quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Pantera Negra


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)

ANOTAÇÕES:

- A introdução é confusa. Eles tentam explicar a origem de Wakanda, e ao mesmo tempo apresentar o conflito entre o T'Chaka e o irmão, tudo antes dos créditos iniciais... Mas é tão mal dirigido que nem prestamos atenção direito nos diálogos. Quando apagam as luzes daquela sala e surge o Pantera Negra pela primeira vez, isso é mostrado de um jeito que parece que as mulheres na sala é que se transformaram no Pantera Negra... Daí ainda temos que absorver que esse Pantera Negra ainda não é o protagonista, mas o pai do Pantera Negra (T'Challa) que virá depois. Nesse ponto já nem sei mais o que é Vibranium, sobre o que eles estão falando etc.

- A sequência do resgate da Lupita Nyong'o dos caminhões também é confusa... Não sabemos direito quem é essa personagem, o que ela está fazendo aí, se ela está presa ou não, qual a relevância dessa sequência toda... É só porque o T'Challa queria que ela estivesse presente na cerimônia de coroação?

- A luta entre o T'Challa e o M'Baku na cachoeira é bem amadora em termos de direção, coreografia etc. Considerando que o diretor é o Ryan Coogler (do ótimo Creed: Nascido para Lutar) tecnicamente o filme é mais fraco do que se poderia esperar.

- A cena onde o T'Challa conversa com o espírito do pai é curiosamente bonita. A imagem marcante das panteras em cima da árvore, as frases sábias do pai... Até a trilha sonora tem uns momentos mais inspirados nesse momento.

- A história demora muito pra engatar. O conflito é fraco; não sabemos o que o tal comprador pretende/pode fazer com o Vibranium roubado — isso não parece ser uma grande ameaça.

- SPOILER: É só lá pela 1 hora e meia que o filme ganha força — quando o verdadeiro vilão (Killmonger) entra em cena, descobrimos quem ele é, o que ele pretende fazer com o Vibranium etc. A ideia dele derrotar o T'Challa na cachoeira e conquistar o trono de maneira legítima torna tudo mais interessante. E o filme demora um tempo até mostrar que o T'Challa sobreviveu à queda, criando mais suspense.

- É um alívio também que o vilão Killmonger é quem tem uma filosofia revolucionária marxista de "Panteras Negras" (Black Panther Party), e não o herói, que apenas quer paz, harmonia etc.

- A falta de habilidade na direção acaba matando alguns momentos que poderiam até ter sido bons... Pegue por exemplo a cena em que o T'Challa finalmente "ressuscita". Um diretor melhor teria mostrado o herói saindo de dentro do gelo de maneira mais dramática, dado algo interessante pra ele dizer... Mas aqui nós só vemos um plano dele já se sentando, daí ele fala de maneira totalmente casual "alguém tem um cobertor?", tornando tudo meio banal.

- Meio forçado o Ross — que nem sabia pilotar — ficar como responsável por capturar as naves que estão tentando sair de Wakanda, e conseguir fazer isso recebendo orientações por "telefone" da menina que está lá no meio da batalha.

- SPOILER: É mal explicado no fim como o T'Challa consegue derrotar o Killmonger. O trilho do trem apenas desestabilizou a armadura dos dois, mas por que o T'Challa agora parece estar lutando de igual pra igual, sendo que na primeira luta ele era claramente mais fraco?

- Bonito o diálogo entre o T'Challa e a Nakia antes do beijo. Ele a agradece, e ela quase responde usando um argumento altruísta clichê ("Era nosso dever..."), mas daí ela para no meio da frase e responde com o real motivo, que é muito melhor.

- O discurso na ONU na cena pós-crédito me parece bem intencionado também... T'Challa resolvendo dividir a tecnologia de Wakanda com o mundo, transmitindo uma mensagem de união, progresso etc.

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CONCLUSÃO: Fraco como cinema (como a maioria dos filmes do gênero) mas após um começo devagar, a história consegue se recuperar e divertir nos 45 minutos finais. 

Black Panther / EUA / 2018 / Ryan Coogler

FILMES PARECIDOS: Thor: Ragnarok (2017) / Vingadores: Era de Ultron (2015)

NOTA: 5.5

2 comentários:

Unknown disse...

Só em confirmar que a filosofia marxista é representada pelo vilão, já vou assistir mais aliviado. E depois leio a crítica inteira ;)

Caio Amaral disse...

Oie Alberto! Eu simpatizei pelo filme.. só lamento que não tenha um roteiro / direção melhores.. mas pelo menos não saí irritado como de costume kkk. :)