sexta-feira, 29 de junho de 2018

Os Incríveis 2

Mais um daqueles blockbusters perfeitamente em harmonia com o momento atual de Hollywood, que reforça os valores vistos como politicamente corretos hoje em dia, que será sucesso tanto de público quanto de crítica - e que naturalmente eu acho um tédio. Nas entrelinhas o filme até tenta passar uma mensagem interessante, diferente, defendendo a livre iniciativa, criticando tanto os liberais quanto os conservadores atuais, mas em todos os níveis mais importantes ele apenas contribui pro objetivo dos progressistas (só de ter que pensar nesses assuntos enquanto vejo um desenho da Disney já acaba minha boa vontade). Pra ter uma noção melhor do que me desagrada no filme, basta dar uma olhada nessa análise feita pelo canal Entre Planos (sobre o primeiro filme, mas que vale pro 2 também), e perceber que tudo aquilo que é colocado como se fosse uma virtude da série, pra mim é um defeito (como já discuti em postagens como Herói Envergonhado, A intenção de um filme, etc):




Incredibles 2 / EUA / 2018 / Brad Bird

NOTA: 5.0

19 comentários:

Anônimo disse...

Pra mim essas histórias baseadas em papéis de gênero soam tão antigas, do tempo de filmes como "O Tenente era Ela".
"Os Incríveis" é um dos melhores filmes da Pixar, tem personagens interessantes e uma história em geral boa. Tem um defeito comum em histórias de super-heróis, o plano do vilão não faz muito sentido, pelo menos no meu entendimento. A idéia de Síndrome era fornecer gadgets que dariam superpoderes às pessoas, e então, "quando todo mundo for super, ninguém vai ser". Mas se os super-heróis estavam proibidos de usar superpoderes e obrigados a levar vidas comuns, isso não quer dizer que então ninguém mais era super? A situação que o Síndrome queria já existia.
A propósito de correção política,já surgiu nos Estados Unidos algumas polêmicas ao frisson sexual que a Sra. Incrível parece ter despertado em algumas pessoas, notadamente um crítico da prestigiosa revista New Yorker, que disse numa resenha que ela seria parecida com a Anastasia do Fifthy Shades of Grey. Mas que ela tem um corpão, é inegável.
https://www.newyorker.com/culture/culture-desk/incredibles-2-reviewed-a-sequel-in-the-shadow-of-a-masterwork
Pedro.

Anônimo disse...

"Os Incríveis" foi também o melhor filme do Brad Bird. "O Gigante de Ferro" era questionável em termos de mensagem e exigia demais da suspensão da descrença do espectador, e o muito aclamado em seu tempo "Ratatouille" parece não ter envelhecido tão bem. Quanto a esse último, talvez por que não me interesso nem um pouco por culinária, nunca captei o apelo desse filme, o acho pedante e tedioso, além de ter um final feliz pra lá de duvidoso, afinal o grande restaurante acabou fechado e desmoralizado por causa dos ratos, o novo restaurante do Anton Ego vai com certeza ter o mesmo destino, já que tornou pública sua admiração pelo rato cozinheiro, sem que contar que o vilão continuou à solta para tramar novas vinganças.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Eu lembro muito pouco do primeiro, só vi 1 vez quando foi lançado (14 anos, uau!).. mas acho chatas também essas histórias sobre gender roles.. A Sra. Incrível tá super em forma, claro.. mas não achei q eles tentam explorar a sensualidade dela.. até pq não teria nada a ver com a personagem acho.. rs.. abs!

Anônimo disse...

Certamente não explorariam a sensualidade dela, não seria apropriado para a personagem nem para o filme, o mais perto que chegaram disso foi a cena do espelho no filme original.
https://www.youtube.com/watch?v=k2Ti3Pq2r3s
Pedro.

Caio Amaral disse...

Haha sim.. até aí ainda não descaracteriza a personagem.. 👍

Dood disse...

O roteiro dos Incríveis no caso do Síndrome era mal desenvolvido, transformar o desejo de ser herói num sentimento de ódio e inveja é corromper a coisa. Tem outras situações similares que ao menos são mais compreensíveis como no caso da vilã Princesa das Meninas Superpoderosas que é uma garota mimada que quer ser uma menina superpoderosa e acha que com a influência do dinheiro pode se tornar tal, mas no final fica com raiva e resolve ser vilã. Ao menos aqui a personalidade do personagem é explicada de uma forma compreensível devido ao seu problema e tenta passar uma moral dentro do contexto. O Síndrome não me passa isso e encaixado no contexto da história parece um vilão feito de uma forma precária, pra dar um antagonismo só por dar.

Isso me lembra Megamente que também tem personagens ruins pra começar com o próprio protagonista que quer ser vilão por ser e precisava de um herói - que raios de vilão tem a necessidade de criar um antagonismo? Ele já tem um objetivo conquistado, e ele mesmo ter que criar o herói que ele vai enfrentar e o mesmo se tornar o "vilão" da história, além do Metroman que era pra ser o modelo idealista da história largar tudo pra virar cantor. A prova de que a desconstrução de arquétipos é burra é esse filme.

Quando ao vídeo do Entre Planos, talvez não tenha percebido é que o Homem Aranha por mais que ele fosse um humano comum com super poderes ele é ainda é uma figura idealista: que erra ao deixar o bandido escapar e matar seu tio, mas que nas histórias dos quadrinhos e na série dos anos 90 que eram baseadas nestes ele tinha um valor que o caracterizava como herói nisso tudo.

Caio Amaral disse...

Oi Dood, acho que o vilão é bem esquecível nesse filme.. tanto que eu mal lembrava que ele se chamava Síndrome.. pensando na história me lembro mais dos obstáculos familiares... e tb com o governo.. o vilão fica meio em segundo plano..
Sim, não colocaria o Homem-Aranha nessa mesma categoria.. tava falando mais do que o vídeo afirma sobre os Incríveis.. abs!

Anônimo disse...

Talvez o problema com o Síndrome tenha sido que no início da produção ele era um personagem e a uma certa altura resolveram que ele devia ser o vilão da história e aí precisaram criar uma motivação para ele. Síndrome entrou no lugar do vilão inicial do projeto, que se chamaria Xerek que possivelmente seria um ex-namorado da Elastgirl obcecado por ela.
http://villains.wikia.com/wiki/Xerek

Megamente é uma imitação mal desenvolvida dos Incríveis, até mesmo porque é posterior.
Pedro.

Anônimo disse...

Em geral, os vilões da Pixar não são marcantes, ao contrário dos da Disney, em seus tempos mais tradicionais. O Syd de Toy Story talvez tenha sido o único vilão genuíno da Pixar. Os outros em geral são vilões que só se revelam no terceiro ato, como o presidente da Monstros S/A, Lotso, Muntz, ou personagem fracos e esquecíveis. Quem se lembra dos vilões de Carros, Vida de Inseto, Procurando Nemo ou Wall-E? O vilão mais famoso da Pixar é o Anton Ego, que no máximo podia ser um chato e um esnobe, mas não uma pessoa ruim.

Talvez a idéia para Os Incríveis tenha vindo de um episódio do seriado Lois & Clark, onde o Superman é processado por um sujeito que alega ter sofrido lesões ao ser salvo. Só que nesse caso o sujeito é um embusteiro e acaba desmascarado. Os Incríveis então seria o que teria ocorrido se o demandante fosse bem sucedido.

Anônimo disse...

"Os Incríveis", o original, foi muito superior à outra incursão da Disney no mundo dos super-heróis, "Operação Big Hero", que apenas seguiu uma fórmula padrão e não fez qualquer esforço para desenvolver os personagens, a ponto de que mais da metade deles não tinha nenhuma razão de existir na história. O melhor personagem era Tadashi, o que morreu no início, e mesmo assim parecia existir apenas porque os produtores resolveram repetir a dose do apelo ao amor fraternal do megasucesso precedente da Disney.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Realmente, a Pixar não é muito boa de vilões.. e nem mesmo de heróis.. até pq as 2 coisas são consequências dos princípios idealistas que discuto na postagem dos 4 pilares (autoestima, individualismo, moralidade absoluta, etc).. são essas coisas que possibilitam a existência tanto de heróis quando de vilões memoráveis.. mas a Pixar quando surgiu foi afastando a Disney disso e "modernizando" os desenhos.. abs.

Dood disse...

Assim eu considero a queda da Pixar mais a animação Monstros SA. Eu vejo que ela foi pro lado mais comercial, o exemplo mais notório é a franquia carros. Que é feita somente pra vender brinquedos, como algo memorável fica a desejar. Forçando só a primeira animação.


Talvez a idéia para Os Incríveis tenha vindo de um episódio do seriado Lois & Clark, onde o Superman é processado por um sujeito que alega ter sofrido lesões ao ser salvo. Só que nesse caso o sujeito é um embusteiro e acaba desmascarado. Os Incríveis então seria o que teria ocorrido se o demandante fosse bem sucedido.


- Esse tema é bem mais desenvolvido no evento Guerra Civil dos quadrinhos da Marvel:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_(Marvel_Comics)

A adaptação cinematográfica é bem rasa quando comparamos as duas.

Caio Amaral disse...

Realmente.. os filmes da série Carros estão entre os mais fracos da Pixar acho.. junto com O Bom Dinossauro e alguns outros..

Anônimo disse...

De fato, a série Carros (o 2 e o 3 são péssimos) e o Bom Dinossauro foram o pior da Pixar, muito explicitamente baseados em fórmulas prontas. O primeiro Carros, o menos ruim, foi uma cópia de "Doc Hollywood", que copiava filmes anteriores, o segundo imitou muito mal filmes do tema "pessoas comuns que por acaso se metem em tramas de espionagem", e o Bom Dinossauro foi uma colagem de temas e cenas copiados de O Rei Leão, Dumbo e Bambi, que os produtores pensaram que fosse ter apelo fácil junto ao público. O problema era que Arlo não era Simba, ou Bambi. A viagem alucinógena de Arlo foi uma imitação ruim e descontextualizada do delirium tremens de Dumbo, e não serviu para nada na história, só talvez pra dar alguns pesadelos nas crianças que viram.
Ainda se poderia desculpar um pouco o primeiro Carros e O Bom Dinossauro por serem filmes mais focados no público infantil. Outros filmes da Pixar pecam por serem adultos demais, como o Ratatouille ou o Divertida Mente, que parece feito para graduados em neurociências, de tantas metáforas sobre o funcionamento do cérebro que acumularam no roteiro.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Pra animações desse tipo, acho que a melhor filosofia ainda é a do Walt Disney.. "Eu não faço filmes primeiramente pra crianças, eu os faço para a criança em todos nós, quer tenhamos 6 anos ou 60" 👌

Anônimo disse...

Com seu sucesso, a Pixar foi se tornando cada vez mais alvo de patrulhamento, e ficou inevitável uma adesão mais explícita à correção política, para contornar queixas como as de que o estúdio não criava personagens femininas fortes. Uma crítica um pouco injusta.
P. ex, "Up - Altas Aventuras", um filme que é alvo de críticas politicamente corretas (a esposa não fala, morre nos primeiros 10 minutos), já desafiava papéis de gênero, em suas entrelinhas. Ellie era a personagem dominante em todo o filme, mesmo após a morte, todas as ações de Carl foram em função dela. Além disso, o filme dá a entender que era Ellie quem sustentava o casal. O filme, em sua narrativa muda da história do casal (a parte preferida de todos) não diz abertamente, mas permite a interpretação de que Ellie trabalhava como tratadora de animais no zoo e Carl vendia balões, o que obviamente não devia render quase nada, lá apenas para ficar perto dela. Nesse caso, era Ellie quem mantinha a casa. Isso uma década antes dos Incríveis 2.
Mas a correção política não é boa em sutilezas, salvo quando procura com que se irritar.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Não perca seu tempo lendo essas críticas ridículas.. o herói de Up já é um velhinho de óculos e bengala (um "desavantajado"). É o cúmulo dizer que o filme é politicamente incorreto por focar nele e não na esposa... Quantos níveis de "opressão" será que são necessários pra vc se tornar P.C.? rs.

Anônimo disse...

O máximo possível, provavelmente...
Teria sido interessante se o primeiro filme tivesse focado mais tempo no processo contra os super-heróis e na indústria de indenizações. Mas talvez isso acabaria ficando um tema muito adulto.
Pedro.

Caio Amaral disse...

É.. eu acho meio chato quando o filme foca nas consequências políticas/sociais das ações dos heróis.. traz a coisa pra um plano mais burocrático, realista.. teve um filme do Superman que teve isso também.. abs.