segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Snowden: Herói ou Traidor

NOTAS DA SESSÃO:

- Joseph Gordon-Levitt está maravilhoso (mais uma vez). Consegue estar diferente do que ele é, falando com outra voz, mas ao mesmo tempo parecer totalmente natural.

- Surpreendente ele se dizer fã da Ayn Rand (acho que é o primeiro filme que eu vejo onde ela é citada de maneira não-ambígua, sendo abertamente defendida pelo herói).

- Bem produzido, gosto da direção ágil de Oliver Stone, a maneira como o filme dá saltos ousados no tempo sem perder a linha de interesse e nem atropelar o enredo (há sempre a curiosidade de saber o que irá acontecer com ele depois que ele vazar as informações, e isso é reservado pro final).

- O tema é interessante (o debate "segurança vs. liberdade") e essa história de estarmos sendo espionados pelas webcams, celulares, é algo realmente assustador (coisa que também foi bem explorada recentemente em Black Mirror).

- Shailene Woodley está muito bem como a namorada e a relação dos dois é linda de ver apesar dos conflitos. Outra coisa que cria interessa na história é o fato dela não saber o que o Snowden faz, e isso estar sempre prestes a ser exposto.

- Gosto da cena em que o Snowden está sendo interrogado através do telão, e o rosto do cara fica gigante em comparação ao Snowden, passando visualmente a ideia de ameaça, intimidação (um diretor mais fraco teria filmado a cena como um diálogo comum, com os 2 personagens ocupando um tamanho igual na tela).

- SPOILER: Ótimo suspense na sequência em que ele rouba os dados do computador (o tempo da transferência, a ideia do chip cair no chão, ele se comunicando através de códigos com o amigo depois, o chip escondido no cubo mágico, passando pelo raio-X, etc).

- SPOILER: A fuga dele pra Rússia também é muito interessante e o final é satisfatório (só não teria colocado o Snowden real interpretando a última cena, ficou meio estranho).

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CONCLUSÃO: Melhor filme do Oliver Stone em mais de 20 anos.

Snowden / França, Alemanha, EUA / 2016 / Oliver Stone


FILMES PARECIDOS: Spotlight: Segredos Revelados (2015) / A Travessia (2015) / O Jogo da Imitação (2014) / Jobs (2013)

NOTA: 8.0

8 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Não vi o filme ainda. Mas comentando a tua descrição da cena do interrogatório pelo telão me lembrou do filme 1984, com o grande irmão observando todo mundo e tal. será que tem alguma relação?

Aproveitando o gancho de 1984, tu acha o George Orwell uma leitura interessante? Porque eu lembro de ter estudado que ele era um "socialista libertário", e que as obras dele foram interpretadas erroneamente como uma crítica generalizada à esquerda.

De qualquer forma, tirando Ayn Rand que outros autores tu recomendaria? Baixei o PDF de "A Mentalidade Anticapitalista" de Misses e estou procurando mais conteúdo deste tipo.

Caio Amaral disse...

Remete um pouco sim a cena, quem sabe não é uma referência ao 1984.. seria apropriada né..!

Eu nunca li nada do George Orwell mas pelo pouco que conheço acho que não iria me interessar.. o filme 1984 eu vi com muita dificuldade e nem lembro se cheguei ao fim pra vc ter uma ideia.. sim, já li em algum lugar também que o Orwell era socialista e que a ideia do livro não era criticar a esquerda..

A Mentalidade Anticapitalista do Mises eu achei brilhante.. boa leitura..! Dentro desse universo objetivista, além dos livros da Ayn Rand, que pra mim foram os que tiveram mais impacto, eu recomendo os de desenvolvimento pessoal do Nathaniel Branden.. que dão um "pé no chão" importante pra filosofia dela em termos de psicologia, etc. Agora se seu interesse é mais economia, daí já não sei se eu sou a melhor pessoa pra dar dicas pq eu não me aprofundo tanto nessa área.. abs.

Anônimo disse...

Era a esse tipo de situação de vigilância e espionagem onipresente que pretendi me referir quando fiz o comentário do dia 9 de novembro sobre a série Black Mirror, que na verdade nunca assisti.
Orwell era socialista, mas de uma linha próxima à social-democracia. Seus livros mais famosos, 1984 e Animal Farm (que no Brasil se chama A Revolução dos Bichos) são críticas ao stalinismo, não ao socialismo em geral. Nesses dois livros Orwell trata com simpatia o líder exilado da revolução russa, Leon Trotski, que seria o Emanuel Goldstein de 1984, e o porco Bola de Neve da Revolução dos Bichos.

Caio Amaral disse...

Ah sim.. é que Black Mirror enfatiza os perigos da tecnologia em si.. não do governo.. por isso soa mais como uma crítica ao capitalismo. Snowden já faz uma crítica ao governo, sem dar a entender que a culpa é da existência de webcams, celulares, etc.

Fizeram filme também da Revolução dos Bichos né.. nunca assisti.. pelo que entendi, o Orwell é a favor do socialismo, mas contra o comunismo, a União Soviética, etc, acha que essas coisas não representam o socialismo.. é por aí? Abs.

Anônimo disse...

É por aí, Orwell, assim como muitos esquerdistas críticos da União Soviética, achava que Stalin e o partido comunista soviético teriam traído o socialismo, e se estabelecido, por assim dizer, como uma espécie de nova aristocracia.

Caio Amaral disse...

Entendi.. também tendo a acreditar nisso.. não que eu apoie o socialismo.. mas entendo que há uma diferença entre o socialismo que alguns sonham (tipo o Orwell) e o que acabou acontecendo na prática..

Marcus Aurelius disse...

Caio, será que rola um top melhores livros?

Caio Amaral disse...

Vixe Marcus.. eu sou muito pouco "lido" quando o assunto é ficção.. o que eu tenho de bagagem em cinema eu NÃO tenho em literatura, hehe.. estou sempre lendo, mas 95% do que eu leio é não-ficção, e sobre temas que me atraem pessoalmente.. desenvolvimento pessoal, psicologia, arte e entretenimento, filosofia, etc.. nunca leio por "cultura" ou mesmo diversão, e sim pra aprender coisas que me interessam..