quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Jason Bourne

NOTAS DA SESSÃO:

- Divertido o nocaute do Matt Damon na primeira briga.

- O elenco é respeitável. Gosto da Alicia Vikander, embora o personagem dela seja antipático.

- Não simpatizo pelo tom anti-americano. É algo superficial: apenas uma atitude pro filme ficar na moda e em sintonia com o público jovem. Por exemplo: cenas de ação no cinema geralmente engrandecem as locações onde se passam. Antigamente eram comuns cenas de ação em lugares como a Golden Gate, etc, que glamourizavam a América ou ambientes atraentes. Agora, o legal é colocar uma cena de ação no meio de uma manifestação política em um país estrangeiro, onde o povo oprimido "luta por seus direitos". O espectador desatento sai da sala com a impressão de que o filme é "engajado" e tem mais conteúdo que um Transformers, quando na verdade não tem.

- As cenas de ação são horríveis. Não há estrutura, progressão, ritmo. A câmera tremida deixa tudo caótico e inassistível (a câmera treme até em cenas onde nada agitado está acontecendo). E a noção espacial é forçada. Como o Bourne acha a Julia Stiles no meio dessa confusão toda? Ou depois quando eles fogem de moto do Vincent Cassel, e minutos depois ainda estão na mira dele no telhado?

- O conflito entre o Bourne e os vilões (a CIA e o Cassel) não é bem estabelecido. Não sabemos exatamente quem é bom, quem é mau e por que. Ficamos apenas com a sensação vaga de que o governo americano é corrupto e que Bourne está certo em não ser patriota.

- As cenas de exposição são chatíssimas, principalmente quando temos que ficar lendo documentos confidenciais em telas de computadores.

- Jason Bourne não é um herói gostável. Não tem charme, vida pessoal, nunca sorri ou faz qualquer coisa minimamente atraente. Está sempre sério, com uma atitude negativa. Até o Jason Voorhees tem mais variações de humor que ele.

- A "música" também é monótona e genérica. O mesmo clima de adrenalina do começo ao fim do filme.

- Fraco o confronto entre o Bourne e o Tommy Lee Jones no quarto do hotel. Não gosto desse clichê de tentar inserir uma discussão psicológica no meio da briga - o vilão dizendo pro mocinho "você tem que admitir quem você realmente é", etc.

- A perseguição de carros em Las Vegas é horrível. A cada 10 segundos há um clichê: o momento em que o carro entra na avenida na contra-mão / o momento em que o caminhão pesado vai batendo e tirando os carros pequenos da frente ou então fura um bloqueio da polícia batendo nas viaturas / o momento em que o carro quebra uma vidraça e entra dentro de um estabelecimento comercial... Não há um pingo de imaginação e autenticidade no filme. O mesmo vale pra luta de braço na sequência: o momento em que o cara coloca o dedo na ferida do inimigo / o momento em que um deles tira uma faca e ganha vantagem / ou pega um fio e tenta estrangular o outro, etc, etc.

- SPOILER: O filme acaba e nada muda na situação de vida do personagem. A CIA continuará querendo matá-lo se ele não aceitar trabalhar pra eles.

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CONCLUSÃO: O pior da série, incluindo o último que não tinha o Matt Damon.

Jason Bourne / EUA / 2016 / Paul Greengrass

FILMES PARECIDOS:

NOTA: 4.5

7 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Olá Caio, sai quando a crítica do Esquadrão Suicida?

Caio Amaral disse...

Oi Marcus, devo postar daqui umas 2 horas, mas não vai ser mto boa, rs.

Marcus Aurelius disse...

Estou super curioso para saber porque este é o novo pior filme de todos os tempos, rs

Tu gosta de fazer listas né? Gostaria de ver uma lista sua sobre os melhores e os piores heróis em tua opinião, não os filmes mas os heróis, com base naqueles seus critérios (senso de vida, universo malevolente, glamorização da violência, culto à dor, romantismo reprimido, etc) ia ser bem interessante ver estes conceitos aplicados em personagens específicos.

Claro que quando se trata de heróis não se limita aos quadrinhos né, temos por exemplo heróis da mitologia como Hércules, ou heróis de romances como James Bond.

Anônimo disse...

Tenho curiosidade de assistir os filmes do Bourne, mas sempre ficava com um pé atrás porque me parecia um filme James Bond sem feeling.

Caio Amaral disse...

No Bond há um contraste interessante entre o que o personagem aparenta ser e seu verdadeiro caráter.. É algo que é discutido no livro "Story" que recomendei recentemente.. Por fora ele é um playboy, mulherengo.. Mas sob pressão descobrimos o herói que ele realmente é. Algo que encanta as plateias há gerações. Bourne é uma coisa só, uma máquina de dar porrada.. então é mais raso. Mesmo assim os 4 filmes anteriores achei válidos como ação..

Dood disse...

Esse feeling que eu falava, sabe eu cresci muito com filmes de ação com personagens a lá Bourne e esperava uma evolução ou um diferencial a James Bond claro que com uma personalidade interessante.

Vou encarar os filmes como uma diversão descompromissada mesmo: acredita que não vi nenhum deles?

Caio Amaral disse...

O que destacou A Identidade Bourne, na minha opinião, foi essa postura superficialmente anti-EUA, anti-Hollywood que ganhou força a partir dos anos 2000.. o primeiro Bourne é de 2002.. era diferente na época um filme de ação que se passava em locações européias.. que tinha essa linguagem de câmera na mão, contrastando com os filmes de ação da década anterior. Abs.