quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Escritor Fantasma


Ao contrário de Ilha do Medo, este é um suspense "hitchcockiano" que não se parece com um exercício estilístico ou uma homenagem e sim com um filme autêntico, com méritos próprios (apesar de ser um filme de gênero, pouco autoral). Aliás, detesto o termo "hitchcockiano". Os críticos adoram usá-lo pra descrever qualquer suspense que tenha um mínimo de classe, mas esquecem que os filmes de Hitchcock eram produções de estúdio altamente comerciais, cheias de humor e avanços tecnológicos - um filme de Hitchcock hoje estaria mais próximo de uma produção do Spielberg do que de um filme "discreto" como O Escritor Fantasma.

A história é sobre um ghost-writer (escritores desconhecidos que são contratados pra escrever biografias para outras pessoas, geralmente sem levar o crédito - o papel é de Ewan McGregor) que é chamado às pressas pra substituir um outro escritor que morreu misteriosamente afogado enquanto terminava a biografia do ex-primeiro ministro da Inglaterra (Pierce Brosnan, muito bem por sinal), naquele momento envolvido num grande escândalo político e sendo acusado de crimes de guerra.

É um thriller elegante, inteligente e divertido que me prendeu do começo ao fim e me deu aquela rara sensação de estar vendo um filme de verdade. A direção é de Roman Polanski, que foi preso na Suíça durante a pós-produção (pelo antigo caso de pedofilia) e terminou de editar o filme da cadeia.

The Ghost Writer (FRA/ALE/ING, 2010, Roman Polanski)

Orçamento: US$ 45 milhões
Bilheteria atual: US$ 49 milhões
Nota do IMDb (público): 7.8
Nota do Metacritic (crítica): 7.7

INDICADO PARA: Quem gostou de Frost/Nixon, Conduta de Risco, Intrigas de Estado. AMIGOS: Amilcar, Fernando P, Givago, Leslie, Márcio B, Márcio L, Mariana M, Marlene, Rafael V, Thiago P, Vivi S, Wellington.

NOTA: 8.0

7 comentários:

  1. Assisti e gostei muito. Também sai com a sensação de estar vendo um filme de verdade. As piadinhas com duplo sentido são muito bem colocadas e, na minha opinião, um dos pontos altos.
    abraço

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  2. Fala Leo! Adorei o senso de humor também... O personagem do Ewan solta umas frases ótimas, hehe. E o final, o que achou... Foi acidente? Abração..

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  3. Oi Caio! Desculpe a demora pra responder. Não sei... mas acho que o final não foi um acidente. Seria muita coincidência. Ah! Estou pra te falar que inspirado pela lista de filmes de terror assisti It (eu sei, ele não entrou na lista, mas já estava afim de ver esse filme há algum tempo). Achei meio esquisitão haha, mas valeu a experiência.

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  4. Eu saí com a sensação de ter visto um filme do hitchcock com GPS e Google.
    Tive essa sensação principalmente pela trilha.
    E nem tinha lido o post ainda, fiquei guardando.

    Tô rindo até agora da cura pra insônia.

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  5. Leo, lembra do final inexplicável de "Um Corpo que Cai", que a mocinha despenca da torre sem mais nem menos? O final desse filme me deu justamente essa sensação de "ironia do destino". Hahhaah... Laura, o filme está cheio de frases ótimas! Quanto ao GPS e Google, acho super legal como foi usado nesse filme, mas por outro lado eles acabariam com quase todos os filmes do Hitchcock, afinal as situações de perigo jamais chegariam a acontecer, rss. Bjos.

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  6. Acertou a indicação de novo, vou comentar todos que eu vi e que você indicou pra mim e as eventuais surpresas. É muito engraçado, agente ta numa geração pós-tarantino, onde colagem pop é muito mais comum do que se pensa. E esse filme conseguiu chamar a atenção justamente por ser um filme de verdade com elementos da narrativa clássica. Resumindo: soltem o Roman Polansky (acho que ele nao volta a fazer outro Oliver Twist).

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  7. Pois é, acho que as pessoas acham que tudo o que é de melhor está no passado, e agora a única opção é a reciclagem. Até na música, já reparou que tudo é uma cópia de tudo, e muitas vezes as músicas pop atuais fazem referências explícitas a sucessos dos anos 70 e 80..? Hauhuahau... Podíamos fazer uma camiseta "Soltem o Polanski", que nem na época do Free Winona, rssss.

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