segunda-feira, 20 de março de 2017

Destino Especial

NOTAS DA SESSÃO:

- O filme estranhamente começa já no segundo ato. Só depois de uns 20 minutos é que o espectador entende o que está acontecendo. Mas pelo menos é um começo intrigante: queremos entender por que os 2 homens raptaram o menino, por que o garoto age como se eles fossem conhecidos, o que ele tem de especial pro governo estar atrás dele, etc.

- A premissa é divertida - a narrativa lembra Contatos Imediatos do Terceiro Grau, porém numa versão "Idealismo Corrompido". O filme flerta com esse universo Spielbergiano do cinema, porém nega pra plateia alguns dos prazeres mais elementares que esse tipo de filme proporciona (jogou fora todas as surpresas que teríamos tido no primeiro ato, não tenta criar um senso de encantamento pelo sobrenatural, não apresenta heróis muito atraentes e sim personalidades mais comuns, etc). Idealismo Corrompido às vezes funciona mais ou menos como uma pessoa que não sabe contar a piada, mas gosta tanto da piada que decide apenas explicar a sacada pros ouvintes de maneira fria e casual, sem tentar fazer ninguém gargalhar de fato.

- Ainda assim a história é envolvente e consegue entreter moderadamente (há toda uma expectativa pelo "dia do julgamento", a jornada até o local é cheia de ação e momentos interessantes como a queda do satélite, etc), não é como A Chegada que vai mais longe na tentativa de subverter o gênero.

- O personagem do Adam Driver é interessante. Como ele está de fora da situação, nós nos identificamos mais com ele do que com os protagonistas que já estão por dentro de todo o mistério.

- Legal a reviravolta quando o menino é raptado pelo governo. Cria mais tensão na história, justifica a presença do Adam Driver na trama - embora pareça um pouco fácil / rápida demais a maneira como eles escapam do prédio sem ninguém impedi-los.

- SPOILER: O final é movimentado, o filme não foge de cenas de ação, efeitos especiais, etc. Só não é tão satisfatório pois nós não nos identificamos de fato com os protagonistas, talvez pelo filme ter começado da metade sem nos apresentar direito os personagens, suas motivações, conflitos, sonhos, etc. Eles atingem o objetivo, o menino consegue ir embora, mas isso não resulta num grande impacto emocional pro espectador. Ainda assim, há certa satisfação em poder ver o "lado de lá", solucionar o mistério, etc.

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CONCLUSÃO: Tentativa interessante de fazer uma aventura oitentista. Só é um pouco frustrante porque, em comparação com os filmes da época, esse acaba parecendo tímido demais na tentativa de emocionar e entreter a plateia.

Midnight Special / EUA, Grécia / 2016 / Jeff Nichols

FILMES PARECIDOS: A Chegada (2016) / Stranger Things (TV) (2016) / Corrente do Mal (2014) / Super 8 (2011)

NOTA: 6.5

Um comentário:

Marcus Aurelius disse...

A ilustração da piada para explicar romantismo reprimido foi a melhor até agora.