segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O Estranho que Nós Amamos


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)

ANOTAÇÕES:

- Visualmente o filme é lindo (fotografia, locações, figurinos, etc). Parece uma pintura de época. A luz natural lembra a estética de Barry Lyndon.

- O elenco é muito bom (apesar do roteiro não ter grandes momentos para os atores). Kirsten Dunst continua acertando desde que assumiu essa identidade mais madura como atriz.

- Boa a maneira como o filme vai revelando as mudanças de comportamento nas mulheres com a chegada do Colin Farrell: o banho que a Nicole Kidman dá nele na cama, a Kirsten Dunst passando a usar roupas mais atraentes, etc. É tudo mostrado através de ações.

- Apesar de ser um filme de emoções contidas e não muita coisa acontecer no começo (falta um pouco de intensidade), é uma história interessante, que envolve a plateia por falar de vaidade, comportamento humano, coisas com que todos podem se relacionar. Emocionalmente é um dos filmes mais honestos da Sofia Coppola - que raramente sai da pose de "cineasta cult" pra se comunicar de maneira mais direta com a plateia.

- Há certo suspense pois não sabemos direito o que pode acontecer. Colin Farrell parece interessado na Kirsten Dunst, mas a Elle Fanning é mais atraente e está mais determinada a conquistá-lo, e ao mesmo tempo a dureza artificial da Nicole Kidman dá a impressão de que a qualquer momento algo pode acontecer entre os dois.

- Gosto do humor sutil por trás da história (a maneira como o filme expõe o comportamento ridículo das mulheres). É quase como uma versão séria do Castelo Anthrax de Monty Python em Busca do Cálice Sagrado.

- Seria mais interessante se a situação fosse mais contrastada. Se o Colin Farrell fosse um cara totalmente decente, e as mulheres fossem se mostrando extremamente desequilibradas (uma coisa meio Louca Obsessão). Mas no fim elas não têm atitudes tão insanas... Parecem mulheres normais... E ele por outro lado é manipulador, fica seduzindo todas, etc. Então não fica muito clara a mensagem da história, que crítica ele está fazendo a que, o que a situação simboliza, etc.

- SPOILER: Chocante o acidente na escada e as consequências pro Colin Farrell. Finalmente algo mais dramático acontece no filme. Mas depois disso a situação começa a ficar um pouco falsa. As mulheres não brigam entre si como deveriam. O Colin Farrell começa a ficar com um comportamento descontrolado que não combina com o personagem de antes. E não temos a impressão que a Nicole Kidman amputaria a perna dele por vingança, então a revolta dele parece forçada, uma reação sem fundamento.

- SPOILER: Algumas cenas mais pro final parecem falsas, como a que a menina vai até o portão amarrar o pano azul e o Colin Farrell consegue correr atrás dela de muleta, etc. Ou ele fazer sexo com a Kirsten Dunst num momento onde não há o menor clima pra isso.

- SPOILER: Divertida a ideia de matá-lo com os cogumelos (o filme começa com cogumelos, então terminar com cogumelos dá um senso de ordem interessante pra narrativa). Mas ainda acho que foi um pouco mal construída essa transformação dos personagens. Eles não pareciam tão desequilibrados a ponto de levarem a situação a esse extremo (especialmente a Nicole Kidman).

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CONCLUSÃO: Alguns problemas no desenvolvimento dos personagens, mas em geral um drama interessante, com bons atores e bonito esteticamente.

The Beguiled / EUA / 2017 / Sofia Coppola

FILMES PARECIDOS: Dúvida (2008) / Desejo e Reparação (2007)

NOTA: 7.0

2 comentários:

Ths disse...

O que significa amarrar o pano azul afinal?

Caio Amaral disse...

Uma maneira de sinalizar que elas haviam capturado um soldado inimigo... daí as tropas que passassem o levariam embora... no começo elas não amarram o pano logo de cara por compaixão... como ele estava muito ferido, elas concluíram que se ele não fosse tratado adequadamente primeiro, acabaria morrendo...