terça-feira, 23 de maio de 2017

O Rastro

NOTAS DA SESSÃO:

- Legal a intenção de se fazer um filme de gênero, a cara internacional da produção (filmes brasileiros raramente prestam atenção em tratamento de cor, design de som, etc).

- Bom o diálogo da garotinha quando ela diz pro médico que ele não tem "cara de pai". Mas alguns jump scares nesse começo soam tolos (a garotinha agarrando subitamente o braço dele, depois o protagonista trombando com a mulher quando acaba a luz, etc).

- Uma coisa que incomoda na fotografia são os enquadramentos descentralizados, que colocam o foco da ação nos cantos da tela, chamando atenção pra técnica e tirando o espectador da história (em momentos em que deveríamos estar focados apenas no diálogo).

- Em A Autópsia (2016) reclamei da natureza intangível do "monstro", e aqui ocorre o mesmo problema. Não sabemos se o protagonista está tendo alucinações, se existe um fantasma real, se ele está possuído - fica apenas a sensação de que o hospital é um lugar meio assustador, mas não sabemos exatamente o que temer, qual a intenção da entidade por trás de tudo.

- Uma coisa que funciona bem no filme é o elenco. Alguns filmes nacionais de gênero acabam se sabotando ao darem um tom alternativo demais pras performances, o que tira o tom comercial da produção. Na minha visão, o "certo" pra esse tipo de filme seria vermos performances que falem a linguagem que o público está acostumado, como as que vemos em novelas da Globo, etc.

- O maior problema aqui é que a história simplesmente não é muito boa. Após 1 hora de filme, ainda não sabemos o que esperar, se há um vilão que quer prejudicar protagonista, se a garotinha morreu e ela está tentando se comunicar... Fica apenas um clima de mistério com alguns jump scares desnecessários.

- E é difícil se identificar com o protagonista também. Ele vai ficando cada vez mais perturbado, distante, a culpa que ele sente em relação à morte da menina não é muito compreensível...

- SPOILER: Muito esquisito matarem o protagonista "por telefone" sem uma cena memorável. E como não nos identificávamos tanto com ele, acaba nem sendo tão frustrante.

- SPOILER: A ideia de vilanizar políticos é interessante (nada mais convincente no Brasil), porém em termos de narrativa o final é bagunçado e não satisfaz as expectativas criadas na primeira hora de filme (até por terem matado o mocinho). A ideia do menino reconhecer o pai pelo coração também parece forçada e enfiada no roteiro sem preparo.

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CONCLUSÃO: Se fosse americano, seria apenas mais um filme de terror fraco cheio de problemas de roteiro. Por ser brasileiro, é possível ressaltar alguns méritos da produção.

O Rastro / Brasil, EUA / 2017 / J.C. Feyer

FILMES PARECIDOS: O Caseiro (2016) / Mama (2013)

NOTA: 5.0

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