terça-feira, 7 de agosto de 2018

O Paradoxo Cloverfield


Essa deve ser a franquia com o conceito mais vago do cinema, e está chegando num ponto onde qualquer história onde algo inexplicável aconteça poderá ganhar o rótulo "Cloverfield" e um link duvidoso para os outros filmes (tanto esse quanto Rua Cloverfield, 10 eram roteiros independentes que nada tinham a ver com Cloverfield: Monstro - até o produtor J.J. Abrams resolver conectar tudo). Se você for pensar, inúmeros filmes poderiam passar a fazer parte da série com apenas algumas modificações no roteiro: Aniquilação, Círculo de Fogo, Godzilla, Planeta dos Macacos, Transformers, Stranger Things, qualquer episódio antigo do Twilight Zone, etc. Tirando a premissa básica de que um portal interdimensional foi aberto e agora coisas bizarras podem acontecer, não há muito o que conecte os 3 filmes em termos de clima, estilo, qualidade técnica, mensagem, etc. O que falta aqui é um pouco do senso de unidade e planejamento que sentimos ao ver algo como Black Mirror, por exemplo, que consegue mudar de gênero, ambientação, personagens, mas ainda assim preservar um tema central, uma atmosfera consistente.

Mas deixando de lado essa conexão com os outros Cloverfields, como uma aventura espacial isolada o filme até que é divertido de assistir; o ponto de partida é interessante (a crise de energia na Terra, o experimento com a "partícula de Deus"...) a história é cheia de ideias surpreendentes, a narrativa é clara (apesar do filme brincar com realidades paralelas, múltiplas dimensões, paradoxos, ele nunca se torna "Nolanesco" demais). Mas infelizmente falta talento no roteiro, na direção, e apesar de algumas boas sacadas, na tentativa de entreter o filme acaba muitas vezes soando infantil e criando vários momentos ridículos que farão até um garoto de 12 anos revirar os olhos (a absurda cena do braço, a surpresa final, etc). Ou seja, não é nenhum Alien (1979) - não chega nem a ser um Vida (2017) - mas pelo menos não dá pra dizer que é entediante.

The Cloverfield Paradox / EUA / 2018 / Julius Onah

NOTA: 5.0

2 comentários:

Dood disse...

Fui pesquisar aqui sobre a franquia, pelo que entendi são filmes interligados entre si com propostas diferentes, é isso?

Caio Amaral disse...

Isso.. se passam num mesmo universo.. e de alguma forma envolvem monstros vindos de outra dimensão.. mas cada um conta uma história totalmente diferente..