sábado, 11 de julho de 2015

Cidades de Papel

ANOTAÇÕES:

- Nat Wolff está muito bem e carismático no papel. Aliás, os amigos deles também são muito fofos e divertidos, principalmente o Austin Abrams que faz o Ben. Bom trabalho de casting.

- Só a menina que faz a Margo que eu acho que não funciona tão bem. Ela não passa essa força toda a ponto de fazer sentido ela ser um mito na escola. Às vezes ela chega a soar um pouco chata e pretensiosa.

- Não faz sentido a história das pistas que a Margo deixa. Até parece que o vizinho com o qual ela mal fala iria saber da história das pistas (um hábito que ela tem desde criança), e a família não iria ter a mesma ideia pra procurá-la. É divertida a ideia dele ter que seguir pistas pra encontrá-la, mas isso poderia ter sido melhor elaborado.

- O sumiço da Margo também poderia ter sido algo mais grave pra dar mais peso pra história. A mãe fala que ela já fugiu de casa 5 vezes, então acaba parecendo algo normal e pouco urgente. Pra um filme que logo no começo mostra crianças encontrando um cadáver, a história assume um tom leve demais depois. Por que ela está fazendo esse teste com o Quentin? Por que ela bolaria pistas geniais tipo Código Da Vinci só pra uma fugidinha rotineira?

- De qualquer forma, o filme não é tanto sobre o romance e o sumiço da Margo, quanto sobre a jornada e sobre os amigos vivendo uma aventura e curtindo o último ano de colegial - e essa parte do filme é muito bem feita. O relacionamento entre os personagens é delicioso de assistir. Lembra os filmes do John Hughes dos anos 80 como A Garota de Rosa-Shocking e Curtindo a Vida Adoidado.

- Vários momentos divertidos entre os personagens: Radar se explicando pra namorada no quarto e depois contando a história dos papais noéis negros, o Ben flertando com a Lacey, urinando na latinha de cerveja, etc.

- SPOILER: Dá peninha do Quentin quando ele descobre que a Margo não tinha deixado as pistas pra ele, mas ao mesmo tempo não é uma grande frustração pro espectador. Como disse, o filme é muito mais sobre os amigos e a aventura do que sobre Quentin e Margo. E a paixão dele pela Margo era platônica, uma fantasia, não sentimos que havia uma expectativa real de um relacionamento. Ela apenas simbolizava algo que ele queria pra vida dele. No fim ele parece entender a situação de forma madura, não é um evento trágico.

- SPOILER: Não tenho certeza se isso foi intencional ou se é interpretação minha, mas é possível olhar a história das pistas da Margo de uma forma onde tudo faz sentido e torna o filme meio que brilhante de certa forma. Elas no fundo representam as "pistas" que muitas vezes nós enxergamos nas pessoas pelas quais estamos apaixonados, e que muitas vezes são apenas projeções. Os olhares, os gestos, as palavras que são tão reais e no momento parecem provas definitivas de que a outra pessoa está interessada na gente, mas que são coisas que ela pode fazer o tempo todo, pra todo mundo, e não apenas pra gente em particular.

CONCLUSÃO: Road movie divertido, com personagens carismáticos, que inspira um senso de nostalgia e faz você querer curtir mais a vida.

(Paper Towns / EUA / 2015 / Jake Schreier)

FILMES PARECIDOS: A Culpa É das Estrelas / As Vantagens de Ser Invisível / Superbad: É Hoje / A Garota de Rosa-Shocking / Curtindo a Vida Adoidado

NOTA: 7.2

4 comentários:

Diego Freitas disse...

Caramba! Nunca discordei tanto de uma crítica sua... Pra mim o casting é desastroso... Os dois amigos sao tão fracos no humor que fiquei com vergonha por eles... Pessimamente escrito e com dramas tão superficiais como há muito tempo não via. A vingança glamourizada da garota é de uma futilidade e imaturidade tão absurdas que não acreditei e nem torci para esses personagens... O final é um pouco melhor e salva o filme do fiasco total. Concordo com sua interpretação e acho inclusive que é realmente essa a mensagem do livro. Pontos pra fotografia e para a trilha musical. Nota 2.0

Caio Amaral disse...

Sua nota 2 é por questões puramente estéticas... por achar o filme incrivelmente mal escrito, mal atuado.. ou será que houve uma reação emocional negativa ao senso de vida do filme? Se sim, por que?

Depois veja a crítica do Tiago Belotti, que não é tão diferente da minha... e ele costuma estar bem mais em sintonia com o consenso do que eu:
https://www.youtube.com/watch?v=-tSuHyGAamE

Isabela F. disse...

Sua nota me convenceu que terei de ir ao cinema conferir o filme, e ai talvez eu mude a minha ideia em relação a filmes de romances vendidos demais. Ou ainda, esse não seja um romance vendido demais e eu esteja com puro preconceito só pelo fato do autor do livro ter se tornado comercial de mais. Valeu, Caio!

Caio Amaral disse...

Oi Isabela.. assim como A Culpa É das Estrelas, achei que esse filme tem uma sensibilidade superior à dos filmes adolescentes em geral.. Mas esse é menos denso que o A Culpa é das Estrelas.. não é tanto pelo romance, pelo drama.. o que diverte mais são os amigos vivendo situações engraçadas, etc.. tipo um Superbad, mas sem as baixarias.. o público em geral tende a achar este mais fraco que o "Culpa".. que falava de doenças terminais, etc, então tinha um clima mais "maduro".