Novo de Pedro Almodóvar, estrelado por Antonio Banderas. A história gira em torno de um cirurgião plástico obcecado em desenvolver um novo tipo de pele artificial desde que sua esposa sofreu um acidente de carro e teve o corpo todo queimado (depois ela se mata, mas ele continua com as pesquisas).
Vemos que ele mantém uma garota trancada num quarto de casa como cobaia, mas não sabemos como ela foi parar lá. É um daqueles filmes que você pega o bonde andando e aos poucos vai entendendo o que está acontecendo.
Adoro a criatividade e a imaginação de Almodóvar e acho ele um ótimo cineasta (no sentido de ter uma direção clara, de seus filmes serem tecnicamente bem feitos, etc). Emocionalmente eu já me sinto um pouco mais distante; não gosto dos assuntos, da maneira que ele enxerga o mundo - a mania de retratar o homem como um animal movido por instintos sexuais, mistérios do subconsciente, sem nenhuma dignidade (a intenção é explícita; repare no homem vestido de tigre, na ênfase da TV mostrando o felino atacando a presa, etc).
Ele acaba com a nobreza de qualquer um - até um cirurgião brilhante no fundo é um monstro controlado pelo irracional. O amor é uma obsessão física - as pessoas se apaixonam por peles, por formatos de rostos, como se personalidade, valores, ambições, ou seja, tudo relativo à consciência fosse mera decoração.
Pra mim é um caso misto. É um universo que não me atrai muito, mas por outro lado a trama é tão elaborada e o filme tão bem feito que fica difícil não se divertir.
La piel que habito (ESP / 2011 / 117 min / Pedro Almodóvar)
INDICAÇÃO: Não precisa - quem gosta sabe.
NOTA: 7.0