sábado, 16 de maio de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria

Tinha dito que ia fazer algumas postagens no formato antigo de vez em quando, então vou começar com Mad Max: Estrada da Fúria, que apesar de ter algumas coisas que me incomodam, é um dos filmes de ação mais espetaculares dos últimos anos.

Eu já estava curtindo muitas coisas nesse filme antes mesmo de assisti-lo: o fato do diretor ser o mesmo da trilogia original (e o prazer extra de ver um cara de 70 anos mostrando "como é que se faz" num gênero dominado por cineastas mais jovens e menos talentosos), o fato do filme priorizar efeitos práticos em vez de computação gráfica (numa época em que os blockbusters estão insuportavelmente digitais), o fato do filme ter um visual quente, colorido, indo contra a tendência atual de fotografia dessaturada que eu costumo reclamar aqui.

Todo o visual é espetacular. As locações, os enquadramentos, o tratamento da imagem, a direção de arte (os carros são lindos), a maquiagem... As cenas de ação são tensas e estão entre as mais épicas que o cinema já viu (apesar do caos físico, George Miller se esforça pra fazer a gente entender o que está acontecendo), as acrobacias são impressionantes... Ele realmente leva a coisa pra um outro nível.

Ainda assim fica a impressão de que o maior mérito do filme está no estilo, na forma em que tudo é feito. Que no fundo estamos vendo apenas uma brincadeira de pega-pega, sem uma grande história e sem grandes personagens - mas um pega-pega produzido pelo Cirque du Soleil. É essa parte física, concreta, que enche os olhos e coloca o filme num nível bem acima dos outros. Claro, há mais imaginação aqui do que num Velozes e Furiosos. Todo o futuro pós-apocalíptico é bem elaborado, cheio de ideias criativas (como pessoas sendo usadas como bolsas de sangue, detalhes insanos como o guitarrista que toca durante as perseguições, ou aquele spray prateado que não entendemos muito bem pra que serve).

Talvez o que tenha me incomodado mais no filme seja o foco excessivo na agressividade, sem nada de mais sensível pra contrabalancear. Se em estilo o filme procura ir contra as tendências atuais, em conteúdo ele já não inova tanto. Do começo ao fim, o que se vê na tela são elementos como caveiras, pessoas machucadas, membros amputados, pessoas comendo animais nojentos, grávidas sendo mutiladas, metal, rock - tudo o que transmite força e agressividade. O filme não chega a ser desagradável pois a violência é mais sugerida do que mostrada de perto, o que é um avanço, e o fato da fotografia ser linda também ajuda. Mas há muito pouca diversão, humor, intelecto, relacionamentos positivos - coisas que estimulam o lado mais sensível do espectador.

O que o filme apresenta é extremamente bem feito, só achei a "refeição" um pouco desequilibrada - pra ser nota 10 ele precisaria de alguns outros nutrientes importantes pro organismo.

(Mad Max: Fury Road / Austrália, EUA / 2015 / George Miller)

FILMES PARECIDOS: Planeta dos Macacos: O Confronto / Além da Escuridão - Star Trek / Prometheus / Matrix

NOTA: 8.0 / 7.0 (2ª vez)

11 comentários:

Anônimo disse...

Achei que nunca ia superar "A caçada continua". Mas caramba. Que Filmão!

Se Michael Bay deixou a ação sem graça e meio que sepultou a emoção de assistir um filme "pra macho". Afinal, todo mundo acostumou a ver robôs gigantes destruindo cidades inteiras na base da explosão.

Esse Mad Max ressuscita e desce o cacete geral.

No entanto o roteiro... a história... bem nada é perfeito né?

Caio Amaral disse...

Quero rever os Mad Max antigos pra poder comparar.. Pois é, a história acho que tem uns problemas.. vc fica o tempo todo aguardando o conflito com o Immortan Joe.. mas quando a Charlize mata ele é tão rápido e "do nada" que eu fiquei até na dúvida se era o Immortan mesmo.. o lance deles voltarem correndo pra tomar posse da cidadela que está desprotegida também achei muito mal explicado..

Anônimo disse...

Eu fiquei puto em descobrir que o filme sofreu cortes em seu lançamento. O diretor declarou em entrevista que 5 cenas importantes da trama foram cortadas, inclusive consta uma no trailer, sendo algumas:

A explicação da organização religiosa fundada por Immortan Joe e o culto ao cromo (spray).

O que caralhos aquele guitarrista fazia lá (neste caso é o qual parte da cultura da civilização foi preservada ou não, como por exemplo não saberem o que é árvore).

Os planos de Immortan Joe com as garotas e o início de uma civilização fisicamente perfeita.
várias cenas de violência explícita e flashbacks desnecessários.

Fim do ano sai versão sem cortes em Blu Ray

Anônimo disse...

Também li alguma coisa sobre isso. Reza a lenda que os flashbacks mostrava a infância da Charlize Theron, um passado criticando a "sociedade machista" e outras "imperatrizes" que foram recrutadas. Mas o diretor resolveu cortar pois não adicionava nada pra história.

A propósito, vcs acharam que o filme era feminista? todo mundo só fala sobre isso. Eu ñ achei

Caio Amaral disse...

Mas esses cortes não foram decisão do George Miller? Pq além de diretor ele é produtor do filme né.. devia ter poder de decisão sobre essas coisas..

O passado da Charlize Theron acho que fez um pouco de falta.. pq a cena que ela grita quando descobre que o "Green Place" foi destruído ficou meio fora de contexto.. uma reação muito intensa pra algo que a plateia mal sabe o que é..

Não achei feminista tão.. apenas tem uma mulher forte no centro da história.. De uns meses pra cá só ouço falar em "feminismo" na mídia.. não sei o que está acontecendo..

Anônimo disse...

Lembra que o filme foi adiado em quase um ano para realização de refilmagens? Então o diretor George Miller já tinha uma prévia de como ficaria aquela primeira versão do filme e ficou descontente que era apenas a estrutura de um filme de três atos comum, com o clímax no final, tipo que a gente vê de monte por aí.

No entanto, ele rê-idealizou juntamente com a equipe o filme estilo história em quadrinhos, que neste caso foi historyboards e chegou a conclusão de que os personagens seriam mais interessantes se fossem misteriosos e que o foco não fosse na história deles, mas sim no que acontece com eles em determinado período em que a vida de tais se cruza.

O desinteresse na complexidade e desenvolvimento dos personagens foi tanto, que durante a primeira cena de ação, o Max fica praticamente imóvel. Assistindo tudo. E foi bem isso que o diretor disse que quis passar, no começo você assiste, depois se envolve. Bem, comigo não funcionou.

Caio Amaral disse...

Olha, desde o primeiro Mad Max o foco é mais na ação, não no desenvolvimento dos personagens.. a diferença é que o Max era indiscutivelmente a figura central dos filmes.. aqui ele divide muito o espaço com a Furiosa e não se destaca tanto.. o fato dos personagens não terem muita "profundidade" na verdade não me incomoda.. o mais importante nesse gênero é o filme fazer você gostar do personagem.. se interessar pela meta dele, temer os obstáculos.. ter uma história convincente.. fisgar o espectador.. E pra isso não é preciso de tanta psicologia, "backstory".. é possível fazer isso de maneira simples.. aqui eu senti que eles pularam meio que direto pra ação.. tentando impressionar o espectador com o espetáculo físico das perseguições.. sem te-lo "fisgado" primeiro com personagens e conflitos interessantes..

Anônimo disse...

Discordo do que você disse na questão do primeiro Mad Max. O foco era nos personagens e na relação entre eles. A ação era usada para complementar a história.

Até o líder da gangue do mal, Toecutter, demonstra sentimentos com o membro falecido, Night Rider.

O Max possui amigos, demonstra sentimentos por eles, demonstra a paixão por carros, a sua relação com a família é explorada no filme.

Como por exemplo uma passagem que me chamou a atenção: em determinada cena, de maneira muito sutil, Max diz para seu oficial superior que se sente atraído por toda aquela loucura, e estar envolvido nisso, mesmo que pelo lado da lei, o faria sucumbir uma hora ou outra e se tornar "Mad". Daí resolve se demitir e se dedicar à família.

Caio, você disse nuns comentários acima que iria rever os Mad Max antigos para comparação, quando rever, se é que já não o fez, compartilhe a sua crítica aqui no blog conosco.

Caio Amaral disse...

Revi todos os antigos semana passada! Eu continuo com essa impressão de que os personagens são bem simples e que o que tornou a série um sucesso foram as cenas de ação (e o "star power" do Mel Gibson).. pelo menos no caso do 1 e do 2.. Claro que nos filmes há momentos onde o personagem diz algo mais complexo, etc.. mas isso até em Velozes e Furiosos.. não muda o fato de que o grande valor do filme está na ação.. já filmes como O Exterminador do Futuro 2, apesar de terem muita ação, têm coisas igualmente marcantes em termos de roteiro e desenvolvimento de personagem.. e indo mais longe, existem filmes como Thelma & Louise, onde o grande valor está nos personagens.. são eles que "vendem" o filme, e não a ação, apesar de também terem perseguições, tiros, explosões, etc. Mas não estou reclamando, não.. Sou fã de "Encurralado" por exemplo que é quase todo ação.. Não estou dizendo que todo filme tem que ter personagens elaborados..

Anônimo disse...

Mesmo assim, compartilhe conosco uma crítica completa aqui no blog. Falar um pouco de filme mais antigos.

Caio Amaral disse...

Para de me dar serviço hein..! Já to atrasado com os lançamentos, rsss..