domingo, 30 de outubro de 2011

A Pele que Habito


Novo de Pedro Almodóvar, estrelado por Antonio Banderas. A história gira em torno de um cirurgião plástico obcecado em desenvolver um novo tipo de pele artificial desde que sua esposa sofreu um acidente de carro e teve o corpo todo queimado (depois ela se mata, mas ele continua com as pesquisas).

Vemos que ele mantém uma garota trancada num quarto de casa como cobaia, mas não sabemos como ela foi parar lá. É um daqueles filmes que você pega o bonde andando e aos poucos vai entendendo o que está acontecendo.

Adoro a criatividade e a imaginação de Almodóvar e acho ele um ótimo cineasta (no sentido de ter uma direção clara, de seus filmes serem tecnicamente bem feitos, etc). Emocionalmente eu já me sinto um pouco mais distante; não gosto dos assuntos, da maneira que ele enxerga o mundo - a mania de retratar o homem como um animal movido por instintos sexuais, mistérios do subconsciente, sem nenhuma dignidade (a intenção é explícita; repare no homem vestido de tigre, na ênfase da TV mostrando o felino atacando a presa, etc).

Ele acaba com a nobreza de qualquer um - até um cirurgião brilhante no fundo é um monstro controlado pelo irracional. O amor é uma obsessão física - as pessoas se apaixonam por peles, por formatos de rostos, como se personalidade, valores, ambições, ou seja, tudo relativo à consciência fosse mera decoração.

Pra mim é um caso misto. É um universo que não me atrai muito, mas por outro lado a trama é tão elaborada e o filme tão bem feito que fica difícil não se divertir.

La piel que habito (ESP / 2011 / 117 min / Pedro Almodóvar)

INDICAÇÃO: Não precisa - quem gosta sabe.

NOTA: 7.0

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Atividade Paranormal 3


Eu gosto de tomar sustos (em filmes e parques de diversão - não na vida real) mas há um motivo pelo qual o Castelo dos Horrores no Playcenter não é um trajeto de 5 quilômetros, ou pelo qual uma criança não passa 1 hora e meia brincando com uma caixinha de surpresa (daquelas que você gira a manivela e salta o palhaço). Sustos não equivalem a histórias. Pra se envolver num programa mais longo, como um filme, você precisa de tema, trama, personagens, mensagens, etc. Os produtores de Atividade Paranormal perceberam que o público gosta de tomar sustos e tiveram a "brilhante" ideia de dispensar todos os outros elementos da ficção, construindo o que equivale a uma caixinha de surpresas de 1 hora e meia, que garante pelo menos 1 salto do palhaço a cada tantos minutos. A coisa está tão ridícula que muitas vezes os sustos nada tem a ver com espíritos ou com o contexto do filme - um dos sustos por exemplo é provocado por um defeito da fita num momento de suspense - um salto na imagem e um estalo no som que são completamente gratuitos.

É uma experiência deprimente e entediante. Essa onda de pseudo-documentário de terror já está cansando. Qual o propósito desse formato? Certamente não é o de criar realismo, pois além do público já estar acostumado com o artifício há mais de 10 anos, o comportamento
dos personagens é tão falso e ilógico que quebra todo o efeito. E pro propósito de dar sustos, um filme convencional ofereceria ainda mais possibilidades. Hoje em dia esse molde só serve como desculpa pro filme não precisar ter roteiro ou qualidade, afinal são apenas "fitas recuperadas". E mesmo assim o filme está sendo um sucesso enorme nos EUA. Ou o nível de exigência das pessoas pra entretenimento caiu demais ou elas realmente acreditam em demônios e ficam impressionadas com as imagens. Nenhuma das opções é muito animadora!

Paranormal Activity 3 (EUA / 2011 / 85 min / Henry Joost, Ariel Schulman)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou dos outros da série, Apollo 18, Quarentena, etc.

OPÇÕES MELHORES: Sobrenatural, O Último Exorcismo, REC, A Bruxa de Blair, Cannibal Holocaust.

NOTA: 3.0

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Gigantes de Aço


O filme se passa num futuro próximo onde lutas entre robôs gigantes (operados por humanos) substituíram o boxe tradicional e se tornaram um esporte popular. O filme é ao mesmo tempo 1) a história de um ex-lutador fracassado voltando à ativa, 2) a história de Davi vs. Golias, e 3) uma história de reencontro entre pai e filho.

Mas em todas as linhas o filme decepciona.

O personagem do Hugh Jackman é apresentado como um mercenário incompetente e sem valores, portanto o filme não te dá motivos pra querer que ele volte à ativa e nem que conquiste o filho abandonado.

O garoto no começo mostra ter inteligência e conhecimento técnico sobre robôs, mas sua aposta no robô Atom é totalmente irracional e nada tem a ver com seu conhecimento - ele simplesmente tem uma fé mística neste robô em particular, que revela ser mesmo uma excelente máquina. Mas o mérito aqui é do fabricante do robô, uma figura que nunca é mostrada ou sugerida no filme (aliás, por que uma máquina tão especial estava largada no lixão?!).

A impressão que temos é que o robô só vence as lutas mesmo por ser mais resistente do que os demais - não por alguma habilidade especial do garoto ou do pai como operadores. Ou seja, se eles não tivessem achado acidentalmente esse robô no lixão, eles teriam continuado na mesma (o filme não diz nada sobre persistência, superação, etc). As vitórias deles não são merecidas portanto nenhuma emoção é possível (a não ser certo constrangimento).

Há também uma tentativa de inserir uma história de "camaradagem" entre o garoto e o robô, o que é um absurdo pois o robô não tem nenhum tipo de consciência ou inteligência artificial. Não é como em O Exterminador do Futuro 2, onde é possível projetar um personagem humano no robô e tirar algum sentido abstrato da relação entre ele e o menino. Aqui o robô é apenas uma máquina mesmo - ver o garoto brincando com Atom é tão interessante quanto assistir uma dona de casa aspirando o pó.

Se tivesse sido bem feito, o filme poderia ter sido uma espécie de Karatê Kid ou Seabiscuit. Mas o roteiro é tão artificial, tão mal escrito, que o resultado é apenas uma colagem bagunçada de outros filmes que não chega a nenhum significado ou emoção.

Real Steel (EUA, IND / 2011 / 127 min / Shawn Levy)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Cowboys vs. Aliens, Super 8, Transformers 3, etc.

NOTA: 4.0

sábado, 15 de outubro de 2011

Férias


Estou passeando em Nova York e por isso não tenho visto muitos filmes nem escrito no blog. Na verdade assisti 3 filmes nessas últimas semanas mas na correria acabei não postando nada; vou comentar BEM rapidamente só pra registrar:






Um Conto Chinês
. Achei divertido e bem feito apesar de ser argentino - da linha "realista" que eu não gosto (ou seja, filmes sobre pessoas comuns vivendo vidas modestas). NOTA: 6.0










Amizade Colorida passa do ponto na escatologia e no sexo mas achei bem divertido e é uma das boas comédias românticas do ano. NOTA: 7.5











A Hora do Espanto é remake do filme de vampiro dos anos 80 (que eu me lembro pouco). A produção é elegante e há certo humor, mas a história é sem surpresas e o vilão não assusta. NOTA: 5.5









Hoje passei no New York Film Festival e vi o Pedro Almodóvar, que estava lá falando sobre a carreira e seu novo filme, A Pele que Habito. Me chamou a atenção que ele citou o Brasil diversas vezes, falando sempre de maneira elogiosa. O filme estreou hoje aqui e pretendo ver essa semana.

Abraços a todos!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Confiar


Dirigido por David Schwimmer (isso mesmo, o Ross!) esse drama pesado conta a história de uma típica garota americana de 15 anos que mantém uma paquera virtual com um rapaz que ela acha ter 17 anos, mas que no fim das contas é um homem de 35 caçando menininhas na internet e ela acaba sendo meio que estuprada.

Além da questão da pedofilia e do estupro, o filme também é um bom drama familiar e discute o medo da rejeição social, as pressões que se sofre no colégio pra pertencer a determinados grupos, etc.

No começo estava me incomodando pois achava que o filme estava indo na direção de Menina Má.com - querendo me convencer de que um homem seria um monstro abominável por ir pra cama com uma menor de idade, como se não houvesse diferença entre ter 15 anos ou 5, entre persuasão e força física...

Felizmente o filme é mais complexo e interessante que isso, e levanta questões morais válidas, dignas de uma boa discussão.

Achei forte, sensível, comovente, até por causa do elenco que está muito bem - em especial Clive Owen e a menina Liana Liberato (será parente do Gugu?) que começa inexpressiva e vai ganhando personalidade ao longo da história.

Trust (EUA / 2010 / 106 min / David Schwimmer)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Educação ou Aos Treze.

NOTA: 7.5