domingo, 21 de agosto de 2016

Ben-Hur

NOTAS DA SESSÃO:

- Antes de mais nada, acho um erro fazer um remake de um dos melhores filmes de todos os tempos, vencedor de 11 Oscars, uma produção épica que não tem como ser superada por algo feito hoje em dia nem em termos de produção / visual.. E as alterações que fizeram na história pioram a narrativa que era impecável (pegando como referência o Ben-Hur de 1959). O antagonista agora virou irmão do Ben-Hur, e é mostrado como alguém gostável. A rivalidade entre os 2 ficou mais fraca, o que tira parte da força da narrativa, que basicamente era uma história de vingança. O Messala no outro filme se tornava inegavelmente um vilão. Aqui, você já entende melhor o lado dele, e sabe que ele no fundo é uma boa pessoa.

- De qualquer forma, ainda é uma história sólida, envolvente, com conflitos fortes, bons personagens, etc. Mas isso tudo é mérito do material original. Não há talento novo na adaptação. A produção inclusive não é de muito bom gosto (a fotografia é feia, os efeitos digitais não são dos melhores, o Morgan Freeman tá estranho com esse cabelo rastafári, etc).

- No de 59, o Ben-Hur era acusado por causa de um acidente banal, o que provava a maldade do Messala; aqui, ele já é preso por motivos bem mais compreensíveis. Você fica com raiva do garoto que atirou a flecha, e acaba entendendo por que o Messala prende o Ben-Hur. Ele é vítima de uma grande injustiça, mas não fica parecendo que o Messala está agindo por maldade.

- A sequência da batalha no navio continua incrível e tensa (embora a câmera tremida aqui seja irritante).

- Legal como o Ben-Hur consegue se reerguer do zero (a maneira como ele negocia com o Morgan Freeman e começa a trabalhar pra ele, etc). É um personagem admirável e o Jack Huston está bem no papel (embora não tenha a dimensão de um Charlton Heston).

- A ideia da corrida de bigas é ótima em termos de narrativa, progressão de história, mas aqui é enfraquecida pelo fato da rivalidade entre Ben-Hur e Messala não ter sido tão bem construída. Há um senso também de que o filme chegou muito rápido nesse clímax... de que faltou desenvolvimento... o Ben-Hur original tinha umas 4 horas; é o tipo de história que é tão grandiosa que pede um filme com mais de 2 horas. A corrida visualmente também é bem inferior à de 59, que não parecia ter tantos efeitos, os atores pareciam estar realmente ali correndo perigo (sem falar nessa maldita câmera tremida o tempo todo). E cadê as lâminas na roda do Messala que era uma das coisas mais marcantes na disputa?

- A participação de Jesus parece ter sido aumentada aqui só pra agradar o público cristão. No de 59 eles nem mostravam o rosto de Jesus. Aqui, ele praticamente rouba a cena do protagonista.

- SPOILER: Em vez de uma história de vingança, eles tentaram transformar Ben-Hur numa história de perdão... Só que é frustrante depois de tudo isso a história acabar com Ben-Hur e Messala cavalgando felizes juntos, amiguinhos. Tudo o que houve antes fica parecendo uma tolice.

- Essa sequência de créditos é de um mau gosto terrível (os letreiros correndo como bigas).

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CONCLUSÃO: Remake desnecessário e bem inferior ao clássico tanto em termos de roteiro quanto em termos de produção, mas se você nunca viu Ben-Hur (1959), a história ainda é boa o bastante pra gerar um bom entretenimento (mas por favor, veja o clássico primeiro!).

Ben-Hur / EUA / 2016 / Timur Bekmambetov

FILMES PARECIDOS: Êxodo: Deuses e Reis (2014) / Noé (2014) / Pompeia (2014)

NOTA: 6.0

2 comentários:

Anônimo disse...

É difícil ver um remake que se possa dizer necessário. A maioria parece ser feita só por comodismo dos produtores, e porque parte do público parece ter preconceito contra filmes antigos, que quando e se passam na TV, é de madrugada e/ou em canais inexpressivos.

Caio Amaral disse...

Ah sim.. Remake "não desnecessário" na minha cabeça seria de um filme pouco conhecido.. mal executado no passado, mas com uma boa história.. ou então um remake com diferenças o bastante que acabe se tornando um experiência nova, com méritos novos, que não tenta lucrar apenas em cima das mesmas ideias e momentos do original.. Esse Ben-Hur não cai em nenhuma dessas categorias infelizmente..