terça-feira, 30 de novembro de 2021

Noite Passada em Soho

De Edgar Wright (Baby Driver / Shaun of the Dead), o filme conta a história de uma garota que se muda para Londres para estudar moda, mas chegando lá, começa a ser perturbada por visões dos anos 60 envolvendo outra garota (Anya Taylor-Joy), um assassinato brutal, e se vê no meio de um pesadelo, perdida entre realidade e fantasia. É um desses filmes onde o estilo do diretor é mais importante do que a história... Não acho que esse seja o background de Wright de fato, mas ele tem o perfil de diretores que começam na publicidade ou fazendo videoclipes, e quando migram para o cinema não percebem que entraram num universo totalmente diferente, onde a importância da narrativa é muito maior. Um dos problemas estruturais aqui é que demora mais de 1 hora pro filme realmente começar, pois até a protagonista ter a visão do assassinato e resolver fazer algo a respeito (o que teria ocorrido em 20 minutos num roteiro tradicional), não há um verdadeiro gancho — não entendemos pra onde o filme está caminhando, que gênero de história estamos vendo, deixando tudo meio tedioso, conceitual demais, como se o cineasta estivesse interessado apenas em bolar transições criativas entre passado e presente, entre uma personagem e outra (tipo fã de Hitchcock que fica tão fascinado com as mecânicas da direção que esquece que Hitchcock antes de mais nada era um mestre do suspense). Outra questão aqui é que muito do que acontece de mais dramático está apenas na mente da protagonista... Thomasin McKenzie está sempre fugindo de assassinos ou figuras sinistras que a plateia já sabe se tratarem de alucinações, portanto não há um verdadeiro senso de perigo, de que a trama está avançando para algum lugar. Então acaba sendo um daqueles filmes onde a protagonista só busca resolver alguma ferida emocional... E essas manifestações visuais, físicas, são apenas uma forma do filme ilustrar metaforicamente a batalha interna da "heroína" — o que pra mim não resulta em um bom thriller (coloquei aspas em "heroína" pois a personagem é extremamente frágil, mal tem segurança pra abrir a boca pra falar, que dirá pra enfrentar assassinos).

Last Night in Soho / 2021 / Edgar Wright

Nível de Satisfação: 4

Categoria C: Entretenimento prejudicado por Subjetivismo e por pôr estilo acima de conteúdo (Pseudo-Sofisticação / 1999 e o Declínio da Objetividade)

Filmes Parecidos: A Mulher na Janela (2021) / Cisne Negro (2010) / Mãe! (2017) / Repulsa ao Sexo (1965)

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