quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Priscilla

Um dos filmes mais medíocres e sem razão de existir que eu já vi. Não é sobre a "grande mulher por trás do grande homem"; se a ideia do filme era empoderar alguma mulher, eu saí dele com a impressão (que eu nunca tive antes) que Priscilla Presley era uma garota vazia, superficial, sem personalidade, cujo maior mérito foi ter nascido com a aparência ideal pra posar como uma esposa clichê dos anos 50/60, e que seu casamento com Elvis foi igualmente vazio de qualquer conteúdo.

O filme é muito mais uma tentativa de diminuir Elvis do que de valorizar Priscilla, mas nem isso ele consegue fazer bem, afinal nada que Elvis faz aqui surpreende ou vai além do pacote básico de imoralidades que fazem parte da biografia de qualquer superastro da música (drogas, infidelidades, descontroles emocionais pontuais etc.). Você tem a impressão constante que está tudo caminhando pra algo trágico, que uma verdade terrível está prestes a ser revelada, mas nada de significativo realmente acontece. E essa "tensão" (provocada mais pela ausência de coisas na tela do que pela presença) permite que o filme enrole o público por 1h53min com cenas vazias, diálogos superficiais, conflitos repetitivos, caracterizações que oferecem zero insights sobre a psicologia de qualquer um, atuações sem carisma, uma performance digna de Framboesa de Ouro da Cailee Spaeny... tudo passa pois há uma "crítica profunda" sendo feita, como se houvesse algo automaticamente brilhante em menosprezar as conquistas de um homem de sucesso, e voltar os holofotes pra sua esposa subvalorizada, ainda que ela não faça nada de interessante o filme todo.

Sofia Coppola se mostra aqui uma niilista cansada, alguém que até tem um leve impulso de destruir, de atacar virtude, mas que não tem a energia de uma Emerald Fennell, por exemplo, então acaba fazendo tudo de maneira preguiçosa, anêmica, se contentando apenas em adicionar pequenas manchas à imagem de Elvis, mas nada que vá fazer qualquer diferença.

E é com essa mesma energia anêmica que ela dirige o filme. Há diversas cenas e planos que merecem ser estudados isoladamente como exemplos de mediocridade cinematográfica. Sofia não parecia saber que tipo de filme ela queria fazer: se ela queria subverter a forma Hollywoodiana e fazer uma biografia mais desconstruída à la Spencer, ou se ela queria tentar uma linguagem mais formalista, do tipo que requer uma integração cuidadosa de imagem, trilha sonora, montagem etc., pra criar os efeitos desejados e transportar o espectador pra certa "realidade fílmica". Ela fica alternando entre essas intenções opostas, sem nunca se comprometer com nada, resultando em cenas que deixam você se perguntando se o desleixo é parte do conceito ou se é resultado de pura incompetência. Há diversas montagens — uma envolvendo o casal jogando no cassino, outra envolvendo uma viagem de LSD, outras envolvendo apresentações de Elvis — que flertam com uma linguagem mais formalista, só que em vez de se tornarem sequências realmente dinâmicas, com movimentos de câmera interessantes, ritmo, imagens ricas, cortes bem planejados (pense em Scorsese + Cassino ou no próprio Elvis do Baz Luhrmann) você tem apenas algumas escolhas visuais esquisitas que vão nessa direção, mas que não são suficientes pra criar o efeito final. O resultado é como alguém que é convidado pra uma festa à fantasia e, não conseguindo decidir entre ir fantasiado ou ir com roupas casuais, escolhe uma opção intermediária que é a única objetivamente errada.

Se ao menos o filme apresentasse uma visão compreensiva do casamento de Elvis e Priscilla, nos fizesse entender melhor o que arruinou a relação, que conflitos mais fundamentais de valores estavam na base das incompatibilidades entre os dois — ele teria algum interesse, ensinaria algo pro público. Mas o filme não tem nenhuma teoria sobre o que houve. Apenas vemos Priscilla com cara de desiludida em uma série de eventos episódicos que não evoluem pra nada surpreendente (afinal, desde o começo já fica óbvio que existe um abismo emocional entre os dois), e tudo é mostrado por aquele olhar Naturalista distante, superficial, pretensioso, que parece achar que ao recriar cenários, figurinos, músicas da época, e fazer um registro externo da situação, que o significado interno dela se revelará magicamente pro público, livrando o cineasta de ter que entendê-lo.

Priscilla / 2023 / Sofia Coppola

Satisfação: 0

Categoria: AI / NI

Filmes Parecidos: Spencer (2021) / Blonde (2022) / Maria Antonieta (2006)

sábado, 23 de dezembro de 2023

Saltburn

Depois de Bela Vingança, cujo mote era "morte aos homens!", Emerald Fennell passa de discussões de gênero pra discussões de classe, e agora vem com o mote "morte aos ricos!" com Saltburn, que faz você pensar que o estilo de vida da família aristocrática no centro da história seria mais convincente se a mansão de Saltburn ficasse num morro da Transilvânia. Bons atores, fotografia bonita, mas o conteúdo vai se revelando mais e mais raso conforme o filme se aproxima do fim, que elimina qualquer dúvida que Fennell tinha qualquer outro propósito aqui além de ser uma fanfarrona, chamar atenção através de polêmicas, e competir com figuras como Olivia Wilde e Greta Gerwig pra ver quem é a diretora feminista com mais "opinião" hoje em Hollywood.

Saltburn / 2023 / Emerald Fennell

Satisfação: 3

Categoria: AI

Filmes Parecidos: A Favorita (2018) / Parasita (2019) / Bela Vingança (2020)

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Inteligência Artificial: meus pensamentos

- I.A. é uma ameaça para a humanidade?

Acho que a tecnologia por si só, não. Não acredito num cenário Terminator/HAL-9000, onde as máquinas magicamente ganhem consciência (que pra mim depende da vida). Mas a I.A. permite que pessoas más façam estragos muito maiores do que poderiam de outra forma. Nesse sentido, ela é uma ameaça em potencial, uma ferramenta, mas o mal viria de ações humanas.

- I.A. deveria ser regulada pelo governo?

Depende. Por um lado, vejo a I.A. apenas como uma evolução de ferramentas que já usamos. Por outro, o passo evolutivo é tão grande que pra mim a torna análoga à invenção da bomba atômica. E assim como você pode ser a favor do porte de armas, mas ao mesmo tempo não defender que todo cidadão possa ter uma bomba atômica, regulações sobre a I.A. dependem um pouco de entendermos seu real poder de destruição.

O ser humano pode violar os direitos dos outros de duas formas: por força física ou por fraude. Da mesma forma que a bomba atômica liberou um poder de destruição física sem precedentes, a I.A. permite uma manipulação de dados e informações em uma escala também sem precedentes. E, em um mundo onde grande parte de nossa propriedade e da nossa privacidade se sustenta sobre um universo digital, a I.A. poderia se tornar a "bomba atômica" do âmbito da informação, permitindo fraudes e violações de direitos numa escala também sem precedentes. (Lembrando que nossa integridade física também dependerá cada vez mais de informações digitais, com a chegada de veículos autônomos, chips cerebrais etc.) 

- I.A. vai tornar os seres humanos obsoletos?

Apenas algumas atividades e profissões. Acho que quem tem medo de ser substituído existencialmente pela I.A. costuma ser alguém que baseia toda sua autoestima em sua capacidade de processar ideias, de acumular conhecimento dentro da própria mente; ou que só desenvolveu alguma habilidade concreta que pode ser substituídas por I.A.; ou são pessoas que têm uma visão utilitária da vida — agem como se a vida não fosse um fim em si mesmo, mas como se o homem existisse pra produzir bens materiais, realizar certas tarefas, servir à natureza, à comunidade, gerar filhos etc. Pra essas coisas, qualquer indivíduo de fato é substituível. Mas se seu propósito é aproveitar a sua vida, fazer as coisas que te trazem felicidade pessoal, o robô mais evoluído do mundo não poderá tomar o seu lugar.

O grande benefício da I.A. será que não teremos mais que fazer certas coisas que fazemos só por necessidade, limitações existenciais, mas que não contribuem de fato para nossa felicidade. As coisas que as pessoas fazem por prazer, por satisfação pessoal, e os esforços que são indispensáveis para a construção de uma boa autoestima, estes não serão delegados para as máquinas. 

- I.A. deveria ser proibida/regulada em Hollywood?

Não, exceto pra impedir violações de direitos de propriedade, uso indevido da imagem e do trabalho de outras pessoas. Mas se um figurante quiser oferecer sua imagem pra ser digitalizada e usada eternamente por um estúdio, ele deveria ter o direito de fazer isso e cobrar o que quiser. Se um produtor quiser escrever um roteiro inteiro com I.A., ele deveria poder fazer isso (desde que a I.A. não faça plágio de outras obras).

Muitos em Hollywood se desesperam por achar que a I.A. irá: 1) Tirar empregos das pessoas. 2) Tornar o cinema medíocre.

1) As pessoas do primeiro caso são como os motoristas de carruagens resistindo à invenção do automóvel no início do século XX. O cinema como é feito hoje já tornou obsoletas diversas profissões e tecnologias que eram indispensáveis poucas décadas atrás. Pela lógica dos que querem banir a I.A., pra manter certas pessoas trabalhando, teríamos que reverter todas as inovações do passado também? Eu poderia fazer greve e pedir de volta meu emprego como atendente de locadora? Teríamos que desinventar o cinema em si, que deve ter tirado empregos de profissionais do teatro? Pense nas centenas de animadores que gastam meses hoje trabalhando numa única produção, às vezes se dedicando exclusivamente à animação de alguns segundos de um personagem secundário que 95% do público nunca irá notar... Daqui a 50 anos, isso vai soar um trabalho tão atraente quanto o dos escravos que construíram as pirâmides do Egito. Querer impedir inovações, novas tecnologias de serem usadas, é desejar o que o Nathaniel Branden chamava de "direito divino à estagnação" — é se rebelar contra o fato de que certas coisas mudam com o tempo, de você precisar sempre estar aprofundando seu conhecimento, desenvolvendo habilidades etc.

2) Já as pessoas que acham que a I.A. tornará os filmes medíocres, sem arte, que a profissão dos roteiristas será extinta e tudo passará a ser escrito pelo Chat GPT etc., esquecem que o público e os artistas não são uma massa de zumbis inconscientes, que aceitarão um nível de mediocridade infinito sem questionar. A indústria está sempre corrigindo o curso de acordo com as percepções e exigências do público, ainda que isso às vezes demore mais tempo do que gostaríamos. Sempre vão existir os "lixeiros" da arte, que não ligam pra qualidade, e estão dispostos a tentar lucrar usando as táticas mais vulgares possíveis. Mas sempre vão ter os artistas que querem ser respeitados, que valorizam qualidade, que amam suas profissões, e que farão até coisas que vão contra o que é econômico e prático em nome da qualidade (ou da impressão de qualidade) — este ano, por exemplo, vários dos filmes que estarão na disputa ao Oscar como Oppenheimer, Maestro, Killers of the Flower Moon, Poor Things, Past Lives, foram filmados em 35mm, uma técnica mais complicada, mais cara que filmar com câmeras digitais, mas que voltou a se tornar atraente uma década depois de ter sido extinta praticamente, pois agora ela simboliza sofisticação, um compromisso com qualidade. O filme escrito inteiro por I.A. será feito eventualmente, e rapidamente será colocado na categoria de "arte ruim" (ou arte experimental, caso um diretor europeu faça primeiro), e não terá grande relevância cultural ainda que possa fazer algum barulho inicialmente (pense num filme como Ursinho Pooh: Sangue e Mel, ou nos fracassos recentes da Marvel). Ao mesmo tempo, os cineastas de maior prestígio estarão olhando para estes fenômenos, e indo na direção oposta pra ganhar o respeito do espectador mais criterioso.

- I.A. vai tornar artistas obsoletos?

Apenas alguns técnicos envolvidos na produção da obra, mas não o artista principal, nem os principais membros da equipe criativa (numa arte colaborativa como o cinema). Quem teme essa substituição total dos artistas também costuma ter uma visão utilitária da arte; que a arte seria apenas um produto mecânico com uma função prática de distrair uma massa de seres não-pensantes. Mas se você entende que arte é uma expressão da visão de mundo e dos talentos de um artista, e que o que atrai o espectador à arte depende em grande parte do fato dele saber que aquela obra é a expressão de um outro ser humano, você entende por que nunca será possível o artista em si ser substituído por um robô. A Inteligência Artificial pode até se tornar sofisticada o bastante pra enganar o espectador e conseguir se passar por um artista humano, mas isso não seria diferente de uma pessoa se apaixonar por um ciborgue que é tão perfeito que consegue se passar por um homem de verdade — seria um resultado de fraude, e no instante em que a pessoa descobrisse o engano, seus sentimentos em relação ao ciborgue mudariam.

Hoje temos máquinas capazes de correr muito mais rápido que seres humanos, levantar muito mais peso, e isso não faz ninguém ter menos admiração por atletas talentosos, não torna as Olimpíadas obsoletas, pois nossos julgamentos em relação a qualquer coisa são contextuais. Na arte, nós buscamos sentimentos que só podem ser despertados por virtudes humanas. Um objeto inanimado pode até ser útil pra você, mas não pode te inspirar, não pode te fazer rir, chorar. Uma pedra "forte" não pode te provocar admiração da mesma forma que um homem forte. E um leão "corajoso" como o de O Rei Leão só te inspira na medida em que um artista projeta qualidades humanas nele. Portanto, a arte dependerá sempre de indivíduos humanos para ter qualquer significado para o público. 

Para qualquer dilema envolvendo I.A. "superando" humanos, eu gosto de imaginar o que aconteceria se uma raça alienígena ultra avançada fosse descoberta em um planeta vizinho, e que neste planeta, o indivíduo mais medíocre fosse capaz de compor sinfonias superiores às de Mozart, correr mais rápido que um carro de Fórmula 1, ter a aparência da Gisele Bündchen, o saldo bancário do Elon Musk, e todos vivessem lá felizes o tempo todo tendo orgasmos ininterruptos. Esta descoberta faria você pensar que sua vida se tornou obsoleta? Abalaria sua autoestima ou seu propósito de vida? Uma criatura assim só poderia abalar sua autoestima na medida em que você acreditasse que essas virtudes são atingíveis para você, e que você falhou em atingi-las. O alien, portanto, não teria um efeito maior sobre você do que os homens mais admiráveis que vivem no mundo hoje. Agora se essas virtudes fossem impossíveis, estivessem fora do que é imaginável para um ser humano, elas não deveriam te afetar em nada, da mesma forma que a altura de uma árvore ou a velocidade de um guepardo não afetam sua avaliação de si mesmo nem suas expectativas em relação à sua vida.

- I.A. vai tornar os filmes melhores?

Em média, acredito que não, exceto em alguns aspectos técnicos (realismo do CGI — ou "AIGI" — qualidade geral da imagem e do som etc.). Isso porque a I.A. torna tudo mais fácil e barato de se fazer, o que a torna um chamariz pra pessoas pouco talentosas e ambiciosas na arte.

Pense no que faz o padrão de qualidade de diversas áreas decaírem ao longo do tempo...

O ser humano é "preguiçoso" por natureza, no sentido de nunca querer desperdiçar energia. Ninguém busca fazer as coisas de uma forma difícil à toa, se é possível chegar no mesmo resultado de uma forma mais fácil. Até quando Michelangelo pintou a Capela Sistina, ele provavelmente estava sendo "preguiçoso" e buscou a forma mais fácil de obter o resultado que ele queria, dentro das possibilidades da época. Então, quando algo é impossível de ser feito, ou requer um sacrifício quase completo, ninguém o faz. Agora pense quando a tecnologia e o conhecimento subitamente tornam algo possível de ser feito, ainda que isso seja muito difícil, caro e incerto no começo (como levar o homem à Lua). Esta é a situação que promove uma concentração de homens virtuosos em uma determinada área. Pois neste momento, apenas as pessoas mais ambiciosas, capazes e confiantes em suas habilidades ousarão entrar neste ramo ou serão convocadas para este ramo.

Na medida em que o ramo prospera e estes pioneiros têm êxito, tornam o processo mais eficaz, o conhecimento acumulado por eles vai tornando a atividade mais fácil de ser exercida, mais acessível para os outros, mais barata, menos arriscada, e pessoas com menos habilidades agora vão querer se aventurar por lá também. A consequência disso é que a qualidade média do que é produzido nesta área vai caindo conforme o grau de facilidade vai aumentando. Quanto mais acessível a atividade se torna, menor é o nível de inteligência e habilidade exigidos pra entrar nela, e maior será o volume de coisas medíocres sendo criadas. Nos estágios finais deste processo, quando a área se vê subitamente tomada por pessoas desprovidas de qualquer talento, ela perde toda a aura de prestígio que costumava atrair pessoas a ela no começo (aura formada graças aos êxitos dos pioneiros), e pode passar até a repelir as pessoas mais ambiciosas.

É fácil observar este padrão no caso de destinos turísticos (praias que já foram paradisíacas e 30 anos depois estão cheias de farofeiros), empreendimentos específicos, mas o mesmo processo pode levar uma indústria inteira, como a do cinema, a se deteriorar ao longo do tempo.

Isso pode soar contraditório, considerando o que eu disse antes sobre a I.A. não ter o poder de tornar filmes medíocres. O que quero dizer é que não acho que a I.A. vá eliminar a demanda por filmes de qualidade, cineastas habilidosos que tentarão se opor a esta degradação. Porém o volume de coisas medíocres que passarão a ser feitas irá aos poucos acostumar o público a um padrão de qualidade inferior, irá normalizar um nível de mediocridade que hoje ainda é impensável, de maneira que o "Scorsese" do futuro precise fazer menos que o Scorsese de hoje pra ser considerado um cineasta de prestígio. Um exagero cômico deste princípio seria a cena de De Volta Para o Futuro 2, onde a mãe é elogiada pelo "talento" dela ao hidratar a pizza no nível certo na máquina Black & Decker.

A única forma de impedir uma deterioração global é organizações privadas construírem barreiras artificiais ao redor de si mesmas (uma vez que as naturais tenham sido eliminadas), e criarem células imunes a este processo de degradação — estabelecendo uma série de critérios e valores que preservem o alto padrão de qualidade (algo difícil na cultura atual, em que julgar com base em habilidade foi definido como imoral e às vezes até ilegal pelo "vírus" da mediocridade que está sempre tentando destruir a imunidade dessas células virtuosas).

- I.A. vai fazer com que ninguém mais desenvolva seus talentos no futuro?

Como a tecnologia tornará praticamente tudo fácil e acessível pra qualquer pessoa, pensando de maneira mais ampla, as pessoas no futuro talvez tenham que começar a buscar outras formas de cultivar virtude. Por exemplo: não é porque o ser humano não precisa mais ter força física hoje pra sobreviver, já que temos máquinas que fazem o trabalho braçal por nós, que nós deixamos de valorizar força, músculos, e estamos definhando completamente. Muitas pessoas continuam valorizando o vigor físico, mas agora elas precisam desenvolver isso espontaneamente em academias, praticando esportes, não por necessidade.

Talvez o mesmo ocorra com talento e habilidades mentais, quando a I.A. se tornar tão eficaz que ninguém mais precise usar muitos neurônios pra criar sinfonias, escrever romances, construir arranha-céus, produzir filmes etc.

Atualmente, parece que estamos num estágio intermediário meio confuso desta transição, onde as pessoas já abriram mão do esforço mental, estão delegando muitas atividades intelectuais para as máquinas, antes que estas possam fazê-las tão bem quanto homens habilidosos; além disso, o "definhamento" mental da população ainda não se tornou óbvio o bastante, a ponto da cultura exigir que as pessoas com mais autoestima desenvolvam o hábito de "malhar" a mente voluntariamente, mesmo isto não sendo mais uma necessidade vital.

Assim como cineastas importantes têm rodado filmes em película, numa forma até ingênua de demonstrar virtude, talvez no futuro a gente volte a ver um cineasta filmando um grande épico no deserto com milhares de figurantes e cavalos, como David Lean fazia nos anos 60, mesmo sendo possível criar uma imagem idêntica com a Inteligência Artificial. Este esforço agora não terá mais um componente de necessidade; ele será baseado exclusivamente em ambição pessoal, autoestima e num senso de aventura.

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Resumindo, acho que a I.A. pode se tornar uma grande ameaça dependendo de como ela for usada, mas não acho que a sociedade tenha um instinto autodestrutivo irresistível que faça com que ela sempre vá pelo pior caminho possível. A bomba atômica foi criada em 1945, e desde Hiroshima e Nagasaki, ela nunca mais foi usada em guerras. Isso mostra que a sociedade tem a capacidade de resistir a um grande poder quando este poder se torna uma ameaça à vida e a valores que muitas pessoas consideram importantes.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Cotas de Tela: por que você deveria ser contra

Porque todo tipo de "dirigismo econômico" dessa natureza é destrutivo e análogo ao de regimes fascistas (mais até que ao de regimes socialistas, pra quem pensa que este seria mais benéfico).

Porque é uma violação da liberdade dos exibidores — é o governo forçando empresas privadas (ou seja, cidadãos, trabalhadores, pessoas) a venderem produtos e oferecerem serviços que eles não querem, mas que são de "interesse nacional". Pense nesta lógica aplicada consistentemente, e se você quiser ser uma pessoa íntegra, coerente, lembre-se que é isso que você terá que defender se quiser ser a favor de cotas de tela.

Não há nada de benevolente ou "sustentável" nisso, e "sucessos" que são resultado do abuso da liberdade dos outros são sempre ilusórios, irracionais, injustos, e inferiores em qualidade a sucessos que resultam de decisões voluntárias. Você pode até ver alguns filmes nacionais se destacando nos próximos anos e pensar: "viu, se não fossem as cotas de tela, isso não teria sido possível". Mas não seria muito diferente de comemorar um aumento na taxa de natalidade após o governo decretar uma "cota de vaginas" para homens sem acesso ao sexo.

Lembre-se também do que você não estará vendo neste momento: os frutos de uma indústria cinematográfica livre de incentivos distorcidos, que teria que considerar os interesses do público e se destacar por méritos próprios se quisesse conquistar mais espaço.

Quanto ao argumento "país X estabeleceu cotas e hoje tem uma indústria cinematográfica próspera", pense no que seria do cinema deste país se não fosse pelo legado, pela linguagem, pela tecnologia, pelo público, pela infraestrutura, e por tudo que só existe graças ao cinema americano, que funciona por uma lógica de mercado. Quantos multiplexes existiriam lá pra serem parasitados pelos governos locais, sem os esforços dos americanos, que tiveram que assumir os riscos e conquistar o público de forma honesta?

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Lady Ballers

Tentativa meio frustrada do Daily Wire de fazer uma comédia besteirol estilo as do início dos anos 2000, mas pegando a polêmica "mulheres trans em esportes femininos" como tema. Vejo 3 grandes obstáculos no caminho deste projeto:

1) O meio intelectual conservador nunca foi um grande berço pra artistas talentosos, e este filme parece comandado por pessoas mais preparadas pra entregar um discurso ideológico espertinho do que pra criar um bom entretenimento.

2) Até em Hollywood, a crise de talento hoje é tamanha que nem profissionais da área conseguem mais fazer comédias besteirol no nível de um As Branquelas (filmes que na época eram considerados trash, mas que hoje por contraste já revelam certas virtudes que antes passavam despercebidas, como comentei na crítica de De Volta ao Baile). Se até os "pros" de hoje parecem amadores, que dirá pessoas sem tanta experiência na área. (Pra dar um crédito pro filme, até que ele não está tão abaixo das comédias ruins feitas em Hollywood hoje).

3) Há uma diferença entre você fazer um filme com um viés de direita, e um filme promovendo uma organização ideológica específica. Uma vez li em um livro teórico sobre comédia que "humor de direita é um oxímoro". Discordo disso em partes pois não vejo por que a direita não possa ser engraçada; consigo imaginar a cultura woke sendo alvo de uma sátira e conseguindo apelar pro público geral (me vem à mente o recente South Park: Joining the Panderverse, filmes como Trovão Tropical, o trecho de A Vida de Brian onde o Eric Idle decide virar "Loretta", e até o De Volta ao Baile, que não diverte mais por falta de qualidade do que pelo alvo das piadas em si). Mas por um lado entendo o que pode ter levado o autor do livro a afirmar tal coisa. Um pouco pode ter a ver com a natureza mais rígida e moralista da direita. Mas acho que uma questão mais fundamental aqui é: nenhum desses filmes que citei foi feito primeiramente pra promover uma ideologia, ou parece filiado a uma organização política específica, a uma sub-cultura particular, cheia de códigos internos e de valores que precisam ser defendidos em conjunto pra você fazer parte. Já o Daily Wire tem sim uma agenda ideológica, está fazendo propaganda de seu próprio movimento, e isso fica claro ao longo do filme (há participações especiais de figuras fundadoras como Ben Shapiro, Matt Walsh, Candace Owens etc.). Então o oxímoro pra mim não seria "humor de direita", e sim "entretenimento panfletário" (que valeria também pra filmes panfletários de organizações de esquerda, de religiões, de países em guerra etc.), pois a intenção de entreter, descontrair, fazer rir, é incompatível com a mentalidade de alguém agarrado a um grupo, tentando se proteger, querendo salvar a sociedade de uma ameaça iminente (neste sentido, o lado que estiver perdendo numa guerra cultural terá sempre menos chances de expressar leveza e descontração — o que estiver ganhando ainda conseguirá camuflar melhor o desespero por trás de sua militância). Toda obra de arte/entretenimento é "militante" no sentido de expressar a preferência de um artista por certos valores. Mas há uma diferença entre um artista promovendo seus valores pessoais, promovendo valores amplos e atemporais que apelam pra uma grande fatia da humanidade, de uma obra panfletária querendo lidar com crises do momento, promovendo uma doutrina específica, uma organização reconhecível na cultura. Tais grupos ideológicos são sempre sustentados por racionalizações, e quanto mais irracionais forem essas racionalizações, mais o grupo refletirá um estado de apreensão, medo, ódio, repulsa, autoenganação, que será sentido pelo espectador — e isso sim é incompatível com divertimento. Por isso todas essas tentativas de dar uma roupagem de entretenimento leve e escapista pra filmes que no fundo têm intenções panfletárias acabam resultando não só em obras não muito bem feitas (já que bons artistas são sempre escassos nos confins desses grupos) como resultam também em obras artificiais, que parecem desonestas em algum nível, disfarçando suas verdadeiras naturezas. O Daily Wire, que se revolta tanto com as crises de identidade dos outros, deveria refletir um pouco também sobre esse tipo menos óbvio de confusão de gênero.

Lady Ballers / 2023 / Jeremy Boreing

Satisfação: 3

Categoria: NI

Filmes Parecidos: O Que é uma Mulher? (2022)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

O Mundo Depois de Nós

Achei um desperdício pois o filme tem um bom elenco, o diretor mostra potencial (apesar do estilo exibicionista que às vezes atropela o conteúdo), a premissa é intrigante, há boas ideias de filme-catástrofe (como o acidente de navio, os veados ao redor da casa), e o filme tem aquela camada de reflexão filosófica por trás da ação física que costuma caracterizar os bons filmes do gênero. Infelizmente, não só essa camada se torna grossa demais, transformando tudo num "filme de mensagem" estilo Ruído Branco, onde os acontecimentos deixam de ser convincentes pois os personagens e eventos se tornam veículos vazios pra mensagem do autor, como além disso o cineasta não tem nada de realmente brilhante ou sólido a dizer (o que frequentemente é o caso nesse tipo de filme). Tudo se sustenta nos velhos ataques ao capitalismo e na visão pessimista da natureza humana e de futuro provocados pela ética cristã: a razão humana e o estilo de vida Ocidental são maus pois destroem a natureza, que em breve irá se "vingar" de todos nós; egoísmo é sinônimo de ser cruel com os outros; somos todos hipócritas na América pois fingimos viver de acordo com a ética altruísta publicamente (o filme usa o exemplo do canudo de papel), mas isso é tudo uma fachada, pois no fundo sabemos que somos egoístas e, portanto, pecadores.

Leave the World Behind / 2023 / Sam Esmail

Satisfação: 5

Categoria: IC

Filmes Parecidos: Batem à Porta (2023) / Ruído Branco (2022) / Tempo (2021) / Nós (2019) / Ensaio Sobre a Cegueira (2008) / O Nevoeiro (2007)

Godzilla Minus One

Melhor blockbuster do ano e um dos melhores filmes de monstro do século 21. Me lembrou um pouco o caso de Top Gun: Maverick: não é um filme que vai se destacar pela originalidade, por grandes inovações, pois ele depende em grande parte do que foi criado do passado (incluindo o ótimo tema musical do Godzilla de 1954), porém ele é realizado com tanto capricho, tanta integridade e respeito pelo material original (ignorando totalmente valores "modernos" que Hollywood se sente sempre na obrigação de abraçar), que o filme se torna uma viagem no tempo e um caso exemplar pro cinema atual.

Gojira -1.0 / 2023 / Takashi Yamazaki

Satisfação: 9

Categoria: I

domingo, 17 de dezembro de 2023

Maestro

Como mencionei na crítica de Tár, tenho uma admiração pelo Leonard Bernstein desde que vi gravações do seu Young People's Concerts em aulas na faculdade, então fui ver Maestro com um interesse especial, até por ter gostado do trabalho do Bradley Cooper como diretor em Nasce uma Estrela — e também por este ser um projeto que já esteve nas mãos de grandes nomes como Spielberg e Scorsese (que assinam aqui como produtores).

Além do tópico, o filme tem várias qualidades que o mantém interessante, apesar de alguns pontos fracos. Bradley está bem no papel (com a ajuda do trabalho mais notável de maquiagem que vi desde A Baleia), Carey Mulligan está melhor ainda, e os diálogos têm riqueza o bastante pra passar uma ideia de como seria um homem como Bernstein na intimidade (lembrando um pouco os méritos de Tár).

Porém Bradley Cooper como roteirista/diretor, pra mim parece ter deixado a pretensão subir à cabeça. Sabe aqueles cineastas prodígio tipo Orson Welles ou Francis Ford Coppola, que após algumas obras-primas, passam a se achar geniais demais para o "sistema" e começam a experimentar com a linguagem, fazendo obras menos acessíveis de propósito? É como se no 2º longa (e sem ter feito suas obras-primas ainda), Bradley já quisesse saltar pra esse estágio da carreira, e mostrar um tipo parecido de sofisticação (que pra mim é Pseudo-Sofisticação até mesmo nos casos de Welles/Coppola).

O filme tem uma abordagem semi-Naturalista que vê graça na mera reprodução do universo de Bernstein; em nos dar o privilégio de espiar a vida de um mestre por algumas horas. Por retratar um homem excepcional, bem-sucedido (em vez de uma pessoa medíocre) o filme foge do Naturalismo clássico, mas narrativamente, ele ainda não tem um senso de direção, um tema, algo a dizer sobre o personagem, e o Naturalismo se revela também nos aspectos da vida de Bernstein que o filme decide mostrar. Ao contrário de Steve Jobs (2015), que pelo menos focava em grandes momentos da carreira de Jobs (apesar de ser um filme também sem muita história, focado em caracterização), Maestro já faz um esforço grande pra não parecer uma celebração do talento de Bernstein. O fato mais conhecido de sua carreira — ele ser o compositor de West Side Story — é citado de forma tão casual que uma pessoa não familiarizada com o musical provavelmente sairá do filme sem registrar este "detalhe". O programa de TV Young People's Concerts (também um dos grandes responsáveis por sua fama) nem é citado.

Maestro está muito mais interessado no lado "humano" de Bernstein: nos problemas de seus relacionamentos íntimos, seus vícios, no fato dele ser bissexual, um homem um pouco egocêntrico, no câncer de sua esposa Felicia (que toma uma parte considerável do filme e é mostrado em mais detalhes que muitos filmes sobre doenças terminais). Não diria que a intenção do filme é manchar a imagem de Bernstein, pois há um glamour até mesmo na forma em que esses negativos são mostrados. Mas algo leva o filme a achar que pra cada virtude exibida, 3 fatos menos admiráveis sobre Leonard precisem ser incluídos pra equilibrar o resultado.

Fico me perguntando se isso é influência da ética altruísta; algo motivado por um senso de culpa, ou se é exatamente o oposto: se é a pretensão fútil de quem quer se mostrar tão superior, tão culto, tão parte da elite, que cita esses triunfos de forma casual, blasé, pois sabe que essa é a atitude de pessoas realmente sofisticadas.

Maestro / 2023 / Bradley Cooper

Satisfação: 6

Categoria: I- / NI

Filmes Parecidos: Tár (2022) / Steve Jobs (2015)

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Wonka

Wonka / 2023 / Paul King

Categoria: Idealismo Corrompido / Anti-Idealismo

Satisfação: 3

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Vidas Passadas


Past Lives / 2023 / Celine Song

Satisfação: 8

Categoria: Idealismo Diminuto

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Cameo de Ayn Rand em "Past Lives"

Um detalhe no filme Vidas Passadas (Past Lives / 2023 / Celine Song) que talvez eu seja a única pessoa no mundo que reparou:


Imagino que seja algo acidental que já estava na locação (o filme não tem nada a ver com ideias de Rand). Mas ainda assim achei curioso, pois Journals of Ayn Rand é um livro que só objetivistas mais "avançados" costumam ter. Quem será o dono da casa?

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Melissa Barrera e Julianna Margulies - Guerra divide Hollywood


Quando a Melissa Barrera foi demitida de Pânico 7 por apoiar o lado dos palestinos na guerra Israel/Hamas (e se mostrar ser o tipo de pessoa que minha primeira impressão dela sugeriu), achei que algo de positivo pudesse estar surgindo desta divisão que a guerra provocou em Hollywood - que costuma tentar manter a imagem de uma comunidade homogênea em suas posições políticas. Podia ser a chance da esquerda se dividir, da metade mais niilista ser exposta pelo que é, e disso ajudar a encerrar o clima de polarização extrema que caracterizou os últimos 8 anos. Mas vendo a diferença entre as reações a esses dois casos, já comecei a duvidar.

Vamos acompanhar - estou curioso pra ver o que farão com a Julianna Margulies (que não falou nada de homofóbico ou racista no podcast - acabei de escutar o episódio). Talvez ela se safe por não ser associada à direita, ser anti-Trump, etc. Mas se ela tivesse sua carreira prejudicada, adoraria saber se isso seria chamado de censura também, e se ela receberia um apoio tão expressivo da comunidade artística quanto Barrera.

Napoleão


Napoleon / 2023 / Ridley Scott

Satisfação: 4

Categoria: Idealismo Crítico Imperfeito

terça-feira, 28 de novembro de 2023

The 4 Pillars of Idealism

(Chapter 6 of the book Idealism: The Forgotten Principles of American Cinema)

The fact that a movie pleases and entertains the viewer still doesn't prove that it is Idealist, after all people with opposite values will enjoy and be inspired by opposite things. Idealism is not a morally neutral theory, concerned only with technical issues. It is based on specific values and has a specific philosophical bias. There are four particular concepts, four values, four emotions or four mental experiences that form the basis of Idealism:

- Objectivity

- Self-esteem

- Benevolence

- Excitement

These concepts are directly linked to human happiness, and the best works of art are those that best manage to concretize these values and make them real in the viewer's consciousness, at least during the consumption of the work. Each of these terms is a kind of umbrella concept under which a series of other related ideas and values are grouped. Let's expand on each one so that we can understand them better:

1. OBJECTIVITY

It's the experience of understanding reality, of seeing order in the universe, stability, structure, coherence, of having confidence in our cognitive abilities, of seeing reality in a simplified way, of knowing the truth behind things, which gives us a sense of control and security (raw, unfiltered reality will always be too complex to generate a state of mental clarity in the viewer). It's the attitude of never accepting ignorance, confusion and incommunicability as the natural state of things. Of never accepting subjectivism as an answer, of having respect for reason and facts.

A work of art can provide Objectivity mainly through its style, by the way it presents its content: having a clear, logical plot, creating a believable, cohesive universe with well-established rules, characters who act consistently, events that respect the law of causality, through the precision with which the artist communicates with the audience, guides the viewer's attention, the clarity with which he presents ideas in his work, the objectivity of the techniques he uses to express values, create emotions, narrate the story, demonstrate his skills, through the way he portrays reality, man, making clear and orderly what is often chaotic and confusing in real life. But objectivity can also be conveyed through content, in stories where the essence of the plot is the search for knowledge, explanations, solutions - detective stories, mysteries, courtroom dramas, to name but a few.

This concept of Objectivity is the most basic value of Idealism, and is a precondition for the expression of all the other values. It's what makes the other three pillars possible and real. If you try to project Self-Esteem, for example, but have no respect for reality (the characters' actions aren't convincing, aren't communicated clearly), the emotion won't be real for the viewer. It's a more epistemological value, while the other three are more emotional.

Objectivity is something that tends to be naturally respected by mainstream cinema, being challenged mainly by art films, experimental films (or by filmmakers who simply aren't competent enough to communicate objectively).

It is because of this pillar that I will emphasize the importance of clarity in the director's style, in the storytelling, and this is why Idealism is incompatible with Experimentalism, for example, which aims to portray reality in an ambiguous, inconsistent way, or worse, to create a state of chaos in the viewer's mind, decreasing (rather than increasing) his confidence in his mental faculties.

2. SELF-ESTEEM

It's the experience of feeling important, special, capable, proud, of gaining respect and being recognized for your virtues, of being the best at something, of believing in your individual potential, of believing that life can be great, that man can be admirable, heroic. It's the attitude of not accepting impotence and fragility as the true essence of man. Banality as the essence of life. Of not accepting one's own flaws as natural and inevitable. Of always desiring virtue, progress, success, of never taking pride in one's own failures or being lenient with them.

A work of art can't actually give a person self-esteem, but it can simulate/encourage this emotion and, by example, give them the inspiration and confidence to achieve it in their personal life. An artist can create this emotion through content, showing heroes, admirable individuals, telling stories of achievements, success, great events, but also through style, through the virtues demonstrated by the artist himself in the creation of his work - virtues such as technical mastery, expertise, a pioneering spirit, originality, genius, ambition, which provoke a sense of admiration in the viewer towards the work before them (meaning that even a work of art portraying flawed characters can stimulate a sense of Self-Esteem in this sense).

It is because of this pillar that I will later criticize the current trend of anti-heroes in popular culture, and it is also why I am critical of Naturalistic films, which not only tend to portray ordinary characters, without great virtues, but also do not show great technical virtues on the part of the filmmaker, who is more interested in portraying reality as it is, conveying a social message, etc.

3. BENEVOLENCE

It's the experience of believing that the universe is a suitable place for human beings, where happiness is possible and our values can be achieved. Believing that men can be perfectly moral, happy, and that their interests need not be in conflict. That conflicts, pain and evil are not to be accepted as normal, but things to be fought against and overcome. It's a certain respect for the innocence of childhood, for the vision of what the world could be (even a film with a sad ending or a movie about a corrupt character can respect the value of Benevolence, as long as the blame for the tragic results falls on the characters' wrong choices, and not on life itself, on human nature, as if it were something natural and inescapable).

Benevolence can be experienced through content - in stories where good is portrayed positively and evil negatively, where characters have free will and the power to achieve their goals, where we see positive and harmonious relationships between characters (rather than relationships full of cynicism, distrust, mutual contempt, incompatibility, which is what predominates today), where heroes are morally pure (they don't accept evil and corruption in themselves), never wish for evil or do anything to harm innocent people. But Benevolence can also be felt through the artist's style, in their general attitude towards the audience: in their choice to show beauty, in their desire to communicate, to talk about subjects that interest them, in their desire to provoke positive and inspiring emotions, to please the senses, etc.

It is on this basis that Idealism opposes films with a Malevolent Sense of Life, films that glamorize violence, suffering, that show only conflict-ridden relationships, unpleasant situations, that glorify corrupt and immoral characters, that insinuate that man is perverse by nature, that life is essentially tragic, films that are made to externalize the artist's destructive feelings, etc.

4. EXCITEMENT

It's the desire for entertainment, escapism, fun, pleasure, variety, stimulation, intense emotions. It is the experience of escaping boredom, the monotony of everyday life and normal states of consciousness, rules and irrational duties imposed by others and society. It's the desire to make life interesting and enjoyable. It's what makes us seek laughter, adventure, catharsis, fantasy, ecstasy, adrenaline, awe, astonishment, surprises. It's the attitude of not accepting boredom, duty, monotony or melancholy as natural and unavoidable states of existence. To consider happiness the highest and most desirable state of consciousness. To not consider it a virtue the ability to repress one's desires, to sacrifice one's pleasures.

Excitement can be provided by the content of an artwork - for example, in films where the characters go through great adventures, extraordinary situations, experience exciting, unusual events; but also by the style, the method with which the story is told: whether there is suspense, an engaging plot, surprises, intense emotions, whether the pace of the story is exciting, whether there is a satisfying climax (meaning that even a tragic story or a monologue can be Exciting depending on how they are executed).

It's from the pillar of Excitement that arises the need for a good narrative, a well-constructed plot, climaxes, Set Pieces and Ascension (a principle I will discuss later), and this is also why Idealism opposes Naturalistic, Experimental films with no plot, or films that put the social/educational function of art above the enjoyment of the audience.

Thus, when I say a movie is Idealist, it's because it has succeeded in projecting these four values, all of which are indispensable. It's acceptable for some of these values to be more dominant, and others less dominant in a particular work, or in a particular genre, but they all need to be present on some level. If one pillar is completely overturned and rejected by the artist, the others will start to crumble too - all these ideas are interconnected, so it's impossible to provide one of these experiences without starting to provide some of the others. For example: in order to create an admirable character and inspire Self-esteem in the viewer, there must first be the value of Objectivity in the story (you can only feel inspired by actions and values that you can observe, believe in, and that are being communicated rationally by the artist). And by stimulating this feeling of Self-esteem in the audience, there will also be an element of Benevolence in the intention of the artist.

EXAMPLE OF THE 4 PILLARS IN ACTION

In Pretty Woman (1990), one of the most touching moments is when Vivian (Julia Roberts) and Edward (Richard Gere) share their first kiss. As Vivian is a prostitute and Edward a successful businessman, there is a sense of mistrust and hopelessness throughout the story, because despite their mutual affection and Vivian proving to be a woman of good character, social differences become a significant obstacle, making a relationship between them seem highly unlikely. So, when the two finally break the taboo of the kiss (not kissing on the mouth had been a rule established by Vivian at the beginning of the story), it is the pillar of Benevolence that is realized and makes the scene emotional - the sense that despite all the obstacles and conflicts, happiness will be possible and the characters' goals can be achieved. Note that if the kissing rule hadn't been clearly established beforehand, and if the social obstacle didn't seem serious enough to the audience, the scene wouldn't cause any emotion - it's in this sense that Objectivity is indispensable for projecting any kind of value.

Although this particular scene focuses on the value of Benevolence, the other pillars are still present in the background: the fact that Vivian is a beautiful woman and Edward is an extremely successful, charming man reinforces the value of Self-esteem (contrast this with Naturalistic films that show love affairs between ordinary people). The intensity of the passion between them and the fact that the kiss scene is an important moment in the story, built as a small climax - a well-orchestrated sequence, with a beginning, middle and end, with an effective score - also generates an experience of Excitement. At other key moments in the movie, different pillars will be in the foreground, such as the classic "revenge" scene in which Vivian goes shopping on Rodeo Drive full of money, and decides to stop by the store where she had previously been rejected by the clerk for appearing underdressed. The idea of her being extremely elegant on Rodeo Drive, shopping with no spending limit, and getting back at the rude clerk creates a perfect combination of Excitement and Self-Esteem that makes the scene one of the highlights of the film (always with the help of music: if, in the kissing scene, the calm and romantic theme by James Newton Howard stimulated the feeling of Benevolence, in the shopping scene, the song "Pretty Woman" by Roy Orbison is used to reinforce Excitement and Self-Esteem).

It is always through concrete elements (specific actions, events, objects, words, sounds, attitudes) that these pillars are realized in a story. "Self-esteem" cannot exist in a vacuum; only through specific things that will convey this idea and generate the corresponding emotion in the viewer. As Ayn Rand says in The Art of Fiction, a writer needs to learn how to "concretize abstractions" so that he can build a plot and express the themes of the story. He has to become fluent in this language: look at a concrete element and know how to identify the abstract values it projects, and at the same time be able to take an abstract concept like "Self-esteem" and know what concrete elements he can use to materialize it in his work.

Recently on my blog, a reader was intrigued by a comment I had made in my review of the film The Intouchables (2011), in which I noted that the film used "flight", "joyful music" and the "power of healing" strategically in the story, and that although The Intouchables doesn't reflect Idealism 100%, these elements were present in many films I like. The Intouchables is not a fantasy, an explicitly escapist movie, but in a way it is very close to movies like Mary Poppins (1964) or E.T. the Extra-Terrestrial (1982), stories in which "magical" figures appear to transform the protagonist's life, bringing fun, magic, adventure, and helping him solve his problems. This type of figure always provokes experiences related to Benevolence and Excitement, and it is very common for these three ingredients to be present in the story:

- Joyful music: creates a sense of optimism, happiness, fun (Benevolence + Excitement).

- Flight: projects a sense of freedom, hope and fantasy (Benevolence + Excitement, remembering that fantasy always falls under the umbrella of Excitement).

- Healing power: creates a sense of hope, overcoming problems, as well as fantasy in the case of supernatural powers (Benevolence + Excitement).

In The Intouchables, Omar Sy's character is a nurse who comes to take care of a quadriplegic, so the theme of healing is the most obvious here (he even uses marijuana as a tool for his healing power). Joyful music comes into play in scenes such as Sy dancing to "Boogie Wonderland" to entertain Philippe, and flight is carried out in the paraglider scene. In a movie like E.T., the character literally has magical healing powers, and literally makes the protagonist fly. He doesn't bring music to Elliott, but John Williams' amazing "Flying Theme" is directly associated with E.T.'s powers, so from the audience's point of view, E.T. is indeed a vector for joyful music (deep down, it's the audience, not Elliott, that E.T. has come to "heal"). Mary Poppins brings music to the children - she's singing throughout the entire movie - and appears flying in the very first scene. She doesn't have a magical healing power like E.T., but by giving the children a "spoonful of sugar to help the medicine go down", she ends up evoking this theme a bit. These elements don't always appear together, and this is not a rule, just a curious pattern that illustrates how the pillars of Idealism manifest themselves through concrete elements in a story. In Titanic (1997), for example, Jack is the "magical" figure who comes to solve Rose's problems. He begins by saving her from suicide: healing power. Later, he takes her to dance and have fun with the irresistible music of the third class. And when he leads her to the bow of the ship and spreads her arms like wings, Rose exclaims: "Jack, I'm flying!". In The Sound of Music (1965), Maria brings joyful music into a house where music had been explicitly banned. She doesn't heal physical wounds, but she heals the emotional wounds of various characters: Captain Von Trapp's traumas related to the death of his wife, the sorrow of the children who feel rejected and oppressed by their father, Liesl's pain when her heart is broken. Maria doesn't fly, but she is always "climbing mountains", hills, and in the end the family is saved precisely because of Maria's mountains - the movie ends with everyone reaching the summit of a mountain, approaching the sky, and the camera keeps going up and up, taking the viewer towards the clouds.

The Intention of a Movie

(Chapter 5 of the book Idealism: The Forgotten Principles of American Cinema)

I don't know about you, but I can usually predict whether or not I'm going to like a movie from the first few minutes of the screening, or even before, from the synopsis, the movie poster, the trailer, or perhaps because I'm familiar with the director. Of course, the movie can surprise us along the way, and what counts in the end are the qualities that the movie actually presents. Still, there is something we can grasp even before we get into the story, which defines our initial attitude towards the movie: whether we will watch it willingly, with a skeptical attitude, or in a state of resistance.

What we grasp at that first moment is the basic intention of the movie (or, to be more precise, the basic intention of the author). Regardless of the theme and genre of the film, an artist can approach his work from different attitudes. It's not because a story is tragic that the artist's intention is necessarily negative, and it's not because the movie is a comedy that the artist's intention is necessarily positive. It all depends on how the story is presented. In film, it's usually the director who will define this: the same script filmed by two different directors will ultimately carry the intention of each director, and not necessarily that of the script.

The most positive intention an artist can have, in the context of Idealism, is to entertain, give pleasure, promote happiness, inspire, create a positive experience for the viewer (through the projection of positive values), while at the same time conveying his vision and demonstrating his virtues through the work.

This establishes a relationship of harmony and mutual benefit between artist and spectator, as it implies that the artist did not do the work for inauthentic reasons, just to please the audience and make money, but out of the desire to express his vision, exercise his talents, and provide something that he would like to experience as a member of the audience. And the audience, in turn, doesn't have to sacrifice itself for the sake of the author, spending hours of boredom in a chair out of respect for "art". They go to see the movie for their own pleasure, for their genuine interest in the story, and, of course, part of their pleasure also comes from a sense of admiration for the author and his achievement, so that the pleasure on each side reinforces and feeds the pleasure on the other.

Below I'll list some of the most common intentions in films, separating the positive intentions from the negative ones.

The best intention is the one I've already explained above. But another positive intention is that of the Critical Idealists, who show negative situations, corrupt characters, not to celebrate them, but with the intention of criticizing, condemning them, showing the viewer how things should not be, what they should not do in life, but still with the intention of providing a positive experience, showing talent, esthetic beauty etc.

Now I'm going to list the negative intentions I most often see out there (or at least the insufficient, incomplete intentions, if they appear disconnected from the intentions above):

- Merely distract/entertain the audience (usually in pursuit of money and fame), copying formulas and trends of successful films (without this being an authentic expression of the author, nor with the intention of creating a lasting work of art), resorting to superficial techniques and taking advantage of the naivety and low standards of the average viewer.

- Show off the director's talents - skills that do not relate to the viewer's pleasure. It's the kind of movie that requires the viewer to give up their interests, to watch something they don't really like, just out of respect for the artist, for "culture".

- Educate, inform or raise awareness about historical events, some social issue or contemporary problem.

- Prove a political argument, express the author's political views or convert the audience to some ideology.

- Demonize some individual or social group that the author despises; create caricatures or a persuasive narrative to convince viewers how monstrous certain people are, reaffirming a hatred they already feel.

- Alleviate the viewer's pain or low self-esteem by exposing the flaws behind the heroes, turning successful people into villains, showing unhappy, problematic characters as victims.

- Express the fears and negative feelings of the author, who wants to convince the viewer that life is tragic, that the universe is hostile environment, that man is mediocre, corrupt, that virtues are an illusion, etc.

- Annoy, disturb, depress or bore the viewer, to force them to live through unpleasant experiences, face the negative side of existence, proving the author's "courage" and "maturity" for dealing bravely with such themes.

- Deconstruct the concept of art. Show that the author doesn't care about the audience, doesn't follow any rules, that he's not interested in showing objective virtues, and that he doesn't play the same "game" of established artists.

- Attack Idealism and its values.

Some of these attitudes are absolutely bad and never appropriate (like this last one), but some are acceptable, as long as they appear within the context of the positive intentions I listed at the beginning. It's okay, for example, for a movie to educate/inform the viewer on some subject, or even to express pessimistic opinions, as long as it does so by demonstrating talent, rationality, inspiring and providing esthetic pleasure to the audience, not as an end in itself.

INSPIRATION VS. COMFORT

Just like the two types of viewers I discussed in the chapter "What Is Idealism?", there are two corresponding types of films: films that seek to inspire the viewer vs. films that seek to comfort them. While the first type is motivated by the desire to make life richer, more interesting and enjoyable, the second is made to make it less painful. Whereas one type presupposes that the viewer is in a positive state of consciousness, wanting to enjoy life, the other presupposes that the viewer is in a state of fragility, inadequacy, denial, sadness, seeking some kind of solace, escape or rationalization. While one is like a feast offered to the healthy, the other is like a medicine or painkiller offered to the sickly.

There's nothing wrong with trying to alleviate a negative emotional state when the overall intention is to inspire virtue, happiness and create something positive. But if the main intention of the movie is just to alleviate a negative feeling, it will be incomplete - if not harmful. Incomplete, because if happiness is life's goal, merely alleviating suffering is not enough. And for the viewer who doesn't suffer from that particular frustration, the movie will have no emotional impact whatsoever (a medication has no benefit for those who aren't sick). Furthermore, the film can be harmful when what it seeks to alleviate is not just a common and acceptable human frailty, but frustrations resulting from self-destructive behavior - pain that the viewer should continue to feel if they truly want to get out of the situation.

Of course, it's not enough for a movie to have a positive intention for it to be good. The artist may be well-intentioned, but simply not skilled enough, or make mistakes along the way. But the best films will always be the result of a well-executed positive intention. On the other extreme, a movie with a totally negative attitude, even if it's very well made, cannot provide a good experience. On the contrary: the more well-made a movie with a negative intention is (the more impactful, persuasive, effective, ambitious), the worse the experience will be for the viewer (at least for the Idealist viewer) and the more damage it will do, because all that skill is being used against them. That's why, below a certain point, you can't give credit to a malicious movie even if it has certain esthetic qualities. To say that a movie has absolutely evil intent, but give it a few points for being well photographed, competently directed, would be as absurd as giving the Nazis a few points for the beautiful design of their uniforms and the effectiveness of the gas chambers.

Sense of Life and Artistic Preferences

(Chapter 4 of the book Idealism: The Forgotten Principles of American Cinema)

Although most people don't have a fully formed and conscious philosophy, we all carry a series of values and philosophical judgments subconsciously, which form what Ayn Rand called a "Sense of Life".

This is a valuable tool she created and that I'll borrow here to better explain why people have such different preferences in the field of art.

Sense of Life is the total sum of a person's fundamental values, which results in a particular way of looking at the world. It is a subconscious assessment of man and existence, which establishes the nature of our emotional reactions - the "lens" through which we see the world. Our Sense of Life does not come primarily from our explicit, intellectual convictions; it is formed subconsciously, based on experiences and judgments we have accumulated since childhood, and which may or may not be in harmony with our conscious opinions. Even without understanding anything about philosophy, throughout his life a man has to make choices, form an opinion about himself and the world around him, and, depending on his conclusions, he will arrive at a generalized feeling about existence - a basic emotion that will underlie all his experiences.

You can't understand another person's preferences and decisions in everyday matters without understanding the concept of Sense of Life. It is on the basis of our Sense of Life that we choose our friends, our romantic partners, our favorite music and films. We are attracted to things that are in harmony with our Sense of Life, and repelled by those that are not.

To the extent that a person has control over their mind, their Sense of Life can be shaped by themselves throughout their formative years, and reach adulthood in harmony with their conscious convictions. But in most cases, a person's Sense of Life is formed by random influences, cultural osmosis, is full of contradictions and is often in conflict with their explicit ideas. Either way, no one can avoid forming a Sense of Life.

Here are some examples of philosophical questions that are essential in forming a Sense of Life:

- Is the universe a stable, logical place, governed by natural laws, or is it an incomprehensible chaos to man?

- Is our mind is capable of understanding reality, or is reason impotent?

- Does man have free will, or are his choices and character are determined by other factors (culture, genes, instincts, social status)?

- Is man capable of achieving success, happiness, or is life made of pain and tragedy?

- Is man essentially good, or is he evil by nature?

- Can people live together in complete harmony, or are their interests necessarily in conflict?

- Is seeking happiness important, or is avoiding pain what really matters?

- Should a man pursue his personal goals and be happy, or should he sacrifice himself for the good of others?

- Should man have ambition, self-esteem, dream big, or should he be humble?

Different answers to the above questions will result in people with different Senses of Life and will directly interfere with all their choices, preferences - including their artistic preferences. It's important to remember that, from one extreme to the other, there are intermediate positions between all these answers. For example, a person may feel that: 1) Happiness is the natural state of man and that conflicts are the exception; 2) That life is full of conflicts, but that they can be overcome with great effort; 3) That life is made of conflicts, and that happiness can only be achieved in moderation; 4) That life is tragic by nature and happiness is an illusion.

Our Sense of Life classifies things according to the emotions they evoke. In The Romantic Manifesto, Ayn Rand gives a series of concrete examples and imagines what emotions these examples would evoke in people with different Senses of Life. For example: "a discovery, triumph, a heroic man, the skyline of New York, pure colors, ecstatic music", or "the folks next door, a known routine, a humble man, an old village, a foggy landscape, muddy colors, folk music". For a person with a more positive view of life and mankind, the examples in the first group should evoke admiration, exaltation, a sense of challenge. The examples in the second group should evoke boredom, disinterest or repulsion. For a person with a more negative view of life, the emotions evoked by the examples in the first group would be fear, guilt, resentment. The emotions evoked by the examples in the second group would be relief, comfort; the security of living in a universe that isn't too demanding.

A person's Sense of Life is something we perceive almost instantly, because it involves everything about them: every thought, emotion, gesture, posture, tone of voice, facial expression, way of dressing. In a work of art, an artist's Sense of Life is expressed through its content and its style (through what he decides to portray, and how he portrays it). These two aspects - content and style - can be in harmony or in conflict with each other, just as a person's conscious and subconscious values can be in harmony or in conflict.

The content reflects the artist's more conscious values. What kind of message does the story convey? What kind of events and people does the artist choose to portray? Heroes pursuing noble goals? Ordinary people with no great virtues? Or corrupt and immoral people? Are these people portrayed positively (being attractive, effective, successful) or negatively (being repulsive, ineffective, unsuccessful)? A hero portrayed positively indicates an artist with a benevolent Sense of Life. An immoral character portrayed negatively can also indicate a benevolent Sense of Life, as mentioned earlier. However, a hero portrayed negatively or an immoral character portrayed sympathetically indicates a malevolent Sense of Life.

Style reflects the more subconscious (and usually more revealing and true) values of the artist. For example: does the artist communicate his ideas in a clear, precise, understandable way? Or in a nebulous, murky, chaotic way? Is the story dramatic, exciting, structured? Does it have purpose, climax, a clear direction? Or is it monotonous, with episodic events that don't lead to any resolution? Does the artist portray admirable, attractive people? Or does he put ordinary figures on the screen?

Senses of Life are formed by the combination of countless perceptions about life, and can be extremely diverse. Nevertheless, it is possible to roughly classify Senses of Life as more malevolent and more benevolent. A Malevolent Sense of Life is dominated by negative answers to the most fundamental philosophical questions: life is tragic, the universe is chaotic, reason is impotent, man is despicable and doomed to suffering, our interests are in conflict, etc. A Benevolent Sense of Life is dominated by positive answers: life is essentially good, the universe is knowable, man is admirable and capable of achieving his goals, our interests need not be in conflict. As should be clear by now, Idealism is essentially based on a Benevolent Sense of Life.

Sense of Life is not enough of a tool to determine whether a work of art is good or bad, but at the same time, there is no way to arrive at absolute esthetic criteria that are not linked to a Sense of Life or to certain pre-philosophical judgments. Even merits such as "clarity" or "coherence", which seem like unquestionable esthetic qualities desirable in any work of art, are already an expression of a benevolent Sense of Life: they reflect someone who believes that the universe is intelligible, that reason is effective, that objective communication between artist and viewer is possible, that showing something harmonious and pleasing to the viewer is something desirable. It would be impossible for an artist with a completely malevolent Sense of Life, both in content and style, to make a great work of art, because if he really believed that man is evil (which would include himself and also his audience), incapable of achieving his goals, that communication is an illusion, he would have neither the motivation nor the ability to make a valuable work of art. Therefore, it is only to the extent that an artist possesses a benevolent Sense of Life, even if subconsciously, that he can achieve something of real esthetic value.

Although the Sense of Life is a big part of it, other factors can influence a person's artistic preferences - issues like temperament, cultural context, etc. For example: two people may have similar Senses of Life, but operate intellectually at different levels. One may have a greater capacity for abstraction than the other, a greater intelligence than the other, and this will attract them to more complex works of art that are more in harmony with their type of mental functioning.

Now, let me give you a concrete example of how our Sense of Life shape our artistic preferences:

WHY I DON'T LIKE GAME OF THRONES

Game of Thrones, from my point of view, has a conflict-ridden view of reality based on the idea of scarcity: that we live in a universe of limited resources and, therefore, that life is a great battle between men to see who will get control of these resources. It's an idea held by both left and right in the world of politics, but while the left focuses on what should be done about the weak in this context - on how they will take resources from the strong in order to guarantee a minimum for the less fortunate - those who believe themselves to be the strong (such as the characters in Game of Thrones), are focused on obtaining these resources and planning how they will reign over the weak once they are victorious (these people are usually very interested in warfare strategies, etc.). Both sides have the same conflict-ridden and pessimistic view of the world in which only a few can succeed, and therefore the others must inevitably be sacrificed in the process.

Another thing I reject here is the relativistic view of virtue that tends to accompany this kind of mentality: being powerful and successful in this universe is entirely related to beating others, defeating opponents. These people are incapable of thinking about virtue in an objective way, based on man's ability to deal with reality, to produce, and achieve his personal happiness. It's only the other person's defeat that proves their virtue - the ability to dominate, to defeat, to be relatively stronger on the battlefield (arrogance and aggressiveness are positive qualities for those who think this way).

It's a mentality that reflects a desire for the unearned, a desire to obtain values at the expense of others. While the weak (from this perspective) seek the unearned motivated by altruistic ideas, saying that they should have what they want precisely because they are weak and incapable, and that without the sacrifice of the strong they wouldn't stand a chance (in other words, the strong should give them what they want, even if they don't want to do it, because it's a necessity), the strong want the weak to give them what they want because they have power. Since they are strong, rich, have the best tactics, the most powerful weapons, the largest armies, and the weak depend on them to survive, then the latter must do what they want, they must obey them, serve them, love them, respect them, even if they don't want to.

It's the mother's ethics vs. the father's ethics in an archaic family dynamic: the mother who wants the child to do what she wants out of a sense of guilt, duty, because she is weak, helpless, even if it's against his will. And the father who wants the child to do what he wants out of fear, obedience, "respect", also against the child's will.

What these people fear in the end is finding out what others would to do if they were actually free. They dread dealing with people in full freedom, who can act voluntarily, based on their real values and desires - people who are seeking happiness and not just mere physical survival. This is because they feel deep down that if everyone were independent, free, and could choose with whom to share their values (material or spiritual), they would have no chance of obtaining it. So they are attracted to this tragic view of existence according to which sacrifices are necessary, people are dependent on each other and resources are scarce: it's the only way they can feel that they have any power, that they can get what they want from other people, because their personal wants will no longer pose a threat, will no longer be part of the equation.

Just as an example of how this view of reality is transmitted by the series, observe how often we see in Game of Thrones women who show contempt for certain men, don't seem to attracted by them, but end up going to bed with them anyway (in the first episode of Season 8 alone, I remember the scene in which Euron manages to persuade Cersei to have sex with him, and another scene in which Bronn is in bed with 3 women at the same time, apparently prostitutes). These are common scenes - characters who are despised deep down, but who nevertheless manage to make others act in the way they want, because they have the power, and because in this universe made of conflicts and wars, people have no choice but to serve them.

I don't want to suggest that everyone who likes the series does so for this reason, or because they share these values, nor am I saying that the series is artistically bad just because of its Malevolent Sense of Life, but it is through this lens that Game of Thrones makes me see the world every time I stop to watch an episode. The series transports me to a world where power is the most important and desired value - power over others, power of coercion - and this is not a world I want to spend much time in.

What attracts us to Idealism?

(Chapter 3 of the book Idealism: The Forgotten Principles of American Cinema)

Watching my two-year-old niece fascinated by a cartoon on TV, I thought about what attracts us to Idealist art on a primitive, unconscious level. At first glance, it couldn't be a very sophisticated need regarding values, life goals, otherwise such a small child wouldn't be as naturally attracted to a cartoon as an adult is to a movie. Nor could it be a desire to admire the virtues of the artist, to appreciate aesthetic qualities. That comes later, when we are older and understand that there is someone behind a work of art - the child doesn't even know that the cartoon has an author.

On a basic level, Idealist art attracts us because it offers us an escape to a more understandable, benevolent universe - a universe better suited to our minds and our happiness. I don't mean "escape" in the sense of cowardice, self-deception. But in the same sense that a house is an "escape" from harsh weather, discomfort, predators and other external threats - something that gives us a structure conducive to life, which is not automatically or perfectly provided by nature.

Reality itself is infinitely complex (much more complex than the human mind is capable of grasping in a single moment), which results in an eternal quest for order, understanding and simplicity. The universe is also indifferent to life (not necessarily hostile, but not favorable either in an active way). Life has no intrinsic meaning other than the one which we give it ourselves. In life, we are active, and the external universe seems only passive, indifferent. Art has the ability to invert this, and make the external universe appear to become active and meet our needs. Art gives us a sense that life has an intrinsic meaning, making us feel for a moment that we are participants/players in a larger plot. For example: if we crash our car in real life, the event seems arbitrary, unnecessary, there is a cold, uncomfortable silence following the impact. Only in the future, through reflection, will we perhaps be able to make sense of the event and understand what caused it (an analogy made by Robert McKee in his book Story). But in a movie, if a character crashes his car, the event is automatically accompanied by an emotion, a meaning. Emotions and meanings are already present there, at the moment the events happen, giving everything a sense of structure and importance that in reality wouldn't exist or would take us a long time to see.

Young children are generally not interested in live-action movies that attract adults. Why? Because they can't yet absorb the values behind the story or understand the complexities of the adult world. They don't understand abstract principles, they don't know how a romantic relationship works, what's the purpose of a career. They are still at a primary, concrete level of awareness. They only understand simple things and objects - home, food, the sun, a car, mommy, dog, etc. And in a cartoon, these things are represented in a simplified and benevolent way. Not as they actually appear in reality: objects with complex tones and textures, interacting with various lights, reflections, mixed with other objects that children don't know what they're for, animals that behave irrationally, etc. - but as simple, minimalist shapes, with bright, pure colors that are pleasing to the eyes: a simplified (understandable) and benevolent universe, according to the child's cognitive ability.

Adults can handle a much higher level of complexity than a child. Nevertheless, art still offers them a simplified and benevolent picture of reality. Art does this on a concrete/visual/sensory level: in a movie, images are photographed in such a way as to create a certain spatial order, production design and color grading reduce the color palette to something more beautiful and harmonious, soundtrack and sound design transform random noises into ordered, pleasurable vibrations. But art also does this on a more conceptual level: human beings in movies have clear and understandable motivations, represent consistent archetypes, they possess solid characteristics that define their personalities, the story has a planned structure, beginning, middle and end, a message to be extracted - something very different from the complexity and apparent chaos of our everyday experience, in which people often behave in contradictory ways, meanings are not always clear, various narratives intertwine and are not always concluded. Not that life doesn't make sense. People do act based on motivations, they do have certain personalities, the events we see do have causes and consequences - the point is that it's not always easy to see this in daily life. Art has this power to make the invisible visible, the abstract into something concrete and tangible.

Naturalism and Experimentalism (which I'll discuss later) are forms of art that rebel against this basic need of the human mind. They intend to show the universe in its raw form - as a complex, chaotic, meaningless, negative place, ignoring and sometimes even mocking man's attempt to understand reality, to seek beauty and order in things. Contemplating the universe in this chaotic, unfiltered way is not a primary human need. In a way, Idealism can be seen as the most essential form of art, the purest and most necessary to human consciousness, while these other forms of art are derivative - distortions that could not exist independently, and exist only as a contrary reaction to Idealist art, an attack often based on cynicism and personal frustrations (which, in a way, is also an attempt to give order to things, but not the kind of order that will give the audience confidence to pursue happiness and achive their goals, but rather an "order" that will serve as a rationalization for their problems and limitations, an way to remain stagnant without feeling guilt).

As Ayn Rand observed, although Romanticism (like Idealism) is often accused of being an "escape", it is actually the category of art that best equips us to live, inspiring the kind of virtues we need to face our problems and achieve our goals. If happiness is possible, then it is Naturalism (and other forms of Non-Idealism) that represents an "escape" - a permission to abandon all values and flee from the challenges associated with the pursuit of a good life.