segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Que Horas Ela Volta?

Meu Alerta Vermelho bombou nesse filme sobre uma empregada doméstica (Regina Casé) que começa a ter conflitos com os patrões quando traz sua filha adolescente pra morar de favor na casa deles. A garota (um dos personagens mais detestáveis de toda a história do cinema) é extremamente inconveniente e já chega querendo ocupar uma das suítes da casa (e não o quarto oferecido pra ela), nadar na piscina, comer o sorvete favorito dos donos (e não por inocência, o que seria mais perdoável, mas de maneira consciente, pra fazer uma afirmação política, como se ela estivesse exercendo os seus "direitos"). E quando a dona da casa começa a ficar incomodada com isso tudo (com toda a razão) o filme tenta retratá-la como preconceituosa, hipócrita, elitista e tudo mais (eles escalaram uma atriz extremamente antipática pro papel, o que facilita o trabalho para os que se deixam levar pelas aparências, não pelos fatos).

A "crítica" aqui parece ser a de que os patrões são maus por não transformarem a relação profissional que têm com a empregada em uma relação familiar, dando a ela todas as liberdades em casa que dariam a um parente - o que não faz sentido e não seria apropriado nesse contexto. Se surgisse uma ligação profunda entre empregado e patrão, a natureza da relação se transformasse (por exemplo: A Noviça Rebelde) mas mesmo assim o patrão se distanciasse do empregado apenas por ele ser de outra classe social, daí sim eu diria que houve um preconceito indevido. Mas não é o que acontece no filme - apesar da amizade e da boa vontade, a relação deles é essencialmente prática, profissional. E mesmo que a filha da Regina Casé fosse parte da família, mesmo que houvesse uma ligação pessoal extraordinária entre eles, se ela se comportasse daquela forma, sendo abusiva e inconveniente, ela ainda seria totalmente desprezível.

O filme é um ataque burro, preconceituoso e mal intencionado contra os ricos, e não há como aclamá-lo nem por méritos estéticos. A Regina Casé está adequada no papel e é tolerável principalmente na primeira parte da história, mas quando ela começa a dar ouvidos para a filha (quem ela devia ter tirado da casa logo nos primeiros dias), ela vai perdendo o ar de bondade que projetava no início.

(Que Horas Ela Volta? / BRA / 2015 / Anna Muylaert)

FILMES PARECIDOS: Força Maior / Dois Dias, Uma Noite / O Som ao Redor

NOTA: 0.0

sábado, 29 de agosto de 2015

Corrente do Mal


ANOTAÇÕES:

- O ESTILO parece ser o grande diferencial do filme. Tudo muito diferente e autêntico: a fotografia bonita, as locações, o ritmo mais lento, a trilha sonora meio anos 80, a direção de arte, a mistura de objetos futuristas com coisas retrô que impedem a gente de entender em que época o filme se passa, detalhes como a formiga no braço da menina na piscina... Meio nonsense mas pelo menos soa original.

- Intrigante o começo quando ainda não entendemos o que está acontecendo (a menina correndo pra fora da casa na cena inicial, o rapaz amarrando a protagonista na cadeira, etc). É um "monstro" diferente pra filme de terror.

- Gosto dos personagens, da amizade entre eles, do clima suburbano meio nostálgico.

- SPOILER: Sinistro o "gigante" que aparece do nada no corredor. Boa ideia!

- SPOILER: Surpreendente a cena na praia (a puxada de cabelo, etc). Até então não sabíamos que os amigos poderiam ver a "coisa" indiretamente.

- Um pouco forçado ela ficar vários dias no hospital só por causa daquela batidinha de carro. 

- O filme cai um pouco naquela categoria do Atividade Paranormal, onde a protagonista apenas aguarda passivamente a próxima aparição do monstro e não tem muito o que fazer. Talvez fosse melhor se ela estivesse indo atrás de uma solução definitiva pro problema, o que por enquanto não parece existir.

- O que acontece no barco? Ela nadou até lá? Transou com algum dos caras?

- SPOILER: De onde veio a ideia de eletrocutar o monstro dentro da piscina? Por que isso funcionaria? Por que o amigo está tentando atirar se já ficou claro que isso não resolve nada? Por que a menina não sai da piscina logo que percebe que o choque não está funcionando? Por que ela vai engatinhando até a borda da piscina, sendo que bastaria ficar de pé pra ver se o cara estava lá? Esse trecho todo na piscina parece meio forçado e sem sentido. (Será que foi inspirado em Sangue de Pantera?)

- SPOILER: No fim o cara morreu na piscina? Ela passou a maldição pro Paul? Paul dormiu com uma das prostitutas? Os dois estavam sendo seguidos na cena final ou era só um pedestre? Ruim o final. O filme confunde a plateia de propósito pra parecer sofisticado, mas acaba parecendo preguiçoso.

CONCLUSÃO: Filme de terror diferente, com um bom senso de estilo (mas que não esquece dos elementos básicos do gênero por conta disso), que apenas se perde um pouco no final e deixa algumas perguntas importantes não respondidas.

(It Follows / EUA / 2014 / David Robert Mitchell)

FILMES PARECIDOS: The Babadook / Ex Machina / Deixe-me Entrar

NOTA: 7.0

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O Homem Irracional

NOTAS DA SESSÃO:

- Amo que o filme se chama O Homem Irracional e que a primeira palavra pronunciada seja "Kant", rs.

- Certamente não simpatizo pelo estereótipo que o Abe representa (Joaquin Phoenix) - o intelectual deprimido, perturbado, com uma visão negativa da vida, que gosta de Kant e Kierkegaard. As ideias dele são todas erradas. Ele ensina filosofia, mas na prática acha que não passa de "masturbação mental" (o que dá pra entender nesse contexto). O bom é que o filme não o glamouriza. Apesar da Jill (Emma Stone) se encantar por ele, o filme deixa claro que não apoia a filosofia do personagem. 

- É engraçado a Jill falando do sofrimento do Abe, como se fosse algo que o tornasse interessante, sexy. Infelizmente muita gente pensa assim na vida real. Ótimos atores e caracterizações. 

- Boa a cena da roleta russa!

- Adoro a clareza da discussão, a precisão intelectual, psicológica. Há um senso de ordem e racionalidade no filme que não se vê todo dia. 

- SPOILER: Interessante o desenvolvimento da história (ele decidir matar o juiz, etc). No fundo o filme é uma crítica às ideias do cara e mostra o quão destrutiva pode ser a filosofia que ele segue, etc. É um filme racional sobre um homem irracional. 

- Engraçado o término da Jill com o namorado. Imagine se as pessoas fossem tão honestas e bem resolvidas assim na vida real, rs. 

- Legal o suspense que vai sendo criado quando a Jill se aproxima da verdade (ela deduzindo como o crime foi cometido, etc). O roteiro é muito bem estruturado. Começou como um romance entre uma garota e o professor de filosofia, depois virou uma história de crime, agora o foco mudou pra Jill indo atrás da verdade. Teria dado um ótimo suspense hitchcockiano, mas o foco do Woody Allen é mais no lado intelectual, na filosofia, etc.

- Boas reviravoltas no final! Incrível como a trama é bem construída, como a discussão moral é bem integrada nos acontecimentos da história, etc. Acho o Woody Allen um dos contadores de história mais competentes em atividade.

- SPOILER: Muito bom o clímax no elevador e o detalhe da lanterna. Desfecho "redondo" e satisfatório.

CONCLUSÃO: Não particularmente inovador (pro Woody Allen) ou emocionante, mas uma história altamente inteligente, bem contada e com ótimas caracterizações.

(Irrational Man / EUA / 2015 / Woody Allen)

FILMES PARECIDOS: Ela / Magia ao Luar / Match Point

NOTA: 7.5

sábado, 22 de agosto de 2015

Alerta Vermelho

É o alerta que dispara na minha cabeça quando o artista demonstra, de maneira consistente, antipatia ou ódio por alguns dos seguintes conceitos (que deveriam ser vistos como coisas boas e desejáveis por uma pessoa bem resolvida):

- autoestima / orgulho / ambição
- prazer / diversão / entretenimento
- otimismo / felicidade
- mérito / talento / habilidade / força
- fama / popularidade
- carisma / beleza física / sensualidade
- julgamentos morais / certo vs. errado / bem vs. mal
- razão / objetividade
- capitalismo / cultura ocidental / EUA
- dinheiro / ricos / sucesso
- propriedade privada / conforto material
- civilização / progresso / tecnologia

É importante notar que muitas dessas coisas, quando interpretadas de maneira errada, podem de fato ser ruins. Por exemplo: enquanto autoestima é um conceito positivo e saudável, o narcisismo ou a arrogância já não são (e não são “excesso” de autoestima, mas, sim, a falta dela). Enquanto entretenimento é algo bom, produtos enlatados e estúpidos feitos só pra vender não são (e raramente divertem muito). Enquanto o otimismo é algo positivo, uma pessoa superficial e tola não é (e não permanecerá otimista por muito tempo quando as consequências de sua tolice vierem cobrar o preço). Enquanto riqueza é algo bom, ficar rico roubando, sendo corrupto e desonesto não é (e nem fará a pessoa ter uma real qualidade de vida) — e por aí vai.

Então se você quer criticar a arrogância, por exemplo, é importante deixar claro que o que você está atacando não é o conceito de autoestima, e sim o “mau uso” dela (uma boa forma de fazer isso é incluindo na sua história um exemplo positivo de autoestima, contrastando com o exemplo ruim). Quando a pessoa não faz isso, quando ela não deixa claro o que ela está atacando e o que ela está defendendo, deixando a crítica vaga e sem definições, provavelmente é porque ela deseja atacar o valor positivo em si, e está motivada por ressentimento, preconceito e outros sentimentos destrutivos.

Os artistas raramente fazem ataques a essas ideias de maneira direta, pois ficaria óbvio que eles estão mal-intencionados. O jeito então é esconder o ataque por trás de algo mais aceitável: vamos supor que você tenha um ressentimento contra pessoas bem-sucedidas. Se você disser por aí “eu odeio o sucesso”, provavelmente você não será muito respeitado. Mas se você disser “eu odeio a ganância” e caracterizar todas as pessoas de sucesso como corruptas, imorais, de forma generalizada, juntando as duas ideias num mesmo saco, você parecerá moralmente respeitável, e ainda conseguirá causar o dano no seu verdadeiro alvo: as pessoas de sucesso.

Essa é a essência do Anti-Idealismo, e em termos de Senso de Vida, é uma das coisas mais maligna que eu posso perceber em uma obra.

O Pequeno Príncipe

Até que pra uma animação não-americana, o filme é tecnicamente muito bem feito. Como não li o livro O Pequeno Príncipe e conheço a história só de algumas peças infantis, fui curioso pra aprender mais sobre a obra, o que acabou sendo um pouco frustrante, porque o filme não é de fato uma adaptação do livro, mas uma história original onde, ao longo da narrativa, é contada a história do Pequeno Príncipe como se fosse em flashbacks. Mas é tudo meio resumido, apressado - o interesse parece ser mais o de apresentar as frases famosas do livro, as mensagens filosóficas, sem contar a história de uma maneira completa.

A parte original do filme - a história da garotinha que cria uma amizade com o senhor da casa ao lado - também não é das mais empolgantes. Pra quem leva uma vida tão terrivelmente chata como a da garota, passar algumas horas na casa de um velhinho excêntrico pode parecer uma boa diversão, mas pro espectador no cinema isso ainda não chega a ser um grande êxtase. Acaba que nem a história "real" do filme, e nem a história do Pequeno Príncipe são totalmente exploradas.

Na parte final, o filme ganha um tom de fantasia / aventura, pois a menina "entra" no mundo do Pequeno Príncipe, mas fica difícil de curtir todo esse trecho, que parece ser apenas uma alucinação na mente da menina ou do cineasta. Não é algo que está "realmente" acontecendo na história, o que tira toda a graça. O clímax do filme basicamente se passa num hospital, onde a menina vai visitar o vizinho que está à beira da morte: pra um filme que sugere tantas vezes que adultos são maus, que devemos preservar o otimismo e o espírito da infância, o filme se contradiz e acaba ele próprio sendo o adulto chato que já esqueceu do que é que as crianças gostam.

O filme também é repleto de críticas à vida moderna, e tem mensagens bem questionáveis. Apesar da produção com cara de americana (o diretor é o mesmo de Kung Fu Panda), o espírito aqui é bastante europeu e meu Alerta Vermelho ficou soando a sessão inteira.

(The Little Prince / França / 2015 / Mark Osborne)

FILMES PARECIDOS: Operação Big Hero / Festa no Céu / A Canção do Oceano / Os Boxtrolls / Coraline e o Mundo Secreto

NOTA: 4.5

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Missão: Impossível - Nação Secreta

- Boa sequência de abertura / entrada do herói. Tom Cruise continua impecável como Ethan Hunt.

- Demais a cena dele escapando da tortura subindo pelo cano!

- O filme tem uma violência "limpa" - foca nas habilidades do herói e não em machucados, coisas desagradáveis.

- A trama (assim como em outros filmes da série) não é de fato interessante. É apenas um "MacGuffin", como diria o Hitchcock. O filme só fica de fato interessante durante as cenas de ação, que são muito bem feitas, construídas como "set pieces" - mais ou menos a proposta de filmes como Mercenários, Velozes e Furiosos, mas num nível bem acima em termos de produção, direção, atuação, trilha sonora (e num nível abaixo de 007 - Operação Skyfall).

- Algumas coisas parecem apenas desculpas pra cenas de ação... Não parece muito realista ele ter que mergulhar sem equipamento na usina só pra desativar o sistema de segurança. Mas desconsiderando isso, a cena é bem feita.

- Locações interessantes. Boa a cena de ação durante a ópera em Viena (também é bem Hitchcockiano situar cenas de ação em pontos turísticos famosos). Mas já é um clichê desde O Homem que Sabia Demais isso do assassinato ter que ocorrer num ponto específico da partitura.

- Ótima a perseguição de moto (ele sem capacete). Pena que no fim parece ter sido tudo em vão.

- Filmes de espionagem geralmente não me agradam muito por serem muito impessoais - essa obsessão por chips e pen-drives, etc. Falta um elemento mais humano na história.

- SPOILER: Boa a ideia do próprio Ethan ter que sequestrar o ministro no final. É uma reviravolta interessante que renova a energia da história pro último ato.

CONCLUSÃO: Um pouco previsível e familiar demais, mas ainda bem feito, com cenas de ação empolgantes e Cruise está muito bem como de costume.

(Mission: Impossible - Rogue Nation / EUA, Hong Kong, China / 2015 / Christopher McQuarrie)

FILMES PARECIDOS: Velozes & Furiosos 7 / No Limite do Amanhã / Jack Reacher: O Último Tiro / 007 - Operação Skyfall / O Legado Bourne / Missão: Impossível (todos)

NOTA: 7.0

sábado, 8 de agosto de 2015

Quarteto Fantástico

- Gosto do casting. O filme tem uma preocupação em construir os personagens, os relacionamentos entre os protagonistas (por exemplo, a cena em que Miles Teller e Kate Mara conversam sobre música, etc).

- Acho legal que o filme começa com um ritmo mais lento, apresentando a história com calma e clareza, sem apelar de cara pra cenas de ação e efeitos especiais.

- O problema é que essa "introdução" não acaba nunca! O que deveria ter sido resumido em 20 minutos é praticamente o filme inteiro. O filme foca na construção da máquina, mas o que o público quer ver de fato é o Quarteto Fantástico em ação - não um drama científico sobre a invenção do teletransporte. Demora quase 1 hora até eles usarem a máquina pela primeira vez e irem pra outra dimensão. Isso é quase como ver um filme pornô sem cenas de sexo.

- SPOILER: Uma coisa interessante é que não é óbvio como o Quarteto será formado. Primeiro achamos que serão os 4 homens que vão pra outra dimensão, mas no fim o Victor fica pra trás, e a Kate Mara é que se torna a quarta integrante por acidente.

- Meio mórbido o processo de transformação dos personagens (o Miles Teller com os membros esticados, etc). Não tem um tom divertido, fantasioso - acaba parecendo algo médico, real, uma deformação física. Mas é uma abordagem interessante.

- Escolha péssima do roteiro saltar 1 ano pra frente e mostrar os personagens já dominando os poderes, aparecendo na TV, etc. O filme ficou horas mostrando o desenvolvimento da máquina, e na hora que finalmente vai acontecer algo de interessante, tudo é resumido numa passagem de tempo!

- Faltam metas, conflitos, ação. O filme vira praticamente um drama sobre pessoas com problemas físicos. O único objetivo dos personagens agora é encontrar o Miles Teller que fugiu, e depois buscar a "cura" pras mutações deles. Não é uma história envolvente, não tem aventura, não tem humor... O filme vai contra tudo o que se espera de um filme desse gênero. Eu até simpatizo pela intenção de fazer algo diferente, de não querer ser apenas mais um filme clichê de super-heróis, mas ele não tem um roteiro bom o bastante pra funcionar apenas como drama e poder abrir mão de todo o lado "pipoca".

- O vilão surge só no finalzinho, mas daí já é tarde demais pra construir um conflito interessante. Até 1 hora e meia de filme a gente nem sabia que haveria um vilão na história!

CONCLUSÃO: Tentativa interessante de fugir dos clichês do gênero, mas o roteiro é mal estruturado e além de privar a plateia do que ela quer ver, não oferece nada de melhor em troca.

(Fantastic Four / EUA / 2015 / Josh Trank)

FILMES PARECIDOS: Wolverine: Imortal / Capitão América: O Primeiro Vingador / Hulk

NOTA: 5.0

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Sobrenatural: A Origem

ANOTAÇÕES:

- Protagonista um pouco sem sal. Mas a produção em geral é decente.

- SPOILER: Surpreendente o atropelamento!

- Detesto sustos baratos e inconsequentes... Aparece claramente um monstro na frente do personagem, mas depois a luz acende, tudo fica parecendo uma alucinação, e a história continua como se nada tivesse acontecido.

- Por que o pai enxerga a rachadura no teto, mas não vê pegadas do monstro no chão do quarto da filha? Me irrita essa falta de definição - não sabemos o que é físico, o que é "não-físico", o que se passa apenas na cabeça das pessoas, etc.

- História fraca, típica desses filmes atuais de terror: a protagonista é totalmente passiva, não tem o que fazer, fica na cama parada aguardando a próxima aparição do monstro. Daí há um susto, e o processo se repete. Tédio!


- SPOILER: Clichês e mais clichês: a senhora mística que vem pra ajudar, a ideia de que reality shows sobre caçadores de fantasmas são legítimos, a menina que fica possuída no final (qual o sentido desse olho na garganta???), a cena "emocionante" onde a garota descobre que a mãe morta estava vendo o teste dela pra escola de teatro (cópia de O Sexto Sentido).

- SPOILER: Os sustos não são tão interessantes quanto os dos outros 2 filmes da série, provavelmente porque este não é dirigido pelo James Wan. Pelo menos houve uma participação do monstro da cara vermelha, que eu tinha sentido falta no capítulo anterior.

CONCLUSÃO: Produção razoável que peca pela monotonia, previsibilidade e falta de originalidade do roteiro.

(Insidious: Chapter 3 / Canadá, EUA / 2015 / Leigh Whannell)

FILMES PARECIDOS: Poltergeist: O Fenômeno (2015) / Livrai-nos do Mal / Mama / A Mulher de Preto / Atividade Paranormal

NOTA: 4.0

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Magic Mike XXL

ANOTAÇÕES:

- Filme incrivelmente mal dirigido. Tudo é pavoroso: a direção de atores, a escolha de ângulos, de cortes. E não é só a direção que é ruim... Os diálogos são horríveis, a fotografia, o som parece de filme amador. É uma das coisas mais estranhas que eu já vi no cinema mainstream. Só 2 coisas salvam o filme do desastre completo (pelo menos aos olhos do espectador leigo): o filme "vende" corpos bonitos, e cumpre essa promessa entregando corpos bonitos. E Channing Tatum tem um carisma natural que sobrevive mesmo à pior das direções.

- Os amigos strippers não formam um grupo de personagens gostáveis.

- É bonitinho o Tatum querer melhorar o show, fazer algo mais autêntico, mas não dá pra gente realmente levar a sério essa trama, se importar pela "qualidade" de um show de strippers como se eles fossem artistas criando algo relevante. Não há conflitos, algo mais sério que faça a gente se importar.

- O filme tem uma cena horrível após a outra! O cara seduzindo a balconista na loja de conveniência é constrangedora - a direção é toda realista, e de uma hora pra outra tem essa cena que parece tirada de uma comédia pastelão com o Adam Sandler! A batida do caminhão acho que é o acidente de carro mais patético que eu já vi no cinema. A sequência na casa da Andie MacDowell é bizarra demais pra descrever.

- Quantas vezes o filme mostrará um stripper se esfregando em uma mulher gorda, achando que há algo de engraçado nisso? Dá até pena dessas atrizes.

- Apresentações finais tediosas!! Cada um tem sua própria apresentação, mas o Mike que é o principal divide o palco com o amigo??

CONCLUSÃO: Uma experiência constrangedora e um dos filmes mais mal dirigidos que eu já vi. Apenas Channing Tatum não se sai mal.

(Magic Mike XXL / EUA / 2015 / Gregory Jacobs)

FILMES PARECIDOS: Não Olhe para Trás / Amante a Domicílio / Magic Mike / Burlesque / Show Bar

NOTA: 2.0

domingo, 2 de agosto de 2015

Adeus à Linguagem

Discussões sobre "filmes" desse tipo são sempre muito parecidas, então em vez de fazer uma nova crítica, recomendo que leiam o que escrevi sobre o último do Godard, Film Socialisme.

Só gostaria de fazer 1 elogio: o filme é absolutamente honesto. Por mais ridículo que seja, acho muito mais agradável ver um filme assim, onde é explícito e completo o niilismo do cineasta, do que filmes que misturam isso com alguma pretensão de criar algo profundo e dramático. A intenção aqui é a de destruir os conceitos de razão, de arte, de talento, de beleza - mas o cineasta sabe disso e confessa tudo pro espectador. Há um certo deleite em ver uma pessoa sendo honesta em relação à sua maldade... Normalmente as pessoas tentam esconder o que há de ruim nelas por trás de algo belo - uma atitude que é muito mais repulsiva. Aqui o cineasta parece dizer com todas as letras: eu não tenho talento e meu desejo é destruir tudo o que há de belo e virtuoso na arte (mais ou menos da mesma forma que Duchamp fez com o urinol). É preciso ter coragem e cara-de-pau pra fazer isso, o que acaba tornando a experiência divertida de certa forma. Durante a sessão, em diversos momentos eu tive que me segurar pra não começar a gargalhar alto na sala - algo que nem as melhores comédias costumam conseguir fazer. Minha nota pro filme ainda é zero - não sei classificar obras assim de outra forma - mas é um zero que dou com um sentimento de simpatia. Talvez eu precise de um novo critério pra casos como esse.

(Adieu au langage / Suíça, França / 2014 / Jean-Luc Godard)

FILMES PARECIDOS: Film Socialisme

NOTA: 0.0