sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Ida

- Fotografia bonita! Gosto da luz difusa e da precisão do foco. Parece um filme dos anos 50. Curiosos os enquadramentos que deixam os atores na porção inferior do quadro, embora soe algo aleatório (um toque de subjetivismo pra deixar a fotografia menos "comercial").

- Filme extremamente frio, sem emoção, sem música, sem cor, atores pouco expressivos.

- História nem um pouco interessante. Ida é uma personagem distante, fria, com o qual não nos importamos. Não sabemos como funciona a mente dela, quais os seus conflitos. A meta dela é desinteressante (descobrir como os pais morreram e onde foram enterrados - pais que ela nunca conheceu) e ela não parece ter nenhum desejo forte.

- Personagem da tia (Wanda) é mais interessante, e o contraste entre as duas (a "vadia" versus a "santinha") quase cria um tema interessante pro filme (a libertação de Ida de uma vida de repressão), mas isso ainda não é bem desenvolvido.

- O filme parece achar que por ele ser sobre o holocausto, isso o torna automaticamente "respeitável", dando a ele a permissão para ser chato. E o público parece cair nessa... As pessoas no cinema estão completamente imóveis no assento - ninguém come pipoca, ninguém bebe refrigerante, ninguém comenta nada com o amigo. O filme é "artístico" demais pra essas coisas - afinal, ele é polonês, é sobre o holocausto, é preto e branco, e é chato - então temos que nos comportar como se estivéssemos em um museu, ou em uma igreja (eu faço anotações no celular durante a sessão pra postar depois aqui no blog, e como sei que isso pode ser um incômodo para os outros, tento fazer da maneira mais discreta possível, reduzindo ao máximo a luminosidade do celular e deixando o aparelho próximo ao corpo enquanto escrevo, escondendo a tela dos que estão atrás - ainda assim, pela primeira vez desde que comecei a fazer isso, um senhor pediu indignadamente que eu parasse de mexer no telefone, me forçando a mudar de lugar como se eu fosse um herege).

- Legal que a Ida começa a beber, a fazer sexo, etc. Pelo menos acontece algo no filme. Ainda assim, isso é um evento casual, sem um significado emocional ou intelectual (o filme não julga - não retrata o fato como sendo positivo ou negativo). Realismo.

CONCLUSÃO: Fotografia bonita, mas roteiro raso, sem drama ou conteúdo intelectual.

(Ida / Polônia, Dinamarca, França, Reino Unido / 2013 / Pawel Pawlikowski)

FILMES PARECIDOS: A Fita Branca

NOTA: 3.5

3 comentários:

Anônimo disse...

Não entendi a do senhor do celular. Explica melhor?

Anônimo disse...

Ah tá, meu celular não carregou o texto completo. Pensei que era parte do filme, mal aê...

Caio Amaral disse...

Geralmente só faço comentários sobre o filme.. é que achei curioso esse incidente na sala.. a atitude 'respeitosa' do público diante do filme.. hehe.