quinta-feira, 30 de junho de 2016

Procurando Dory

NOTAS DA SESSÃO:

- Uma graça a Dory bebê! Normalmente não gosto quando eles resolvem fazer filmes sobre os coadjuvantes (tipo Minions), mas nesse caso foi uma boa ideia porque a Dory é um personagem mais interessante e carismático que o Marlin e o próprio Nemo.

- A meta da Dory surge meio que do nada então não tem tanta força dramática - ela simplesmente lembra que tinha pai e mãe e resolve ir procurá-los. Não parece algo vital. Ainda assim, é um objetivo melhor que o do primeiro filme. Ela está indo atrás de algo positivo, que vai tornar a vida dela melhor, mais completa do que já é. Em Procurando Nemo, eles só tinham que desfazer um acidente. Não buscavam algo atraente - só queriam consertar as coisas pra voltarem pro que já era.

- Hahaha. Amei a participação da Sigourney Weaver!

- O filme tem um tom um pouco menos sério que o Procurando Nemo. Aqui eles não se preocupam muito em manter os eventos "realistas". Tem o polvo que vive fora d'água (isso é possível?), o pássaro que carrega o balde com os peixes, etc. Soa mais infantil, mas pelo menos permite uma variedade maior de cenários.

- É legal o filme se passar no Instituto, que tem uma cara meio de Sea World. É um ambiente menos deprimente que o aquário de dentista onde se passava boa parte do Nemo.

- O fato da Dory ter problema de memória cria um recurso narrativo interessante. Através de flashbacks e pequenas lembranças vamos montando o quebra-cabeça junto com ela e descobrindo sua história.

- Meio duvidosa essa ideia de pensar "O que a Dory faria?" pra tomar decisões. O filme parece querer passar a mensagem de que você deve ser destemido, etc, mas na prática fica a ideia de que você deve ser impulsivo, não seguir nenhum plano, agir irracionalmente.

- Legal a sacada deles usarem a "ecolocalização" da beluga pra se movimentar dentro do Instituto.

- Eles quiseram colocar a Dory pra falar "baleiês" aqui de novo (porque foi um sucesso no primeiro filme), só que ficou meio forçado, pois a baleia pode falar normalmente nesse caso.

- Divertido o reencontro da Dory com o Nemo e o Marlin dentro dos canos (e beluga achando que a Dory está sendo devorada, rs)

- O filme parece ter medo de ser sentimental. O reencontro da Dory com os pais podia ter provocado umas lágrimas se tivesse sido feito de outra forma. Eles logo quebram o clima com humor, etc.

- A ação final da Dory resgatando o Marlin e o Nemo do caminhão é forçada demais. Como ela sabe onde eles estão, em qual caminhão? Sei que é uma fantasia, mas prefiro quando os filmes mantêm uma dose maior de realismo pra fazer a gente acreditar no que está acontecendo, etc.

- Mensagens meio contraditórias. Por um lado, eles querem dizer que as melhores coisas da vida acontecem por acaso. Que não devemos pensar, planejar, etc. Por outro lado, passam a mensagem de que "há sempre outro jeito" de resolver as coisas - através de raciocínio e planejamento.

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CONCLUSÃO: Mais agradável que o primeiro (protagonista melhor, menos focado em perigos, ameaças, medos), embora o roteiro soe menos inteligente.

Finding Dory / EUA / 2016 / Andrew Stanton, Angus MacLane

FILMES PARECIDOS: Mogli: O Menino Lobo (2016) / Divertida Mente / Ratatouille / Procurando Nemo / Monstros S.A.

NOTA: 7.0

12 comentários:

Anônimo disse...

caio... vai rolar crítica da versão estendida de Batman v Superman? eu assisti e achei que nessa versão o filme fica do lado do Superman dando menos razão pro Batman keria saber o que você acha...

Caio Amaral disse...

Olha em geral eu tenho aversão a essas coisas: versões estendidas, finais alternativos, cenas deletadas, etc... ainda mais quando mudam o sentido da obra... Já não gosto muito nem quando o filme tem mais de 1 poster, mais de 1 trailer, hehe. Pra mim um filme tem que ser algo definitivo... a visão final do diretor. Só acho interessante quando a nova versão é tipo um "director's cut". Ou seja.. quando o filme que foi lançado originalmente não era exatamente o que o diretor queria.. por pressão do estúdio, questões comerciais, etc.. e daí depois ele lança o filme do jeito que ele enxergava. Mas hoje em dia virou moda lançar essas versões estendidas, versões sem cortes, etc, só pra fazer mais dinheiro, vender mais DVDs, BluRays.. uma estratégia puramente comercial, como dividir a sequência em parte 1 e parte 2 só pra vender o dobro de ingressos.. daí não acho legal. Abs.

Marcus Aurelius disse...

Assisti ontém a noite a versão ultimate do filme, com muito esforço e sacrifício, mas consegui. As únicas diferenças que eu percebi é que o filme não tem mais edição de trailer todo picotado e confuso, nessa versão dá pra entender a história e o Superman/Clark aparecem mais tempo. Entretanto, o filme continua desagradável e enjoativo.

Caio Amaral disse...

Rsss. Eu não consigo imaginar uma desculpa pra versão original ter ficado confusa, mal contada.. o filme tinha 2 horas e meia! Não estamos falando de um material extremamente complexo, profundo..

Marcus Aurelius disse...

Acabei de chegar da sessão de Procurando Dory versão dublada. Normalmente eu não leio suas críticas antes de ver o filme quando me interessa, mas nesse caso eu li de relance sobre a participação da Sigourney Weaver e fiquei aguardando ansioso a dubladora dela falar algo engraçadinho.

Sabe o que eles fizeram? Colocaram a Marília Gabriela nessas partes. E se fosse só por um momento, mas o filme todo aquela voz monótona e sem graça dela. Daí a dubladora da Dory falando o nome dela foi a coisa mais patética e sem noção que já vi. Um pouco de mim morreu hoje.

Não consegui aproveitar o filme por causa de uma apresentadora que as crianças nem fazem idéia quem é... triste

A participação de Antonio Tabet dublando o polvo foi tolerável, melhor do que a da Marília, eu percebia o amadorismo dele mas pelo menos ele se esforçou mais.

Caio Amaral disse...

Hahaha... Olha Marcus, pra defender um pouco a Marília, as crianças tb não devem conhecer tão bem a Sigourney... kkkk, mas realmente isso muda um pouco o tom da brincadeira... parte da graça está na estranheza/singularidade do nome "Sigourney Weaver".. Abs!

Anônimo disse...

As dublagens em animações tem sido objeto de alguma polêmica aqui no Brasil, por causa do hábito de chamarem celebridades, apenas pelo fato de serem celebridades, na maioria conhecidas mais pelos adultos. Uma das dublagens mais criticadas dos tempos recentes foi a do Luciano Huck, como a voz brasileira do Flynn Rider de Enrolados. Pessoalmente não vi nenhum problema, acho que o filme tem coisa muito mais chata, mas é talvez a dublagem mais criticada na internet. Talvez o público feminino preferisse a voz de algum galã de novela.

Caio Amaral disse...

Dublagem é um tema polêmico né.. Eu não gosto por causa do choque cultural que provoca, mas acho aceitável em filmes infantis. Mas não gosto dessa ideia de chamar famosos brasileiros pra dublar, ainda mais quando não são atores..

Anônimo disse...

Falando de cenas deletadas, saíram notícias na internet sobre uma cena tirada de Zootopia segundo a qual os predadores teriam sido submetidos ao uso de coleiras eletrônicas para reprimir seus impulsos agressivos. A produção deixou a cena de fora provavelmente porque não seria condizente com o discurso politicamente correto do filme:
http://www.slate.com/blogs/browbeat/2016/06/28/zootopia_deleted_scene_would_have_made_the_racial_allegory_a_lot_more_disturbing.html

Caio Amaral disse...

Legal.. apesar da matéria elogiar o filme, ela reconhece q ele não soube lidar da melhor forma com os assuntos sérios que tentou abordar.. essa cena do urso teria ficado interessante, mas só iria levantar mais questões acho..

Dood disse...

Vi o filme ontem, vou deixar umas considerações agora:


- A Dory tinha um potencial desde o primeiro filme pra uma história: acho que eles tinham já algo planejado pra ela, um background só precisavam de criar uma trama.

- Achei interessante a explicação pro Baleieis só que como você disse fica estranho porque a personagem Baleia aqui fala. A não ser que seja isso que a Dory acreditava mesmo por uma evidência anedótica dessa relação com a personagem tubarão baleia.


Esta parte que você comenta:

- "Mensagens meio contraditórias. Por um lado, eles querem dizer que as melhores coisas da vida acontecem por acaso. Que não devemos pensar, planejar, etc. Por outro lado, passam a mensagem de que "há sempre outro jeito" de resolver as coisas - através de raciocínio e planejamento".

Principalmente no discurso de como conheceu o Marlin que nada foi planejado, poderia ter sido melhor nessa. Até aceito que acontecem coisas não planejadas na vida, mas o planejamento é que mantém nossos objetivos no rumo certo. Não planejar nos afasta ainda mais ao objetivo.

Abraços.

Caio Amaral disse...

Sim, verdade.. acho que os roteiristas pensam em passar uma "mensagem bonita" de maneira vaga e genérica.. mas não vão a fundo pra ver se há algum tipo de coerência ideológica.