quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Grandes Olhos

- Gosto do visual alegre, colorido (embora a cópia do cinema esteja claramente com defeito, deixando as cores estouradas, principalmente os azuis). A produção consegue transportar a gente pros anos 50.

- O filme tem aquele tom leve típico dos filmes do Tim Burton - sem muita ousadia, intensidade, emoção, mas a história é boa, Amy Adams é sempre uma presença agradável, e o filme discute temas universais e interessantes: carreira, sucesso, integridade artística versus "se vender", honestidade, etc.

- Logo de cara o Christoph Waltz já parece um charlatão. Se essa era a intenção, ele está muito bem.

- É tão odioso o que o Keane está fazendo com a esposa!! Eu começo a perder o respeito por ela, por aceitar essa situação! Ela merece o que está tendo. Não é bem explicado que o fato dela ser mulher atrapalharia seu sucesso (isso só é dito mais pra frente no filme). Não parece haver um bom motivo pra ela abrir a mão do crédito do seu trabalho. Não temos a impressão que os quadros dela não venderiam caso o Keane dissesse desde o começo que ela é a pintora.

- SPOILER: Keane tem uma filha que ninguém sabia? Não há como uma mulher se casar com um cara tão desonesto e mau caráter e não perceber isso. Ela sem dúvida é responsável por estar nessa situação!!

- O filme não consegue mostrar a Margaret como uma mulher admirável. Não só pela submissão em relação ao marido, mas às vezes ela parece um pouco ingênua (falando de numerologia, etc), e seus conceitos artísticos não são bem explorados.

- SPOILER: Chocante a revelação que os primeiros quadros do Keane já não eram dele!!!

- Keane é um dos personagens mais detestáveis dos últimos tempos! E a maneira que o Christoph Waltz o interpreta, dando um tom meio cômico e inocente, deixa tudo ainda mais irritante. Pior que existe gente assim - esse tipo de pessoa mau caráter, que conquista tudo através da manipulação, do charme, sem um pingo de vergonha na cara e respeito pelos outros. E igualmente péssimas são as pessoas que consomem esse tipo de modismo, se sentindo grandes apreciadoras de arte.

- SPOILER: Chocado com a cena dos fósforos! Isso aconteceu mesmo?? Que casal doentio!

- SPOILER: No julgamento a Margaret se redime ao admitir que foi fraca, e não jogar a culpa toda sobre o marido.

- SPOILER: Demais eles terem que pintar o quadro na frente do juíz. Final satisfatório (embora continue com raiva do Keane, que morreu afirmando ser o artista!). Demais a foto da Amy Adams com a Margaret real antes dos créditos!

CONCLUSÃO: Performance de Christoph Waltz é um pouco detestável demais, e Margaret não é tão vítima quanto parece, mas é uma história curiosa, bem contada, com bons atores.

(Big Eyes / EUA, Canadá / 2014 / Tim Burton)

FILMES PARECIDOS: Philomena / Julie & Julia / Em Busca da Terra do Nunca / Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas / Ed Wood

NOTA: 7.0

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que essa pintora ajudou a inspirar essa mania atual de personagens de desenho animado serem olhudos?

Caio Amaral disse...

Ah eu acho que não.. isso de desenho com olho grande é uma convenção antiga né.. os olhos grandes aumentam a empatia pelo personagem, dizem.. por isso o Spielberg fez o E.T. com olhões.. Nos desenhos japoneses, acho que eles são ainda maiores que o normal pq japonês tem olho puxado.. então eles devem ter um fascínio ainda maior pelos olhos grandes.. rss.