domingo, 4 de setembro de 2016

Star Trek: Sem Fronteiras

NOTAS DA SESSÃO:

- O filme começa com um tom ligeiramente mais tolo, menos sofisticado que o dos últimos 2 (a luta com aquelas criaturas no início, a atitude mais cômica do Kirk, etc).

- Acho legal que o filme cria espaço pra apresentar o protagonista mesmo a gente já o conhecendo dos outros filmes: estabelecendo como é sua nova rotina, abordando questões emocionais como a morte do pai, como isso interfere em seus atuais objetivos, etc. Muitas franquias esquecem que cada filme é uma nova experiência, e que a conexão com os personagens tem que ser reestabelecida.

- Chocado que a Enterprise foi destruída! Essa sequência do ataque é um pouco longa e as cenas de ação do filme em geral não são das melhores, mas pelo menos é uma mudança dramática na situação dos personagens e cria uma motivação pra história (embora seja um pouco daquilo que eu reclamo, quando o herói não está buscando algo de positivo e atraente no filme, apenas tentando desfazer um mal ou uma situação ruim provocada pelos vilões).

- Os cenários, o estilo de direção, o ritmo, tudo parece ligeiramente retrô e às vezes até precário, como se fosse algo feito nos anos 70, 80, o que acaba dando certo frescor pro filme (ele não está copiando a estética de todos os blockbusters atuais). Há tempo pra diálogos mais abstratos, cenas com planos mais longos, e há uma leveza também que se vê na relação entre os personagens, na trilha sonora, que remete a coisas do passado e se distancia um pouco do Senso de Vida atual.

- O roteiro perde força depois que eles caem no planeta. Nada de muito interessante acontece por lá até que eles saem do planeta e voltam pra Yorktown pra salvar a cidade no final - e isso é TODO o miolo do filme (eles não passam por uma aventura marcante, não há cenas de ação memoráveis, a história do artefato é chata, o vilão é extremamente genérico, etc).

- SPOILER: Esse monte de naves que parece um enxame da abelhas não formam um "monstro" interessante. E elas são destruídas muito facilmente quando os heróis têm a sacada de usar ondas de rádio pra bagunçar o sinal delas. E por que elas explodem?

- SPOILER: Como a Uhura sacou que o Krall é na verdade o Edison? Só vendo o vídeo na TV? E por que esse vídeo tava passando? Meio forçado isso tudo. E não chega a ser uma revelação impactante. A gente nem sabia quem era esse Edison pra ficar surpreso com a descoberta. E o vilão fica até mais fraco agora que sabemos que ele é humano. A motivação dele é boba. Ele não guardaria esse ódio todo contra a Federação por tanto tempo. Teria que haver uma rivalidade mais convincente, entre ele e alguém específico. 

- Divertida a cena em que eles lutam sem gravidade (referências a A Origem?). 

- Fraca a maneira como morre o vilão. Nem dá pra entender direito o que aconteceu visualmente.

- Os toques de nostalgia e referências à série clássica são sempre bem vindos no final. 

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CONCLUSÃO: Mais fraco que os últimos 2, mas ainda assim agradável pelo elenco, pela atmosfera, e por preservar um senso mínimo de caracterização e narrativa.

Star Trek Beyond / EUA / 2016 / Justin Lin

FILMES PARECIDOS: X-Men: Apocalipse (2016) / Star Wars: O Despertar da Força (2015) / Além da Escuridão: Star Trek (2013) / Prometheus (2012) / Star Trek (2009)

NOTA: 6.5

6 comentários:

Marcus Aurelius disse...

A julgar pela capa do face, não tem nenhum filme promissor este ano.... hehe

Caio Amaral disse...

Rs, não achei nada próximo digno da ostentação... hehe.

Marcus Aurelius disse...

Quanto mais eu penso no roteiro desse filme, mais eu fico com raiva!!!

Se não fosse o mérito dos dois filmes anteriores, toda nostalgia pela série e mortes de figuras queridas, o filme seria um novo "A Reconquista".

Eu não consigo aceitar que colocaram um diretor de filmes de ação que não respeitam as leis da física para dirigir um filme de ficção científica renomado e sempre cuidadoso quanto à sua plausibilidade científica.

Mais um para a lista "A Maldição do Terceiro Filme".

Caio Amaral disse...

Hehe, algo certamente te irritou no filme.. mas será que foi mesmo o fato do diretor não respeitar as leis da física? Pelo que lembro os outros 2 tb não eram muuuito realistas nesse ponto.

Marcus Aurelius disse...

O que me irritou no filme foi o que aconteceu com "X-Men O Confronto Final", com a mudança do diretor, o filme colocou em segundo plano a história e os dramas dos personagens para trabalhar mais na ação.

No primeiro "Star Trek" por exemplo, viagem no tempo e buracos negros eram parte fundamental da história e moviam a trama, além de situações acontecerem por causa destas anomalias espaciais. Como quando a enterprise tem que explodir uma bomba pra gerar impulso suficiente escapando do buraco negro.

Neste novo, o filme deixa bem claro que era necessário que a enterprise fosse "pessoalmente" investigar um acontecimento, pois a região era tão distante que o porto espacial não conseguia rastrear, e tão hostil que somente uma nave tão avançada quanto a enterprise poderia atravessar a nebulosa e realizar a missão. E no final do filme em questão de segundos um exército inimigo e a nave rústica (toda consertada na base da gambiarra e quase sem combustível) realizam o mesmo percurso ignorando todos os obstáculos sugeridos anteriormente.

Como o vilão do filme esqueceu que sua própria nave ainda estava no planeta? Aonde o vilão do filme juntou um exército alienígena e se tornou o líder deles? O que este exército ficou fazendo no planeta durante o filme? como o exército atravessou a nebulosa? usando a dobra espacial? então a nave velha usou também pra chegar junto? daria um textão enorme com os motivos de a dobra espacial ser impossível.

Tudo o que eu aprendi com o filme é que o Kirk fez motocross e a nave "surfou" em pleno espaço tocando rock... imagine se este fosse o primeiro filme... seria inaceitável!!

Achei uma adição interessante colocar um casal gay, pensei que iria criar uma subtrama nova parecida com a do casal "Zee" e "Link" do "Matrix Reloaded" (achei parecido a chegada da Enterprise ao porto espacial com a chegada de "Nabucodonosor" em "Zion"). Mas não, o filme resolve ignorar isso e insistir nas partes que levem a ação. Até mesmo o romance de "Spock" e "Uhura" só serve para que o colar rastreador seja inserido no filme, nada mais sentimental nem profundo.

Caio Amaral disse...

Sim, lembro que os outros filmes tinham umas ideias mais interessantes relacionadas a ciência.. o enredo desse aqui é mais simples, sem envolver viagens no tempo, etc.. mas não vi graandes problemas com a trama como vc.. pelo que lembro a história se resume assim: o vilão quer o artefato que está com o Kirk, pois com o artefato, ele poderá destruir a Federação (por vingança pessoal, etc).. pra isso ele arma uma emboscada, inventa uma história pra atrair a Enterprise até eles, daí ataca a Enterprise. Lá no planeta ele finalmente consegue o artefato, e parte pra destruir a Federação.. sem a Enterprise, o Kirk e a equipe usam a outra nave que estava lá pra correr atrás do vilão e chegarem a tempo de "salvar o mundo". Nada muito problemático com essa linha narrativa ao meu ver. Essas regras do tipo "qual nave pode atravessar a nebulosa", etc, não me parecem coisas tão relevantes que comprometem a espinha principal da história.. Meu problema com lógica em filmes, é quando a história principal do filme já não faz nenhum sentido, e isso te impede de embarcar no que está acontecendo.. principalmente quando o filme tem a pretensão de ser inteligente, e fica se "gabando" da engenhosidade da história.. Mas quando é um filme mais de ação, fantasia.. me preocupo mais em ver se o filme é bem sucedido em empolgar nas cenas de ação, em criar escapismo, fazer a gente se importar pelos personagens, etc.. e deixo detalhes de trama mais em segundo plano.. abs.