domingo, 13 de agosto de 2017

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Me lembrou o que falei de Percy Jackson e o Mar de Monstros pois o filme também parece uma longa exposição de ideias fracas. Sem dúvida muita imaginação foi gasta na concepção do universo desse filme (as criaturas, tecnologias, figurinos, naves, armas, planetas, etc) mas por alguém sem tanto talento e que não tinha nenhum tipo de filtro criativo: qualquer ideia estava valendo, desde que não tivesse nenhuma relação com a nossa realidade e com a ciência. Daí em vez de uma fantasia com conceitos inovadores, inteligentes, designs atraentes (como uma arma que é um sabre de luz, ou um alien que tem ácido como sangue, ou uma floresta que se torna fluorescente à noite) você tem um filme cheio de ideias tolas e confusas, designs feios, como uma água viva gigante que quando enfiada na cabeça te permite ter visões paranormais... ou uma caixa que você coloca o braço e aparentemente seu braço vai parar numa outra dimensão, porém o resto do corpo não, ou talvez sim... ou um porquinho que engole uma pérola e defeca centenas em seguida... É como se o autor pensasse: "Star Wars é tão legal, tem um universo tão bem elaborado, tantas criaturas diferentes - e é por isso que o filme é bom; portanto se eu conseguir inventar um número equivalente de coisas malucas pra compor o universo de Valerian, ele será tão bom quanto Star Wars" (ignorando as técnicas milenares de narrativa respeitadas por George Lucas, que no fim é o que faz o filme funcionar).

Mais uma vez, a história aqui é a principal falha do filme. Personagens mal desenvolvidos, sem química, sem motivações pessoais ("filme de serviço") apenas cumprindo seus deveres numa missão chata que só depois de 2 horas vamos entender do que se trata. E pra piorar, no fim o filme vem com o clichê da mensagem ecológica, "salvem os índios", dizendo que a natureza está em perigo, que o homem civilizado é mau e ganancioso e destruirá as culturas mais fracas em nome do progresso, da economia (mas no fundo ele é apenas sádico), que devemos ter "mais amor", etc.

Mas não é só a história que é ruim. A execução também não é das melhores. Desde o tom errado, o humor fraco, até o mau gosto na direção de arte, as cenas de ação, o casting infeliz, a trilha sonora genérica, os diálogos, o título do filme - o que só aumenta a minha impressão de que europeu não serve pra fazer esse tipo de entretenimento (além de dirigido por Luc Besson, o filme foi baseado numa série de quadrinhos francesa).

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Valerian and the City of a Thousand Planets / França / 2017 / Luc Besson

FILMES PARECIDOS: Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017) / O Destino de Júpiter (2015) / Percy Jackson e o Mar de Monstros (2013) / Ender's Game: O Jogo do Exterminador (2013) / O Quinto Elemento (1997)


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NOTA: 3.0

8 comentários:

Dood disse...

Pior que botava fé nesse, vai ser daquele tipo de filme que acho o universo atraente mas muito mal executado.

O diretor dele é o mesmo do Quinto Elemento citado por você e é um filme que achava superestimado na época, apesar de gostar do visual, e hoje ninguém lembra.

Caio Amaral disse...

Nem o universo achei atraente... pessoalmente não gosto dessa overdose de fantasia... sem falar que é um daqueles futuros feios onde a ciência parece ter arruinado a civilização, etc.

Anônimo disse...

Talvez esse tipo de fantasia funcione melhor nos quadrinhos, seu meio de origem. P. Ex., Flash Gordon é muito mais impressionante nas HQs, graças ao talento de seu criador Alex Raymond, que foi um grande desenhista. Jã no filme do Dino de Laurentis, tudo se tornou bastante risível. Talvez o papel comporte melhor esse tipo de irrealismo que o cinema live-action.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Oi Pedro.. o problema do Dino de Laurentiis acho que é mais o mau gosto estético (típico desse início de anos 80), os efeitos especiais feios, etc.. Existem filmes igualmente fantasiosos mas que não caem no ridículo, como Star Wars, O Mágico de Oz, O Senhor dos Anéis, Avatar, etc. O problema de Valerian é que as IDEIAS são fracas.. não foi a produção do filme que errou na execução.. então mesmo no papel acho que continuariam ideias fracas.... abs!

Dood disse...

sem falar que é um daqueles futuros feios onde a ciência parece ter arruinado a civilização, etc.


- Então imagino como seja, até pesquisando que o dito filme é baseado numa HQ com esse tipo de futuro com aquelas maravilhosas críticas sociais embutidas:

https://en.wikipedia.org/wiki/Val%C3%A9rian_and_Laureline

Caio Amaral disse...

É.. isso diz algo sobre os quadrinhos: "lembrados pelo seu humor, complexidade e ideias fortemente 'humanistas' e de esquerda".'

Outra passagem interessante nesse texto da Wikipedia: "Valerian é um herói 'clássico', gentil, forte e corajoso, que segue as ordens de seus superiores mesmo quando no fundo ele acha que é a coisa errada de se fazer".

Hein?? Isso é um herói clássico? Alguém que obedece ordens cegamente? Que apenas cumpre seu dever? É o que falei sobre os protagonistas não terem objetivos pessoais.. de ser um 'filme de serviço'. Isso pra mim tira muito do interesse da história. Abs!

Dood disse...

Pelo jeito vou continuar preferindo Asterix e Tin Tin como quadrinhos franceses.

Caio Amaral disse...

Asterix nunca li/vi.. o filme do Tintim do Spielberg eu critiquei também pela falta de motivação do personagem, pela caracterização do herói, etc.. ou seja, acho que não sou muito parâmetro pra esse gênero hehe.. se o universo de atrai.. recomendo que assista o Valerian e julgue você mesmo. Abs!