NOTAS DA SESSÃO:
- Uma graça a Dory bebê! Normalmente não gosto quando eles resolvem fazer filmes sobre os coadjuvantes (tipo Minions), mas nesse caso foi uma boa ideia porque a Dory é um personagem mais interessante e carismático que o Marlin e o próprio Nemo.
- A meta da Dory surge meio que do nada então não tem tanta força dramática - ela simplesmente lembra que tinha pai e mãe e resolve ir procurá-los. Não parece algo vital. Ainda assim, é um objetivo melhor que o do primeiro filme. Ela está indo atrás de algo positivo, que vai tornar a vida dela melhor, mais completa do que já é. Em Procurando Nemo, eles só tinham que desfazer um acidente. Não buscavam algo atraente - só queriam consertar as coisas pra voltarem pro que já era.
- Hahaha. Amei a participação da Sigourney Weaver!
- O filme tem um tom um pouco menos sério que o Procurando Nemo. Aqui eles não se preocupam muito em manter os eventos "realistas". Tem o polvo que vive fora d'água (isso é possível?), o pássaro que carrega o balde com os peixes, etc. Soa mais infantil, mas pelo menos permite uma variedade maior de cenários.
- É legal o filme se passar no Instituto, que tem uma cara meio de Sea World. É um ambiente menos deprimente que o aquário de dentista onde se passava boa parte do Nemo.
- O fato da Dory ter problema de memória cria um recurso narrativo interessante. Através de flashbacks e pequenas lembranças vamos montando o quebra-cabeça junto com ela e descobrindo sua história.
- Meio duvidosa essa ideia de pensar "O que a Dory faria?" pra tomar decisões. O filme parece querer passar a mensagem de que você deve ser destemido, etc, mas na prática fica a ideia de que você deve ser impulsivo, não seguir nenhum plano, agir irracionalmente.
- Legal a sacada deles usarem a "ecolocalização" da beluga pra se movimentar dentro do Instituto.
- Eles quiseram colocar a Dory pra falar "baleiês" aqui de novo (porque foi um sucesso no primeiro filme), só que ficou meio forçado, pois a baleia pode falar normalmente nesse caso.
- Divertido o reencontro da Dory com o Nemo e o Marlin dentro dos canos (e beluga achando que a Dory está sendo devorada, rs)
- O filme parece ter medo de ser sentimental. O reencontro da Dory com os pais podia ter provocado umas lágrimas se tivesse sido feito de outra forma. Eles logo quebram o clima com humor, etc.
- A ação final da Dory resgatando o Marlin e o Nemo do caminhão é forçada demais. Como ela sabe onde eles estão, em qual caminhão? Sei que é uma fantasia, mas prefiro quando os filmes mantêm uma dose maior de realismo pra fazer a gente acreditar no que está acontecendo, etc.
- Mensagens meio contraditórias. Por um lado, eles querem dizer que as melhores coisas da vida acontecem por acaso. Que não devemos pensar, planejar, etc. Por outro lado, passam a mensagem de que "há sempre outro jeito" de resolver as coisas - através de raciocínio e planejamento.
------------------
CONCLUSÃO: Mais agradável que o primeiro (protagonista melhor, menos focado em perigos, ameaças, medos), embora o roteiro soe menos inteligente.
Finding Dory / EUA / 2016 / Andrew Stanton, Angus MacLane
FILMES PARECIDOS: Mogli: O Menino Lobo (2016) / Divertida Mente / Ratatouille / Procurando Nemo / Monstros S.A.
NOTA: 7.0
quinta-feira, 30 de junho de 2016
quarta-feira, 29 de junho de 2016
O Caseiro
(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)
ANOTAÇÕES:
- Produção simples, sem nada de virtuoso ou imaginativo em termos de direção, fotografia, roteiro etc, mas é respeitável. O fato de se passar no interior ajuda visualmente. As cidades no Brasil são tão feias que fica quase impossível dar uma cara de filme americano pra um filme que se passe na cidade.
- Não gosto quando filmes de terror / suspense têm esse tom denso constante - as pessoas falando de maneira misteriosa, com expressões sérias, como se soubessem que estão num filme de gênero. Torna tudo um pouco monótono e distante.
- Boa essa atriz que faz a tia (Denise Weinberg). As crianças não são totalmente convincentes, mas não atrapalham também. O personagem do Bruno Garcia é meio chato, distante, não gera muita empatia, até porque o filme exige que ele tenha essa postura séria e formal o tempo todo. Parece um investigador genérico, copiado de dezenas de outros filmes, sem uma identidade própria.
- Embora não muita coisa aconteça na história até o terceiro ato, algumas cenas conseguem criar tensão, por exemplo quando o Davi vai até a casa do caseiro à noite e encontra a garotinha brincando. Ainda assim, o filme não chega a ser um entretenimento de grande apelo popular, como Invocação do Mal, etc.
- Algumas coisas começam a ficar um pouco forçadas mais pra frente. Por exemplo, quando a filha e o amigo vão seguindo o pai pelo do GPS, daí ela resolve ir embora e deixar o garoto sozinho na casa (que por algum motivo está aberta).
- SPOILER: O último ato é totalmente irreal e bagunçado. O investigador lá sentado no lago espantado com o fantasma do caseiro que viu, enquanto isso o pai na casa do caseiro achando a irmã morta, e em outro lugar a filha dirigindo e batendo o carro... As pessoas não estão se comportando de uma maneira plausível. A família não ficaria toda espalhada por aí com tudo isso acontecendo (a tia desaparecida, um fantasma à solta, etc). Alguns personagens parecem estar sobrando no filme também, como algumas das filhas do Rubens. Fica estranho elas não participarem mais da história, não interagirem com o Davi, etc.
- SPOILER: A história do Davi ser o garoto do livro ficou meio previsível desde o começo.
- SPOILER: Final confuso, conturbado e com alguns clichês. A tragédia da família do caseiro não foi bem contada, então não entendemos direito o que está acontecendo, qual a motivação do caseiro, etc. Quem é essa menina que ele tira da casa pegando fogo? A filha dele? Quem matou a mãe? E a menina parece muito com uma das filhas do Rubens... É ela? As coisas que estão acontecendo existem fisicamente ou são apenas visões? Todos estão vendo isso ou só o Davi? O cineasta parece muito ansioso pra surpreender no final, encher a história de revelações, reviravoltas, apresentar suas sacadas, só que com isso atropelou o espectador e a lógica da narrativa.
------------------
CONCLUSÃO: Tentativa honesta e razoavelmente bem sucedida de se fazer um filme brasileiro de gênero, mas o roteiro vai se tornando cada vez mais improvável e confuso conforme se aproxima do fim.
Brasil / 2016 / Julio Santi
FILMES PARECIDOS: Mama / O Ritual / Atividade Paranormal / O Orfanato / A Chave Mestra
NOTA: 5.5
sexta-feira, 24 de junho de 2016
Independence Day: O Ressurgimento
NOTAS DA SESSÃO:
- O vôo inicial pelo espaço em IMAX 3D é divertido. Interessante a Terra futurista, a ideia dos humanos terem desenvolvido a tecnologia alienígena, do mundo estar em paz (não é todo dia que se vê uma projeção otimista do futuro e da tecnologia). Divertido também essa coisa meio Impacto Profundo de colocarem uma mulher como presidente.
- Liam Hemsworth fica bem de herói. O personagem é atraente e prova sua coragem logo na primeira cena. Legal também rever o Jeff Goldblum e suas observações sarcásticas. E será que eu tomei um ácido ou eles realmente colocaram a Charlotte Gainsbourg nesse filme?
- Ridícula a cena do cientista acordando do coma. Pior ainda é ele estar disposto pra começar a trabalhar logo em seguida. Quebra toda a seriedade do filme.
- Essa história meio Contatos Imediatos dos humanos se comunicarem mentalmente com os aliens não funciona muito bem. No fim acaba não servindo pra muita coisa. E o tal desenho que eles enxergam nem parece exatamente com a esfera que surge depois. O próprio conceito desses aliens "do bem" é mal desenvolvido. Só vemos uma bola. Isso é o alien, ou é uma máquina? Como exatamente eles representam uma ameaça pros aliens do mal? Não entendemos bem o contexto todo.
- Meio falso o Liam Hemsworth pegar o Jeff Goldblum, o Umbutu, a Catherine, eles entrarem na nave e irem até a Lua casualmente como se estivessem indo até a farmácia. Isso deveria ser uma missão do governo.
- A ideia da nave ser 10 vezes maior do que a do último filme é um exagero. Passou do ponto. Pra que ela passa raspando na lua? Quando ela chega na Terra, por que ela atrai as coisas pra cima com sua gravidade, sendo que depois ela deixa de ter essa gravidade própria? As cenas de destruição são bagunçadas, nem se comparam com as do primeiro filme. Ver cidades inteiras serem completamente estraçalhadas não tem o mesmo impacto de ver 1 coisa de cada vez sendo destruída, como a cena da Casa Branca. E que chances os personagens têm contra algo tão imenso? O pai do David no barco descendo a tsunami, desviando de cargueiros e aparecendo vivo depois (com o detalhe do garotinho que salva ele encontrar o livro que ele escreveu nos escombros)? Isso faz Terremoto: A Falha de San Andreas parecer um filme sensato.
- O filme parece datado em alguns aspectos - a caracterização dos personagens, aquelas crianças dirigindo o carro... Não sentimos que estamos vendo o nosso mundo representado na tela, sendo invadido por alienígenas, o que tira parte do envolvimento. Estamos vendo um mundo futurista e ainda com cara de 1996.
- Os alívios cômicos parecem excessivos e em geral não têm graça.
- Esse cientista que saiu do coma realmente é o pior personagem. Um absurdo ele trabalhando todo animado, fazendo esforço físico, sabendo liderar a equipe sem ter a menor ideia do que está acontecendo.
- SPOILER: A trama às vezes é tão tola que chega a ser constrangedor. Por que diabos a rainha dos aliens iria vir pessoalmente até a Terra caçar a tal da esfera? E será que uma raça tão avançada conseguiria ser tapeada pelos humanos dessa forma e cair numa armadilha? E o ex-presidente vai pilotar o avião de novo pra salvar o mundo? Ele não estava insano no começo do filme? 5 pessoas escreveram o roteiro desse filme, será que ninguém reparou que é tudo muito nonsense?
- Pelo menos o filme erra tentando fazer algo divertido e épico, honrando o espírito dos anos 90. Respeito mais esse tipo de erro do que esses blockbusters atuais que falham por terem medo de entreter e cair no ridículo (e se tornam sombrios, genéricos, ousam pouco, etc).
- SPOILER: Gente, por que esse ônibus escolar foi parar na Área 51 cheio de crianças? E essa rainha alien cavalgando atrás deles como se fosse um Godzilla? Por que ela quer pegar o ônibus? Ela não é um ser inteligente? Não tem outras prioridades nesse momento? Muito ridículo. E como a filha do presidente conseguiu destruir o escudo dela? Bastava ficar atirando?
- SPOILER: Não!!! O cientista, além de ser personagem mais constrangedor do filme, no fim vira gay? A cena "romântica" entre ele e o namorado é digna de levantar e sair da sala. É melhor pros gays não terem nenhuma representatividade nos filmes do que serem retratados dessa maneira tola e envergonhada (isso porque o diretor Roland Emmerich é gay).
- O final vai ficando muito trash e confuso. São tantas tramas paralelas, tantos personagens, que eu já nem lembro mais quem salvou o mundo: se foi o Bill Pullman, a filha dele, o Liam Hemsworth, o Jeff Goldblum... E a presidente, morreu mesmo?
-------------------
CONCLUSÃO: Bem intencionado mas cheio de problemas: roteiro idiota, cenas de destruição pouco memoráveis, problemas de tom, falta de conexão com o público atual, etc.
Independence Day: Resurgence / EUA / 2016 / Roland Emmerich
FILMES PARECIDOS: Terremoto: A Falha de San Andreas / O Exterminador do Futuro: Gênesis / O Dia Depois de Amanhã / Armageddon
NOTA: 5.5
- O vôo inicial pelo espaço em IMAX 3D é divertido. Interessante a Terra futurista, a ideia dos humanos terem desenvolvido a tecnologia alienígena, do mundo estar em paz (não é todo dia que se vê uma projeção otimista do futuro e da tecnologia). Divertido também essa coisa meio Impacto Profundo de colocarem uma mulher como presidente.
- Liam Hemsworth fica bem de herói. O personagem é atraente e prova sua coragem logo na primeira cena. Legal também rever o Jeff Goldblum e suas observações sarcásticas. E será que eu tomei um ácido ou eles realmente colocaram a Charlotte Gainsbourg nesse filme?
- Ridícula a cena do cientista acordando do coma. Pior ainda é ele estar disposto pra começar a trabalhar logo em seguida. Quebra toda a seriedade do filme.
- Essa história meio Contatos Imediatos dos humanos se comunicarem mentalmente com os aliens não funciona muito bem. No fim acaba não servindo pra muita coisa. E o tal desenho que eles enxergam nem parece exatamente com a esfera que surge depois. O próprio conceito desses aliens "do bem" é mal desenvolvido. Só vemos uma bola. Isso é o alien, ou é uma máquina? Como exatamente eles representam uma ameaça pros aliens do mal? Não entendemos bem o contexto todo.
- Meio falso o Liam Hemsworth pegar o Jeff Goldblum, o Umbutu, a Catherine, eles entrarem na nave e irem até a Lua casualmente como se estivessem indo até a farmácia. Isso deveria ser uma missão do governo.
- A ideia da nave ser 10 vezes maior do que a do último filme é um exagero. Passou do ponto. Pra que ela passa raspando na lua? Quando ela chega na Terra, por que ela atrai as coisas pra cima com sua gravidade, sendo que depois ela deixa de ter essa gravidade própria? As cenas de destruição são bagunçadas, nem se comparam com as do primeiro filme. Ver cidades inteiras serem completamente estraçalhadas não tem o mesmo impacto de ver 1 coisa de cada vez sendo destruída, como a cena da Casa Branca. E que chances os personagens têm contra algo tão imenso? O pai do David no barco descendo a tsunami, desviando de cargueiros e aparecendo vivo depois (com o detalhe do garotinho que salva ele encontrar o livro que ele escreveu nos escombros)? Isso faz Terremoto: A Falha de San Andreas parecer um filme sensato.
- O filme parece datado em alguns aspectos - a caracterização dos personagens, aquelas crianças dirigindo o carro... Não sentimos que estamos vendo o nosso mundo representado na tela, sendo invadido por alienígenas, o que tira parte do envolvimento. Estamos vendo um mundo futurista e ainda com cara de 1996.
- Os alívios cômicos parecem excessivos e em geral não têm graça.
- Esse cientista que saiu do coma realmente é o pior personagem. Um absurdo ele trabalhando todo animado, fazendo esforço físico, sabendo liderar a equipe sem ter a menor ideia do que está acontecendo.
- SPOILER: A trama às vezes é tão tola que chega a ser constrangedor. Por que diabos a rainha dos aliens iria vir pessoalmente até a Terra caçar a tal da esfera? E será que uma raça tão avançada conseguiria ser tapeada pelos humanos dessa forma e cair numa armadilha? E o ex-presidente vai pilotar o avião de novo pra salvar o mundo? Ele não estava insano no começo do filme? 5 pessoas escreveram o roteiro desse filme, será que ninguém reparou que é tudo muito nonsense?
- Pelo menos o filme erra tentando fazer algo divertido e épico, honrando o espírito dos anos 90. Respeito mais esse tipo de erro do que esses blockbusters atuais que falham por terem medo de entreter e cair no ridículo (e se tornam sombrios, genéricos, ousam pouco, etc).
- SPOILER: Gente, por que esse ônibus escolar foi parar na Área 51 cheio de crianças? E essa rainha alien cavalgando atrás deles como se fosse um Godzilla? Por que ela quer pegar o ônibus? Ela não é um ser inteligente? Não tem outras prioridades nesse momento? Muito ridículo. E como a filha do presidente conseguiu destruir o escudo dela? Bastava ficar atirando?
- SPOILER: Não!!! O cientista, além de ser personagem mais constrangedor do filme, no fim vira gay? A cena "romântica" entre ele e o namorado é digna de levantar e sair da sala. É melhor pros gays não terem nenhuma representatividade nos filmes do que serem retratados dessa maneira tola e envergonhada (isso porque o diretor Roland Emmerich é gay).
- O final vai ficando muito trash e confuso. São tantas tramas paralelas, tantos personagens, que eu já nem lembro mais quem salvou o mundo: se foi o Bill Pullman, a filha dele, o Liam Hemsworth, o Jeff Goldblum... E a presidente, morreu mesmo?
-------------------
CONCLUSÃO: Bem intencionado mas cheio de problemas: roteiro idiota, cenas de destruição pouco memoráveis, problemas de tom, falta de conexão com o público atual, etc.
Independence Day: Resurgence / EUA / 2016 / Roland Emmerich
FILMES PARECIDOS: Terremoto: A Falha de San Andreas / O Exterminador do Futuro: Gênesis / O Dia Depois de Amanhã / Armageddon
NOTA: 5.5
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Como Eu Era Antes de Você
NOTAS DA SESSÃO:
- Pra mim o personagem da Emilia Clarke não funciona. Ela parece estar tentando ser algo que não é: alegre, engraçada, etc. E desde a primeira cena ela e o Will não têm a menor química (a brincadeira inapropriada que ele faz fingindo ter problemas mentais, etc). Eles não parecem ter nada em comum.
- O grande problema do filme é que a garota não é um personagem atraente. Parece burra, não muito bonita, mal vestida, estabanada, é pobre, inculta... Você não entende por que o cara iria se apaixonar por ela. Esses filmes todos tipo Cinquenta Tons de Cinza parecem contos de fadas pra alimentar fantasias de mulheres inseguras e dependentes. Mostrar que mesmo sem nenhum atributo, a mulher de "bom coração" pode conquistar o "homem perfeito" (ela não precisa ter qualidades mundanas e "superficiais", mas ele precisa ter todas). Claro, pra ficar mais realista, o cara sempre tem que ter algum problema sério que explique o fato dele estar solteiro... um problema que não seja grave pra heroína em particular.
- Nos bons romances, há sempre um senso de equilíbrio e justiça, de que ambas as partes se deram bem ao encontrar o parceiro. Não é o que se sente aqui.
- Os personagens são mal escritos, inconsistentes. Will tem uma postura esnobe, se faz de sofisticado, intelectual, adulto (faz a menina assistir filmes estrangeiros, etc), mas no minuto seguinte, diz que E.T. é seu filme favorito. Ela por outro lado é convencional, pouco intelectual, romântica, mas de repente tem um monólogo onde faz uma crítica sarcástica à sociedade, às pessoas convencionais, etc.
- O título não faz o menor sentido. O filme não fica mostrando como eles eram antes de se conhecerem... É um romance normal; eles se conhecem logo no comecinho da história e o filme mostra apenas o que acontece depois.
- A ideia é a de que ele era um cara mal humorado, fechado, e ela traz alegria pra vida dele. Mas esse arco não é nada convincente (como foi no filme francês Intocáveis, por exemplo). Ela tenta levá-lo pra uma corrida de cavalos e o passeio é um desastre... Depois eles vão no concerto de música clássica, mas não sentimos que ela absorveu qualquer coisa do que ouviu. Não há uma troca interessante entre os dois (a alegria que ela tem pra oferecer não o torna muito feliz, e a cultura e conhecimento que ele tem pra oferecer não chegam a interessá-la). E em vez de buscar metas e atividades que pudessem inspirar um tetraplégico, ela fica levando ele pra praia, pra andar de barco - coisas que provavelmente vão deprimi-lo mais ainda. Ela não o ajuda a encontrar um novo sentido pra sua vida. Tanto que ele continua querendo se matar mesmo depois de conhecê-la. Ninguém num estado apaixonado quer cometer suicídio.
- SPOILER: Estranho isso do filme acabar num tom alegre - ela passeando em Paris com a fortuna que herdou do cara depois que ele se matou. O romance foi tão artificial e desequilibrado que fica difícil não pensar nesse momento que tudo não passou de uma espécie de golpe do baú.
-------------------
CONCLUSÃO: Roteiro fraco em conteúdo/caracterizações, e o personagem "sem sal" da Emilia Clarke arruínam o romance.
Me Before You / Reino Unido / 2016 / Thea Sharrock
FILMES PARECIDOS: Cinquenta Tons de Cinza / A Culpa É das Estrelas / Crepúsculo
NOTA: 4.0
- Pra mim o personagem da Emilia Clarke não funciona. Ela parece estar tentando ser algo que não é: alegre, engraçada, etc. E desde a primeira cena ela e o Will não têm a menor química (a brincadeira inapropriada que ele faz fingindo ter problemas mentais, etc). Eles não parecem ter nada em comum.
- O grande problema do filme é que a garota não é um personagem atraente. Parece burra, não muito bonita, mal vestida, estabanada, é pobre, inculta... Você não entende por que o cara iria se apaixonar por ela. Esses filmes todos tipo Cinquenta Tons de Cinza parecem contos de fadas pra alimentar fantasias de mulheres inseguras e dependentes. Mostrar que mesmo sem nenhum atributo, a mulher de "bom coração" pode conquistar o "homem perfeito" (ela não precisa ter qualidades mundanas e "superficiais", mas ele precisa ter todas). Claro, pra ficar mais realista, o cara sempre tem que ter algum problema sério que explique o fato dele estar solteiro... um problema que não seja grave pra heroína em particular.
- Nos bons romances, há sempre um senso de equilíbrio e justiça, de que ambas as partes se deram bem ao encontrar o parceiro. Não é o que se sente aqui.
- Os personagens são mal escritos, inconsistentes. Will tem uma postura esnobe, se faz de sofisticado, intelectual, adulto (faz a menina assistir filmes estrangeiros, etc), mas no minuto seguinte, diz que E.T. é seu filme favorito. Ela por outro lado é convencional, pouco intelectual, romântica, mas de repente tem um monólogo onde faz uma crítica sarcástica à sociedade, às pessoas convencionais, etc.
- O título não faz o menor sentido. O filme não fica mostrando como eles eram antes de se conhecerem... É um romance normal; eles se conhecem logo no comecinho da história e o filme mostra apenas o que acontece depois.
- A ideia é a de que ele era um cara mal humorado, fechado, e ela traz alegria pra vida dele. Mas esse arco não é nada convincente (como foi no filme francês Intocáveis, por exemplo). Ela tenta levá-lo pra uma corrida de cavalos e o passeio é um desastre... Depois eles vão no concerto de música clássica, mas não sentimos que ela absorveu qualquer coisa do que ouviu. Não há uma troca interessante entre os dois (a alegria que ela tem pra oferecer não o torna muito feliz, e a cultura e conhecimento que ele tem pra oferecer não chegam a interessá-la). E em vez de buscar metas e atividades que pudessem inspirar um tetraplégico, ela fica levando ele pra praia, pra andar de barco - coisas que provavelmente vão deprimi-lo mais ainda. Ela não o ajuda a encontrar um novo sentido pra sua vida. Tanto que ele continua querendo se matar mesmo depois de conhecê-la. Ninguém num estado apaixonado quer cometer suicídio.
- SPOILER: Estranho isso do filme acabar num tom alegre - ela passeando em Paris com a fortuna que herdou do cara depois que ele se matou. O romance foi tão artificial e desequilibrado que fica difícil não pensar nesse momento que tudo não passou de uma espécie de golpe do baú.
-------------------
CONCLUSÃO: Roteiro fraco em conteúdo/caracterizações, e o personagem "sem sal" da Emilia Clarke arruínam o romance.
Me Before You / Reino Unido / 2016 / Thea Sharrock
FILMES PARECIDOS: Cinquenta Tons de Cinza / A Culpa É das Estrelas / Crepúsculo
NOTA: 4.0
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Game of Thrones - Battle of the Bastards
Já tentei ver a série mas perdi o interesse logo no 2º episódio da primeira temporada. Agora só vejo uns capítulos isolados quando as pessoas não param de falar no assunto, como ocorreu esses dias na Batalha dos Bastardos (9º Episódio da 6ª Temporada). Nenhuma surpresa. Achei o episódio a mesma chatice de sempre. Um passatempo pobre, banal, sobre pessoas viciadas em poder. Nenhuma mensagem interessante, nada de criativo ou surpreendente em termos de técnica, direção, escrita, nenhum personagem particularmente gostável, nenhuma cena que provoque qualquer emoção positiva digna de ser vivenciada... Apenas o espetáculo de ver personagens antipáticos tentando dominar uns aos outros. E claro, muitas cenas desagradáveis de morte. Enfim... Aí vai uma frase que eu gosto pra finalizar:
"A preocupação do criador é a conquista da natureza. A preocupação do parasita é a conquista dos homens."
"A preocupação do criador é a conquista da natureza. A preocupação do parasita é a conquista dos homens."
sábado, 18 de junho de 2016
Mais Forte que o Mundo - A História de José Aldo
NOTAS DA SESSÃO:
- José Aldo e os amigos são totalmente imorais. O filme tenta mostrá-los como vítimas da sociedade, mas não há como perdoar eles saírem pelas ruas espancando estranhos por puro prazer. Se o filme fosse uma denúncia do comportamento deles tudo bem. Mas o propósito aqui é criar empatia pelo protagonista, daí não dá pra perdoar.
- Alerta Vermelho (ódio de ricos): o pai do protagonista é um bêbado decadente e agressor de mulher, mas o grande vilão no fim não é ele, e sim o patrão rico, por fazer o protagonista se sentir humilhado pelo pai que tem.
- A produção está bem acima da média dos filmes brasileiros. A fotografia é bem feita, a direção tem estilo, consegue criar momentos dramáticos, o elenco está ótimo, José Loreto convence totalmente como José Aldo.
- Rafinha Bastos me parece um pouco deslocado aqui. Ele parece um cara muito sensível e intelectual pra ser lutador, e os 2 têm personalidades tão diferentes que não convencem como amigos.
- Continuo com sensações mistas em relação ao protagonista. Por um lado é inspiradora a história de alguém que sai do nada e se revela um grande talento (o roteiro funciona nesse nível mais básico de história de sucesso). Por outro lado, o filme glamouriza o lado agressivo e animalesco de José Aldo. O grande "talento" dele é ser forte e violento. Quando ele arruma uma briga e destrói a lanchonete onde trabalha, em vez de ser repreendido pela irresponsabilidade, ele é recompensado e se torna lutador profissional! É um esporte tão duvidoso que recompensa o que há de mais animalesco nas pessoas. Parece quase impossível alguém ser um gênio do UFC e ao mesmo tempo ser um personagem muito admirável em termos de caráter, etc.
- Boa a cena da primeira luta (onde o José Aldo derrota o adversário em poucos segundos). Embora usar a trilha do Era Uma Vez no Oeste seja um golpe baixo (não é tão difícil criar um momento de impacto se você pode "emprestar" uma das melhores trilhas do cinema, hehe).
- Cléo Pires está ótima no filme e tem uma química perfeita com o José Loreto. Ao contrário do Rafinha Bastos, ela convence como alguém que pertence a esse universo e se relacionaria com um cara desses.
- Quando ele vai pra Inglaterra ele já está no UFC? Não fica muito bem explicado em qual estágio da "corrida" ele está.
- A luta dele em Las Vegas é muito bem dirigida!! Conseguimos acompanhar cada golpe, entendemos o que está acontecendo em cada estágio da luta, tudo é sublinhado com closes, câmeras lentas. Não dependemos da narração pra entender, como de costume - nós realmente vemos a luta.
- SPOILER: Só acho estranho em termos de roteiro o filme ter dado pouca ênfase pro fato dele ter se tornado campeão mundial nessa luta! Não criaram um momento emocionante na vitória, foi algo bem casual, como se ele ainda tivesse pra onde crescer depois disso.
- SPOILER: Irrita o apego que José tem pelo pai, depois de tudo o que ele fez. E o fato também dele trair a namorada com a menina de Manaus. É difícil não torcer por José na questão do esporte, mas quando você para pra pensar ele não é nem um pouco respeitável como pessoa.
- SPOILER: As alucinações que o José tem com o Fernandinho são sutis e muito interessantes. Acho questionável o ódio que ele tem do rapaz, que apesar de ser babaca está longe de ser um arqui-inimigo como é retratado no filme. Ainda assim, o filme é eficiente em mostrar como o sentimento de humilhação que o José sente diante da figura do Fernandinho abastece a raiva dele e faz com que ele tenha mais força nas lutas. No fim não é o pai do José que o "motiva" no sentido tradicional. É a vergonha que o José sente do pai, somada com a humilhação provocada pelo Fernandinho que geram a tal fúria que faz com que ele vença as lutas. E a cena em que o José Aldo "alucina" que está lutando contra si mesmo, e não contra o Fernandinho, pode parecer meio clichê mas é muito apropriada e perspicaz psicologicamente.
- Tocante a cena em que o José vai visitar o pai no hospital. Os 2 atores estão muito bem.
- SPOILER: Um absurdo a Cléo Pires aceitar o José de volta toda animada logo após ter sido traída. É igual quando o José destruiu a lanchonete e foi recompensado. A filosofia do filme é: "dane-se a ética" - você pode ser a pessoa mais irresponsável do mundo, se você for gostoso e tiver talento, tudo será perdoado.
- SPOILER: Incrível a última luta! Muito bem dirigida a ação (consegue envolver a plateia e mostrar tudo sem apelar pra violência de maneira desagradável). Apesar dele já ser campeão, essa luta acaba sendo mais dramática que a última. O filme une esse momento à morte do pai, e também revela de maneira incrível a história por trás da cicatriz que o José tem no rosto. A vitória é realmente de arrepiar - o uso da música, a imagem épica dele segurando o cinturão, os textos explicando o que houve depois, etc.
-------------------
CONCLUSÃO: Apesar do filme celebrar um personagem em muitos aspectos imoral, é um dos filmes brasileiros mais bem feitos que já vi. Tem ótimas performances, profundidade, sensibilidade, é tecnicamente bem realizado, e provoca a emoção do esporte de forma memorável.
Brasil / 2016 / Afonso Poyart
FILMES PARECIDOS: Creed: Nascido para Lutar / Trinta / Faroeste Caboclo / 2 Filhos de Francisco
NOTA: 7.8
- José Aldo e os amigos são totalmente imorais. O filme tenta mostrá-los como vítimas da sociedade, mas não há como perdoar eles saírem pelas ruas espancando estranhos por puro prazer. Se o filme fosse uma denúncia do comportamento deles tudo bem. Mas o propósito aqui é criar empatia pelo protagonista, daí não dá pra perdoar.
- Alerta Vermelho (ódio de ricos): o pai do protagonista é um bêbado decadente e agressor de mulher, mas o grande vilão no fim não é ele, e sim o patrão rico, por fazer o protagonista se sentir humilhado pelo pai que tem.
- A produção está bem acima da média dos filmes brasileiros. A fotografia é bem feita, a direção tem estilo, consegue criar momentos dramáticos, o elenco está ótimo, José Loreto convence totalmente como José Aldo.
- Rafinha Bastos me parece um pouco deslocado aqui. Ele parece um cara muito sensível e intelectual pra ser lutador, e os 2 têm personalidades tão diferentes que não convencem como amigos.
- Continuo com sensações mistas em relação ao protagonista. Por um lado é inspiradora a história de alguém que sai do nada e se revela um grande talento (o roteiro funciona nesse nível mais básico de história de sucesso). Por outro lado, o filme glamouriza o lado agressivo e animalesco de José Aldo. O grande "talento" dele é ser forte e violento. Quando ele arruma uma briga e destrói a lanchonete onde trabalha, em vez de ser repreendido pela irresponsabilidade, ele é recompensado e se torna lutador profissional! É um esporte tão duvidoso que recompensa o que há de mais animalesco nas pessoas. Parece quase impossível alguém ser um gênio do UFC e ao mesmo tempo ser um personagem muito admirável em termos de caráter, etc.
- Boa a cena da primeira luta (onde o José Aldo derrota o adversário em poucos segundos). Embora usar a trilha do Era Uma Vez no Oeste seja um golpe baixo (não é tão difícil criar um momento de impacto se você pode "emprestar" uma das melhores trilhas do cinema, hehe).
- Cléo Pires está ótima no filme e tem uma química perfeita com o José Loreto. Ao contrário do Rafinha Bastos, ela convence como alguém que pertence a esse universo e se relacionaria com um cara desses.
- Quando ele vai pra Inglaterra ele já está no UFC? Não fica muito bem explicado em qual estágio da "corrida" ele está.
- A luta dele em Las Vegas é muito bem dirigida!! Conseguimos acompanhar cada golpe, entendemos o que está acontecendo em cada estágio da luta, tudo é sublinhado com closes, câmeras lentas. Não dependemos da narração pra entender, como de costume - nós realmente vemos a luta.
- SPOILER: Só acho estranho em termos de roteiro o filme ter dado pouca ênfase pro fato dele ter se tornado campeão mundial nessa luta! Não criaram um momento emocionante na vitória, foi algo bem casual, como se ele ainda tivesse pra onde crescer depois disso.
- SPOILER: Irrita o apego que José tem pelo pai, depois de tudo o que ele fez. E o fato também dele trair a namorada com a menina de Manaus. É difícil não torcer por José na questão do esporte, mas quando você para pra pensar ele não é nem um pouco respeitável como pessoa.
- SPOILER: As alucinações que o José tem com o Fernandinho são sutis e muito interessantes. Acho questionável o ódio que ele tem do rapaz, que apesar de ser babaca está longe de ser um arqui-inimigo como é retratado no filme. Ainda assim, o filme é eficiente em mostrar como o sentimento de humilhação que o José sente diante da figura do Fernandinho abastece a raiva dele e faz com que ele tenha mais força nas lutas. No fim não é o pai do José que o "motiva" no sentido tradicional. É a vergonha que o José sente do pai, somada com a humilhação provocada pelo Fernandinho que geram a tal fúria que faz com que ele vença as lutas. E a cena em que o José Aldo "alucina" que está lutando contra si mesmo, e não contra o Fernandinho, pode parecer meio clichê mas é muito apropriada e perspicaz psicologicamente.
- Tocante a cena em que o José vai visitar o pai no hospital. Os 2 atores estão muito bem.
- SPOILER: Um absurdo a Cléo Pires aceitar o José de volta toda animada logo após ter sido traída. É igual quando o José destruiu a lanchonete e foi recompensado. A filosofia do filme é: "dane-se a ética" - você pode ser a pessoa mais irresponsável do mundo, se você for gostoso e tiver talento, tudo será perdoado.
- SPOILER: Incrível a última luta! Muito bem dirigida a ação (consegue envolver a plateia e mostrar tudo sem apelar pra violência de maneira desagradável). Apesar dele já ser campeão, essa luta acaba sendo mais dramática que a última. O filme une esse momento à morte do pai, e também revela de maneira incrível a história por trás da cicatriz que o José tem no rosto. A vitória é realmente de arrepiar - o uso da música, a imagem épica dele segurando o cinturão, os textos explicando o que houve depois, etc.
-------------------
CONCLUSÃO: Apesar do filme celebrar um personagem em muitos aspectos imoral, é um dos filmes brasileiros mais bem feitos que já vi. Tem ótimas performances, profundidade, sensibilidade, é tecnicamente bem realizado, e provoca a emoção do esporte de forma memorável.
Brasil / 2016 / Afonso Poyart
FILMES PARECIDOS: Creed: Nascido para Lutar / Trinta / Faroeste Caboclo / 2 Filhos de Francisco
NOTA: 7.8
quinta-feira, 16 de junho de 2016
As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras
NOTAS DA SESSÃO:
- Acho um tédio essas cenas de ação que não têm o mínimo respeito pelas leis da física (as Tartarugas caindo de cima do Chrysler Building, etc).
- Megan Fox está ótima no começo (interagindo com o cientista, o diálogo sobre nerds e geeks, etc). Ela fica mais carismática com esse tom mais cômico (do que quando quer ser apenas sexy).
- Assim como no primeiro filme, os personagens das Tartarugas não são especialmente engraçados ou admiráveis - são no máximo simpáticos. Me irrita também o fato delas serem extremamente atrapalhadas, estarem sempre fazendo burrices... Isso parece ser em prol do humor, mas na prática acaba sendo uma forma de herói envergonhado, pois faz com que os personagens pareçam incompetentes.
- Sinto falta também um objetivo pessoal pra eles na missão de capturar o Destruidor (em vez de ser algo puramente altruísta pra proteger a humanidade).
- Esse vilão em forma de cérebro é ridículo!! Nada ameaçador. O filme todo tem um clima de desenho infantil, de coisas tipo Power Rangers, etc. Algo divertido mas sem a menor preocupação em soar inteligente, de bom gosto. É tudo assumidamente tolo e juvenil.
- Legal a participação da Laura Linney. Ela é uma atriz tão sóbria que até destoa do resto da produção. Ajuda a compensar um pouco o espírito despretensioso do filme.
- A trama toda é meio fraca e comum. Todo esse trabalhão pra caçar as 3 peças pra abrir o portal, sendo que no começo do filme já foi aberto um portal sem essas peças. Ou a história da gosma que faz animais virarem humanos e humanos virarem animais...
- Que absurdo o Casey salvar a Megan Fox de todos esses ninjas usando apenas um taco de hockey! Nada plausível.
- O conflito das Tartarugas sobre se transformar ou não em seres humanos levanta uma discussão interessante que dá uma dimensão a mais pro filme (o medo que elas têm do preconceito dos humanos, etc). E o surpreendente (pros dias de hoje) é que o filme não transforma isso num discurso político chato, como o Planeta dos Macacos: O Confronto, por exemplo, que vitimizava os macacos, etc. Aqui as Tartarugas não são animais cheios de ódio, anti-humanos, elas apenas lamentam o fato de serem diferentes, aceitam a realidade e lutam pra solucionar o problema da melhor forma possível (provando o valor delas, mostrando que caráter quebra preconceitos, etc).
- A ação continua totalmente irreal e cartunesca ao longo do filme. A cena deles pulando de um avião e caindo no outro é o cúmulo... Ou então depois o tanque de guerra descendo as corredeiras e atirando... Os produtores realmente chutam o balde e insistem em mostrar que não se levam a sério.
- Uma coisa diferente nesse filme é que as cenas mais paradas, focadas nos personagens, acabam sendo mais legais do que as cenas de ação... Têm vários momentos entre os personagens quando eles estão simplesmente conversando, interagindo, sem grandes efeitos especiais, etc, que divertem apenas pelo roteiro e pela performance dos atores.
- Divertido o portal abrindo no céu de N.Y. e a reação da Laura Linney, da população, as Tartarugas saindo na luz do dia... Mas parece meio absurda a ideia de que elas conseguirão destruir algo desse tamanho (eles são tão atrapalhados que mal conseguem comer uma pizza sem que algo dê errado).
- SPOILER: A solução pra destruir a "Estrela da Morte" acaba sendo boba. Toda aquela estrutura depende de um pequeno transmissor que pode ser facilmente removido... Isso não faz as Tartarugas parecerem muito brilhantes. E da onde elas tiraram aquele drone pra transportar o transmissor?
-------------------
CONCLUSÃO: Melhor que o primeiro, razoavelmente divertido, feito com energia, mas a overdose de fantasia e falta de seriedade dão um ar meio "trashy" e vulgar pra produção.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows / EUA / 2016 / Dave Green
FILMES PARECIDOS: G.I. Joe: Retaliação / Transformers / Mortal Kombat
NOTA: 5.5
- Acho um tédio essas cenas de ação que não têm o mínimo respeito pelas leis da física (as Tartarugas caindo de cima do Chrysler Building, etc).
- Megan Fox está ótima no começo (interagindo com o cientista, o diálogo sobre nerds e geeks, etc). Ela fica mais carismática com esse tom mais cômico (do que quando quer ser apenas sexy).
- Assim como no primeiro filme, os personagens das Tartarugas não são especialmente engraçados ou admiráveis - são no máximo simpáticos. Me irrita também o fato delas serem extremamente atrapalhadas, estarem sempre fazendo burrices... Isso parece ser em prol do humor, mas na prática acaba sendo uma forma de herói envergonhado, pois faz com que os personagens pareçam incompetentes.
- Sinto falta também um objetivo pessoal pra eles na missão de capturar o Destruidor (em vez de ser algo puramente altruísta pra proteger a humanidade).
- Esse vilão em forma de cérebro é ridículo!! Nada ameaçador. O filme todo tem um clima de desenho infantil, de coisas tipo Power Rangers, etc. Algo divertido mas sem a menor preocupação em soar inteligente, de bom gosto. É tudo assumidamente tolo e juvenil.
- Legal a participação da Laura Linney. Ela é uma atriz tão sóbria que até destoa do resto da produção. Ajuda a compensar um pouco o espírito despretensioso do filme.
- A trama toda é meio fraca e comum. Todo esse trabalhão pra caçar as 3 peças pra abrir o portal, sendo que no começo do filme já foi aberto um portal sem essas peças. Ou a história da gosma que faz animais virarem humanos e humanos virarem animais...
- Que absurdo o Casey salvar a Megan Fox de todos esses ninjas usando apenas um taco de hockey! Nada plausível.
- O conflito das Tartarugas sobre se transformar ou não em seres humanos levanta uma discussão interessante que dá uma dimensão a mais pro filme (o medo que elas têm do preconceito dos humanos, etc). E o surpreendente (pros dias de hoje) é que o filme não transforma isso num discurso político chato, como o Planeta dos Macacos: O Confronto, por exemplo, que vitimizava os macacos, etc. Aqui as Tartarugas não são animais cheios de ódio, anti-humanos, elas apenas lamentam o fato de serem diferentes, aceitam a realidade e lutam pra solucionar o problema da melhor forma possível (provando o valor delas, mostrando que caráter quebra preconceitos, etc).
- A ação continua totalmente irreal e cartunesca ao longo do filme. A cena deles pulando de um avião e caindo no outro é o cúmulo... Ou então depois o tanque de guerra descendo as corredeiras e atirando... Os produtores realmente chutam o balde e insistem em mostrar que não se levam a sério.
- Uma coisa diferente nesse filme é que as cenas mais paradas, focadas nos personagens, acabam sendo mais legais do que as cenas de ação... Têm vários momentos entre os personagens quando eles estão simplesmente conversando, interagindo, sem grandes efeitos especiais, etc, que divertem apenas pelo roteiro e pela performance dos atores.
- Divertido o portal abrindo no céu de N.Y. e a reação da Laura Linney, da população, as Tartarugas saindo na luz do dia... Mas parece meio absurda a ideia de que elas conseguirão destruir algo desse tamanho (eles são tão atrapalhados que mal conseguem comer uma pizza sem que algo dê errado).
- SPOILER: A solução pra destruir a "Estrela da Morte" acaba sendo boba. Toda aquela estrutura depende de um pequeno transmissor que pode ser facilmente removido... Isso não faz as Tartarugas parecerem muito brilhantes. E da onde elas tiraram aquele drone pra transportar o transmissor?
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CONCLUSÃO: Melhor que o primeiro, razoavelmente divertido, feito com energia, mas a overdose de fantasia e falta de seriedade dão um ar meio "trashy" e vulgar pra produção.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows / EUA / 2016 / Dave Green
FILMES PARECIDOS: G.I. Joe: Retaliação / Transformers / Mortal Kombat
NOTA: 5.5
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Truque de Mestre: O 2º Ato
(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)
ANOTAÇÕES:
- Narrativa meio caótica no começo: o flashback do garotinho perdendo o pai, a apresentação da nova "cavaleira", a história da Octa...
- O filme tem uma visão mística do ilusionismo. Os truques dos personagens são exagerados, impossíveis... Em vez da gente ficar admirado, é como se o filme estivesse nos enganando.
- A narrativa continua um caos - a ida pra China, o irmão gêmeo do Woody Harrelson, o Morgan Freeman na cadeia.. são muitas coisas acontecendo simultaneamente e tudo muito mal explicado e conduzido.
- O humor frequentemente parece exagerado e fora de lugar... A Lizzy Caplan fica o tempo todo fazendo piadas independentemente do contexto.
- As noções do filme a respeito da mente humana não são nada realistas. Até parece que as pessoas podem ser hipnotizadas e manipuladas dessa forma. Não dá pra curtir a história como um "heist film" inteligente pois nada do que está acontecendo é minimamente possível. A sequência deles jogando a carta de baralho um pro outro enquanto são revistados chega a ser irritante de tão forçada. Ou a luta na rua onde o Mark Ruffalo usa vários truques pra despistar os vilões.
- Outra cena forçada: o Mark Ruffalo conseguindo escapar de dentro do cofre. A cada nova cena, o filme pede pra gente desligar nosso cérebro pra que assim ele possa soar inteligente. Parece filme do Christopher Nolan, um completo caos mental (só que aqui pelo menos não há muita pretensão).
- SPOILER: O truque final do avião é um absurdo. Até parece que os passageiros não teriam percebido que eles não estavam voando. Nem quando a porta foi aberta! Eu não tenho nenhum problema com fantasia, dependendo do contexto e do gênero do filme. O que me irrita aqui é o filme tentar fazer os personagens (e o roteiro) parecerem espertos - explicar os truques e as reviravoltas depois como se fossem coisas plausíveis. O filme é pura manipulação de emoções, sem nenhuma lógica ou fato por trás. A música empolgante, as reações de espanto, o Morgan Freeman falando coisas épicas com sua voz de "Deus" - tudo isso, se você assistir ao filme fora de foco, te dará a vaga sensação de ter visto algo excitante e inteligente, quando na realidade o filme inteiro é um "truque".
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CONCLUSÃO: A premissa (como a do primeiro filme) é divertida, mas a direção ruim e a falta de clareza e realismo do roteiro tornam a experiência irritante.
Now You See Me 2 / EUA / 2016 / Jon M. Chu
FILMES PARECIDOS: Truque de Mestre / A Origem / O Grande Truque / Onze Homens e Um Segredo (2001)
NOTA: 4.0
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Set Pieces e grandes cenas
(Capítulo 14 do livro Idealismo: Os Princípios Esquecidos do Cinema Americano)
Uma grande cena pode ser um dos elementos mais importantes de um filme. Os melhores filmes são frequentemente os que têm os momentos mais memoráveis, as melhores cenas, e não necessariamente aqueles que são bons o tempo inteiro ou os que têm menos falhas (traçando um paralelo com a vida real, as viagens das quais mais nos lembramos são geralmente aquelas que tiveram os momentos mais inesquecíveis e prazerosos, que atingiram os picos mais altos, e não as que foram uniformemente agradáveis do começo ao fim ou que tiveram menos problemas).
Definição de Set Piece da Wikipédia:
Um Set Piece é uma cena ou sequência de cenas cuja execução requer um sério planejamento logístico e um considerável gasto de dinheiro. O termo “set piece” é frequentemente usado de maneira mais abrangente para descrever qualquer clímax dramático ou cômico numa história, particularmente aqueles que oferecem alguma resolução, transição, ou conclusão dramática — qualquer cena que seja tão essencial para um filme que ela não pode ser deletada ou pulada no cronograma de filmagem sem que a integridade do produto final seja seriamente danificada. Muitas vezes, roteiros são escritos em torno de “set pieces”, particularmente em filmes-evento de grande orçamento.
Set Pieces normalmente são planejados meticulosamente através de storyboards, testes de imagem, ensaios, em contraste com cenas menores onde o diretor e os atores podem fazer de maneira mais improvisada. Alfred Hitchcock se referia a “set pieces” como “crescendos”, e costumava colocar pelo menos três deles em todos os seus filmes.
Set pieces (ou grandes cenas, em geral) são apropriados para todos os gêneros, não apenas para superproduções, e não necessariamente precisam ter efeitos visuais complexos, grandes gastos de dinheiro. Uma sequência de diálogo também pode ser feita como um set piece. Eles são como pequenos curtas dentro de um filme, com começo, meio, clímax e fim, que podem durar um minuto, cinco ou até mais, e se destacam do resto da narrativa por terem mais ideias, planejamento, conteúdo, intensidade, importância e valor de entretenimento — como diamantes lapidados no meio de pedras menos brilhantes e definidas.
Esses momentos são para a narrativa como os mastros que sustentam a lona de um circo, e os melhores filmes são aqueles que nos presenteiam com as melhores dessas cenas. Qualquer pessoa que já tenha visto filmes o suficiente sabe que suas melhores memórias cinematográficas vêm de momentos e acontecimentos específicos num filme, trechos de alguns segundos ou minutos, imagens ou diálogos específicos, e não de uma vaga lembrança envolvendo a história como um todo, sem nenhum instante que tenha sido particularmente empolgante. Sabendo disso, o diretor que deseja proporcionar uma experiência memorável para o espectador, naturalmente, constrói o filme ao redor dessas cenas-chave, e tenta fazê-las da melhor maneira possível, em vez de simplesmente tentar prender a atenção momento a momento, distraindo a plateia até o final da história. Frequentemente, é o desejo de realizar um desses grandes momentos que motiva o artista a fazer o filme em primeiro lugar.
Essa necessidade de viver momentos parece ser intrínseca ao ser humano, e é algo que influencia diversas atividades — pode explicar, por exemplo, por que canções (mesmo sendo curtas em comparação a um filme) ainda precisam de refrãos e ganchos, ou por que aniversários precisam de bolos e do momento do parabéns, e por que o sexo precisa do orgasmo.
Exemplos de cenas memoráveis do cinema (alguns desses filmes não são exatamente Idealistas, mas os incluí para mostrar como uma grande cena pode elevar o nível de qualquer tipo de filme):
— A perseguição de moto no canal em O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991).
— O ataque de helicópteros ao som de “Cavalgada das Valquírias” em Apocalypse Now (1978).
— A sequência de abertura de Pânico (1996).
— A cena no Club Silencio em Cidade dos Sonhos (2001).
— Woody Allen na fila do cinema em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977).
— O ataque do monomotor em Intriga Internacional (1959).
— A sequência “America” de Amor, Sublime Amor (1961).
— A chuva de sapos em Magnólia (1999).
— A corrida de bigas em Ben-Hur (1959).
— A escalada do Burj Khalifa em Missão Impossível: Protocolo Fantasma (2011).
— O primeiro voo de bicicleta de E.T.: O Extraterrestre (1982).
— A cena do chuveiro de Psicose (1960).
— Gene Kelly cantando a música tema de Cantando na Chuva (1952).
— O beijo na proa do navio em Titanic (1997).
— A sequência “Do-Re-Mi” de A Noviça Rebelde (1965).
— O primeiro encontro com o brontossauro em Jurassic Park – Parque dos Dinossauros (1993).
Repare que o valor dessas cenas não é apenas o fato delas serem bem-feitas e complexas (isso seria apenas exibicionismo técnico), mas o fato delas realizarem algum dos quatro pilares e provocarem alguma emoção positiva no espectador de maneira concentrada, plena: seja espanto, otimismo, surpresa, riso, admiração, tensão, ou magia etc.
Uma das vantagens de certos gêneros, como o musical ou o terror, é que eles já têm uma tendência natural de serem construídos ao redor de set pieces, de momentos (cada sequência musical costuma exigir uma sequência bem elaborada, assim como cada morte ou ataque do “monstro” em um filme de terror), o que não quer dizer que isso seja menos importante em outros gêneros, como no drama e no romance, onde isso não é uma convenção natural.
A força e o sucesso de cineastas como Steven Spielberg, James Cameron e Alfred Hitchcock se deve, em partes, ao fato deles serem mestres dos set pieces, capazes de criarem várias cenas icônicas para cada um de seus filmes — sequências visualmente memoráveis, bem dirigidas, emocionantes, cheias de ideias originais, de inovações técnicas e com temas musicais poderosos; tudo muito bem integrado à narrativa.
O OLHO DO PATO
Até um cineasta como David Lynch, que alguns podem não gostar por suas tramas misteriosas, às vezes incompreensíveis, consegue frequentemente criar entretenimentos excelentes por saber que filmes são sobre momentos. Mesmo quando estamos totalmente confusos em um filme como Cidade dos Sonhos (2001), ou em uma série como Twin Peaks (1990), a história não perde seu magnetismo, pois Lynch consegue criar um senso de que a qualquer instante uma cena inesquecível e intensa poderá acontecer — e geralmente acontece.
Eu meio que sigo um pato quando eu trabalho em um filme, porque se você estudar um pato, você vai ver certas coisas. Você verá um bico, e o bico tem certa textura e certo comprimento. E você verá uma cabeça, e os elementos na cabeça têm certa textura e certo formato, e eles levam ao pescoço. A textura do bico, por exemplo, é bem lisa e com detalhes bem precisos e te remete um pouco às pernas. As pernas são um pouco maiores e mais borrachentas, mas é o bastante para que seu olho vá e volte. Agora, o corpo sendo tão grande, ele pode ser mais suave e a textura não é tão detalhada, mais ou menos como uma nuvem. E a chave de todo o pato é o olho, e onde o olho é situado. Ele precisa estar situado na cabeça, e é a coisa mais detalhada, como uma joia. Se ele estivesse em cima do bico, seriam duas coisas conflitantes, competindo, não ficariam tão bem. E se estivesse no meio do corpo, ele se perderia. Mas é tão perfeito exibir uma joia bem no meio da cabeça daquele jeito, ao lado dessa curva em “S” e com o bico logo em frente, mas com distância o suficiente para que o olho fique muito, muito, muito bem isolado e destacado. Então quando você está trabalhando em um filme, muitas vezes você consegue o bico, e as pernas, e o corpo e tudo mais, mas o olho do pato é uma determinada cena, essa joia, que quando está lá, é absolutamente lindo. É apenas fantástico. — David Lynch
Invocação do Mal 2
(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)
ANOTAÇÕES:
- Divertida a imagem inicial revelando a janela clássica da casa de Amityville!
- Bem feitos esses planos-sequência onde a câmera passa "voando" através da casa aparentemente sem cortes. A direção de arte do filme também é muito bem feita. Até os cobertores desarrumados nas camas parecem ter sido arrumados cuidadosamente pra ficarem bonitos.
- Tensa a cena em que a garotinha dorme e acorda no chão no andar de baixo!
- James Wan realmente sabe criar tensão utilizando os espaços escuros do enquadramento, os silêncios da trilha sonora, os segundos a mais sobrando numa imagem que sugerem que algo vai acontecer - e nem sempre acontece. Ele sabe todos os clichês de direção de filmes do gênero, e brinca com isso pra confundir a plateia e não deixá-la saber quando ou de onde virá o susto.
- Algumas coisas copiadas de Spielberg. O carro de bombeiro entrando sozinho no quarto (que lembra tanto Contatos Imediatos quanto Poltergeist), a cena em que o menino empurra o carrinho pra dentro da cabana e ele é empurrado de volta (como a cena da bola de baseball em E.T.). E todo o conceito do filme lembra muito Poltergeist em geral.
- SPOILER: Alguns sustos muito bons! O velho que aparece na poltrona refletido na TV... e depois o rosto dele surgindo atrás da menina.
- Acho legal que cada sequência de suspense seja montada como um pequeno "set piece", mas falta uma história mais interessante conectando uma sequência à outra.
- O comportamento dos personagens às vezes é bem forçado só pra ter um susto: tipo a menina descer as escadas sozinha de madrugada ao ouvir um barulho na sala, etc.
- Divertido quando a mãe está duvidando das filhas e de repente a cômoda se mexe sozinha. É chato nos filmes quando nunca acontece nada na frente dos céticos.
- SPOILER: Ótima a sequência do quadro da freira! Embora o desfecho da cena seja meio tolo (o quadro voando em direção à Vera Farmiga, etc).
- Não gosto da ideia do Homem Torto. Os monstros do universo desse filme estão ligados a demônios, símbolos religiosos, etc (que por sinal eu nem gosto - acho meio bobo isso do monstro ficar assustado com um crucifixo, mas enfim). Não é o tipo de terror que brinca com coisas lúdicas como It: Uma Obra Prima do Medo, então soa meio estranha a aparição dessa criatura.
- Não foge muito do conceito de "pornô de terror" de filmes como Atividade Paranormal. Várias cenas de susto interligadas por um roteiro fraco, sem muito conteúdo, etc. Mas o filme se destaca por ter um valor de produção mais alto que os filmes de terror em geral. Os atores são respeitáveis, há uma boa direção, trilha sonora, etc.
- Algumas coisas mais pro final soam falsas. Até parece que eles iriam pensar que era tudo uma farsa da garotinha, depois de tudo que já tinham visto. E a sacada do Ed no trem quando vê os rolos de fita formando um "X" é forçada e não soa como algo brilhante. Nem deu pra entender o que ele descobriu com isso.
- SPOILER: A estratégia pra matar o demônio também é muito fraca. A Vera Farmiga só tem que dizer o nome do demônio pra conseguir destruí-lo. E como ela descobriu o nome dele? O próprio demônio disse pra ela quando ela perguntou!!! Ou seja, ele entregou de bandeja a arma que poderia matá-lo. Não há nenhuma inteligência ou satisfação nisso.
- O clímax com o Ed pendurado na janela salvando a menina também parece falso, como se o ator estivesse apenas fingindo estar caindo, quando na prática estava sentado confortavelmente na janela. E não sei pq isso parece já ter sido visto antes no cinema, como no clímax de Annabelle, que também se passa numa janela no segundo andar.
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CONCLUSÃO: Roteiro fraco em originalidade, inteligência, mas o filme acaba sendo um bom entretenimento por causa do talento de James Wan pra criar sequências tensas e bons sustos.
The Conjuring 2 / EUA / 2016 / James Wan
FILMES PARECIDOS: Annabelle / Poltergeist (2015) / Sobrenatural / Atividade Paranormal / O Último Exorcismo
NOTA: 6.7
sexta-feira, 3 de junho de 2016
Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
NOTAS DA SESSÃO:
- O filme é bem produzido (o visual é rico, a trilha é boa) e bem dirigido. Não parece estar no piloto automático, contando a história fora de foco. O diretor se esforça pra criar um ambiente convincente e levar a gente pra dentro do universo, inserindo pequenos detalhes e pontos de interesse a cada cena.
- Apesar do excesso de nomes e personagens, a trama principal é simples e bem apresentada, então não ficamos perdidos (os orcs querem destruir o mundo - os heróis têm que impedi-los de passar pelo portal)
- Assim como falei recentemente de O Caçador e a Rainha de Gelo, o filme tem um clima de aventura escapista do passado que é mais divertido do que o dos filmes modernos do gênero (que tentam ser mais sombrios).
- Achei que o filme iria me irritar por relativizar o bem e o mal - mostrar os dois lados do conflito (humanos e orcs) simpatizando por ambos. Mas não é o que acontece. Existe sim o bem e o mal - a diferença é que o conflito não é entre os humanos (bem) e os orcs (mal). Gul'dan é do mal, e quem luta contra ele é do bem, independentemente de ser humano ou orc. Os heróis se unem por seus valores em comum, e não por serem da mesma raça, o que é interessante (é o mesmo que fizeram em Planeta dos Macacos: O Confronto).
- SPOILER: Imperdoável matarem o filho do Lothar! Que cena horrorosa!!! Não parece um evento necessário pra história, então começo a questionar seriamente as boas intenções do filme.
- Divetida a cena em que o Khadgar encontra a Glenn Close dentro daquele portal e descobre a verdade sobre Medivh.
- O romance entre o protagonista e a Garona é bem retratado e convincente... Vai evoluindo aos poucos, conforme eles vão se conhecendo melhor e dividindo experiências. Os dois parecem ser compatíveis apesar da diferença óbvia.
- SPOILER: Quem inventou essa história de que colocar um bebê no rio dentro de um cesto é uma boa técnica para salvá-lo? E não acredito que a Draka também morre!
- SPOILER: Não acredito que o Durotan morre!!! O que é isso gente? O filme vai se tornando cada vez mais insuportável. Não sabe criar bons momentos, desenvolver uma boa história, então apela pra tática de matar personagens importantes, tipo Game of Thrones (Culto à Dor). O pior é logo em seguida o filme colocar cenas engraçadinhas, como se nada tivesse acontecido e já estivéssemos com bom humor pra isso.
- SPOILER: Mais pro final o filme começa a virar uma zona completa. Pra que serve esse gigante de pedra que eles arrancam a cabeça? É muito confusa toda essa sequência do Medivh morrendo, o portal sendo fechado, etc. A história do Llane pedir pra Garona matá-lo é desagradável e forçada. É só pra haver mais uma morte à la Game of Thrones.
- SPOILER: No fim, durante o funeral do Llane, o filme tenta criar um clima de vitória, triunfo, mas não é nada disso que a gente está sentindo como espectador, considerando tudo o que aconteceu.
-------------------
CONCLUSÃO: Bem realizado e com um bom início, o filme vai se perdendo numa narrativa que se torna cada vez mais trágica e conturbada.
Warcraft / EUA, China / 2016 / Duncan Jones
FILMES PARECIDOS: O Caçador e a Rainha de Gelo / O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos / Thor / John Carter: Entre Dois Mundos
NOTA: 6.0
- O filme é bem produzido (o visual é rico, a trilha é boa) e bem dirigido. Não parece estar no piloto automático, contando a história fora de foco. O diretor se esforça pra criar um ambiente convincente e levar a gente pra dentro do universo, inserindo pequenos detalhes e pontos de interesse a cada cena.
- Apesar do excesso de nomes e personagens, a trama principal é simples e bem apresentada, então não ficamos perdidos (os orcs querem destruir o mundo - os heróis têm que impedi-los de passar pelo portal)
- Assim como falei recentemente de O Caçador e a Rainha de Gelo, o filme tem um clima de aventura escapista do passado que é mais divertido do que o dos filmes modernos do gênero (que tentam ser mais sombrios).
- Achei que o filme iria me irritar por relativizar o bem e o mal - mostrar os dois lados do conflito (humanos e orcs) simpatizando por ambos. Mas não é o que acontece. Existe sim o bem e o mal - a diferença é que o conflito não é entre os humanos (bem) e os orcs (mal). Gul'dan é do mal, e quem luta contra ele é do bem, independentemente de ser humano ou orc. Os heróis se unem por seus valores em comum, e não por serem da mesma raça, o que é interessante (é o mesmo que fizeram em Planeta dos Macacos: O Confronto).
- SPOILER: Imperdoável matarem o filho do Lothar! Que cena horrorosa!!! Não parece um evento necessário pra história, então começo a questionar seriamente as boas intenções do filme.
- Divetida a cena em que o Khadgar encontra a Glenn Close dentro daquele portal e descobre a verdade sobre Medivh.
- O romance entre o protagonista e a Garona é bem retratado e convincente... Vai evoluindo aos poucos, conforme eles vão se conhecendo melhor e dividindo experiências. Os dois parecem ser compatíveis apesar da diferença óbvia.
- SPOILER: Quem inventou essa história de que colocar um bebê no rio dentro de um cesto é uma boa técnica para salvá-lo? E não acredito que a Draka também morre!
- SPOILER: Não acredito que o Durotan morre!!! O que é isso gente? O filme vai se tornando cada vez mais insuportável. Não sabe criar bons momentos, desenvolver uma boa história, então apela pra tática de matar personagens importantes, tipo Game of Thrones (Culto à Dor). O pior é logo em seguida o filme colocar cenas engraçadinhas, como se nada tivesse acontecido e já estivéssemos com bom humor pra isso.
- SPOILER: Mais pro final o filme começa a virar uma zona completa. Pra que serve esse gigante de pedra que eles arrancam a cabeça? É muito confusa toda essa sequência do Medivh morrendo, o portal sendo fechado, etc. A história do Llane pedir pra Garona matá-lo é desagradável e forçada. É só pra haver mais uma morte à la Game of Thrones.
- SPOILER: No fim, durante o funeral do Llane, o filme tenta criar um clima de vitória, triunfo, mas não é nada disso que a gente está sentindo como espectador, considerando tudo o que aconteceu.
-------------------
CONCLUSÃO: Bem realizado e com um bom início, o filme vai se perdendo numa narrativa que se torna cada vez mais trágica e conturbada.
Warcraft / EUA, China / 2016 / Duncan Jones
FILMES PARECIDOS: O Caçador e a Rainha de Gelo / O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos / Thor / John Carter: Entre Dois Mundos
NOTA: 6.0
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