quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Dono do Jogo

NOTAS DA SESSÃO:

- Meu grande problema com o filme é que o protagonista acaba não sendo uma figura gostável. Ele apenas teve a sorte de nascer com uma habilidade pro xadrez (e habilidades inatas não me inspiram como espectador, afinal não há nada que eu possa fazer pra ser mais como o herói), e jogar xadrez não chega a ser uma virtude importante, que o torna admirável como pessoa. Pelo contrário. Ele é extremamente arrogante, agressivo, problemático, e usa a superioridade dele nesse jogo como motivo pra rebaixar os outros.

- A falta de dificuldades e limitações no jogo também tornam a história fraca, pois faltam conflitos pra Bobby. Ele já sabe que é o melhor do mundo desde o começo, e só precisa mostrar isso pra impressionar os outros. Não tem nada interessante a superar.

- Partidas de xadrez não são coisas cinematográficas. Em filmes de esporte, pelo menos há certo suspense em acompanhar a disputa, pois você pode enxergar o que está acontecendo, se envolver na ação. Aqui, a gente não tem ideia do que os personagens estão fazendo. O que cada movimentação significa. Se eles fazem uma jogada de mestre, a gente só sabe disso pelas reações e comentários dos espectadores. Nós nunca de fato vemos o protagonista fazer algo incrível. Nossas reações são todas de segunda mão.

- Bobby é ridículo. A motivação dele claramente é a de derrotar os outros. Ele não quer criar algo, não quer se desenvolver, não quer trazer algo de positivo para o mundo. Como ele mesmo diz, o prazer dele está em destruir o ego dos outros. Vibrar enquanto seu oponente é derrotado e humilhado, o que é uma motivação horrorosa.

- Acho tola essa forma de patriotismo: a ideia de que a vitória de Bobby no xadrez mostraria que os EUA são melhores que a Rússia enquanto nação.

- Detesto esses personagens coadjuvantes que só servem pra puxar saco de Bobby, serem humilhados, e ainda assim se mostrarem perplexos com a superioridade dele. O filme não tem consciência de que Bobby não é uma figura inspiradora. O cineasta, com essa história, parece querer se convencer de que, quando você é muito habilidoso em alguma coisa - qualquer coisa - isso te garante o respeito e admiração de todos, mesmo que você seja uma pessoa desagradável.

- O final todo é chato pelo motivo que citei antes: as partidas de xadrez só fazem sentido através das reações dos personagens. Nos temos que reagir a reações, e não a fatos, o que torna tudo tedioso.

CONCLUSÃO: O personagem pouco carismático, sem muitos conflitos, e as partidas de xadrez incompreensíveis tornam o filme fraco apesar da produção ser respeitável.

Pawn Sacrifice / EUA, Canadá / 2014 / Edward Zwick

FILMES PARECIDOS: Steve Jobs / The Beach Boys: Uma História de Sucesso / Uma Mente Brilhante

NOTA: 5.5

2 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Nossa, só agora foi lançado no Brasil??? Assisti este filme ano passado!

No final do filme também pensei: "podia ter assistido Rocky III em vez desse". É por isso que não se faz filmes sobre esportes físicos e não mentais.

Caio, acho que tem algum problema nos comentários recentes, eles não estão carregando. Já testei em mais de um navegador.

Caio Amaral disse...

Pois é, bem que eu vi agora que ele é de 2014!
Marcus, o widget de comentários sumiu do blogger.. vou ver se ele volta em breve ou se vou ter que procurar outro. Abs!