sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Operação Big Hero


- Protagonista não é muito atraente ou admirável. Herói envergonhado

- Legal a cena na sala de invenções da universidade. Ideias divertidas.

- Por que o Baymax é inflável?? Não é uma ideia muito boa ou lógica pra um robô de alta tecnologia. Dá a impressão que ele não é muito prático e pode estourar a qualquer momento.

- 40 minutos de filme e eu ainda não sei sobre o que é a história. É sobre a amizade entre Hiro e Baymax? É sobre os microbots? É sobre o sonho do garoto de entrar na universidade? 

- Pelo pôster e pelo trailer dava a impressão que o filme era sobre o Baymax. Mas a história é muito mais sobre o vilão e o roubo dos microbots. Baymax não tem um papel fundamental nessa história. É apenas um "sidekick". O filme está indeciso entre 2 conceitos de narrativa.

- O roteiro é realmente péssimo! A parte da amizade entre Hiro e Baymax não é bem desenvolvida, daí o filme muda o foco pra trama dos microbots, que é chata, não tem um conflito interessante (parece mais um daqueles vilões do Scooby Doo que ficam sem identidade até a última cena). Depois surge do nada a história do teletransporte, da morte da filha do Callaghan, que consegue ser ainda menos interessante. O final é um verdadeiro show de más ideias!

- SPOILER: Tendência Irritante em Hollywood #5 - Auto-Sacrifício: Hiro arrisca a vida pra salvar a filha do Callaghan (que ele nem conhece). Baymax se sacrifica pra salvar Hiro. Mas no final nem Hiro nem Baymax morrem. O filme quer tudo - o crédito moral pelo auto-sacrifício, e o conforto de não ter que sacrificar nada (é que nem Jesus que pode ressuscitar depois).

CONCLUSÃO: Animação boa, roteiro e personagens fracos, valores ruins.

(Big Hero 6 / EUA / 2014 / Don Hall, Chris Williams)

FILMES PARECIDOS: Guardiões da Galáxia / Frozen / Universidade Monstros / Detona Ralph 

NOTA: 4.0

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O Abutre

- Muito boa a fotografia / a edição no começo do filme. Apesar de ter uma textura digital (que eu não sou tão fã) os enquadramentos transmitem ordem, clareza, precisão - refletem um diretor que sabe o que quer dizer e como irá dizê-lo.

- O personagem certamente não é admirável e o filme quase cai na tentação de glamourizá-lo, torná-lo "cool", mas fica no limite... Ainda ficamos a impressão de que ele é um cara sinistro, perturbado, então o resultado ainda é aceitável.

- Assunto interessante e original! Nem sabia que existia gente que ganhava a vida dessa maneira. Ótima forma de fazer uma crítica ao sensacionalismo na TV (e também ao público que dá audiência pra tais programas). O filme lembra Rede de Intrigas (1976) e a personagem da Rene Russo lembra muito a da Faye Dunaway.

- Roteiro muito bom. Apesar da ética duvidosa do protagonista, o filme não é apenas um estudo de personagem. Por trás disso existe uma boa trama.

- Jake Gyllenhaal está ótimo! Muito boa a atitude simpática, quase como se ele estivesse atuando em uma comédia romântica. Isso somado à magreza dele e ao olhar fixo dão um aspecto sinistro ao personagem.

- SPOILER: Várias cenas ótimas: ele arrastando o morto pra conseguir uma tomada melhor / o diálogo dele chantageando a Rene Russo no restaurante / a sequência em que ele entra na casa da família assassinada, etc. E tudo está integrado ao tema do filme, que é o mal da ambição (quando dissociada da ética).

- O maior problema é que o filme pode ser visto também como uma crítica à ambição em geral (não apenas quando dissociada da ética). Pois é extremamente comum a ideia de que a pessoa ambiciosa e focada na carreira irá passar por cima de todos pra conseguir o que quer. Então em vez de "o mal da ambição quando dissociada da ética", o tema do filme pode ser também "o mal da autoestima, da ambição e do capitalismo", o que é bem diferente!

- SPOILER: Roteiro continua forte até o final! Ideia dele ocultar a identidade dos assassinos pra conseguir mais uma matéria cria um ótimo gancho pro terceiro ato. Clímax muito bom (amigo sendo baleado, etc). Trama bem arquitetada pra ilustrar a desumanidade do personagem. A cena quase "romântica" entre ele e a Rene Russo quando ele entrega o vídeo final é hilária (de novo lembra muito o tom satírico do Rede de Intrigas).

CONCLUSÃO: Valores discutíveis, mas um suspense com um ótimo roteiro e muito bem realizado em todos os sentidos.

FILMES PARECIDOS: Garota Exemplar / O Conselheiro do Crime / Drive / O Lobo de Wall Street / Rede de Intrigas

NOTA: 8.5

sábado, 20 de dezembro de 2014

Êxodo: Deuses e Reis


- Elenco de primeira e produção grandiosa dão um tom respeitável pro filme. Embora essa "grandiosidade" com cara de computação gráfica não chegue aos pés dos épicos de antigamente como Ben-Hur, etc. 

- Christian Bale transmite força mas não está muito gostável. Esses épicos de hoje exageram muito na testosterona: os protagonistas estão sempre fazendo cara de "macho", preocupados em parecerem durões, e esquecem de criar um vínculo emocional com a plateia.

- Começo do romance muito sem graça. Odeio essas "étnicas" belas e sem personalidade que aparecem e conquistam o herói pela aparência.

- Produção tem mais nível que a média, mas ainda assim Ridley Scott parece estar no "piloto automático". Nada no filme soa surpreendente, inovador, autêntico. Há um pouco da Mentalidade Clichê.

- Roteiro fraco, pouco estimulante intelectualmente, e sem força dramática. A rivalidade entre Moisés e Ramsés não funciona: inclusive o Ramsés às vezes me parece mais carismático do que Moisés, a ponto de eu ficar com pena dele e achar a atitude de Moisés agressiva e detestável. Talvez esse seja o problema mais grave do filme. Nem as pragas são empolgantes de ver... Estou mais com pena da população do que curtindo o espetáculo. E é horrível que essa violência toda esteja sendo causada pelo "time" de Moisés e Deus - os supostos mocinhos.

- Filme não consegue criar muita admiração por Moisés. Não é preciso muita inteligência pra ganhar essa guerra quando Deus está do seu lado usando poderes mágicos.

- SPOILER: Sequência mais interessante do filme é a ação final no Mar Vermelho. Embora algumas coisas sejam muito excessivas (Moisés e Ramsés serem pegos pela onda e não morrerem é absurdo). E os múltiplos tornados também são um exagero. Filme catástrofe é legal quando se passa no nosso mundo (no presente, em grandes cidades como Nova York, etc). Mas não há tanta graça em ver tornados e tsunamis num universo que já é fantástico.

CONCLUSÃO: Produção acima da média mas não funciona dramaticamente (conflito entre Moisés e Ramsés é mal desenvolvido e não faz a gente se interessar pelos personagens e pela história).

FILMES PARECIDOS: Noé / Pompéia / 10.000 A.C. / Cruzada

NOTA: 6.0

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

The Babadook

- Direção muito diferente e interessante! O filme consegue dar medo não só através da história, mas através do estilo - da direção de atores, do uso de som, da fotografia, etc. Lembra um pouco o terror italiano dos anos 70 (Suspiria, etc). Cenas bizarras (como a da mãe se masturbando) só contribuem pra estranheza do filme.

- Medo desse livro do Babadook e das ilustrações!

- O garoto é muito irritante! Nenhum dos personagens é totalmente gostável. A gente simpatiza pela mãe (pelo drama que ela vive) mas de vez em quando ela tem atitudes agressivas com outros personagens que mancham um pouco sua simpatia.

- Sequência em que Sam tem a convulsão: Essie Davis está excelente como a mãe! Uma das performances mais surpreendentes do ano.

- SPOILER: Voz do Babadook no telefone é arrepiante...!

- Um problema frequente em filmes desse gênero é que os personagens não têm muito o que fazer - ficam aguardando passivamente o próximo ataque do monstro, o que dá um tom um monótono pra história. Mas pelo menos o Babadook é um conceito de monstro diferente (não é um filme de espírito como esses que saem toda semana).

- SPOILER: Sinistra a mãe "possuída"!! A atriz realmente está dando um show. É interessante essa inversão de papeis: a mãe se tornando o "problema" e o filho se tornando a figura sensata e responsável com a qual a gente se identifica.

- Filme "empresta" algumas ideias de filmes clássicos de terror como O Iluminado, Poltergeist, O Exorcista.

- No final o filme passa tempo demais tentando apenas provocar emoções de medo através de imagens, sons, sem voltar pra um clima normal, de realidade, o que eventualmente se torna cansativo. Falta variedade de emoção, e falta também alimento pro cérebro do espectador... Algo que o deixe curioso pela história, que vá além de ter sensações de medo.

- SPOILER: Desfecho da história muito bom!! Fica claro agora o que representa o Babadook - e é legal a ideia de que ela não pode se livrar totalmente do seu trauma, mas que pode administrá-lo de forma que isso não a impeça de viver sua vida e ser feliz.

CONCLUSÃO: Um dos filmes de terror mais interessantes e sinistros dos últimos tempos, com uma performance surpreendente de Essie Davis.

(The Babadook / Austrália / 2014 / Jennifer Kent)

FILMES PARECIDOS: A Entidade, Alucinações do Passado, O Iluminado.

NOTA: 7.5

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Mommy

- Mãe completamente doida! Existe gente assim? A relação dela com o filho é totalmente surreal, mas ao mesmo tempo divertida de assistir. Eles se gostam e se divertem juntos, e não têm nenhum tipo de filtro - falam o que pensam, fazem o que têm vontade, são livres de qualquer repressão (com consequências destrutivas, mas não deixa de ser fascinante de ver). Os atores são carismáticos e totalmente convincentes.

- Estilo de direção muito excêntrico e interessante! Incrível a autenticidade e liberdade artística do diretor. Até o formato 1:1 da tela é fora dos padrões. Mas não parece exibicionismo gratuito pois os personagens e o conteúdo das cenas são ricos. E além disso, faz sentido um filme sobre pessoas excêntricas ser contado de uma maneira excêntrica. A gente se sente no mundo deles.

- A loucura deles se torna tangível pois o filme está sempre colocando os dois em ambientes convencionais, interagindo com pessoas convencionais, o que cria o contraste certo.

- Chocante a briga do Steve com a mãe! O filme tem uma cara realista, mas ao mesmo tempo é escapismo, pois raramente vemos pessoas assim no dia a dia ou vivemos emoções tão extremas.

- Briga de Steve com a vizinha igualmente forte! Psicologicamente, é interessante uma mulher mais recatada (que tem dificuldade até de falar) se sentir atraída por uma família tão sem limites. A ligação emocional dela com Steve acontece depois que ela "explode" na briga e começa a falar a língua dele.

- Não há uma trama estruturada (o filme está mais pro Naturalismo), mas ele não se torna entediante pois, além do magnetismo dos personagens, há sempre coisas dramáticas e imprevisíveis acontecendo.

- Bonita a amizade que vai se formando entre Kyla e os dois (a cena da "selfie" que eles tiram, etc). Apesar dos temas pesados, o filme foca em relações positivas.

- Curioso ver várias referências "pop" num filme naturalista (Celine Dion, Esqueceram de Mim, etc). Pode ser sinal de Idealismo Corrompido no diretor. Ele está sempre flertando com o universo do entretenimento, mas resistindo à tentação de se tornar positivo.

- SPOILER: Várias cenas boas: a que Steve é humilhado no karaokê, a tentativa de suicídio no mercado, sequência em que a mãe sonha com o futuro do Steve. A entrega dele no hospital é fortíssima.

- SPOILER: Ambíguo o fim. Será que o menino vai se jogar pela janela? O que significa?

CONCLUSÃO: Filme denso, extremamente autêntico, com um show de atores, personagens e direção. Se tivesse uma narrativa igualmente inspirada seria ainda melhor.

(Mommy / Canadá / 2014 / Xavier Dolan)

FILMES PARECIDOS: ?

NOTA: 8.0

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

- Produção grandiosa e atores famosos dão um senso de "importância" pro filme que prende a atenção até certo ponto.

- História muito pouco envolvente / empolgante. O filme tem vários protagonistas, mas nenhum muito carismático, e nenhum com um desejo ou um objetivo muito forte... Como espectador eu não quero aguardar 2 horas só pra ver uma batalha no final (e o fato de serem 5 exércitos não torna a coisa 5 vezes mais interessante).

- Não entendo muito bem de quem é o ouro, o que pertence a quem, quem está certo e quem está errado... Isso prejudica o envolvimento.

- Cenas de ação parecem completamente irreais e por isso não têm efeito. Fica tudo com cara de video game - um mundo onde as leis da física não existem.

- Detesto quando o dinheiro (nesse caso, o ouro) é o grande vilão do filme. Os personagens negativos todos desejam o ouro... E os bons só querem saber do lar, dos amigos, de cumprir seus deveres, etc.

- SPOILER: Falta um vilão forte! O rei já era um vilão fraco (pois estava "possuído" pela ganância - não havia um conflito moral sério). Agora que ele passou pro lado do bem, os vilões são apenas esses Orcs que não têm personalidade.

- A trilha sonora tem alguns bons momentos... Gosto quando surgem sutilmente os temas do anel, do Hobbit, etc...

- Clichês: muitas cenas onde o personagem está prestes a ser morto por um vilão, e daí um amigo aparece no último segundo e golpeia o vilão pelas costas! Alguém preocupado em entreter não repete a mesma cena diversas vezes no filme e espera que ela tenha algum impacto.

- O filme todo parece um exemplo de "classicismo": o cineasta segue todas as regras da "Jornada do Herói" (como George Lucas fez em Star Wars), e acha que isso irá automaticamente produzir um filme excitante e dramático, "livrando" ele de ter que entender o que faz uma boa narrativa.

- SPOILER: Nada muito surpreendente, mas legal a conexão com O Senhor dos Anéis na última cena.

CONCLUSÃO: Parte técnica impressiona, mas não há uma história envolvente, personagens fascinantes - falta entretenimento e emoção.

(The Hobbit: The Battle of the Five Armies / Nova Zelândia, EUA / 2014 / Peter Jackson)

FILMES PARECIDOS: Malévola / As Crônicas de Nárnia (série) / Transformers (série) / Piratas do Caribe (série)

NOTA: 4.0

sábado, 6 de dezembro de 2014

Quero Matar Meu Chefe 2

- O trio principal é carismático e os diversos coadjuvantes famosos (Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Chris Pine, etc) tornam o filme interessante de assistir.

- A história é mais convincente que a do primeiro filme, onde eles queriam assassinar os chefes. A ideia do sequestro (nesse contexto de recuperar o dinheiro perdido no golpe) é mais divertida e parece menos forçada.

- Legal eles mencionarem Dolly Parton e Como Eliminar Seu Chefe (1980) - que provavelmente foi uma inspiração. 

- Jennifer Aniston está ótima (de novo) como a viciada em sexo.

- A trama é um pouco confusa pra uma comédia. É o tipo de filme que quer estar vários passos à frente do espectador pra se mostrar mais esperto que ele. Não gosto dessa mistura - do filme querer ter uma história cômica e ao mesmo tempo uma trama sofisticada digna de um policial.

- Outra mistura que não gosto: do humor ingênuo e inocente com o humor grosseiro, cheio de palavrões, etc. Cansa ficar saltando entre estados de espírito.

CONCLUSÃO: Comédia despretensiosa, no mesmo nível da primeira parte, que diverte por causa do elenco e das participações especiais.

(Horrible Bosses 2 / EUA / 2014 / Sean Anders)

FILMES PARECIDOS: Anjos da Lei 2 / Vizinhos / Se Beber, Não Case

NOTA: 5.5

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

De Volta ao Jogo


- Um pouco clichê a apresentação do herói, mas não é mal feito (ele perder a esposa, ele sendo bonzinho com um cão - parece um manual básico de como criar empatia pelo personagem).

- Outros clichês: o homem misterioso assistindo o enterro de longe (com um guarda-chuva!) / os vilões com sotaque estrangeiro...

- Locações elegantes e a presença de Keanu Reeves dão certo nível pra produção. 

- SPOILER: A motivação do personagem é muito banal! Keanu vai perseguir os bandidos só pra vingar a morte do cachorro??? Se os bandidos tivessem matado a mulher dele, daí sim seria mais compreensível. Ou se houvesse uma motivação espiritual / psicológica por trás disso tudo, que fosse além da morte do cachorro e do roubo do carro.

- A história é uma desculpa esfarrapada pra mostrar pancadaria e violência. O filme tem "agressividade" como um valor em si (cenas de morte, ferimentos, armas, os personagens são criminosos, os ambientes são underground, a trilha é de rock, etc).

- Ridícula a cena do Keanu atirando em todo mundo na casa noturna!! Esse massacre todo por causa de um cachorro? O que é isso, video game? GTA? É violência pela violência - o filme não se preocupa nem em ter uma justificativa plausível para o que está acontecendo. E também não se preocupa em criar vilões detestáveis, pra que pelo menos a plateia tenha alguma satisfação emocional ao ver a matança. 

- O filme é superficial e materialista, no sentido de que o Keanu só é "heroico" em termos puramente físicos - no fato dele conseguir matar vários homens sozinho. Fora essa habilidade, não há nada de admirável no personagem. Ele é o típico herói do filisteu, do homem superficial e sem imaginação.

CONCLUSÃO: Keanu Reeves e direção competente dão uma aparência respeitável pro filme, que no fundo é uma grande desculpa pra mostrar violência.

(John Wick / EUA, Canadá, China / 2014 / Chad Stahelski)

FILMES PARECIDOS: O Protetor, Busca Implacável, Carga Explosiva, etc. 

NOTA: 4.5