sábado, 7 de fevereiro de 2015

O Destino de Júpiter

- Bom o começo: a história dos pais da Júpiter, a cena da morte, etc. Legal que o filme começa na Terra (achei que fosse mais fantasia, sem muita referência da realidade). Gosto também do tom de entretenimento (não é do tipo de blockbuster "dark" que está na moda).

- Muito legal a bota voadora!! O filme tem umas ideias legais de tecnologia.

- As pessoas na Terra não enxergam os aliens??? Há uma cena de ação intensa no meio da cidade (eles voando em naves e destruindo prédios, etc), mas em vez de me envolver na cena eu só estou pensando se as pessoas não estão vendo isso tudo! A explicação só vem depois que a cena acaba e não é muito boa (ele reconstroem tudo e apagam a memória das pessoas, etc).

- Não gosto muito da atitude da Mila Kunis. Ela reage de maneira muito casual ao que está vendo. Ao se comportar de maneira meio atrapalhada, cômica, ela acaba impedindo a fantasia de parecer real pra plateia. Está constantemente nos lembrando: "isso não passa de uma grande brincadeira infantil". Em alguns momentos ela deveria parecer realmente impressionada com todas essas descobertas - se mostrar envolvida na história.

- Não inspira muito a ideia dela ser "a escolhida" só por ter uma ligação genética com a realeza, etc. Não é por causa de nenhuma virtude pessoal dela. É algo que vem de graça, por acidente - pra plateia ela fica parecendo apenas uma faxineira sortuda, e não uma pessoa com poderes reais.

- Anticlímax a maneira em que ela vai reivindicar o seu título (passando por toda aquela burocracia, etc). Se a ideia da história era ver uma simples faxineira se revelar uma rainha do universo, essa sequência vai totalmente contra a ideia de que ela é importante.

- Falta conteúdo no filme. Apesar dele ser uma fantasia, ele precisa discutir valores com os quais a plateia se identifique, virtudes mundanas, etc. Dá a impressão que o grande "barato" aqui é o escapismo pelo escapismo - o desejo de ir pra um outro mundo que nada tem a ver com o nosso. Fugir totalmente da realidade. Esse excesso de fantasia também prejudica a ação. Parece que não há regras, que tudo pode acontecer: o Channing Tatum é ejetado da nave, mas daí encontra uma bolinha que magicamente se transforma num traje espacial, etc. É tudo muito irreal.

- A protagonista se vê no meio de uma grande aventura, mas ela pessoalmente não tem nenhum desejo forte (parece apenas querer voltar pra casa). Há o desejo dela pelo Wise, mas o romance não chega a ser bem desenvolvido.

- Ela não é uma figura muito ativa: está sempre sendo forçada a assinar algo, a se casar com alguém, e no último segundo surge o Wise e resolve a situação. Ela não parece segura e independente.

- O melhor do filme é o visual, os efeitos especiais; algumas imagens são impressionantes (por exemplo: a nave emergindo dos anéis do planeta, etc). Embora muitas das cenas de ação pareçam caóticas e desagradáveis de assistir.

- SPOILER: Chato: ninguém na vida real fica sabendo pelo que ela passou! A vida dela não se transforma pra muito melhor. O romance com o Channing Tatum tem que acontecer escondido de todo mundo. Insatisfatório esse final!

CONCLUSÃO: Fantasia visualmente marcante e criativa, mas com uma narrativa confusa e emocionalmente insatisfatória.

(Jupiter Ascending / EUA / 2015 / The Wachowskis)

FILMES PARECIDOS: Ender's Game: O Jogo do Exterminador / Círculo de Fogo / Thor

NOTA: 6.0

9 comentários:

Anônimo disse...

Pela descrição, acho que o futuro "trailer honesto" (sátira feita no youtube por um canal chmado screen junkies) desse filme vai ser melhor que o próprio. Talvez devessem ter filmado como comédia.

Caio Amaral disse...

Tecnicamente o filme é bem feito, então mesmo com a premissa absurda, ele acaba soando respeitável.. não algo ridículo.. os problemas que senti foram mais narrativos.. não em relação ao conceito do filme como um todo.. acho que poderia ter sido um sucesso com algumas revisões no roteiro..

Anônimo disse...

Os Wachowskis tem um fetiche estranho com esse negócio de reencarnação e a civilização ser controlada por algo mais avançado, as coisas acontecem mas são encobertas. A cena de batalha na cidade me lembrou muito a cena da perseguição do Matrix 2. Fiquei pensando em como iam explicar dentro da Matrix que aquilo era "normal" naquele mundo.

Lembra no Matrix aquele cara que confessou pra um agente Smith que preferiria viver uma vida falsa, mas comer um bom bife suculento do que passar a vida inteira comendo uma gororoba na vida real. Se olhar por um ângulo diferente, a vida da Júpiter faz mais ou menos essa analogia.

A filosofia do filme cai muito naquela teoria que tá rolando na internet que o meteoro destruidor dos dinossauros era uma nave trazendo a primeira leva de seres humanos subdesenvolvidos.

A minha consideração final do filme foi um Matrix sem talento narrativo e para todos os públicos.

Caio Amaral disse...

Eu não gosto nada das ideias filosóficas dos filmes dos Wachowski, embora ache Matrix um dos melhores filmes de ação do cinema.. Essa cena do bife eu lembro.. mas em que momento Júpiter faz uma analogia parecida?

Maria Luíza disse...

Achei o filme, em questão visual, muito bonito. Mas que faltou história, não vi como o romance aconteceu, tudo foi muito rápido. Não aproveitaram a história tanto quanto ela poderia ter sido aproveitada.

Caio Amaral disse...

Pois é.. e os Wachowski costumavam ser bons de narrativa.. não só de visual/efeitos..

Anônimo disse...

No fim das contas, foi um filme visualmente espalhafatoso e recheado com idéias e situações copiadas de filmes antigos, como "soylent Green"; já a batalha para salvar a mocinha de um casamento forçado foi tirada do também espalhafatoso Flash Gordon de Dino de Laurentis.

Anônimo disse...

E a seqüência das repartições parecia feita só para 'homenagear' "Brazil, o Filme".

Caio Amaral disse...

Pelo que lembro o Soylent Green tinha um teor mais político né? Não cheguei a associar os 2 filmes.. até pq faz muito tempo que vi.
Tem umas partes que lembram coisas do Terry Gilliam mesmo.