domingo, 28 de janeiro de 2018

O Artista do Desastre

NOTAS DA SESSÃO:

- Ótima a cena do Tommy (James Franco) na aula de teatro. Não só é uma apresentação hilária do personagem, como já serve pra unir os protagonistas e estabelecer a relação entre os 2 (é fácil entender o que atrai Tommy a Greg e vice-versa após isso).

- Legal, não sabia que a frase famosa do The Room ("You're tearing me apart, Lisa!") era inspirada em Juventude Transviada!

- É fascinante essa capacidade de Tommy de manter sua "autoestima" e a fé nos seus sonhos independente da realidade, dos fatos externos. Ele representa um caso tão extremo e único que o filme acaba se tornando referência imediata pra todo tipo de comportamento que caia dentro dessa categoria.

- Hilária a cena da mãe do Greg indo até o carro pra conhecer o Tommy. As participações especiais são ótimas surpresas ao longo do filme (Megan Mullally, Sharon Stone, etc).

- Não havia ninguém mais perfeito que James Franco pra interpretar Tommy Wiseau. A risada, o sotaque... Certamente merecia a indicação ao Oscar. Dave Franco está adorável também.

- O roteiro é um acerto. Já começa com a sacada ótima de contar a história do The Room, mas além disso, ele sabe pegar os aspectos mais interessantes da história e transformá-los em cenas hilárias, seguindo uma sequência lógica de acontecimentos cada vez mais absurdos, até o lançamento do filme (as audições, a compra dos equipamentos, a primeira vez de Tommy em frente às câmeras, a filmagem da cena de sexo, etc). A história não tem 1 trecho chato do começo ao fim. É tipo uma mistura de Primavera para Hitler com Toni Erdmann.

- O filme não torna muito explícita a psicologia de Tommy (o que é uma boa ideia), mas há todo o subtexto entre ele e o Greg, a relação de ciúme, possessão, que tornam o filme mais rico do que uma simples comédia de 1 piada só. A cena em que o Greg vai se despedir do Tommy (quando ele decide ir morar com a namorada) é sutilmente genial: Tommy está no banheiro pintando o cabelo, se admirando no espelho, e mal olha na cara de Greg enquanto ele se despede. É um momento que captura todo o drama de Tommy - a autoestima cega, o foco exagerado em suas supostas virtudes (pitando o cabelo pra parecer mais jovem, se gabando de músculos que nem tem) como forma de bloquear psicologicamente a rejeição que está vindo do mundo externo, das outras pessoas.

- Ótimo ele forçar o Greg a escolher entre o filme e o papel na série de TV (o problema de ter que fazer a barba, etc). É um conflito perfeitamente lógico, bem costurado na trama, que revela personagem, avança a história, etc.

- SPOILER: Muito boa toda sequência final na estreia do filme. As reações iniciais da plateia, a situação desesperadora do Greg, a parte da cena de sexo - até o "sucesso" inesperado do filme como comédia. A homenagem do Tommy ao Greg após a exibição é um momento lindo.

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CONCLUSÃO: Original, hilário, inteligente, tocante - um acerto.

The Disaster Artist / EUA / 2017 / James Franco

FILMES PARECIDOS: Toni Erdmann (2016) / Dirigindo no Escuro (2002) / Os Picaretas (1999) / Ed Wood (1994) / Primavera para Hitler (1967)

NOTA: 9.0

2 comentários:

Anônimo disse...

Caio o que faltou pra vc dar um 10?

Caio Amaral disse...

Nesse caso acho que eu não tenho uma reclamação específica.. O 9.0 foi só uma impressão geral de que ele ainda precisaria de alguma qualidade a mais pra ser um 10.. alguma ideia ou set piece com potencial pra se tornar clássico.. ou o tema ser um pouco mais explícito, mais aprofundado (esses comentários que fiz sobre a psicologia/autoestima dele).. ou seja, não é tanto a presença de algum problema.. mas a ausência de algum elemento particularmente raro/genial que me fizesse dar o ponto extra. abs!