Foi indicado a 4 Oscars (mas não levou nenhum) esse filme de baixo orçamento sobre uma menina chamada Hushpuppy (Quvenzhané Wallis - que com 9 anos é a mais jovem já indicada a Melhor Atriz) que vive com seu pai numa área semi-alagada do Louisiana. É meio que o Preciosa desse ano - um retrato da pobreza, de pessoas vivendo em condições de vida extremamente desfavoráveis, mas tudo mostrado pelo ponto de vista de uma garota inocente, com uma imaginação fértil, que apesar de tudo consegue cultivar certa normalidade e esperança (esse foi o ano em que as pessoas lutaram pra sobreviver num mundo cruel - Indomável Sonhadora, O Impossível, Os Miseráveis, As Sessões, Amor, As Aventuras de Pi...).
A situação é dramática mas falta uma história com mais propósito. As coisas apenas acontecem aos personagens, mas eles raramente buscam algo. Filmes sobre pessoas existindo e sendo vítimas do ambiente raramente rendem boas histórias. O pai é um homem ignorante, violento, que mesmo com o mundo caindo ao seu redor se recusa a ser ajudado, não vai morar em outro lugar, então acaba virando um ser antipático, autor da própria desgraça.
A menina Quvenzhané tem presença, um rosto naturalmente
expressivo - especialmente quando está brava. É questionável se
merecia a indicação de melhor atriz (se merecia, então a Dakota Fanning
já estava na hora do prêmio pelo conjunto da obra), mas não deixa de ser uma performance admirável pra uma criança.
O que destaca o filme é que ele tem certa autenticidade, um estilo diferente, mistura
realismo com fantasia (muito do que vemos está apenas na
imaginação da menina). Mas essa consagração toda me pareceu um pouco exagerada; apenas uma maneira de dar variedade à premiação, que agora com 10 vagas pra Melhor Filme pode se dar ao luxo de incluir de "azarões" como esse na competição.
Beasts of the Southern Wild (EUA / 2012 / 93 min / Benh Zeitlin)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de O Impossível, Preciosa, Encantadora de Baleias, etc.
NOTA: 7.0
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
A Hora Mais Escura
Tinha um pouco de birra da Kathryn Bigelow por ela ter levado o Oscar em 2010 por Guerra ao Terror (que é um filme decente, mas superestimado), mas fiquei imediatamente atraído por esse projeto pelo simples fato dele dramatizar "a maior caçada humana da história pelo homem mais perigoso do mundo". Seria difícil se sair muito mal com uma sinopse dessas.
Quando caíram as Torres Gêmeas em 2001, todo mundo sabia que um dia fariam um grande filme sobre aquilo. Quando Bin Laden foi morto, ali também surgiu a oportunidade pra um outro ótimo filme. O grande filme sobre as Torres Gêmeas ainda não foi feito - o outro agora já temos.
Não só o filme funciona como um ótimo suspense, como também parece cumprir uma outra função na cultura popular. Depois que o mundo passou uma década se perguntando onde estava Bin Laden, o desfecho da história foi tão rápido e esquisito que ficou um senso de frustração - como um filme que te envolve num grande mistério e de repente acaba antes da hora, num anticlímax. Esse filme vem corrigir esse "erro da realidade" e apresentar a história da maneira certa, fazendo a gente mergulhar nesse episódio histórico e vivenciar todos os detalhes como se estivéssemos fazendo parte da operação.
Nunca gostei muito desses filmes sobre o Oriente Médio que surgiram depois do 11 de Setembro, mas aqui, em vez de ser um retrato chato sobre terrorismo, tortura, o filme é contado como a história de sucesso de uma jovem agente da CIA (Jessica Chastain, indicada ao Oscar). Capturar Bin Laden é a meta dela, sua obsessão pessoal, e o filme é sobre essa realização (o fato de ser uma mulher numa missão tão violenta torna a situação ainda mais fascinante).
Demora um tempo até a história engatar. No começo a personagem está distante, meio apática (Jessica demora pra se encontrar no papel). É mais depois da primeira hora (em particular depois que morre um personagem importante num atentado), que a coisa se torna pessoal e o filme ganha força. Quando Jessica diz, com uma expressão calma, "eu vou acabar com todos os envolvidos nessa operação, e depois eu vou matar Bin Laden", você sabe que não está mais vendo um documentário glamourizado sobre terroristas... Você está vendo Sigourney Weaver em Aliens ou Linda Hamilton em O Exterminador do Futuro 2 (a diretora Kathryn Bigelow foi casada por 3 anos com James Cameron - alguma coisa ela aprendeu sobre mulheres fortes).
O filme vai se tornando cada vez mais intenso e caminhando sem desvios em direção ao clímax. A partir do momento em que os helicópteros partem no voo silencioso (e belíssimo) em direção à casa onde estaria Bin Laden, é praticamente impossível piscar.
Achei um dos filmes mais envolventes e satisfatórios do ano (é talvez o melhor que já vi dirigido por uma mulher). Está indicado a 5 Oscars incluindo Melhor Atriz, Roteiro Original e Filme.
Zero Dark Thirty (EUA / 2012 / 157 min / Kathryn Bigelow)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Argo, Guerra ao Terror, A Rede Social, Vôo United 93.
NOTA: 9.0
Quando caíram as Torres Gêmeas em 2001, todo mundo sabia que um dia fariam um grande filme sobre aquilo. Quando Bin Laden foi morto, ali também surgiu a oportunidade pra um outro ótimo filme. O grande filme sobre as Torres Gêmeas ainda não foi feito - o outro agora já temos.
Não só o filme funciona como um ótimo suspense, como também parece cumprir uma outra função na cultura popular. Depois que o mundo passou uma década se perguntando onde estava Bin Laden, o desfecho da história foi tão rápido e esquisito que ficou um senso de frustração - como um filme que te envolve num grande mistério e de repente acaba antes da hora, num anticlímax. Esse filme vem corrigir esse "erro da realidade" e apresentar a história da maneira certa, fazendo a gente mergulhar nesse episódio histórico e vivenciar todos os detalhes como se estivéssemos fazendo parte da operação.
Nunca gostei muito desses filmes sobre o Oriente Médio que surgiram depois do 11 de Setembro, mas aqui, em vez de ser um retrato chato sobre terrorismo, tortura, o filme é contado como a história de sucesso de uma jovem agente da CIA (Jessica Chastain, indicada ao Oscar). Capturar Bin Laden é a meta dela, sua obsessão pessoal, e o filme é sobre essa realização (o fato de ser uma mulher numa missão tão violenta torna a situação ainda mais fascinante).
Demora um tempo até a história engatar. No começo a personagem está distante, meio apática (Jessica demora pra se encontrar no papel). É mais depois da primeira hora (em particular depois que morre um personagem importante num atentado), que a coisa se torna pessoal e o filme ganha força. Quando Jessica diz, com uma expressão calma, "eu vou acabar com todos os envolvidos nessa operação, e depois eu vou matar Bin Laden", você sabe que não está mais vendo um documentário glamourizado sobre terroristas... Você está vendo Sigourney Weaver em Aliens ou Linda Hamilton em O Exterminador do Futuro 2 (a diretora Kathryn Bigelow foi casada por 3 anos com James Cameron - alguma coisa ela aprendeu sobre mulheres fortes).
O filme vai se tornando cada vez mais intenso e caminhando sem desvios em direção ao clímax. A partir do momento em que os helicópteros partem no voo silencioso (e belíssimo) em direção à casa onde estaria Bin Laden, é praticamente impossível piscar.
Achei um dos filmes mais envolventes e satisfatórios do ano (é talvez o melhor que já vi dirigido por uma mulher). Está indicado a 5 Oscars incluindo Melhor Atriz, Roteiro Original e Filme.
Zero Dark Thirty (EUA / 2012 / 157 min / Kathryn Bigelow)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Argo, Guerra ao Terror, A Rede Social, Vôo United 93.
NOTA: 9.0
sábado, 16 de fevereiro de 2013
O Lado Bom da Vida
Comédia romântica roteirizada e dirigida por David O. Russell (originalmente era pra ter sido feita por Sydney Pollack e Anthony Minguella, mas ambos morreram em 2008). É o primeiro filme desde Reds (1981) a ser indicado ao Oscar nas 4 categorias de interpretação (foram 8 indicações ao todo, incluindo as "Big Five", que é quando um filme é indicado nas 5 categorias mais importantes: Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro).
Bradley Cooper interpreta um homem com transtorno bipolar que sai de um hospital psiquiátrico após 8 meses em tratamento. Ele volta a morar com seus pais (Jacki Weaver e Robert De Niro - em sua melhor performance dos últimos anos), e eventualmente conhece a personagem da Jennifer Lawrence, uma garota igualmente neurótica com quem ele começa uma amizade inesperada.
É importante notar que essa não é uma comédia realista sobre problemas psicológicos (se fosse, eu provavelmente teria gostado menos da história). Ela transforma a neurose em algo atraente e divertido. Em vez de torná-los pessoas incapazes e frustradas, os "problemas" no fundo dão a eles qualidades positivas; tornam eles pessoas fascinantes pois são muito mais honestas, intensas e autênticas que o comum - vivem a vida e dizem o que pensam sem nenhum receio do que os outros vão achar.
É pra ser visto como uma comédia romântica mesmo, mas muito acima da média em termos de interpretação e roteiro (a dança que eles planejam pro final do filme dá um ótimo senso de direção pra história, de uma maneira meio Pequena Miss Sunshine).
Jennifer está perfeita no papel e é daquelas acertos de casting que, quando a atriz entra em cena pela primeira vez, antes mesmo dela dizer a primeira palavra você já pensa "Oscar!". Me lembrou a Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona - além dela também fazer o tipo atraente/maluca, demora um certo tempo até a personagem aparecer, criando certa expectativa - quando ela finalmente surge, você quase pode ver as faíscas saindo da tela.
Silver Linings Playbook (EUA / 2012 / 122 min / David O. Russell)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Pequena Miss Sunshine, Alguém Tem que Ceder, Melhor É Impossível, comédias do Woody Allen.
NOTA: 8.0
Bradley Cooper interpreta um homem com transtorno bipolar que sai de um hospital psiquiátrico após 8 meses em tratamento. Ele volta a morar com seus pais (Jacki Weaver e Robert De Niro - em sua melhor performance dos últimos anos), e eventualmente conhece a personagem da Jennifer Lawrence, uma garota igualmente neurótica com quem ele começa uma amizade inesperada.
É importante notar que essa não é uma comédia realista sobre problemas psicológicos (se fosse, eu provavelmente teria gostado menos da história). Ela transforma a neurose em algo atraente e divertido. Em vez de torná-los pessoas incapazes e frustradas, os "problemas" no fundo dão a eles qualidades positivas; tornam eles pessoas fascinantes pois são muito mais honestas, intensas e autênticas que o comum - vivem a vida e dizem o que pensam sem nenhum receio do que os outros vão achar.
É pra ser visto como uma comédia romântica mesmo, mas muito acima da média em termos de interpretação e roteiro (a dança que eles planejam pro final do filme dá um ótimo senso de direção pra história, de uma maneira meio Pequena Miss Sunshine).
Jennifer está perfeita no papel e é daquelas acertos de casting que, quando a atriz entra em cena pela primeira vez, antes mesmo dela dizer a primeira palavra você já pensa "Oscar!". Me lembrou a Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona - além dela também fazer o tipo atraente/maluca, demora um certo tempo até a personagem aparecer, criando certa expectativa - quando ela finalmente surge, você quase pode ver as faíscas saindo da tela.
Silver Linings Playbook (EUA / 2012 / 122 min / David O. Russell)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Pequena Miss Sunshine, Alguém Tem que Ceder, Melhor É Impossível, comédias do Woody Allen.
NOTA: 8.0
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Inatividade Paranormal
Paródia de Atividade Paranormal estrelada, co-escrita e co-produzida por Marlon Wayans (de Todo Mundo em Pânico e As Branquelas). O filme mostra um casal que decide ir morar junto, mas logo descobre que há algo de errado na casa.
O interessante do filme é que ele funciona quase que de maneira independente. É no fundo uma comédia sobre a intimidade, sobre os problemas do convívio (e que também mostra o que seria o "jeito dos negros" de lidarem com assombrações). Há referências diretas a Atividade Paranormal claro, como a aterrorizante "câmera do ventilador" do AP3, que gera uma das cenas mais hilárias do filme (uma câmera de segurança instalada no suporte de um ventilador, de forma que ela faz movimentos na horizontal, cada hora revelando uma coisa), mas nunca há piadas inexplicáveis, referências desnecessárias a atualidades, etc.
Por menos "sofisticado" que seja, tenho sempre a impressão de que Wayans realmente gosta do que faz e se esforça pra entregar um filme honesto, com personagens gostáveis e uma mensagem bem intencionada. Só resta ver se será mais divertido que Todo Mundo em Pânico 5, que estreia em breve e também será uma paródia de AP (a série Todo Mundo em Pânico não tem mais os envolvimento dos Wayans, mas tem por trás Pat Proft e David Zucker, dois grandes mestres do gênero).
A Haunted Hause (EUA / 2013 / 86 min / Michael Tiddes)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Bobeou Dançou, O Pequenino, Todo Mundo em Pânico, etc.
NOTA: 6.5
O interessante do filme é que ele funciona quase que de maneira independente. É no fundo uma comédia sobre a intimidade, sobre os problemas do convívio (e que também mostra o que seria o "jeito dos negros" de lidarem com assombrações). Há referências diretas a Atividade Paranormal claro, como a aterrorizante "câmera do ventilador" do AP3, que gera uma das cenas mais hilárias do filme (uma câmera de segurança instalada no suporte de um ventilador, de forma que ela faz movimentos na horizontal, cada hora revelando uma coisa), mas nunca há piadas inexplicáveis, referências desnecessárias a atualidades, etc.
Por menos "sofisticado" que seja, tenho sempre a impressão de que Wayans realmente gosta do que faz e se esforça pra entregar um filme honesto, com personagens gostáveis e uma mensagem bem intencionada. Só resta ver se será mais divertido que Todo Mundo em Pânico 5, que estreia em breve e também será uma paródia de AP (a série Todo Mundo em Pânico não tem mais os envolvimento dos Wayans, mas tem por trás Pat Proft e David Zucker, dois grandes mestres do gênero).
A Haunted Hause (EUA / 2013 / 86 min / Michael Tiddes)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Bobeou Dançou, O Pequenino, Todo Mundo em Pânico, etc.
NOTA: 6.5
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
João e Maria - Caçadores de Bruxas
Baseado no conto de fadas dos Irmãos Grimm, o filme é uma espécie de sequência da história, mostrando João e Maria já adultos, agora trabalhando como caçadores profissionais de bruxas. É o tipo de filme que eu chamo de "comercial" no sentido negativo do termo - não significando que ele é divertido e agrada ao público em geral, mas no sentido de que ele parece apenas uma estratégia pra se fazer dinheiro - agora que as versões "dark" das histórias em quadrinhos já cansaram, alguém descobriu todo um novo nicho de mercado nas versões dark de contos de fadas - e daí surge uma avalanche de filmes do mesmo tipo, um tentando estrear antes que o outro antes que a moda passe.
Apesar de extremamente violento, o filme não é dark no sentido de ser pessimista, desses que os personagens têm problemas psicológicos, são anti-heróis, etc (ufa). Mas infelizmente é tudo muito esquecível, convencional (as bruxas lutam como todos os zumbis e vampiros desses filmes recentes). Visualmente a produção não é das piores, mas não há envolvimento na história, surpresas, nem uma trama interessante pra seguir. É o tipo de filme que você vê sendo vendido em camelô e ele parece perfeitamente bem ali.
Hansel & Gretel: Witch Hunters (Alemanha, EUA / 2012 / 88 min / Tommy Wirkola)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros, da série Resident Evil, etc.
NOTA: 3.5
Apesar de extremamente violento, o filme não é dark no sentido de ser pessimista, desses que os personagens têm problemas psicológicos, são anti-heróis, etc (ufa). Mas infelizmente é tudo muito esquecível, convencional (as bruxas lutam como todos os zumbis e vampiros desses filmes recentes). Visualmente a produção não é das piores, mas não há envolvimento na história, surpresas, nem uma trama interessante pra seguir. É o tipo de filme que você vê sendo vendido em camelô e ele parece perfeitamente bem ali.
Hansel & Gretel: Witch Hunters (Alemanha, EUA / 2012 / 88 min / Tommy Wirkola)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros, da série Resident Evil, etc.
NOTA: 3.5
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
O Último Desafio
Primeiro filme de Schwarzenegger como protagonista desde O Exterminador do Futuro 3 (em 2003), quando ele se afastou das telas pra governar a Califórnia. O filme conta a história do xerife de uma cidadezinha do Arizona e seus delegados que precisam enfrentar um chefão das drogas que pretende fugir para o México passando justamente pela cidade deles (detalhe: num carro misterioso que vai a 300 km/h!).
Ou seja, a graça do filme é a de ver um grupo de amadores derrotando criminosos que nem o FBI foi capaz de capturar.
O filme às vezes é um policial sério, às vezes é uma comédia, daí vira um filme "cool" e subversivo no estilo Tarantino - mas essas atitudes todas parecem nunca se encaixar no mesmo filme. Quando Johnny Knoxville aparece de roupão e óculos de aviador, é como se o diretor tivesse ficado doente naquele dia e a cena tivesse sido dirigida por um assistente com conceitos próprios. Só mais pro final o filme encontra o tom certo, quando vira uma sequência de ação non-stop dessas bem absurdas que vai agradar aos fãs de Jason Statham, Jackie Chan e cia.
Schwarzenegger é um dos maiores astros de Hollywood e é sempre uma figura carismática - só achei um pouco estranho vê-lo como xerife de uma cidadezinha pequena, num filme de escala menor. Após décadas encarnando personagens maiores que a vida, nada menos que salvar o mundo parece adequado pra ele.
The Last Stand (EUA / 2013 / 107 min / Jee-woon Kim)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Os Mercenários, RED - Aposentados e Perigosos, Rambo 4.
NOTA: 6.0
Ou seja, a graça do filme é a de ver um grupo de amadores derrotando criminosos que nem o FBI foi capaz de capturar.
O filme às vezes é um policial sério, às vezes é uma comédia, daí vira um filme "cool" e subversivo no estilo Tarantino - mas essas atitudes todas parecem nunca se encaixar no mesmo filme. Quando Johnny Knoxville aparece de roupão e óculos de aviador, é como se o diretor tivesse ficado doente naquele dia e a cena tivesse sido dirigida por um assistente com conceitos próprios. Só mais pro final o filme encontra o tom certo, quando vira uma sequência de ação non-stop dessas bem absurdas que vai agradar aos fãs de Jason Statham, Jackie Chan e cia.
Schwarzenegger é um dos maiores astros de Hollywood e é sempre uma figura carismática - só achei um pouco estranho vê-lo como xerife de uma cidadezinha pequena, num filme de escala menor. Após décadas encarnando personagens maiores que a vida, nada menos que salvar o mundo parece adequado pra ele.
The Last Stand (EUA / 2013 / 107 min / Jee-woon Kim)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Os Mercenários, RED - Aposentados e Perigosos, Rambo 4.
NOTA: 6.0
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Os Miseráveis
Adaptação para o cinema de um dos musicais mais famosos dos palcos, que por sua vez é uma adaptação da obra-prima literária de Victor Hugo. Foi dirigido por Tom Hooper (de O Discurso do Rei) e está indicado a 8 Oscars (Anne Hathaway tem fortes chances de ganhar como atriz coadjuvante).
Nunca vi a peça mas julgando pelo filme tenho a impressão de que não seria dos meus musicais favoritos - e o motivo principal é que as canções em grande parte são desinteressantes, sem uma estrutura satisfatória, sem refrões memoráveis (com a exceção de "On My Own" talvez e "I Dreamed a Dream" - aquela que fez a fama da Susan Boyle). Geralmente não sou fã de musicais inteiros cantados - acho que o canto é um elemento dramático demais pra ser gasto em diálogos, explicações de trama... Há uma razão natural pela qual músicas são quase sempre sobre amor, felicidade, mensagens universais - e não sobre assuntos burocráticos, política, etc.
E no "Les Mis" é tudo tão sofrido, tão sujo, que você fica se perguntando "quem é que cantaria num contexto desses?". Os personagens cantam quando estão prestes a morrer, quando estão mergulhados no esgoto... Ao enfeitar todos esses momentos com canções, é como se o filme dissesse "veja como é belo sofrer" (no teatro talvez haja um distanciamento psicológico, pois tudo é mais artificial - mas no cinema eles parecem estar cantando num esgoto MESMO).
Outra coisa que não gosto no filme (e isso nada tem a ver com a peça) é que ele é filmado como se fosse um drama normal, não-musical. Nada na fotografia ou na edição parece levar em conta que há música narrando o filme, tirando o prazer "sinestésico" que vem da harmonia entre imagem e som (como referência, veja essa pequena cena de A Noviça Rebelde - repare como a música começa calma e constrói para um clímax, e como a imagem segue sutilmente essa evolução: os poucos movimentos de câmera só vêm na segunda parte, quando o arranjo começa a intensificar; a nota mais aguda no fim é um close mais fechado e mais iluminado se comparado com o resto da cena; e veja como os cortes da edição são sempre feitos nos respiros, entre as frases, nunca bruscamente enquanto canta a personagem).
Como musical pra mim a experiência foi frustrante (nem os vocais são tão bonitos, pois eles foram gravados ao vivo no set - uma decisão bem questionável do diretor). Acho que Tom Hooper teria sido um diretor mais adequado pra uma adaptação normal do livro, não para essa versão. Só tenho algum respeito pelo filme porque no fim das contas é uma grande história de Victor Hugo, numa produção bem cuidada, com bons atores. Mas é um caso confuso, com muitos prós e muitos contras.
Les Misérables (Reino Unido / 2012 / 158 min / Tom Hooper)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Nine, Sweeney Todd, Evita.
NOTA: 6.0
Nunca vi a peça mas julgando pelo filme tenho a impressão de que não seria dos meus musicais favoritos - e o motivo principal é que as canções em grande parte são desinteressantes, sem uma estrutura satisfatória, sem refrões memoráveis (com a exceção de "On My Own" talvez e "I Dreamed a Dream" - aquela que fez a fama da Susan Boyle). Geralmente não sou fã de musicais inteiros cantados - acho que o canto é um elemento dramático demais pra ser gasto em diálogos, explicações de trama... Há uma razão natural pela qual músicas são quase sempre sobre amor, felicidade, mensagens universais - e não sobre assuntos burocráticos, política, etc.
E no "Les Mis" é tudo tão sofrido, tão sujo, que você fica se perguntando "quem é que cantaria num contexto desses?". Os personagens cantam quando estão prestes a morrer, quando estão mergulhados no esgoto... Ao enfeitar todos esses momentos com canções, é como se o filme dissesse "veja como é belo sofrer" (no teatro talvez haja um distanciamento psicológico, pois tudo é mais artificial - mas no cinema eles parecem estar cantando num esgoto MESMO).
Outra coisa que não gosto no filme (e isso nada tem a ver com a peça) é que ele é filmado como se fosse um drama normal, não-musical. Nada na fotografia ou na edição parece levar em conta que há música narrando o filme, tirando o prazer "sinestésico" que vem da harmonia entre imagem e som (como referência, veja essa pequena cena de A Noviça Rebelde - repare como a música começa calma e constrói para um clímax, e como a imagem segue sutilmente essa evolução: os poucos movimentos de câmera só vêm na segunda parte, quando o arranjo começa a intensificar; a nota mais aguda no fim é um close mais fechado e mais iluminado se comparado com o resto da cena; e veja como os cortes da edição são sempre feitos nos respiros, entre as frases, nunca bruscamente enquanto canta a personagem).
Como musical pra mim a experiência foi frustrante (nem os vocais são tão bonitos, pois eles foram gravados ao vivo no set - uma decisão bem questionável do diretor). Acho que Tom Hooper teria sido um diretor mais adequado pra uma adaptação normal do livro, não para essa versão. Só tenho algum respeito pelo filme porque no fim das contas é uma grande história de Victor Hugo, numa produção bem cuidada, com bons atores. Mas é um caso confuso, com muitos prós e muitos contras.
Les Misérables (Reino Unido / 2012 / 158 min / Tom Hooper)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Nine, Sweeney Todd, Evita.
NOTA: 6.0