quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Dois Dias, Uma Noite

- Por que ela está tão abalada emocionalmente? Só por perder o emprego? Não dá pra entender o contexto psicológico dela.

- Naturalismo: retrato de pessoas comuns e problemas cotidianos.

- Seria muito mais interessante se nós conhecêssemos os colegas de trabalho dela, se entendêssemos a relação entre eles, o nível de amizade, o significado ético por trás da decisão de cada um de tirar o emprego dela em troca do bônus, etc. O filme é superficial - vemos tudo de fora sem entender a situação, os valores em jogo.

- O filme tenta retratá-la como vítima, mas não sabemos se ela era uma boa profissional, se ela tinha um bom relacionamento com a pessoas no trabalho. Pelo que acontece com ela e pela maneira fria com que as pessoas a tratam, a conclusão é que ela devia ser uma pessoa antipática e totalmente inútil na empresa. Ela devia ir embora voluntariamente!

- Pra que ela quer ficar num emprego onde ela é considerada dispensável e onde a grande maioria das pessoas quer que ela vá embora? Imagina o clima que vai ficar se ela continuar! Ela não tem um pingo de respeito próprio! A personagem é fraca. Fica se humilhando na frente de todo mundo. E é como se suas atitudes gritassem "vejam como eu sou pobrezinha, ninguém se sacrifica por mim!" - e ela parece ter orgulho de se comportar assim.

- O filme cria uma situação forçada, improvável, aparentemente pra fazer uma crítica ao "egoísmo". Mas nesse contexto, as pessoas não estão erradas em preferirem o bônus. Elas não estão sendo más - não é dever moral delas se sacrificarem pra salvar o emprego de uma pessoa dispensável - a não ser que todos fossem muito amigos, mas não sabemos da relação entre as pessoas. Errado está o patrão, por criar uma situação tão negativa entre os funcionários. Ele devia decidir de uma vez quem fica e quem sai, e não criar um clima de tensão e rivalidade na empresa.

- Filme repetitivo e monótono! Várias vezes ela diz que vai desistir de falar com as pessoas (esses momentos são os únicos onde eu simpatizo pela personagem) mas o marido a convence a continuar. Várias vezes ela vai na casa de alguém, daí a pessoa que ela está procurando não está em casa, mas está em algum lugar ali do lado.

- O filme parece achar que estamos torcendo pra ela converter todo mundo. Mas eu não quero que ela continue nesse trabalho! O propósito do personagem não é envolvente.

- Irreais as brigas que acontecem por causa dela, como se isso fosse uma questão de vida ou morte pras pessoas envolvidas. O diretor parece achar que a história levanta uma questão ética muito maior do que é de fato.

CONCLUSÃO: Filme naturalista monótono, superficial, promovendo um código de ética errado, com uma protagonista antipática.

(Deux Jours, Une Nuit / Bélgica, França, Itália / 2014 / Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne)

FILMES PARECIDOS: ?

NOTA: 2.0

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