terça-feira, 31 de maio de 2016

Jogo do Dinheiro

(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)

ANOTAÇÕES:

- Alerta Vermelho: O filme quer fazer a plateia acreditar que pessoas da mídia e de Wall Street são indecentes, sem escrúpulos, mais ou menos como A Grande Aposta fez recentemente.

- Apesar dos astros, o elenco é um pouco discutível. George Clooney não convence como esse tipo de apresentador irreverente que faz dancinhas ao vivo na TV. Mesmo depois, quando ele se torna refém do terrorista, ele não parece ser o ator certo pro papel de vítima. Julia Roberts está mais adequada, mas não chega a passar o tipo de intensidade e adrenalina que uma situação dessa pediria. O terrorista já me parece simplesmente errado no papel. Parece um cara tolo, vulnerável demais, que não tem convicções fortes e não inspira uma ameaça séria.

- A motivação do terrorista é imbecil! Culpar o Clooney por causa da besteira que ele fez de apostar todo o dinheiro onde não devia. O pior de tudo é que o filme e o personagem do Clooney não tratam o terrorista como o ignorante que ele é... O filme parece achar que o argumento do criminoso é válido! Dá credibilidade e simpatiza por ele!

- A trama é ruim. Depois que o terrorista toma o estúdio, o roteiro não sabe mais pra onde ir. Não tem conteúdo pra preencher a próxima hora de filme, manter o interesse elevado. A intenção do filme é simplesmente a de denunciar o capitalismo, mas ele não tem uma boa história pra carregar essa mensagem... O filme é apenas um veículo para uma ideia tola que poderia ter sido passada através de uma frase - e refutada sem muito esforço.

- O filme fica em cima do muro. Se comporta como se fosse um thriller de sequestro por um lado (fica mostrando os avanços dos policiais, tem música de suspense, etc). Mas isso não funciona, afinal o filme no fundo está do lado do bandido. Então ele não trabalha pra fazer a gente ficar preocupado pelas vítimas, torcer por elas, criar tensão, etc... Toda essa atitude "thriller" é uma farsa (é só uma estética pra embalar a mensagem política) e acaba sendo mal feita.

- Nada realista o plano do Clooney pra virar o jogo - fazer as ações da empresa subirem ao vivo pra agradar o terrorista e salvar a própria vida. O Kyle já tinha dito que não está interessado em dinheiro. E depois o Clooney comparando a vida dele com a do Kyle no monitor pra ver qual tem mais valor. Todos os acontecimentos do filme são forçados. As pessoas se comportam de maneira irreal pra encher linguiça e pra validar a mensagem do filme. A própria ideia de uma "pane" no sistema fazer 800 milhões de dólares sumirem já é um absurdo e não corresponde a coisas que acontecem normalmente na economia.

- Desde o começo do filme a polícia parece estar "chegando" no estúdio, se preparando pra algo. Já passou 1 hora e eles ainda estão chegando pra fazer algo que não entendo.

- SPOILER: Clooney e Kyle saírem do estúdio pras ruas é uma manobra forçada e irreal do roteiro! Até parece que eles estariam andando pelas ruas com uma bomba amarrada no corpo, e multidões estariam querendo se aproximar deles, vibrando, inclusive famílias, crianças - e ainda apoiando o terrorista!

- SPOILER: Claro, o vilão tinha que ser o empresário bilionário... Que não só é bandido, como também trai a esposa! O estranho é que isso vai um pouco contra a ideologia anticapitalista do filme, pois joga a culpa em 1 caso isolado de um homem corrupto e não em todo o sistema econômico como de costume.

- Até parece que eles iam conseguir desvendar o crime do empresário tão rápido. A cena em que a Julia Roberts digita "Mambo" + "África do Sul" no Google e descobre tudo acho que é uma das coisas mais burras que já vi num filme. Todo filme com ideologia anticapitalista costuma demonstrar inteligência limitada até certo ponto, mas este aqui realmente leva a coisa pra um outro nível.

- SPOILER: O desfecho todo é patético. Clooney e Kyle conseguindo pegar o bilionário de surpresa, ele admitindo que o que fez é errado, o terrorista virar um mártir e se tornar querido pela população - enquanto o bilionário é ridicularizado nas redes sociais, etc.

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CONCLUSÃO: Um roteiro estúpido (do mesmo autor de Neve pra CachorroOperação Dumbo e Táxi com a Gisele Bundchen), mal dirigido, feito apenas pra expressar as ideias emoções anticapitalistas de Jodie Foster e George Clooney.

Money Monster / EUA / 2016 / Jodie Foster

FILMES PARECIDOS: A Grande Aposta / O Lobo de Wall Street / Um Dia de Cão / Rede de Intrigas (sem querer comparar em termos de qualidade com esses 2 últimos)

NOTA: 2.5

2 comentários:

Anônimo disse...

Se esse filme é do mesmo roteirista do "Táxi" da Gisele Bündchen, então não tinha mesmo como prestar. "Táxi" foi só um veículo para o estrelismo frustrado de Gisele, e sua 'grande arte' de desfilar. Aliás, que as pessoas considerem como coisa do outro mundo os desfiles de Gisele Bündchen nas passarelas, e toda essa idolatria a modelos, me parece um sintoma de que algo anda muito errado na cultura moderna.

Caio Amaral disse...

Eu nem quis ver o Táxi... pelo trailer me pareceu bem ruim, hehe. Eu tb não vejo muito valor nesse universo da moda, etc... mas entendo a admiração do público pela beleza de alguém como a Gisele e acho isso natural e saudável.. desde que a pessoa entenda a relação entre aparência e valores mais essenciais, etc..