sábado, 8 de agosto de 2015

Quarteto Fantástico

- Gosto do casting. O filme tem uma preocupação em construir os personagens, os relacionamentos entre os protagonistas (por exemplo, a cena em que Miles Teller e Kate Mara conversam sobre música, etc).

- Acho legal que o filme começa com um ritmo mais lento, apresentando a história com calma e clareza, sem apelar de cara pra cenas de ação e efeitos especiais.

- O problema é que essa "introdução" não acaba nunca! O que deveria ter sido resumido em 20 minutos é praticamente o filme inteiro. O filme foca na construção da máquina, mas o que o público quer ver de fato é o Quarteto Fantástico em ação - não um drama científico sobre a invenção do teletransporte. Demora quase 1 hora até eles usarem a máquina pela primeira vez e irem pra outra dimensão. Isso é quase como ver um filme pornô sem cenas de sexo.

- SPOILER: Uma coisa interessante é que não é óbvio como o Quarteto será formado. Primeiro achamos que serão os 4 homens que vão pra outra dimensão, mas no fim o Victor fica pra trás, e a Kate Mara é que se torna a quarta integrante por acidente.

- Meio mórbido o processo de transformação dos personagens (o Miles Teller com os membros esticados, etc). Não tem um tom divertido, fantasioso - acaba parecendo algo médico, real, uma deformação física. Mas é uma abordagem interessante.

- Escolha péssima do roteiro saltar 1 ano pra frente e mostrar os personagens já dominando os poderes, aparecendo na TV, etc. O filme ficou horas mostrando o desenvolvimento da máquina, e na hora que finalmente vai acontecer algo de interessante, tudo é resumido numa passagem de tempo!

- Faltam metas, conflitos, ação. O filme vira praticamente um drama sobre pessoas com problemas físicos. O único objetivo dos personagens agora é encontrar o Miles Teller que fugiu, e depois buscar a "cura" pras mutações deles. Não é uma história envolvente, não tem aventura, não tem humor... O filme vai contra tudo o que se espera de um filme desse gênero. Eu até simpatizo pela intenção de fazer algo diferente, de não querer ser apenas mais um filme clichê de super-heróis, mas ele não tem um roteiro bom o bastante pra funcionar apenas como drama e poder abrir mão de todo o lado "pipoca".

- O vilão surge só no finalzinho, mas daí já é tarde demais pra construir um conflito interessante. Até 1 hora e meia de filme a gente nem sabia que haveria um vilão na história!

CONCLUSÃO: Tentativa interessante de fugir dos clichês do gênero, mas o roteiro é mal estruturado e além de privar a plateia do que ela quer ver, não oferece nada de melhor em troca.

(Fantastic Four / EUA / 2015 / Josh Trank)

FILMES PARECIDOS: Wolverine: Imortal / Capitão América: O Primeiro Vingador / Hulk

NOTA: 5.0

4 comentários:

Djefferson disse...

Interessante a sua crítica sobre o filme. Acontece que eu realmente não gosto de elenco jovem, principalmente a Kate Mara que é uma atriz que não me agrada, e acho meio apelativo por parte dos realizadores deixarem de colocar atores adultos para escalar jovens visando o público.
Outra coisa que não gosto é cineasta que assistiu Nolan, faz um filme variando no estilo dele e diz que é original e que não copiou Nolan. Inclusive achei que o quarteto lembra muito o Interestelar.
Mas o que mais me desagradou é a tela verde. O filme me parecia preguiçoso e sem comprometimento pelo uso excessivo de tela verde e CGI. E que efeitos horríveis!

Variando um pouco no assunto, sou aposentado, mas já trabalhei como engenheiro e professor em diversas categorias. Pela minha experiência, os jovens gostam e querem acreditar que outros jovens são gênios e descobrem coisas por acidente. Por exemplo: noticia de jovem de 14 anos nos EUA ou jovem de um país extremamente pobre descobre por acidente algo que nós engenheiros, passamos a vida toda pesquisando para descobrir. É comum tal jovem que fez a descoberta estampar propagandas ecológicas ou algo do tipo.
Ou de estagiário de 19 anos levanta a mão no meio de uma reunião na empresa e dá uma ideia incrível que nenhum daqueles profissionais experientes pensou. Você não vê notícia de grupo de senhores que pesquisam algo a trinta anos fazerem uma descoberta desse nível ou a mesa da alta diretoria de uma empresa consolidada no mercado tomar uma decisão correta que envolva bilhões.

Isso eu achei muito pretensioso no filme, apelativo. A figura do professor é atrasada e ignorante, mas o jovem é o sábio. Embora eu quisesse muito que jovens assim existissem aos montes e fossem gênios da ciência, descobrindo como curar o câncer ou resolver o problema da fome mundial. Me desagrada a atitude que tais têm com aqueles que são orientadores e de fato enxergam quando o aluno desenvolve algo espetacular, é raríssimo mas existe alunos assim.

Sem querer me prolongar muito, gostaria de citar certa vez, que estava discutindo com outros técnicos de ensino em uma sala quando entra uma aluna minha, pede licença e pergunta se ideia dela poderia ser usada como tese: furar até o centro da terra e utilizar a energia térmica como fonte de energia mundial através de um tubo de aço. Não rejeitamos nem caçoamos da idéia dela. Incentivamos que desenvolvesse o tema sem tocar na questão "centro da terra". O resultado foi que ela desistiu do curso para trabalhar em cima dessa ideia, porque se inspirou nos exemplos de jovens bilionários que largaram a faculdade para se dedicar em projetos. Isso foi a mais de 25 anos atrás. Nunca mais ouvi falar dela nem do projeto.

Como engenheiro só tenho uma coisa a dizer: Nunca coloque um jovem ou grupo de jovens a frente de um projeto qualquer, ou com mais liberdade que o normal. Qualquer profissional, assim como o mentor do Sr. fantástico no filme, saberia disso.

Lanço um desafio a todos os jovens: trabalhar com um sistema operacional sem interface. Exatamente como a gente fazia no passado.

Caio Amaral disse...

Oi Djefferon! A Kate Mara tem uns 30 anos.. o Miles Tellers tem 28.. Vc acha isso jovem demais pra filmes de super-heróis? To me sentindo super jovem agora, hehehe (tenho 32).

O trailer do Quarteto Fantástico realmente parece uma cópia do Interestelar, mas o filme já achei que tem um estilo diferente..

Também não me convencem muito essas crianças-prodígio dos filmes que criam invenções fantásticas.. tipo no Tomorrowland também.. No Quarteto Fantástico achei o garoto "normal" demais pra ser capaz de realizar algo tão complexo quanto aquela máquina (quando é criança).. não achei realista ou mesmo inspirador.. fica parecendo algo fácil, acidental, falso.. mas como se trata de um filme de fantasia (e não um filme ambicioso em termos de ciência), não é algo que chega a me tirar da história.. é um detalhe menor -- o que realmente compromete o filme no meu ponto de vista é a ausência de diversão.. de ação, humor, excitement.. a história que parece nunca começar.. essas coisas. Abs!

Djefferson disse...

Olá Caio. A juventude a que me refiro é a dos personagens, não dos atores. Quando penso em juventude existem duas variáveis. A juventude na idade e a imaturidade. Esta última que pode se demonstrar perante situações específicas.

Não gosto de tramas que acontecem graças a "cagadas" de pessoas imaturas, e então no final tudo dá certo porque o personagem "cresceu".

Com relação a Kate Mara, eu realmente não vou com a cara dela. Assim como não gosto de alguns atores como Will Ferrell e Ryan Reynolds. Independentemente da idade.

Ainda prefiro o ator que interpretou o Sr. Fantástico nos dois filmes anteriores. Passava credibilidade de ser um cientista maduro e experiente.

A similaridade com Interestelar foi no excesso de explicações furadas para fazer a máquina funcionar, como era esta dimensão paralela, e no estilo "sombrio e realista" que é característica de Nolan. Talvez não sombrio. Mas o filme definitivamente não celebrava cores, alegria e coisas boas.

Lendo a suas críticas percebo que não sois uma pessoa imatura. Você é mais jovem que eu na idade com certeza, mas seu caráter transmite maturidade. Claro, baseando-me pelo blog.

Caio Amaral disse...

Que coisa Djefferson.. na minha visão eles tentaram nesse filme criar personagens um pouco mais maduros.. ou pelo menos mais "sérios" que os do filme anterior.. por exemplo: em vez de priorizar as curvas sensuais da Jessica Alba, a atriz que faz a Sue agora parece mais intelectual.. a ideia me pareceu ser a de fazer um filme que não tivesse um tom de filme de ação imaturo.. e o que mais te irritou no filme foi justamente a imaturidade! Hehe. O que eu achei imaturo ou pelo menos irresponsável foi os personagens irem escondidos pra outra dimensão sem antes estudarem o lugar, verem os riscos, etc... Nesse sentido sim, eles só viraram o Quarteto Fantástico por conta de um acidente que poderia ter sido evitado.. mas enfim.. se isso me incomodasse muito, eu não gostaria de muito filme do gênero.. tipo, De Volta Para o Futuro também só existe porque o cientista foi irresponsável, roubou plutônio e acabou por acidente enviando o garoto pro passado.. hehe. Abs.