terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Madagascar 2 - A Grande Escapada *
Queria saber quem inventou que é engraçado ser alguém metido e ao mesmo tempo patético. Essa combinação de características na minha mente resulta num personagem detestável, e no entanto 90% dos personagens de todas essas animações 3D caem nessa categoria ("WALL-E" foi exceção). "Madagascar" é cheio dessas zebras e lêmures que falam rápido, se acham o máximo e ao mesmo tempo são imbecis! Que graça isso tem?
Enfim, não gostei do primeiro, não gostei do segundo. Quando vejo esses filmes imagino sempre um executivo burocrático e ignorante por trás, com as mais baixas noções do que é humor, do que é drama, do que é diversão. Ele se preocupa com a técnica da animação, faz uma pesquisa pra saber o que os jovens estão ouvindo, enfia centenas de referências culturais pra divertir os adultos mesmo que elas não tenham nada a ver com o filme (eles usam por exemplo a trilha do western "Três Homens em Conflito" numa cena de kung-fu!), contrata 50 celebridades pra fazer as dublagens, e aguarda o fim de semana de estréia pra saber se vai faturar o bastante pra começar a próxima sequência.
Madagascar: Escape 2 Africa (EUA, 2008, Eric Darnell / Tom McGrath)
INDICADO PARA: Quem gostou do primeiro. Esse é um pouquinho menos constrangedor até.
NOTA: 4.0
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Rede de Mentiras
Há algo de genérico em todos esses thrillers políticos que vieram com a guerra do Iraque... "Syriana", "O Suspeito", "O Reino"... Não consigo distinguir muito bem um do outro. Sei que "O Suspeito" por exemplo era com o Jake Gyllenhaal e lembro um pouco da fotografia... Mas é uma memória que pode estar vindo do trailer, dos posters ou de coisas que vi antes na internet. Não da experiência de assistir ao filme em si. Como viagens antigas que depois de um tempo a gente acha que lembra, mas na realidade só lembra das fotos.
"Rede de Mentiras" está um pouco acima da média, pois Ridley Scott é um ótimo técnico e sabe fazer imagens bonitas. Mas só. Não há nada de tão memorável na história, e os personagens são absolutamente desinteressantes. Russell Crowe está patético; sua técnica de atuação é a seguinte: franzir a testa e falar com a cabeça baixa olhando por cima da armação do óculos. Ele faz isso o filme todo. Leonardo DiCaprio é um mistério pra mim. Sempre achei ele profissional, mas nunca me cativou como ator. Não vejo profundidade, força, carisma... Apenas dedicação. Ele deve ser uma pessoa extremamente interessante fora das telas, porque muitos diretores realmente acreditam que ele é uma espécie de Robert De Niro jovem. O único que se destaca mesmo é Mark Strong, que já fez milhões de filmes e só agora começou a ser reconhecido. O resto do filme é um grande déjà vu de explosões, perseguições, gente gritando no celular e a obrigatória cena de tortura. Um filme técnico e impessoal.
Body of Lies (EUA, 2008, Ridley Scott)
INDICADO PARA: Quem gostou dos filmes citados.
NOTA: 4.5
domingo, 23 de novembro de 2008
Os Estranhos
Esse é o tipo de filme que revela muito sobre as pessoas, porque ele é uma espécie de armadilha: um filme pobre em conteúdo, roteiro e com a mais baixa das intenções - mas ao mesmo tempo realizado com muito capricho e talento. O que é que importa no fim? Quais são os seus valores? A história é simples: um casal numa casa de campo isolada é aterrorizado por 3 invasores mascarados, por razão nenhuma. Esta é a mesma premissa do superior "Violência Gratuita" - mas ali a intenção era justamente fazer uma crítica à violência. Era uma brincadeira assumida com a platéia, não um thriller onde você torce pela mocinha. "Os Estranhos" é um terror à moda antiga (lembra um pouco "Sob o Domínio do Medo" de 1971). Mas há um detalhe que faz toda a diferença: logo no início do filme, somos avisados por um narrador que a história é baseada em fatos reais, e que ninguém sai vivo no final! Isso já me tira do filme, pois se todos morreram, como eles sabem o que aconteceu dentro da casa? Como sabem que os assassinos usavam máscaras? É o mesmo problema de "Mar Aberto". Eu adoro perdoar imprecisões históricas, desde que seja em nome de um bom entretenimento, de uma história digna. Em "Os Estranhos", você paga pra sentar numa cadeira e assistir 2 pessoas tomando decisões burras que as levam à morte! E tudo isso ainda parece ser manipulado pra dar certo. O filme gasta um bom tempo tentando resolver aquele que é o verdadeiro vilão desse tipo de filme: o telefone celular. Claro, pois hoje em dia é quase impossível você estar sem comunicação e não poder falar com a polícia ou o vizinho. Talvez ainda desse pra gostar de um filme desses, caso os protagonistas agissem de maneira digna, lutando até o final com inteligência e habilidade, mas isso não acontece aqui: eles estão sempre se expondo ao perigo, sempre derrubando quadros e fazendo barulho enquanto deviam pisar de fininho - não dá pra ter simpatia nenhuma por eles. Chegam ao cúmulo de matar uma pessoa por engano numa sequência inútil que não chega nem a ser irônica, pois apesar do personagem morto ser importante pro protagonista, a platéia não o conhece. Também não é o tipo de filme em que você fica do lado do vilão, como "Sexta-Feira 13". Os assassinos com aquelas máscaras estilizadas parecem mais uns nerds em crise do que jovens realmente insanos.
Fala-se muito do diretor/roteirista estreante Bryan Bertino e de sua habilidade com a câmera. Mas eu acho que elogiar direção em um filme com uma proposta tão repugnante é como dar um prêmio a Hitler pela eficácia do holocausto.
The Strangers (EUA, 2008, Bryan Bertino)
INDICADO PARA: Interessados em técnica de filmagem para filmes de terror.
NOTA: 3.5
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
[REC]
Melhor terror do ano, um dos mais assustadores desde "Abismo do Medo" - e também um dos mais divertidos. A história não é original (apesar de muito bem contada) e os personagens não são particularmente interessantes, mas a força do filme está na técnica; o medo não vem da história ou da violência, mas da forma como é utilizada a imagem e o som. Os sustos são quase uma certeza matemática, e é isso que o filme vende, portanto, é diversão garantida. Se não tivesse existido "A Bruxa de Blair", poderia até se tornar um pequeno clássico do gênero.
[Rec] (ESP, 2007, Jaume Balagueró / Paco Plaza)
INDICADO PARA: jovens, fãs de terror.
NOTA: 7.5
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Jogos Mortais 5
Dormi durante uns 25 minutos no começo do filme e depois que eu acordei até o final, não entendi mais nada do que estava acontecendo. O que era flashback? O que era real? Onde eles estavam? Pra quem era pra torcer? É tudo muito vago, confuso, desinteressante. Um filme feito nas coxas apenas pra extorquir mais alguns milhões do público. Claro, todos os filmes da série são a mesma coisa, uma repetição da mesma cena: alguém precisa escolher entre uma dor insuportável ou a morte (idéia usada de forma tão memorável em "Mad Max"). A única graça é ficar esperando a próxima morte, imaginando como eles poderão superar (em sadismo) a anterior. E neste só há 1 realmente memorável - um casal precisa enfiar a mão numa serra pra perder 2,5 litros de sangue que encherá um recipiente, ativando assim um mecanismo que destravará uma porta essencial para sua sobrevivência (!). O filme está reduzido a isso, o resto é extremamente entediante; não há nenhuma trama que faça muito sentido pois no último episódio o vilão morreu! Até agora não sei quem estava matando as pessoas. Enfim, pra mim a única forma de salvar essa série seria se em "Jogos Mortais 6" o vilão voltasse à vida como um zumbi vingativo. E por que não? "Sexta-Feira 13" começou com um vilão real e só se tornou sobrenatural a partir do segundo episódio! Coragem minha gente...
Saw V (EUA, 2008, David Hackl)
INDICADO PARA: Meninos adolescentes em turma.
NOTA: 3.5
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Busca Implacável
Suspense de ação produzido e co-escrito por Luc Besson (diretor de "O Quinto Elemento", "O Profissional"), onde Liam Neeson vai atrás de sua filha que é sequestrada na Europa (Maggie Grace, a Shannon de "Lost").
Logo no começo durante a apresentação dos personagens, há uma cena onde Neeson é humilhado no aniversário da filha por sua ex-mulher e o marido atual. Na verdade é uma cena cena bem sutil, mas que nos provoca um sentimento de ódio muito bem colocado. Nesse instante eu percebi que, mesmo que o filme não fosse muito original e profundo, ele tinha controle sobre a platéia e funcionava num plano emocional. Não estava enganado. Pra quem gosta do gênero, o filme é daqueles que fazem a gente se contorcer na poltrona, torcer pelo personagem, e é bastante satisfatório. Imagine "O Ultimato Bourne" sem os requintes.
Taken (FRA, 2008, Pierre Morel)
INDICADO PARA: Homens. Quem gostou de "Breakdown - Implacável Perseguição", "Carga Explosiva", "Olho por Olho", a trilogia "Bourne", "Duro de Matar", etc.
NOTA: 7.0
domingo, 5 de outubro de 2008
Super-Heróis - A Liga da Injustiça
Sou fã de paródias e faço questão de assistir até as mais vagabundas como esta. O filme recebeu 0% de críticas favoráveis no Rotten Tomatoes (site que reúne todos os principais críticos americanos) e está em 1º lugar na lista do IMDb dos piores filmes de todos os tempos (segundo os usuários). Ou seja, é o extremo oposto do "Batman", que foi o filme de maior sucesso do ano.
Mas sabe que me diverti mais nesse? Da quadrilogia de paródias do diretor este é sem dúvida o melhor. Começa mal com uma sequência sem graça que envolve a Amy Winehouse com dentes de sabre, mas depois descobrimos que era um sonho e o filme vai melhorando. Tem muitas piadas fracas, principalmente quando são referências a comerciais de TV ou celebridades não tão conhecidas. As piadas com "Hancock" não funcionam tanto pois o original já era uma paródia. Fica redundante. O mesmo poderia ser dito de "Encantada", mas nesse caso eles elevam o mau gosto pra outro nível. Mas o filme tem ótimos momentos quando encontra uma narrativa própria, e quando está explorando os atores e os personagens (destaque pra Juno e pra Encantada).
No entando, só recomendo pra nós que acreditamos que uma boa risada vale qualquer ingresso.
Disaster Movie (EUA, 2008, Jason Friedberg / Aaron Seltzer)
INDICADO PARA: Cinéfilos jovens e condescendentes. Quem gostou de "Uma Comédia Nada Romântica" e "Deu a Louca em Hollywood".
NOTA: 6.0
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Mulheres - O Sexo Forte
Ainda não assisti a versão de 1939 dirigida por George Cukor, então não sei quanto do mérito é do original e quanto é da refilmagem. Só posso dizer que me surpreendi bastante com o filme, que foi detonado pela crítica americana e passou batido pelos cinemas de lá, apesar do elenco espetacular (Meg Ryan, Annette Bening, Debra Messing, Candice Bergen, Cloris Leachman, Eva Mendes, Bette Midler, Carrie Fisher, etc). Obviamente é um filme direcionado ao público feminino, na mesma linha de "Sex and the City". "Sex" é um filme mais pop, caro, contemporâneo, mas "Mulheres" é mais coeso, maduro, interessante, e talvez até mais engraçado. As atrizes estão todas ótimas (não há nenhum homem no filme, nem passando ao fundo!). Gostei particularmente de Annette Bening e Cloris Leachman (sempre roubando a cena), e Meg Ryan está bonita - não com cara de "garrafa de plástico derretida" como disse um amigo meu (o estranho é que o filme tem uma fotografia feia que deveria ter acentuado o botox). Preciso citar também Debra Messing, que está enfeiada, tem um papel menos interessante, mas que dá um show numa cena de parto inesquecível (tem 2 coisas que eu detesto no cinema; cenas de vômito e cenas de parto - ela conseguiu transformar essa cena num dos melhores momentos do filme).
O filme é dirigido por uma tal de Diane English (estreante)... Depois de eu ter atacado tantas mulheres na direção esse ano, aqui está a prova de que não houve nenhum tipo de misoginia nos meus comentários. As outras eram realmente ruins.
The Women (EUA, 2008, Diane English)
INDICADO PARA: Mulheres e gays. Quem gostou de "Sex and the City", "Divinos Segredos", "Flores de Aço".
NOTA: 7.5
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Controle Absoluto
Thriller high-tech produzido por Spielberg e dirigido por D.J. Caruso, o mesmo de "Paranóia", que também foi estrelado por Shia LaBeouf e produzido pela Dreamworks (de Spielberg). Caruso gostou de plagiar Hitchcock (a Dreamworks está sendo processada por "Paranóia" que copiou "Janela Indiscreta" sem permissão). Agora parece que eles pegaram os roteiros de "Intriga Internacional", "O Homem que Sabia Demais", embaralharam as páginas, retiraram o excesso, adicionaram um toque de "2001: Uma Odisséia no Espaço" e "Inimigo do Estado", e daí então filmaram as cenas mais movimentadas sem perder muito tempo com lógica.
Um bom passatempo pra quem gosta do gênero. Pelo menos o filme rouba do melhor.
Eagle Eye (EUA, 2008, D.J. Caruso)
INDICADO PARA: Homens e adolescentes não muito sérios. Quem gostou de "Paranóia", "Deja Vu", "Inimigo do Estado".
NOTA: 5.5
domingo, 14 de setembro de 2008
Ensaio Sobre a Cegueira
O filme é bagunçado e fica até difícil falar a respeito, pois não dá pra isolar um único elemento negativo e sugerir como ele poderia ter funcionado completamente. De repente o próprio livro já não era material para cinema (não li, portanto não sei).
Pra começar a intenção geral já não me agrada muito... O filme claramente não quer criar uma experiência positiva pro espectador - isso eu saquei da segunda vez que alguém pisou descalço
De repente ele também quis sugerir que o ser humano é podre e imoral (como falei de "O Nevoeiro"), e que todos mostrariam o seu lado perverso caso a humanidade ficasse cega num passe de mágica. Bom, que relevância isso tem? É óbvio que as pessoas mudariam radicalmente de comportamento se isso acontecesse, só que essa não é a realidade humana, isso nunca aconteceu nem nunca acontecerá! O filme se reduz a uma suposição bobinha... Seria como dizer "ah, se você virasse um rato, você seria uma pessoa suja". Se o filme queria fazer uma crítica à natureza humana, ele não é bem sucedido, pois ele precisou criar um contexto totalmente impossível pra provar o seu argumento. Se o ser humano é realmente imoral, você não precisaria criar uma realidade alternativa pra sugerir isso. Bastaria mostrar como isso já acontece no nosso mundo.
E o problema do filme não é a situação ser irreal (a cegueira coletiva), mas o comportamento das pessoas não ter lógica. Na vida real, por exemplo, o personagem do Gael, sendo cego, jamais conseguiria ter tanto poder num lugar onde ninguém enxerga - a idéia de que as pessoas passariam fome e chegariam a vender o corpo só porque ele carrega uma arma é absolutamente ridícula. Como ele iria atirar nas pessoas? E mesmo que ele chegasse a esse grau de poder, a primeira coisa que o personagem da Julianne Moore faria (já que ela enxerga) seria tirar arma dele! Muito antes de passar fome! Ela sim poderia ter certo poder ali se quisesse. Ou seja, é fácil falar mal da humanidade quando você está livre pra distorcer a realidade e fazer as pessoas agirem ao seu gosto... Difícil é fazer isso com coerência e inteligência, como "Dogville" fez, por exemplo. "Ensaio" só vai agradar os mais pessimistas, aqueles que já entrarem na sala convencidos, e que não precisarão de argumentos inteligentes pra aceitarem a ideia cínica do filme.
No fim, o filme tem certa força pela ousadia e originalidade da história e pela presença sempre agradável de Julianne Moore. Tecnicamente, Meirelles apenas cumpre o papel de publicitário. Planos propositalmente mal enquadrados, fotografia estourada, como se quisesse conscientizar a platéia da própria visão ou simular uma sensação de cegueira - mas isso serve mais pra irritar o espectador e mostrar que o diretor é espertinho do que pra gerar grandes reflexões - provavelmente um visual lindo faria a gente pensar muito mais sobre a cegueira do que as imagens feias do filme, mas Meirelles optou pelo óbvio; se fosse "Ensaio Sobre a Surdez" ele faria longas sequências sem áudio ou o filme inteiro mudo, e se fosse "Ensaio Sobre a Labirintite" ele rodaria a câmera loucamente até que a platéia inteira vomitasse.
Blindness (CAN/BRA/JAP, 2008, Fernando Meirelles)
NOTA: 4.0
terça-feira, 29 de julho de 2008
Ao Entardecer
Vanessa Redgrave, Claire Danes, Patrick Wilson, Glenn Close, Toni Collette, Meryl Streep... Reuna todas essas pessoas num filme e tente ser medíocre. Aqui quase conseguiram. O húngaro Lajos Koltai (originalmente diretor de fotografia; indicado ao Oscar por "Malèna") pelo menos caprichou no visual, mostrando paisagens deslumbrantes e deixando até Redgrave no leito de morte parecer bonita e saudável. O filme conta a história de uma velha senhora que nos seus últimos momentos recorda um tempo nostálgico da sua juventude onde ela viveu sua maior paixão e tomou as decisões que traçariam o rumo de sua vida. É um daqueles dramas femininos de alta sociedade que a Keira Knightley adora; uma mistura de "O Grande Gatsby" com "Diário de uma Paixão". O filme começa muito bem e é agradável de se ver, mas não emociona e eventualmente se torna cansativo e perde o rumo (o livro deve ser muito bom, mas não se traduz bem num roteiro para cinema). Redgrave e Streep estão ótimas (Streep só aparece no finalzinho), mas o resto todo do elenco parece um pouco errado. Pra começar, Claire Danes não convence no papel e não parece ser o perfil certo pra esse tipo de personagem. Apesar do incrível elenco, não houve um cuidado especial com a direção de atores (como houve com a fotografia). Parece que não fizeram mais de 1 ou 2 takes de cada plano, deixando passar muitos defeitinhos de interpretação... Aquelas caretas e expressões estranhas que um ator faz e que poderiam ter sido evitadas caso tivessem repetido mais vezes. Mesmo assim, o maior atrativo do filme ainda é o elenco, que inclui as filhas de Vanessa Redgrave e Meryl Streep fazendo suas próprias filhas! Da mesma autora de "Beleza Roubada".
Evening (EUA/ALE, 2007, Lajos Koltai)
NOTA: 5.5
Evening (EUA/ALE, 2007, Lajos Koltai)
NOTA: 5.5
domingo, 20 de julho de 2008
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Um filme sádico, fruto dessa nova onda do cinemão americano pós Bin-Laden, fascinado pela crueldade, pela tortura, pelo medo. Veio na hora certa, pro público certo, e de certa forma lembra muito o nosso "Tropa de Elite", que foi um fenômeno cultural equivalente por aqui. Ambos celebram o terror, a decadência moral, o caos, e deixam o espectador refém na poltrona, com uma narrativa agressiva, muita violência e tanto barulho que não sobra muito espaço pra pensar.
O lado bom: Heath Ledger dá um show numa interpretação perturbadora, histórica. Algumas sequências de ação são memoráveis, como a do assalto a banco inicial.
O lado ruim: Infelizmente a gente não consegue desfrutar dessas sequências, pois Christopher Nolan não sabe o que fazer com a câmera. Sua 'técnica visual' se limita a alguns panoramas elegantes e movimentos de câmera suaves, que podem levar a platéia a pensar que o filme é "bem dirigido". Mas quem consegue entender o que está acontecendo, por exemplo, na cena de luta com os vários Batmans? Ou na cena do tiroteio no meio da rua, quando Coringa e sua equipe se disfarçam de policiais? Ou na perseguição de carros no tunel? Spielberg construiu uma perseguição de carro 5 vezes mais longa e complexa no novo Indiana Jones, com pessoas constantemente saltando de um carro pro outro, acrobacias com cipós e uma caveira de cristal que a cada hora caía nas mãos de uma pessoa diferente, e a gente sabe o tempo todo quem está em que lugar, e o que esta pessoa quer. O filme também sofre de um excesso de grandes acontecimentos... É tanta coisa que acontece que o filme parece ter 4 horas... Não há um senso de construção e de que as coisas estão caminhando para um clímax. Outros problemas incluem uma transformação nada convincente de Aaron Eckhart em vilão (a gente fica com a sensação de que perdeu um pedaço do filme), e uma completa falta de senso de humor. Quando Nolan tenta fazer uma cena cômica com 2 garotinhos num carro brincando de atirar, a cena é claramente tímida e falsa. Não funciona. Nolan só sabe ser sádico... Quando o Coringa brutalmente enfia um lápis no olho de um policial, aí sim tudo soa natural e o cinema vem abaixo.
Enfim. A sensação que eu tive é de que o filme está o tempo todo tentando provar algo. Que a missão dele não é presentear a platéia com grandes cenas, e sim provar o quanto é sofisticado, o quanto é esperto e profundo. O que acaba deixando a desejar... O próprio personagem do Coringa, que os autores devem achar digno de um Tennessee Williams, parece tolo em alguns momentos. Ele se auto-analisa, explica suas motivações, como alguém que age por vaidade e não por uma verdadeira loucura. E ele prega o caos, mas contraditoriamente age de forma sistemática, sendo o tempo todo malvado e cruel. Os grandes vilões do cinema, como Hannibal Lecter, eram assustadores pois eram realmente caóticos e insanos. Assim como na vida, o mais assustador não é alguém que age o tempo todo de má fé, mas sim alguém sensível, capaz de demonstrar afeto, e que a qualquer momento pode te apunhalar pelas costas.
The Dark Knight (EUA, 2008, Christopher Nolan)
NOTA: 6.5
O lado bom: Heath Ledger dá um show numa interpretação perturbadora, histórica. Algumas sequências de ação são memoráveis, como a do assalto a banco inicial.
O lado ruim: Infelizmente a gente não consegue desfrutar dessas sequências, pois Christopher Nolan não sabe o que fazer com a câmera. Sua 'técnica visual' se limita a alguns panoramas elegantes e movimentos de câmera suaves, que podem levar a platéia a pensar que o filme é "bem dirigido". Mas quem consegue entender o que está acontecendo, por exemplo, na cena de luta com os vários Batmans? Ou na cena do tiroteio no meio da rua, quando Coringa e sua equipe se disfarçam de policiais? Ou na perseguição de carros no tunel? Spielberg construiu uma perseguição de carro 5 vezes mais longa e complexa no novo Indiana Jones, com pessoas constantemente saltando de um carro pro outro, acrobacias com cipós e uma caveira de cristal que a cada hora caía nas mãos de uma pessoa diferente, e a gente sabe o tempo todo quem está em que lugar, e o que esta pessoa quer. O filme também sofre de um excesso de grandes acontecimentos... É tanta coisa que acontece que o filme parece ter 4 horas... Não há um senso de construção e de que as coisas estão caminhando para um clímax. Outros problemas incluem uma transformação nada convincente de Aaron Eckhart em vilão (a gente fica com a sensação de que perdeu um pedaço do filme), e uma completa falta de senso de humor. Quando Nolan tenta fazer uma cena cômica com 2 garotinhos num carro brincando de atirar, a cena é claramente tímida e falsa. Não funciona. Nolan só sabe ser sádico... Quando o Coringa brutalmente enfia um lápis no olho de um policial, aí sim tudo soa natural e o cinema vem abaixo.
Enfim. A sensação que eu tive é de que o filme está o tempo todo tentando provar algo. Que a missão dele não é presentear a platéia com grandes cenas, e sim provar o quanto é sofisticado, o quanto é esperto e profundo. O que acaba deixando a desejar... O próprio personagem do Coringa, que os autores devem achar digno de um Tennessee Williams, parece tolo em alguns momentos. Ele se auto-analisa, explica suas motivações, como alguém que age por vaidade e não por uma verdadeira loucura. E ele prega o caos, mas contraditoriamente age de forma sistemática, sendo o tempo todo malvado e cruel. Os grandes vilões do cinema, como Hannibal Lecter, eram assustadores pois eram realmente caóticos e insanos. Assim como na vida, o mais assustador não é alguém que age o tempo todo de má fé, mas sim alguém sensível, capaz de demonstrar afeto, e que a qualquer momento pode te apunhalar pelas costas.
The Dark Knight (EUA, 2008, Christopher Nolan)
NOTA: 6.5
terça-feira, 8 de julho de 2008
WALL-E
Fiquei de queixo caído a maior parte do filme. É provavelmente a animação 3D mais sofisticada já feita, com roteiro/direção/fotografia/trilha de um filme de 1ª. Ainda assim tive algumas queixas. A primeira é que eles roubaram muitas coisas de "E.T." - o robô tem o mesmo formato, a mesma voz, a mesma personalidade; os temas do filme são parecidos, a música, a sequência inicial do robô sozinho no planeta, tem a plantinha que é outro símbolo em comum, a cena em que eles pintam o robô de mulher (há uma igual em "E.T."), o tema de "volta pra casa"... Enfim... Pelo menos roubaram do melhor, o que já é um avanço. A outra queixa é mais problemática... Tem a ver com o desenvolvimento do roteiro na segunda metade. O tema romântico fica um pouco abandonado. O personagem da Eve perde parte do interesse, sendo que foi justamente a aparição dela que motivou a história e fisgou a platéia. Ela começa fechada, violenta, misteriosa, até que literalmente se fecha e "desliga". WALL-E se apaixona e a gente fica imediatamente fascinado pela possibilidade de um romance... O obstáculo parece tão grande! Como será que ele irá conquistá-la? É uma situação é envolvente, mas daí acho que o filme procura uma saída fácil e frustrante... A robozinha vai simplesmente conhecendo melhor WALL-E e se encantando, e logo os dois estão voando felizes e dando as mãos. Uma resolução que levasse em conta a enorme diferença entre os dois e justificasse essa aproximação seria bem mais satisfatória. Enfim, estou falando mal, mas na verdade o filme é ótimo. Se além de tudo não tivesse esses defeitos, seria certamente um novo clássico do cinema.
WALL-E (EUA, 2008, Andrew Stanton)
NOTA: 8.5
WALL-E (EUA, 2008, Andrew Stanton)
NOTA: 8.5
quarta-feira, 18 de junho de 2008
O Incrível Hulk
Não consigo explicar o sucesso do filme. Faturou 55 milhões no primeiro fim de semana (nada perto dos 126 do Indiana Jones, ou mesmo dos 62 do último Hulk, mas ainda assim um número respeitável) e foi bem aceito pelos críticos. Mas a verdade é que o filme é uma aberração e é de longe a pior aventura da temporada. A começar pelo projeto... Ninguém entende se é uma sequência do Hulk de 2003 ou um filme completamente diferente - a segunda hipótese é a correta, mas por algum motivo os produtores devem ter achado que, como todo mundo já viu o filme do Ang Lee, eles não precisariam perder tempo apresentando os personagens, explicando a história... Assumiram que a platéia já estaria automaticamente envolvida. O filme nos proporciona a curiosa sensação de ter entrado na sala no meio da projeção. Simplesmente não dá pra entender nada... Há uma sequência de créditos cheia de informações e flashbacks, mas tudo o que a gente absorve é que houve uma edição rápida. A sequência inicial no Brasil é constrangedora pra qualquer um que mora aqui - um desrespeito completo com a língua e a cultura brasileiras. Ali se explica que Bruce Banner está vivendo foragido na Rocinha (!) e que ele está atrás de uma planta rara que pode ser a chave pra sua doença. Enquanto isso ele trabalha numa fábrica de refrigerantes... Numa das piores reviravoltas do filme, uma garrafa contaminada pelo sangue de Bruce é exportada para os EUA. Lá ela cai nas mãos de um velhinho que morre imediatamente ao bebê-la. Os militares que estão atrás de Bruce concluem que ele só pode estar em um lugar - na fábrica do refrigerante! Que por sorte é tão vagabundo que só é produzido num único local, facilitando a busca (Não faço idéia do que houve com o velhinho pra isso chegar a virar notícia e atrair a atenção dos militares... Não é que ele virou uma espécie de Hulk... Só foi intoxicado. Também não sei por que a dedução lógica deles é que Bruce teria que estar trabalhando na fábrica da Rocinha. A garrafa não poderia ter sido contaminada por fora? E se apenas o contato com uma gota de sangue velho dele é capaz de matar uma pessoa, como ele consegue beijar e fazer sexo com a Liv Tyler sem destruí-la?!). É difícil acreditar que o público médio tenha se tornado tão retardado a ponto de aceitar esse tipo de lixo vindo de uma produção de 150 milhões de dólares. Até num nível superficial o filme comete erros incríveis... Como não resolver o problema da calça do Hulk que teoricamente deveria ser destruída a cada vez que ele se transforma, ou a gafe quando Bruce simplesmente vomita algo que havia sido ingerido dias antes, ou quando o Hulk caminha do Rio de Janeiro até a América Central sem voltar a virar Bruce Banner nem ser visto ou preso nas fronteiras... Liv Tyler está enfeiada e fala com uma voz afetada o filme todo que acho que era pra ser sexy (sem falar que ela solta algumas das frases mais risíveis do filme). Se ao menos as cenas de ação fossem divertidas, mas nem isso. Pelo contrário, elas são especialmente confusas e entediantes. Até porque o Hulk já é um super herói meia-boca - apenas fica grande e começa a destruir tudo sem nenhum propósito dramático - não tem nem o prazer de se lembrar do que fez depois que volta ao normal (quando o Spider-Man ou o Superman se transformam todo mundo vibra. Aqui acho que nem tarados por anabolizantes). Aliás, como os militares pretendem usar o poder dele para criar um exército de super soldados é algo que só esse roteirista pode explicar... Pois como controlar numa guerra um monstro irracional movido a raiva?! Os próprios americanos estariam perdidos! Eu poderia ficar horas listando aqui os absurdos que acontecem nesse filme. A única coisa "incrível" aqui é que alguém consiga concentrar tanta burrice num projeto só. Porque não basta ser mau cineasta... Não basta não ter bom senso... É preciso estar mal intencionado.
The Incredible Hulk (EUA, 2008, Louis Leterrier)
NOTA: 2.0
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto
A arte da assepsia cinematográfica. Sidney Lumet, grande diretor de clássicos como "12 Homens e Uma Sentença", "Rede de Intrigas" e "Um Dia de Cão", volta à forma (aos 83 anos) com esse drama criminal sobre 2 irmãos (Ethan Hawke e Philip Seymour Hoffman) que decidem assaltar a joalheria dos próprios pais. O filme foi indicado a vários prêmios de associações de críticos, mas faturou apenas 7 milhões de dólares nas bilheterias americanas.
Apesar do roteiro bem trabalhado e do ótimo elenco (Marisa Tomei, Albert Finney...), o filme é mecânico, distante, e acaba não convencendo. Tudo parece "limpo" e correto. A história é envolvente, as motivações estão claras, a narrativa é precisa, as relações são complexas, e ainda assim falta alguma coisa. Tudo é apresentado com frieza, sem paixão pela história, sem carinho pelos personagens. Lumet não gosta de riscos - deve dirigir seus filmes sentado na cadeira do diretor, sem aborrecimentos, e sua meta principal deve ser impedir à qualquer custo que algum aspecto de sua personalidade acabe impresso no negativo.
Before the Devil Knows You're Dead (EUA/RU, 2007, Sidney Lumet)
NOTA: 6.0
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Hannah Montana & Miley Cyrus - Show: O Melhor dos Dois Mundos
Filme-concerto em 3D da bem sucedida turnê de Hannah Montana/Miley Cyrus. Pra quem não sabe, "Hannah Montana" é a popular série do Disney Channel sobre uma garota comum (Miley) que tem uma vida dupla como pop star (Hannah).
Como filme, é bem superior ao "Shine a Light" dos Rolling Stones. O show, dirigido por Kenny Ortega (de "High School Musical"), nunca perde o ritmo e faz de cada canção um pequeno clímax. Miley é carismática, compõe e parece ser autêntica, não deixando dúvidas de que terá uma carreira musical independente da série (ela é oficialmente a criança mais rica do mundo, devendo acumular 1 bilhão de dólares até o final de 2008).
O uso do 3D não é dos melhores. Ainda não se difundiu uma gramática especial para filmes em 3D. Eles parecem ser filmados como qualquer outro filme. Movimentos bruscos de câmera, edição rápida, o uso da lente zoom, tudo isso pode criar estilo num filme comum, mas perde o sentido num filme 3D, chegando até a incomodar e causar cansaço. O filme 3D deveria se aproximar mais de uma experiência teatral. Câmeras estáveis com movimentos controlados seriam mais apropriadas. A ação deveria se confinar mais aos atores e aos elementos em cena. Num filme 2D, o foco está sempre na distância da tela, exigindo que o espectador apenas escolha para que ponto dela ele quer olhar. Mas num filme 3D, além de termos que escolher este ponto, temos que achar a profundidade! É muito mais atividade cerebral... Claro que fazemos isso inconscientemente, mas quando o filme fica saltando muito de uma imagem para outra, a sensação é a de estar lendo um livro numa estrada esburacada. E com pouca luz! Pois temos que lembrar que os óculos 3D filtram parte da luminosidade da imagem.
Ou seja, ainda há muito o que se aprender sobre o formato 3D, mas mesmo assim a dimensão extra é perfeita pra esse tipo de filme, deixando mesmo a impressão de que se esteve num show e não em uma sala de cinema.
A estréia no Shopping Eldorado foi de longe a sessão mais histérica e interativa que já vi, lotada de meninas de 14 anos que fizeram os nerds das estréias de "Star Wars" parecerem comportados.
Hannah Montana/Miley Cyrus: Best of Both Worlds Concert Tour (EUA, 2008, Bruce Hendricks)
NOTA: 7.5
quinta-feira, 24 de abril de 2008
The Ten
Uma comédia difícil de definir... O humor varia entre o estilo pastelão de "Corra que a Polícia Vem Aí", o humor nonsense dos Monty Python e o mau gosto dos filmes do John Waters. Mas no meio dessa confusão ele não encontra o seu público - talvez nem tanto pela mistura de estilos, mas simplesmente por não ser tão genial assim quanto pensa.
O filme é dividido em 10 partes, cada uma representando um dos dez mandamentos. Ou seja, é "O Decálogo" versão idiota. O filme é apresentado por Paul Rudd - num estúdio vazio ao lado das duas pedras dos mandamentos. Após cada história, voltamos para ele que está em crise com a namorada (numa historinha paralela que só serve pra encher linguiça). O elenco surpreendente contém Winona Ryder, Jessica Alba, Adam Brody, Famke Janssen, Liev Schreiber, Oliver Platt e Justin Theroux. O filme certamente arranca algumas risadas, mas de forma inconsistente. Ele não parece ter um alvo específico, ou um senso de humor coeso. Mas é sem dúvida um "filme de autor", autêntico e surpreendentemente criativo. Poucas vezes se viu no cinema um esforço tão grande dedicado ao besteirol.
The Ten (EUA, 2007, David Wain)
NOTA: 6.0
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Rolling Stones - Shine a Light
Não é um documentário sobre os Rolling Stones, mas sim uma apresentação de luxo da turnê "A Bigger Bang" (a mesmo que veio pro Rio), filmada por Martin Scorsese no Beacon Theater em Nova York.
A questão não é se o filme é bom. Se foi bem realizado ou não (isso é o mínimo que se espera de Scorsese). Mas se filmes de concerto servem pra alguma coisa, se funcionam. Scorsese começa com uns 15 minutos de making-of (que acaba sendo o melhor momento do filme), e depois do início do show, entre algumas das canções, insere algumas breves entrevistas feitas com a banda ao longo da carreira - mas não a ponto de criar uma linha de pensamento. E esse é o problema. Um filme, por qualquer que seja o gênero, precisa ter roteiro, drama. Até os documentários. E como o show em si não fornece isso - é apenas uma música atrás da outra - fica no ar uma sensação de falta de movimento, de estagnação. Há uma ausência completa de conteúdo. O filme precisaria de uma ação paralela para se tornar qualquer coisa. Se fosse um show do Michael Jackson ou da Madonna por exemplo, seria só ligar a câmera porque o próprio espetáculo conteria essa narrativa. Mas aqui, o aproveitamento do filme depende totalmente de você ser fã dos Rolling Stones. Ou seja, não é bem um filme, é mais um arquivo pra posteridade.
Shine a Light (EUA/RU, 2008, Martin Scorsese)
NOTA: 5.0
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Jumper
Entretenimento inofensivo sobre um garoto que descobre o poder de se teletransportar para onde quiser. Os problemas começam quando ele descobre que não é o único que possui esse poder, e que além disso existe uma organização do mal caçando esses "jumpers", liderada por Samuel L. Jackson (que é o Gérard Depardieu americano, aceitando tudo que é papel).
O filme é dirigido (adequadamente) por Doug Liman de "A Identidade Bourne", e parece um primo próximo de "Efeito Borboleta", porque aqui também saímos sem entender por que diabos o garoto pode fazer aquelas coisas. Não há nenhuma justificativa... Testes nucleares... Picadas de insetos... Kryptonita... Nada. E isso de certa forma atrapalha o filme, pq não conseguimos nos identificar totalmente com o personagem. Ele não era uma pessoa comum a quem algo extraordinário aconteceu. Já era especial desde o começo, ou seja, a aventura é só do personagem, e o filme pede pra gente ficar de fora (essa também é um pouco minha reclamação dos filmes do "X-Men" e da série "Heroes" - que só vi o começo pra ser sincero). Mas dá pra assistir sem constrangimentos e, com cenas no Egito, Itália e Japão, o ingresso ainda vale como pacote turístico.
Jumper (EUA, 2008, Doug Liman)
NOTA: 6.0
sexta-feira, 28 de março de 2008
Um Amor de Tesouro
O filme foi tão massacrado pela crítica americana que eu quase questionei minha sanidade por ter aproveitado a sessão. Trata-se de uma daquelas comédias românticas de aventura no estilo "Tudo por uma Esmeralda" ou "Seis Dias, Sete Noites". Sem dúvida não há nada de artístico no filme, mas até aí, qualquer um que tenha visto o poster ou lido o título não pode dizer que esperava outra coisa. Dentro dessa assumida despretensão, o filme não decepciona. As paisagens são de encher os olhos, as imagens subaquáticas são deslumbrantes, Kate Hudson e Matthew McConaughey estão bronzeados e sem nenhum grama em excesso e, o mais importante, o filme tem certa classe e nos poupa de baixarias e cenas constrangedoras típicas do gênero. O filme é dirigido por Andy Tennant (de "Anna e o Rei", "Doce Lar" e "Hitch"), que só desliza mesmo na dose de violência, que beira o grotesco em algumas cenas e destoa do resto do filme.
Fool's Gold (EUA, 2008, Andy Tennant)
NOTA: 6.0
terça-feira, 25 de março de 2008
Não Estou Lá
A idéia parecia interessante: pegar 6 atores diferentes para interpretar Bob Dylan em suas diversas facetas. Dylan, com sua personalidade contraditória e caótica, soa como a justificativa perfeita para se fazer um filme assim - de narrativa tortuosa, inconsistente e às vezes até incompreensível. Aha! Então o próprio filme é como Dylan, e assistí-lo seria como vivenciar o mundo através de seus olhos. Ok, entendemos! A sacada nós já pegamos na sinopse antes de sair de casa. E é até uma abordagem moderadamente sofisticada (apesar de não ser nova). O problema é ter que sentar e aguentar o filme que acontece nesse meio tempo! 135 minutos de baboseira intelectual. Dylan é uma pessoa tão fechada em seu universo, tão incomunicável, que é a pior idéia do mundo usar uma narrativa igualmente inacessível.
Imaginem uma entrevista com alguém como Dylan. O entrevistador teria que ser a pessoa mais objetiva, clara e articulada do mundo pra torná-la interessante. O entrevistador! Dylan sozinho não ofereceria nenhum foco de interesse à plateia. E este filme é um mau entrevistador. Um reporter pede a Dylan em determinada cena: "Uma palavra para seus fãs". Ele responde: "Astronauta". O filme é repleto de cenas como esta, que celebram o espírito rebelde de Dylan e não oferecem nenhuma perspectiva à sua personalidade. O filme não consegue nem dar uma dimensão de sua importância para a música, fazendo a gente questionar inclusive o seu sucesso. Será que não foi tudo um engano dos fãs?
I'm Not There (EUA/ALE, 2007, Todd Haynes)
NOTA: 3.5
quinta-feira, 20 de março de 2008
O Olho do Mal
Remake americano do terror asiático "The Eye - A Herança", estrelando Jessica Alba como a violinista cega que faz um transplante de córnea e passa a enxergar fantasmas. O original não era nenhuma obra-prima, mas foi nele que eu tomei o maior susto da minha vida. O medo (ou a vontade) de tomar outro era o que tornava o filme interessante. Tirando os sustos (obtidos através de pura técnica visual), sobraria um filme banal, cheio de clichês e mal elaborado - uma boa descrição para "O Olho do Mal". Eles refilmaram a trama - com muito mais dinheiro e aparatos - e não conseguiram reproduzir a única coisa que segurava o filme em pé.
Pra começar não dá pra acreditar na protagonista: essa menina não tem pai nem mãe? Como ela mora num apartamento tão caro sendo música e cega? Quem decora o apartamento dela ou a veste de forma tão coerente e moderna? Fora isso a própria premissa - um transplante de córnea que traz memórias da doadora - já é bem suspeita. O transplante pode até justificar a transferência do "dom" de uma pessoa pra outra, mas não explica por que a primeira menina já era capaz de enxergar fantasmas (ou a própria existência deles!). O filme não perde tempo com essas questões filosóficas - faça da menina uma mexicana esquisita que estamos resolvidos. Além disso nunca ficamos sabendo porque a Jessica Alba também passa a ouvir os fantasmas depois da cirurgia (!).
O filme é assistível, mas todas essas coisas - somadas à performance apática de Jessica - fazem dele desnecessário.
The Eye (EUA, 2008, David Moreau / Xavier Palud)
NOTA: 4.5
sábado, 8 de março de 2008
10.000 A.C.
Aventura pré-histórica de Roland Emmerich, diretor de espetáculos como "Independence Day", "Stargate" e "Godzilla".
Vendo este filme me dei conta de que além dos parâmetros normais que utilizamos pra julgar um filme (roteiro, direção, atores...), existe algo menos palpável que acaba influenciando muito na nossa opinião, que é a noção da inteligência média do filme. Não há nada de muito errado com "10.000 A.C.", o problema é que é tudo muito idiota e ingênuo. Os personagens caricatos, as reações dos atores, o romance, os diálogos, os valores, tudo parece ignorar a seriedade e a sensibilidade da platéia. Frases nonsense como "You will always be in my heart..." são ouvidas aos montes. O filme parece mais um catálogo de clichês cinematográficos; não há nada que se possa chamar de autêntico ou inesperado do começo ao fim. Claro, o resto da filmografia de Emmerich não é exatamente artística, mas seus filmes sempre estiveram recheados daquelas grandes cenas espetaculares que justificavam o ingresso. Aqui, o efeito de maior impacto - as luzes do planeta se apagando conforme voltamos para o passado - foi produzido apenas para o trailer.
De qualquer forma é uma matinê inofensiva, com alguns panoramas bonitos e um tempo de duração adequado.
10,000 B.C. (EUA/NZ, 2008, Roland Emmerich)
NOTA: 5.0
O Orfanato
Produzido por Guillermo del Toro ("O Labirinto do Fauno") e dirigido pelo estreante Juan Antonio Bayona, "O Orfanato" revisita o gênero de terror sobrenatural/psicológico associado a filmes como "Os Outros", "O Sexto Sentido" ou o clássico "Os Inocentes".
O filme é dirigido com elegância, é bem atuado, bem fotografado e tem sequências realmente assustadoras. Mas fica a sensação de que ficou aquém de suas pretensões. Um dos problemas é que há um certo distanciamento emocional - o filme parece estar mais empenhado em se parecer com outros filmes, em ser um representante digno do gênero (abusando de elementos e clichês associados a esses filmes), do que em proporcionar uma experiência envolvente e satisfatória à platéia. Tirando isso, e um final meio duvidoso, é um filme de terror sofisticado que agradará a quase todos.
El Orfanato (MEX/ESP, 2007, Juan Antonio Bayona)
NOTA: 7.0
quinta-feira, 6 de março de 2008
Espartalhões
Nova paródia da dupla que fez "Uma Comédia Nada Romântica" e "Deu a Louca em Hollywood". O filme é todo construído em cima de "300", uma escolha já discutível, pois não se trata de um clássico ou filme tão importante que mereça essa honra. Sou fã do gênero, mas esse realmente consegue ser mais fraco que os 2 anteriores (que já exigiam muita boa vontade). As piadas são extremamente limitadas, sem nenhum tipo de sofisticação, e são frequentemente preconceituosas e de mau gosto (como brincar com a morte de Anna Nicole Smith). Sem falar que o filme não se sustenta sozinho como comédia - se você não tiver assistido "300" e não passar o dia inteiro ligado na E!, nem os créditos farão sentido.
Meet the Spartans (EUA, 2008, Jason Friedberg e Aaron Seltzer)
NOTA: 4.0
domingo, 2 de março de 2008
Eu Sei Quem Me Matou
"Vencedor" de 8 Framboesas de Ouro, incluindo Pior Filme e 2 prêmios de Pior Atriz pra Lindsay Lohan. Como sempre, não é de fato o pior do ano. É um dos de pior mau gosto talvez, e também um dos mais mal vendidos.
Lindsay faz uma estudante aspirante a escritora e pianista (!). Ela é raptada por um serial-killer, tem algumas de suas partes amputadas, e é largada inconsciente à beira de uma estrada. Resgatada com vida, ela acorda num hospital com uma nova identidade (de stripper), negando qualquer relação com a Lindsay do começo do filme. A partir daí, acompanhamos de boca aberta o desenrolar de uma das tramas mais esquizofrênicas dos últimos tempos.
Fica claro em 15 minutos de filme que o diretor Chris Sivertson está fazendo um filme de David Lynch. O visual escuro, o azul e o vermelho, a mulher no meio de um mistério, o sound design, a trilha, a coruja do Twin Peaks, tudo lembra Lynch. E até certo ponto ele é muito bem sucedido, mas erra quando não sabe definir o tom certo pra determinadas cenas. Lynch brinca muito com humor negro, mas sabe que tem que exagerar certas coisas pra deixar claro que se trata de uma paródia, usa música pra dar o contraste certo à cena, dirige os atores da maneira certa, e o resultado é uma estranheza justificada. Neste filme, nunca sabemos se foi humor negro ou puro mau gosto do diretor! Eu particularmente achei divertidíssimo e tive que assistir 2 vezes consecutivas. Primeiro pra entender a história (que é insana) e pegar elementos que tinha perdido da primeira vez (esse é daqueles filmes cheios de brincadeiras e detalhes que só ficam evidentes na revisão), e depois porque simplesmente não acreditava que tinha visto certas imagens.
Talvez o maior erro dele tenha sido escalar Lindsay pro papel principal. Apesar de ela estar muito bem, acaba atraindo um tipo de público que não entende a proposta do filme e fica simplesmente confuso quando a mocinha começar a perder os membros do corpo no começo do filme. Se fosse um filme alternativo com a Asia Argento, ele certamente teria tido um outro destino.
I Know Who Killed Me (EUA, 2007, Chis Sivertson)
NOTA: 7.0
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Onde os Fracos Não Têm Vez
sala mplesmente sairmensagem foi essa.oencional. A questNão dá pra explicar ou resumir esse filme em poucas palavras. Mesmo tendo visto 2 vezes ainda tenho sentimentos mistos e perguntas sem respostas em relação a ele. O que se pode afirmar é que é um suspense pouco convencional, filmado com maestria pelos irmãos Coen, e que funciona completamente bem durante 1 hora. Depois disso, até o polêmico final, a platéia irá se dividir, e a metade maior sairá irritada, confusa, se sentindo traída ou no mínimo idiota. Aqueles que acreditarem que a "mensagem" compensou sua frustração, acharão o filme genial mesmo que não saibam explicar detalhadamente que mensagem foi essa. O resto simplesmente sairá da sala com um ponto de interrogação. Mas não se enganem, tudo isso é intencional e foi cuidadosamente planejado pelos diretores. A questão é: há uma desculpa boa o suficiente para se passar uma rasteira na platéia? É louvável fazer um filme propositalmente frustrante? Uma mensagem, que nada mais é do que a opinião de uma pessoa (nesse caso o autor do livro junto com os irmãos Coen), pode ser boa o bastante para justificar 2 horas de emoções desperdiçadas? E não dá pra dizer que o filme não era sobre o dinheiro. Era sim. Apesar de não haver música no filme (o que poderíamos interpretar como uma pista de que não deveríamos ter nos envolvido) a edição e todos os outros recursos cinematográficos fazem com que nos importemos por Llewelyn, sua esposa e a mala de dinheiro.
O filme começa com um monólogo do personagem de Tommy Lee Jones. Ele lamenta a violência e a crueldade do ser humano, porém diz que sua profissão exige que ele "faça parte desse mundo" e "ponha sua alma em jogo". O filme começa, somos apresentados ao vilão primeiro (Chigurh), e depois ao protagonista, Llewelyn. Mala de dinheiro, perseguição, hotéis, portas, tiros, sangue, mais hotéis, etc. Não há reflexões, diálogos profundos, personagens complexos, nada. O filme é o simples registro de uma perseguição. Puro cinema, puro suspense. Um pouco sério e pomposo demais pro conteúdo, mas nada que chegue a distrair. Mas o filme incomoda, pois mesmo nessa porção "thriller", ele contém cenas bastante confusas e idéias mal pontuadas. Exemplos:
- Qual o motivo do Llewelyn alugar um 2º quarto no mesmo hotel depois de esconder o dinheiro no duto de ar? Quando vi pela primeira vez, achei que fosse pra ele poder pegar a mala do quarto de trás, caso algo desse errado. Mas a verdade é que, quando ele volta pro hotel na noite anterior, o quarto já havia sido invadido pelos mexicanos. Ele percebe isso de dentro de um taxi, quando vê que a cortina do quarto está ligeiramente aberta. Daí ele vai dormir num outro hotel e no dia seguinte volta para alugar o 2º quarto. Ou seja, quem não memorizou que ele fechou a cortina antes de sair, terá dificuldades de acompanhar esse trecho.
- Como o agente interpretado por Woody Harrelson encontra Llewelyn no hospital? Isso não é explicado.
- Como os mexicanos encontram a esposa de Llewelyn e sua mãe em Odessa quando elas estão dentro de um taxi partindo para Del Rio? Não é explicado.
- E como eles (mexicanos) acham Llewelyn e o matam em Del Rio antes mesmo da esposa chegar? Numa cena é explicado para Chigurh que um "receiver" também havia sido dado aos mexicanos (o que não faz muito sentido). Mas mesmo assim, o sinalizador já havia sido encontrado e removido por Llewelyn da mala de dinheiro.
- Como Chigurh sabe que Llewelyn vai encontrar a esposa justamente em Del Rio? Isso é explicado numa cena bastante vaga, quando Chigurh pergunta ao dono do caminhão de galinhas onde fica o aeroporto mais próximo (Del Rio). Ou seja, ele provavelmente deduziu que o próximo passo de Llewelyn seria colocar a esposa num avião, mas poucos entendem isso, pois enquanto isso é explicado, estamos mais interessados no fato de que Chigurh está prestes a matar o dono do caminhão! Hitchcock jamais cometeria esse erro.
- Quem ficou com o dinheiro? Me parece que ficou com o Chigurh, pois quando o Tommy Lee Jones volta no hotel em que Llewelyn foi assassinado (e o Chigurh está atrás da porta), ele vê a grade do duto de ar removida. Ou seja, aí devemos concluir que depois do massacre, os mexicanos foram embora sem o dinheiro, mas o Chigurh como já sabia onde o Llewelyn gostava de esconder o dinheiro, voltou lá depois da confusão e pegou a grana. Mas não dá pra ter certeza, pois como não tínhamos visto o quarto até então, não podemos ter certeza de que a grade do duto foi removida por Chigurh. Podia ter sido antes pela polícia, pelos mexicanos, pelo próprio Llewelyn, não sabemos. A cena toda é também comprometida pois neste momento estamos tentando entender pra onde foi o Chigurh que estava atrás da porta!! Ele simplesmente desaparece - e ele NÃO caberia atrás da porta. Ou seja, pra elaborar o conceito de que o assassino possa ser uma espécie de fantasma (idéia sugerida num diálogo logo antes desta cena), o entendimento da trama foi comprometido.
Enfim, estas e outras coisas já estão nos irritando quando o filme se aproxima do fim. Cenas gratuitas, como a da explosão do carro (que não garantiria que o vilão fosse entrar na farmácia e roubar medicamentos sem ser visto), o enterro da mãe da Carla (que no meio disso tudo ainda teve tempo de morrer de câncer!), ou o violento acidente de carro no final que parece não servir pra nada, tudo só ajuda a dar um nó maior na cabeça do espectador.
O trecho "thriller" do filme (que na verdade é o filme inteiro exceto os 15 minutos finais) - este registro simples e vazio de uma perseguição, chega ao fim quando percebemos que o protagonista está morto. Não vimos quem, como ou quando. Simplesmente foi assassinado. Depois disso a platéia começa a coçar a cabeça. O filme já estava conturbado o bastante como um simples suspense, e agora além de ficar sem as respostas, a gente tem que aceitar que o nosso investimento foi todo em vão. Há a cena em que o policial (Tommy) volta no hotel à noite, há um diálogo apocalíptico entre o policial e Ellis num quarto escuro, há a cena do assassinato da esposa de Llewelyn (também não mostrado), e o relato de dois sonhos que o policial teve com o pai. O primeiro era sobre um dinheiro que o pai dava a ele e ele "acha que perdeu". O outro era uma piração sobre o pai cavalgando no deserto segurando um chifre. "And then I woke up" - e o filme termina.
O tema mais recorrente no filme não é violência ou a velhice citada no título original, mas o dinheiro. Da segunda vez que o vi, me convenci de que esse era o tema central do filme. Os 3 adolescentes que Llewelyn encontra na fronteira dão um casaco a ele em troca de dinheiro. Em seguida, Llewelyn pede também a cerveja - o menino pergunta "por quanto?". Quando Chigurh tem o acidente de carro, ele compra a camiseta de um dos 2 garotos (que teriam dado de graça). Mas depois, com o dinheiro já na mão enquanto Chigurh escapa, os 2 começam a brigar sobre como dividirão a grana. Llewelyn machucado oferece dinheiro aos 3 mariachis apenas para que o levem ao hospital! A vida das vítimas de Chigurh são decididas por uma moeda. Llewelyn arrisca sua vida e a da esposa por uma mala de dinheiro que nem lhe pertencia. O personagem de Woody Harrelson só trabalha pelo dinheiro. Tudo gira em torno de dinheiro (com diversos closes nas notas), mas apesar de tantas pistas, isso no fim ainda não me pareceu ter sido uma crítica tão completa e bem construída a ponto de sustentar o filme todo ou gerar qualquer senso de conclusão.
"Chinatown" consegue, "Rede de Intrigas" também. Esses filmes funcionam em todos os níveis.
Pegue "Cidade dos Sonhos"; outro suspense construído em torno de um uma bolsa de dinheiro, que eventualmente abandona a trama pra confundir a platéia com um final enigmático. A diferença é que, neste caso, sabemos desde antes dos créditos que o filme não obedece à lógica. Ele te promete loucura desde o primeiro instante, e loucura é o que você tem, em doses crescentes, até o clímax. E apesar disso, se você quiser achar um sentido por trás de tudo, você consegue. O conteúdo está na tela.
Em "Onde os Fracos Não Têm Vez", fica a sensação de que não foi nem um suspense, nem uma discussão moral satisfatória. De que havia algo por trás, mas nada tão específico que possa ser julgado. Creio que quem deu o Oscar ao filme foi justamente quem comprou essa barganha.
Mas ainda assim, é um filme que merece ser visto, revisto e discutido. A própria polêmica já o põe numa posição de destaque.
P.S. Em tempos de guerra a academia sempre premiou filmes de aparência mais "séria", mesmo que não fossem os mais populares: "Rosa de Esperança" em 43, "Farrapo Humano" em 45, "No Calor da Noite" em 68, "Perdidos na Noite" em 70, "Patton - Rebelde ou Herói" em 71, etc. Passada a crise, as coisas sempre voltaram ao normal.
No Country For Old Men (EUA, 2007, Ethan Coen e Joel Coen)
NOTA: 7.0
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Antes de Partir
Idosos morrendo não é o meu tema favorito do cinema. Menos ainda quando se trata de uma comédia. Vejo sem tantos problemas um drama sobre idosos morrendo, como “Longe Dela”, ou uma comédia sobre idosos saudáveis, como “Alguém Tem que Ceder”. Uma comédia sobre jovens morrendo talvez fosse menos deprimente, mas só me vem à cabeça “As Férias da Minha Vida”, de onde a Queen Latifah sai viva. Será que é impossível fazer uma comédia sensível e engraçada sobre degeneração física? Essa questão ficou na minha cabeça durante toda a projeção, me distanciando do filme. Fica a pergunta no ar, para um cineasta mais ousado que Reiner responder.
The Bucket List (EUA, 2007, Rob Reiner)
NOTA: 5.5
The Bucket List (EUA, 2007, Rob Reiner)
NOTA: 5.5