quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Brooklin

NOTAS DA SESSÃO:

- Saoirse Ronan é uma presença agradável, mas falta drama na história. A personagem anuncia do nada que vai pra América. Não houve um preparo do roteiro. Não sabemos quais as ambições dela, as frustrações, qual a importância dessa decisão, por que ela estava insatisfeita com sua vida na Irlanda, etc.

- Imperdoável mostrar a atriz passando mal, defecando e vomitando num balde. Daqui pra frente vou olhar pro rosto doce da Saoirse e pensar: diarreia.

- Alguns atores coadjuvantes estão mal, caricatos, e fazem a produção parecer pouco sofisticada: a chefe da Eilis na loja, as garotas que moram na pensão com ela (que são personagens detestáveis).

- Em termos de produção, direção, fotografia, o filme é decente mas não tem nada de notável (como Carol, por exemplo, que retrata uma época parecida).

- A história é muito chata, sem estímulo. Apenas mostra a vida de uma menina comum que resolveu se mudar para os EUA, mas nada de excepcional acontece. Vemos ela trabalhando, recebendo cartas da Irlanda, vivendo sua rotina na pensão... Como se o propósito do filme fosse puramente histórico: retratar como viviam em média os imigrantes irlandeses em Nova York naquela época. Não contar uma história excepcional. E o filme tem uma visão pequena e coletivista do homem. Eilis não é um indivíduo único... Ela é uma típica irlandesa, uma imigrante, representante de uma tribo, de uma classe, parte de uma família, etc.

- O romance não é dos mais empolgantes, mas é fofo o namorado italiano que ela arruma. Os dois têm uma química agradável.

- O filme é vazio de intelecto e emocionalmente distante. Minha sensação vendo o filme é a de estar conversando com uma tia avó distante numa festa de família, com a qual você não tem a menor intimidade: os assuntos têm que ser os mais genéricos e superficiais possíveis - quem casou com quem, quem morreu na família, quem está trabalhando onde, quem começou tal curso, etc.

- Quando ela conhece o Domhnall Gleeson, pelo menos surge algum conflito na história (ela tem que decidir com qual dos dois vai ficar). Mas como ela é meio apática, não parece apaixonada e nem tem uma grande afinidade com nenhum dos dois, isso não cria um grande interesse pro público. Os dois não representam um conflito forte de valores. Eles parecem pessoas igualmente decentes. Só estou torcendo um pouco mais pelo italiano porque eles já estão casados, e porque ele sofreria mais por perdê-la (ele parece mais apaixonado que o Domhnall). Mas se ela tivesse conhecido o outro antes, talvez eu estivesse torcendo mais por ele.

- SPOILER: O ápice emocional do filme é ela se despedindo da mãe pra voltar pra América - sendo que isso já aconteceu no começo do filme quando ela foi embora pela primeira vez. Por que isso é mostrado como um clímax? Ela apenas resolveu voltar pra onde já tinha ido.

- Eilis no navio dando conselhos pra jovem imigrante: eles tentam fazer como se a Eilis estivesse transformada, fosse uma mulher sábia por ter vivido um drama épico, quando nada de extraordinário aconteceu nesses anos.

- SPOILER: Bonito o reencontro final com o italiano. Fiquei feliz por ele!

CONCLUSÃO: Saoirse está simpática mas o filme é sem sal e não tinha que estar entre os indicados ao Oscar.

FILMES PARECIDOS: Carol / As Sufragistas / Sr. Turner

NOTA: 4.5

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