do sexo.

(La Vie d'Adèle / França, Bélgica, Espanha / 2013 / Abdellatif Kechiche)

FILMES PARECIDOS: Weekend, Shame.

NOTA: 2.5

domingo, 1 de dezembro de 2013

Vovô Sem Vergonha (anotações)

- Assim como Borat, a graça desse tipo de filme depende das pegadinhas serem reais. Mas logo de cara elas parecem armadas, como a do velório. Por que tantas pessoas estariam no velório de uma estranha? E depois que o cadáver cai do caixão, ninguém continuaria ali dançando, cantando, etc.

- Reação dos caras que ajudam a colocar a morta no porta-malas é falsa. Essa preocupação com a autenticidade das pegadinhas me impede totalmente de aproveitar o filme.

- Cena do correio com o menino dentro da caixa: agora está explícito que é tudo combinado. Filme perde todo o propósito! Proposta de misturar narrativa com câmeras escondidas já não é das melhores (as cenas dramatizadas não tornam o filme mais envolvente, os personagens mais interessantes, etc). Mas pelo menos se as pegadinhas fossem reais haveria um motivo pra querer ver o filme até o final.

- Isso não é fraude, legalmente falando? Eu vim ver o filme por que o trailer disse que as reações eram autênticas... É tão desrespeitoso com o espectador!

- O cinema inteiro está morrendo de rir! Eles não enxergam que é tudo falso?? As pessoas em geral são tão mais ingênuas do que eu penso! Como é que elas sobrevivem no dia a dia??

- É meio deprimente ver todo mundo se divertindo e saber que a alegria delas tem uma origem falsa. Cineastas são do tipo que pensam "se minha esposa nunca descobrir, não faz diferença se eu a trair ou não".

CONCLUSÃO: Fortes evidências de que as pegadinhas são armadas destroem a diversão pra mim - mas mesmo que elas fossem reais, suspeito que não seria tão divertido quanto os outros do Jackass, que no fundo eram sobre amigos de verdade se divertindo e fazendo coisas fisicamente inacreditáveis.

(Jackass Presents: Bad Grandpa / EUA / 2013 / Jeff Tremaine)

FILMES PARECIDOS: Borat.

NOTA: 0.0
(gosto da intenção do filme - se fosse real, daria uns 7.0 talvez; é o fato dele ser desonesto que pra mim invalida tudo)