segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Garota no Trem

NOTAS DA SESSÃO:

- O começo é promissor. Intrigante pelo menos. Emily sonhando no trem, depois a história mudar pro ponto de vista das outras mulheres, etc. Não é óbvio o rumo que a história irá tomar.

- Muitas vezes acho a Emily Blunt inadequada nos papéis que escolhe. Ela não convence como uma stalker alcoólatra desequilibrada. Fica parecendo uma atriz meio "sessão da tarde" tentando se esforçar pra entrar num papel mais complexo.

- Narrativa confusa. Há muitos flashbacks, datas, personagens secundários pouco relevantes, as 2 mulheres loiras se parecem muito uma com a outra, e tudo é misturado com elementos de alucinação.

- O problema do filme é que a protagonista não é gostável. Ela não chega a ser má, mas está longe de ser alguém admirável.. e em vez do filme retratá-la negativamente, ele tenta criar empatia por ela. Então ficamos naquela posição desagradável de termos que defender uma mulher frágil, confusa, que comete uma série de erros, age de forma irracional, etc. Não dá pra torcer por ela, se identificar com a obsessão que ela tem pela loira, esperar um romance com o cara, etc. E os outros personagens do filme também são negativos. A história é sobre um monte de gente desequilibrada fazendo burrice e sofrendo as consequências. E as caracterizações são superficiais, não chega a ser um estudo psicológico fascinante pra compensar.

- SPOILER: Forçada a ideia da mãe dormir na banheira com o bebê. É a cena mais chocante do filme, e qual a importância disso pra trama? Nenhuma. É algo enfiado ali pra tentar tornar o filme mais pesado. O grande deleite do autor parece ser o de mostrar como as pessoas podem ser perturbadas psicologicamente. Há certo prazer aqui em mostrar o ser humano como um saco de traumas, uma vítima de emoções "complexas", etc.

- Os persongens são desprezíveis. Em particular as mulheres. Parece que elas não pensam em nada na vida a não ser em conquistar homens, formar família e procriar. Estão dispostas até a matar por isso. Ninguém tem um mínimo senso de independência.

- A Emily Blunt nunca teria conseguido matar alguém estando bêbada do jeito que estava, desarmada, apenas com um golpe. É criado todo um mistério em cima disso, mas é algo muito improvável. E mesmo que ela tivesse matado a outra, não seria uma revelação tão chocante. Na cena em que a ela rouba o bebê da loira, já fica claro que ela é perturbada e capaz de fazer loucuras. E nós mal conhecemos os outros personagens pra nos importarmos por eles.

- SPOILER: Péssimo o ex-marido de uma hora pra outra ser o vilão. Ela nem suspeitava do caráter dele? Só porque vivia bêbada não percebeu direito que era casada com um completo monstro? Muito forçado o roteiro. O final vai ficando cada vez mais ridículo (a Emily ir até a casa do cara e chamá-lo de assassino, se colocando numa posição de extremo risco). Parece uma versão piorada de Garota Exemplar, que já era problemático. E o fato de surgir um vilão inquestionavelmente mau não inocenta a protagonista das coisas duvidosas que ela fez ao longo do filme. Ela não se torna a "mocinha" de uma hora pra outra.

- Por que a loira chamou o cara até o meio da floresta pra contar que estava grávida e ameaçá-lo? Estava implorando pra ser assassinada? É tudo forçado no filme. Inclusive a premissa da protagonista poder acompanhar a vida dos outros passando de trem em frente às casas.

- SPOILER: Ridícula a cena em que a Emily Blunt golpeia o ex e depois a mulher desce e finaliza o serviço. Sensacionalismo amador. Primeiro o filme retrata mulheres de forma deplorável, depois vilaniza os homens e vira a "revanche das oprimidas". O filme não consegue decidir se é misógino ou misândrico.

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CONCLUSÃO: Roteiro tolo e confuso tentando se passar por suspense de primeira linha.

The Girl on the Train / EUA / 2016 / Tate Taylor

FILMES PARECIDOS: Garota Exemplar (2014) / Reencontrando a Felicidade (2010)

NOTA: 4.0 

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