quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Café Society

NOTAS DA SESSÃO:

- Pra fãs de cinema, é um deleite viajar pra essa era de ouro de Hollywood (o filme tem um monte de referências históricas, etc). Lembra o que os Irmãos Coen fizeram recentemente em Ave, César! (um retrato meio cínico mas ao mesmo tempo saudosista).

- Divertida a cena do Jesse Eisenberg se encontrando com a prostituta insegura (Woody Allen sempre tem umas prostitutas incríveis em seus filmes).

- Deslumbrante a Kristen Stewart! Às vezes o Woody Allen parece fazer filmes só pra poder colocar garotas lindas na tela fazendo personagens sofisticados, inteligentes.

- A fotografia do Vittorio Storaro atrapalha um pouco (Storaro é um dos fotógrafos mais aclamados da história do cinema, ganhou Oscars por Apocalypse Now, Reds, O Último Imperador). As imagens são belíssimas, mas eu tenho uma teoria de que comédias não podem ter fotografias muito chamativas. A cada imagem que aparece, você quer parar um momento pra contemplar o enquadramento, a luz, etc... Mas esse estado de "contemplação ao belo" é incompatível com o estado de quem quer rir das atitudes dos personagens e prestar atenção nos diálogos.

- Divertida a situação do triângulo amoroso (Bobby contando pro tio que quer se casar com a garota, sem saber que ele também está saindo com ela, etc). O Jesse Einsberg está carismático e torcemos por ele na história. Não é das tramas mais memoráveis do Woody Allen, mas o filme é agradável de assistir porque os diálogos são inteligentes, divertidos, a história discute questões emocionais interessantes pra todos, Woody é um ótimo observador do comportamento humano, etc.

- Uau. A cena em que acaba a força e a câmera ajusta a exposição pra luz da vela é uma das coisas mais ousadas que já vi num filme em termos de fotografia.

- Muito bom o Carell no telefone disfarçando quando aparece a esposa: "50 Rosas... 50 por cento...", rssss. São pequenos toques assim que enriquecem o filme.

- SPOILER: Uau, a Blake Lively consegue estar tão deslumbrante quanto a Kristen Stewart. Fazia tempo que não via mulheres tão bem fotografadas num filme. E a personagem dela também é gostável. Não fica a sensação de que o Jesse achou uma substituta inferior pra ex-namorada. Nem estou torcendo pra ele voltar com a Kristen no fim do filme, pois ela pareceu meio interesseira ao decidir ficar com o tio (e em nenhum momento pareceu muito apaixonada pelo Jesse também).

- SPOILER: A história não é das mais bem desenhadas ou integradas. O fato do filme se passar em Hollywood não tem muita relevância pra história central (isso podia estar acontecendo em outro lugar, com pessoas de outras profissões). A sub-trama do irmão mafioso também poderia ser removida do filme que não faria grande diferença. Falta um tema que unifique melhor o filme. Não fica muito claro o propósito da história. Jesse e Kristen gostavam um do outro, mas não ficaram juntos por questões circunstanciais. Depois de vários anos se reencontram, cada um já casado, percebem que ainda sentem algo um pelo outro, mas não ficam juntos de novo por questões circunstanciais. É a mesma ideia repetida 2 vezes, faltou uma evolução temática. E não é nenhuma tragédia ou grande afirmação sobre a vida. A gente apenas sai do filme com uma sensação de que as pessoas costumam estar um pouco insatisfeitas em seus relacionamentos, e que sentimentos são meio complexos. Isso somado ao final aberto dá um toque de experimentalismo pro filme que me faz sair da sala ligeiramente insatisfeito, como se a história ainda precisasse de mais um ato pra fazer sentido.

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CONCLUSÃO: Filme glamouroso e rico em diálogos, elenco, humor, visual, mas com uma história que parece não se desenvolver completamente.

Café Society / EUA / 2016 / Woody Allen

FILMES PARECIDOS: Ave, César! / Meia-Noite em Paris / Vicky Cristina Barcelona

NOTA: 7.5

2 comentários:

Marcus Aurelius disse...

A capa da fan page do blog é desse filme né? Já faz algum tempo que tu tinha aquela capa, então desde antes já deduzia que o filme seria bom? E se o filme fosse terrível trocaria a capa?

É a primeira vez que eu vejo um crítico de cinema dizer que uma fotografia que se destaca é um ponto negativo pro filme. A não ser que o estilo como um todo chame mais atenção do que a história, como os filmes do Wes Anderson. Mas como o filme se passa em uma época "dourada", mesmo sendo uma comédia, eu acho importante a fotografia ser de alto nível, nem que seja para dar um "charme" a mais.

Caio Amaral disse...

A ideia é sempre ir atualizando a capa da fan page com estreias futuras promissoras.. antes dessa era a do Bom Gigante Amigo, que no fim eu nem gostei tanto.. agora vou colocar outra..

As fotografias dos filmes do Woody Allen constumam ser boas.. mas aqui ele contratou o Vittorio Storaro, que não fez apenas uma boa fotografia, fez uma fotografia deslumbrante.. dessas de pausar algumas cenas pra admirar a imagem.. daí já acho errado pra comédia.. uma boa fotografia nem sempre é uma fotografia bela.. a boa fotografia é aquela que melhor serve à história e ao estilo do filme.. então nesse sentido não acho a fotografia desse filme necessariamente "boa", mas sem dúvida é muito bonita.. é que nem uma comediante que ao mesmo tempo em que quer ser engraçada, está vestida de maneira elegante, sexy, se preocupando com a própria aparência enquanto fala.. isso mataria as piadas.. rs. abs.