terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Star Wars: Os Últimos Jedi (anotações)

Me pediram pra postar as anotações do novo Star Wars que eu não tinha postado originalmente, então aí vai! (Revendo tudo acabei abaixando um pouco a nota.)

Crítica original: Star Wars: Os Últimos Jedi

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NOTAS DA SESSÃO:

- A sequência inicial é meio fraca. É uma batalha longa e épica no espaço com a intensidade de um fim de filme (aquela oriental chutando a escada pro controle remoto cair) mas ainda não temos envolvimento algum com nada.

- Alguns toques de humor são inapropriados: Poe tirando onda com o General Hux, fingindo que a ligação está ruim - isso diminui toda a seriedade do conflito.

- Finn continua não convencendo nada como alívio cômico (ele surgindo com aquela roupa vazando água, etc).

- Anti-Idealismo: Na primeira cena do Luke Skywalker, ele recebe o sabre de luz de Rey e subitamente o joga pra trás como se fosse lixo. A atitude do filme já fica clara: heróis são coisa do passado, nada mais é sagrado, nem o sabre, nem Luke, nem os Jedi, nem Star Wars.

- Péssimo o tom sarcástico do novo Luke - a piada estilo sitcom que ele faz zombando da cidade natal de Rey, etc.

- Bizarra a sequência do Luke bebendo o leite verde dos animais, depois pescando com aquela lança nada prática de 30 metros de altura. Destoa do universo de Star Wars.

- Há aquela primeira batalha épica no espaço, daí os rebeldes conseguem fugir, mas daí eles são rastreados e encontrados de novo, daí começa mais uma batalha épica chata.

- SPOILER: Qual a necessidade de quase matar a Leia na explosão, sendo que depois ela irá sobreviver? A plateia acha que iriam matá-la agora pra resolver o problema da Carrie Fisher ter morrido, mas isso não acontece e faz tudo parecer confuso e aleatório (e a cena dela voando no espaço tipo Mary Poppins é esquisitíssima).

- Essa personagem oriental Rose é um erro desde o início. Ela dá um choque e quase mata o Finn porque ele queria escapar (o que faz com que ela pareça uma vilã por um momento), mas 15 segundos depois disso, já é pra gente achá-la simpática e inofensiva. Química zero entre esses dois, só serve pro filme mostrar que é "pró-diversidade", tem personagens de todas as etnias, etc.

- A trama é uma chatice. O espectador não tem nenhuma motivação pra querer acompanhar a história até o final. Os heróis só querem fugir, eles não estão indo atrás de algo realmente atraente e excitante (derrotar os vilões e viver uma vida feliz não parece nem uma possibilidade remota aqui). Daí pra escapar, eles precisam primeiro desativar o rastreador dos vilões (convenientemente, apenas 1 nave tem um rastreador). E pra entrar na nave e desligar o rastreador, eles precisam de um "decodificador". A história é uma série de missões chatas e aleatórias indo a lugar nenhum.

- Pra parecer mais "sofisticado" o filme insere esses toques de Subjetivismo que também não combinam em nada com o universo de Star Wars (as alucinações da Rey, a sequência que ela entra naquele buraco embaixo da ilha que parece mais uma viagem de ácido, etc).

- Alerta Vermelho: toda a sequência em que a oriental e o Finn vão até o planeta do cassino é totalmente desnecessária (e nada a ver com Star Wars). É uma etapa insignificante da trama (eles só precisam ir lá pra encontrar o tal do "decodificador mestre", mas no fim saem de lá com Benicio del Toro que é um hacker qualquer). No entanto é um dos trechos mais exóticos e marcantes do filme. Por que? Porque o filme queria uma desculpa qualquer pra fazer um discurso anti-dinheiro, anti-ricos, anti-capitalismo - reforçar os clichês de que ricos só são ricos porque abusam dos pobres, dos animais, lucram investindo em guerra, etc. A sequência em que eles fogem em cima daqueles cavalos é grotesca - eles saem destruindo todo o local em êxtase, passam com a manada por cima de qualquer coisa que remeta a dinheiro: carros de luxo, cantores de ópera, etc. Até o Finn que não tinha nada contra os ricos, depois da sequência diz que valeu a pena destruir aquele lugar, fazer aquelas pessoas sofrerem (depois me perguntam por que eu sou agressivo com os filmes atuais!).

- Chatas essas discussões telepáticas entre a Rey e o Kylo, Rey sempre furiosa, sendo seduzida pelo lado negro da força, etc. É o que falei em Pseudo-sofisticação - além do Subjetivismo, o filme tenta parecer sofisticado apelando pro sombrio, pro moralmente ambíguo, pro anti-idealista, focando em relacionamentos conflituosos. Por exemplo: o flashback em que Luke parece um zumbi maligno indo matar o jovem Kylo na cama ("Jedis também cometem erros, agem irracionalmente"), ou a briga entre Rey e Luke na sequência onde ela o golpeia pelas costas.. A linha entre bem e mal é borrada - pessoas que deveriam estar de lados opostos começam a criar laços, pessoas que deveriam estar do mesmo lado estão sempre brigando (tem também a Laura Dern e o Poe que se tornam inimigos sendo que são do mesmo time).

- Horrível Luke decidir ir queimar o templo e toda a sabedoria Jedi milenar. Ou o Yoda niilista pondo fogo em tudo e dando risada (mesmo que a Rey tenha salvo os livros, a plateia não sabe disso). O filme é todo sobre destruir: destruir o passado, os heróis, etc.

- Alguém que respeita Star Wars jamais faria essa piada visual onde achamos que estamos vendo uma nave gigante pousando, mas de repente percebemos que é apenas um ferro de passar roupa futurista.. Isso seria divertido em Spaceballs, mas aqui é apenas mais um ato de niilismo.

- Não faz muito sentido a Rey desistir da ajuda do Luke, e concluir que agora a única esperança é convencer o Kylo a mudar todo o seu caráter e passar a usar seus poderes Jedi a favor dos rebeldes, contra a Primeira Ordem!

- É quase divertido o momento em que a Leia "ressuscita" e entra pela porta, mas logo em seguida há um anticlímax, pois ela atira no Poe, que é um dos mocinhos, fazendo ela parecer malvada.

- SPOILER: Há um outro momento quase bom no filme, quando o Kylo aparentemente decide ficar do lado da Rey, e mata o Snoke com o sabre de luz. Por uns segundos achamos que ele virou "do bem", mas logo na sequência ele já se desentende com a Rey de novo, e mostra que só matou o Snoke pra tomar o lugar dele (Idealismo Corrompido).

- A história vai ficando cada vez mais burra. No fim toda essa busca pelo decodificador foi em vão? O plano não é mais desligar o rastreador e escapar? E sim se esconder naquele planeta numa base abandonada? O plano já começa furado pois os vilões sabem que eles estão indo pra lá. Será muito pior ficar encurralado num planeta dentro de uma gruta do que estar no espaço, onde eles poderiam pelo menos tentar fugir. Depois tem a cena de auto-sacrifício da Laura Dern, onde ela explode várias naves se jogando em cima delas na velocidade da luz - mas por um milagre, poupando a Rose e o Finn que estavam lá dentro. Daí tem a ideia tola de que a Primeira Ordem precisaria arrastar um canhão gigante no planeta só pra destruir a porta de ferro do esconderijo dos rebeldes (antigamente os vilões de Star Wars explodiam planetas inteiros com um laser sem grandes dificuldades).

- Uma das ideias mais bizarras do filme é essa das naves dos rebeldes começarem a perder altitude sem motivo algum, e daí eles acionarem os "mono-esquis" das naves, e irem meio voando, meio esquiando na superfície do planeta, só porque algum designer achou interessante o conceito da poeira vermelha.

- Eu sempre reclamo das cenas de auto-sacrifício no final dos filmes atuais, mas essa merece um destaque especial por ser um sacrifício duplo (além do da Laura Dern que já foi): Finn tenta se sacrificar pra proteger os rebeldes, mas daí a Rose se sacrifica pra impedi-lo de se sacrificar! E nisso quase sacrifica todos os rebeldes!

- SPOILER: Muito idiota Luke enganar toda a Primeira Ordem com esse truque de virar holograma. O plano de "ganhar tempo" enquanto os rebeldes seguem raposas de cristal (aff) e escapam pela saída dos fundos é uma tolice. Luke nem avisou os rebeldes que ele era um holograma ou que estava fazendo isso pra eles fugirem pelos fundos! Como eles adivinharam o plano? E como ele é um holograma se ele tocou a Leia? O filme só pode ter sido escrito por doentes mentais.

- SPOILER: Além do sacrifício da Laura Dern, do Finn, da Rose, agora nós temos também o auto-sacrifício do Luke Skywalker, que gastou todas as suas forças só pra virar um holograma e acabou desencarnando (é comum hoje em dia essa chatice de termos que pagar um preço alto pelas nossas forças - como a menina de Stranger Things que precisa ter uma hemorragia e ficar exausta sempre que usa seus poderes).

- O filme é tão vazio e caótico que eu nem tinha me ligado que o Poe e a Rey (2 dos protagonistas) não se conheciam até agora!

- SPOILER: Os rebeldes fogem, mas não há um senso de missão cumprida. Eles não realizaram nada de interessante e nem se livraram dos vilões de forma significativa. Começaram o filme tentando fugir, e terminaram tentando fugir.

- A cena final com o menininho pobre olhando pro céu e vendo a nave partir é forçada (até porque o menino estava naquele mundo do cassino, enquanto os heróis estavam em Crait, um planeta diferente, então por que sugerir que ele está vendo a Falcon no céu?). O menino não tem relevância alguma pra história, isso é só pra reforçar a mensagem esquerdista do filme - a noção de que os Jedi agora representam também a luta dos "oprimidos contra os privilegiados", etc.

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Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi / EUA / 2017 / Rian Johnson

NOTA: 2.5

4 comentários:

Marcus Aurelius disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Caio Amaral disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

o que vc está dizendo quando fala em niilismo nos personagens e na mensagem?

Caio Amaral disse...

"Niilismo" como um desejo de destruir valores... o prazer de manchar, desconstruir, etc...