sábado, 4 de abril de 2015

O Ano Mais Violento

- O filme tem uma fotografia elegante, personagens e atores atraentes, uma atmosfera meio Operação França, O Poderoso Chefão, Chinatown.

- Trama é mal explicada. Pegamos a história do meio como se já tivéssemos conhecimento sobre os objetivos dos personagens, sobre o funcionamento dessa indústria, etc. Um pouco pretensioso.

- Parece que a motivação principal do filme é soar adulto, complexo - ele tem todos os elementos externos de um thriller dos anos 70, mas não tem a alma, o talento, o que tornava de fato bons aqueles filmes. Coloca estilo acima de conteúdo. É um pouco o caso do Trapaça (que era divertido pelo menos).

- Falso a Jessica Chastain atirar no veado e só ao chegar em casa o marido perguntar onde ela conseguiu a arma. Personagens têm comportamentos artificiais.

- O tom do filme é sério, pretensioso, como se eles estivessem lidando com questões épicas, mas no fundo o que está em jogo é apenas a venda de um terreno e alguns assaltos a caminhões - é um filme sobre negócios, algo muito específico, concreto, não há um drama pessoal que justifique esse tom. Não sabemos muito sobre o protagonista a ponto de nos importarmos pelo sucesso dele.

- Falta um inimigo mais concreto. Não há nem um principal suspeito. Isso deixa o drama distante e impessoal.

- Me lembra Whiplash no sentido de retratar a ambição e o sucesso como algo negativo. O filme foca só nos aspectos chatos e desagradáveis da carreira. Na burocracia. Não mostra qual o objetivo maior do personagem. Por que isso tudo vale a pena e o tornará mais feliz. E o filme em si é chato de assistir, sem muita emoção, exceto por 1 ou outra cena de suspense. Os filmes antigos nos quais ele se espelha eram muito mais envolventes e divertidos.

- Retrato cínico do sonho americano: a ideia de que por trás do sucesso há sempre um monte de sujeira, de corrupção, de hipocrisia.

- Suicida no final: parece algo jogado, pouco convincente, sem grande importância pra história, só pra ter um pseudo-clímax antes dos créditos.

CONCLUSÃO: Visual elegante não compensa trama burocrática, sem emoção ou uma dimensão mais pessoal.

(A Most Violent Year / EUA, Emirados Árabes / 2014 / J.C. Chandor)

FILMES PARECIDOS: Trapaça / Margin Call

NOTA: 5.5

2 comentários:

Anônimo disse...

Se fosse ambientado nos Emirados Árabes, que produziram o filme, pelo menos haveria a possibilidade de explorar a arquitetura delirante de Dubai.

Caio Amaral disse...

Haha, mas mesmo não sendo em Dubai, o filme visualmente é interessante...! Todo o clima de NY nos anos 80, etc.