segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Conselheiro do Crime (anotações)

- Cena de sexo de abertura ousada. Será essa a cena que estão todos comentando?

- Fotografia bonita. O mínimo que se espera de Ridley Scott.

- Diálogos muito inteligentes e com profundidade incomum pra esse gênero de filme. Cameron Diaz falando sobre sua frieza... Reflexão sobre o valor do diamante... Tudo muito bem escrito.

- Filme muito bem feito e o elenco está muito bem. Provavelmente o final vai ser muito ruim, ou algo extremamente frustrante vai acontecer até o fim. Nota 6.2 do IMDb e 49 no Metacritic são muito baixas pra um filme que está indo nesse ritmo.

- Trama um pouco confusa. Cenas individuais são ótimas, mas talvez falte algo mais forte pra nos prender até o fim. Uma situação mais simples e envolvente.


- SPOILER: Cameron Diaz impagável na cena do carro! Momento clássico. Descrição do Javier Bardem hilária.

- SPOILER: UAU, motoqueiros terão pesadelos por muito tempo depois de ver esse filme!!!!

- Depois de 1 hora e 20 trama finalmente fica envolvente. Fassbender vira alvo de traficantes e corre sério risco de ser pego. Situação previsível pela sinopse, mas pelo menos funciona dramaticamente.

- SPOILER: Última cena de Brad Pitt fortíssima. Filme tem VÁRIAS cenas memoráveis.

- Geralmente não gosto de filmes violentos (nem cenas de sexo), mas aqui é tudo tão bem escrito que acaba sendo fascinante de ver. A violência não é gratuita - há sempre uma ideia original, uma reviravolta interessante, etc.

CONCLUSÃO: Trama tipo "o crime não compensa" é batida, mas filme é cheio de ótimos diálogos, cenas inesquecíveis e boas performances. Público em geral talvez ache muito pesado. Filme não oferece nenhum alívio fácil pra plateia; muita gente vai sair insatisfeita. E diálogos vão pra um lado meio "cabeça" que o espectador comum pode não gostar. Mas filme é bem acima da média.

(The Counselor / EUA, Reino Unido / 2013 / Ridley Scott)

FILMES PARECIDOS: O Gângster, Onde os Fracos Não Têm Vez, Senhores do Crime, Marcas da Violência.

NOTA: 8.0

domingo, 27 de outubro de 2013

Kick-Ass 2 (anotações)

- Nem é um filme de aventura sério de super-heróis, nem uma paródia completa. Filme fica num meio termo contraditório. Atitude "tongue-in-cheek".

- Não dá pra se envolver de fato com os personagens e com a história pois tudo é apresentado como uma piada. Protagonistas não são pra ser levados a sério. Mas filme também se recusa a ser uma comédia e tratá-los como objetos de riso. Tarantino consegue se safar melhor com esse tipo de atitude porque escreve diálogos inteligentes e é talentoso como diretor, o que torna os filmes mais interessantes de ver.

- Violência me parece menos grotesca que da parte 1, mas ainda assim exagerada. É uma forma do filme ser "descolado", não parecer inocente.

- Pelo menos 1 cena dramática: Mindy humilhada pelas amigas do colégio. E sua vingança. O problema é que a gente não sabia até esse ponto que Mindy tinha essa vulnerabilidade.. Que se sentia excluída e sofria com isso. É um tema que podia ter sido exposto desde o começo. Teria tornado a personagem mais realista e interessante.

- Mais pro fim o filme tenta ser inspirador, transformar protagonistas em figuras heroicas de verdade. Mas logo que o vilão entra em cena ("The Motherfucker"), a gente lembra que tudo no fundo é uma palhaçada e o clima é quebrado. Filme nos lembra de novo que não é pra ser levado a sério. Intenções contraditórias.

CONCLUSÃO: Filme sofre de Idealismo Corrompido: por um lado quer criar heróis, mas cinismo não o permite levar os personagens totalmente a sério, então recheia o filme com elementos Anti-Idealistas (violência exagerada, personagens ridículos, etc). Ainda assim, me pareceu mais bem intencionado que a parte 1.

(Kick-Ass 2 / EUA, Reino Unido / 2013 / Jeff Wadlow)

FILMES PARECIDOS: Scott Pilgrim Contra o Mundo, Kick-Ass - Quebrando Tudo, Kill Bill.

NOTA: 5.5

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Serra Pelada (anotações)

- Meio ridículos esses gays da história. Filme quer inventar uma gangue de bichas afeminadas assassinas. Não existe isso.

- Típico de filme de "macho". Caras durões competindo por poder. Armas / tráfico / dinheiro / prostitutas. Vai se identificar com o filme quem tiver personalidade agressiva - gostar de poder, dominar os outros. Autor parece ter um fetiche por cenas com homens durões sendo agressivos e gritando uns com os outros, e fez um roteiro onde isso acontece do começo ao fim.

- Personagens femininos são objetos. Só servem pra dar sexo aos homens. Gays são patéticos.

- Imagens de multidão em Serra Pelada impressionantes. Figuração ou filmado em escavações reais??

- SPOILER: Juliano merece morrer por roubar o dinheiro do amigo. Personagem vai se tornando cada vez mais detestável. Aponta a arma pra qualquer um que o incomoda. Caracterização exagerada. Filme quer que a gente sinta raiva ou está glamourizando os bandidos, tipo filme do Oliver Stone?

- Personagens desgostáveis em história desagradável. Num filme, o negativo só deveria ser incluído como contraste, não pra ser admirado como o foco central. Se não há nada de bom nessa história, pra que eu quero vê-la? Ah: pra aprender que "o dinheiro corrompe".

- O sonho do protagonista é encontrar ouro, mas quando ele encontra algo, o filme quase não mostra. Cenas são rápidas e pouco intensas. Já as cenas desagradáveis são muito mais longas e bem ilustradas. Ou seja, intenção do filme é proporcionar uma experiência desagradável para o público.

CONCLUSÃO: Produção / direção de bom nível, mas falta um enredo mais forte e personagens mais gostáveis.

(Serra Pelada / Brasil / 2013 / Heitor Dhalia)

FILMES PARECIDOS: O Homem da Máfia, Selvagens, Tropa de Elite,  Profissão de Risco.

NOTA: 5.0

Diana (anotações)

- Narrativa fragmentada cansativa no começo. Lembra A Dama de Ferro. Será que o filme inteiro vai ser assim??

- Filme não está conseguindo criar muita empatia por ela. Personagem parece artificial e distante. Não estou torcendo pelo romance. Talvez roteiro assuma que iremos automaticamente gostar da personagem por se tratar da Diana. Alguns filmes sobre Jesus cometem esse erro. Esquecem que têm que começar do zero.

- Não sei se Naomi Watts fisicamente é a melhor pessoa pra imitar a Diana. Ela tem uma beleza muito americana, lembra uma patricinha ou uma modelo de propaganda. Diana era mais discreta, tinha cara de "mãe", uma beleza menos jovem.

- História fica mais interessante depois, quando o romance começa a ter conflitos mais sérios. Incompatibilidades entre vida de celebridade e de pessoa comum. Meio Notting Hill, sem as piadas.

- Não é a biografia que eu mais gostaria de ver sobre Diana (que seria sobre sua vida extraordinária). Foca em um drama mais específico. Mas ainda assim é interessante.

- Altruístas geralmente me parecem mal intencionados, mas não ela. Sua preocupação com o sofrimento dos outros é algo muito pessoal. É como o Michael Jackson (não é à toa que eles se tornaram amigos). Filme não vai pro lado político.

- Dramas de Diana bem ilustrados. Bom o diálogo onde ela diz que consegue que 5 milhões de pessoas digam que a amam, mas que não há nenhuma que fique com ela.

- "Ataques" dos paparazzis cada vez mais intensos e angustiantes.

- SPOILER: Não sabia que ela tinha armado as fotos com Dodi Fayed! Surpresa completa. Não sei se sou eu que sou muito desinformado, mas acho que essa vai ser a maior curiosidade do filme pra maioria das pessoas.

- Naomi Watts foi melhorando ao longo do filme. Ficando até mais parecida com Diana. Talvez porque o roteiro melhora, e criamos mais empatia por ela. Às vezes acho que metade da força de uma interpretação não está no ator em si, mas na força das cenas.

CONCLUSÃO: Não é o "filme de Oscar" que estávamos esperando, mas ainda assim é uma biografia interessante e um bom drama sobre o preço da fama.

(Diana / Reino Unido, França, Suécia, Bélgica / 2013 / Oliver Hirschbiegel)

FILMES PARECIDOS: Hitchcock, Sete Dias com Marilyn, W.E. - O Romance do Século, A Dama de Ferro.

NOTA: 7.0

sábado, 19 de outubro de 2013

Os Suspeitos (anotações)

Nos primeiros minutos já se vê: ótima fotografia, edição, direção, elenco, trilha sonora (adoro o grave no áudio que é quase constante). E nada é muito óbvio. Cortes não são na hora óbvia, imagem nem sempre foca no rosto do ator ou na coisa mais didática. E funciona. Diretor está no comando.

Situação do sumiço das meninas extremamente simples e envolvente. Difícil não querer ficar pra ver o final. Pode parecer clichê, mas o filme é tão bem feito que a história parece nova.

Jackman tem atitudes ignorantes e agressivas. Dá um pouco de raiva dele, mas te faz pensar se você não teria que fazer o mesmo.

SPOILER: Fato de Jackman capturar o garoto torna muito mais envolvente a história. Pq ele vai estar completamente ferrado se o menino não for o culpado! Cria uma situação nova, tão envolvente quanto a do desaparecimento das meninas.

Chocado com o rosto do Paul Dano!

SPOILER: Discussão ética complicada! Estou com mais medo do Hugh Jackman do que do próprio suspeito. Ele não percebe que o menino tem problemas mentais? Que táticas de tortura talvez não levem a nada??

COBRAS!!!!! Pulei na cadeira!

Impressionante como de uma situação que começa tão simples o filme consegue construir suspense em vários pontos diferentes, não apenas no desaparecimento das meninas, mas em novos conflitos (Jake vs. suspeitos, Jackman vs. Paul Dano, Jake vs. Jackman, etc). Roteiro excelente.

Jake Gyllenhaal está ótimo de durão, diferente dos papéis mais sensíveis que costuma interpretar.

Filme vai ficando cada vez mais envolvente e desesperador.

SPOILER: Meia hora final é uma cena fantástica após a outra! Quase caí no chão com Melissa Leo. Aplausos! Jake dirigindo na chuva pro hospital simplesmente agonizante... Quase tremendo de nervoso no final da sessão.

CONCLUSÃO: Premissa pouco original, mas roteiro excelente e ótima direção transformam história em um dos suspenses mais eletrizantes e eficazes dos últimos anos.

(Prisoners / EUA / 2013 / Denis Villeneuve)

FILMES PARECIDOS: Argo, Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres, O Fim da Escuridão, Busca Implacável, Zodíaco, O Fugitivo.

NOTA: 9.0

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Rota de Fuga (anotações)

- Fotografia feia, sem contraste. Não vai favorecer Arnold e Sylvester.

- Primeira fuga da prisão de Stallone devia ser mais memorável, surpreendente, pro filme ter uma abertura de impacto. Não há uma grande sacada, tipo Um Sonho de Liberdade.

- Jim Caviezel - vilão clichê demais: homem vaidoso, sem expressão, que escuta musica clássica e tem hobbies sinistros.

- Pretensão do filme é ser thriller inteligente, cheio de fugas geniais. Mas sacadas não são tão brilhantes assim e nem mesmo tão divertidas. Se filme não vai impressionar pela inteligência e lógica, então podia chutar o balde, fazer cenas assumidamente exageradas, pelo menos seria mais divertido.

- É verdade o lance da água da descarga girar em sentidos diferentes dependendo do hemisfério em que você está? Pouco provável - isso depende muito mais da direção dos jatos de água.

- Todo esse sofrimento só pra provar que a segurança da prisão não é perfeita? Não é algo de importância extrema pra plateia. Falta um drama mais pessoal pra gente se envolver com a história.

- Rivalidade entre herói e vilão não tem tanto fundamento. Falta motivo pra Caviezel odiar tanto assim Stallone.

- Diretor parece fã de Stallone e Schwarzenegger e quis criar entradas marcantes, frases de efeito do tipo "Hasta la vista, baby!", mas faltam sacadas e um roteiro melhor pra esses momentos acontecerem.

CONCLUSÃO: Filme bem intencionado e razoavelmente divertido que tenta restaurar status de Stallone e Schwarzenegger como heróis de ação, mas roteiro e direção não são tão fortes.

(Escape Plan / EUA / 2013 / Mikael Hafström)

FILMES PARECIDOS: O Último Desafio, Os Mercenários, etc.

NOTA: 6.0

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Gravidade: por que achei bom, mas não vibrei

Hoje no trabalho uma funcionária chegou da rua com os olhos cheios de lágrimas e veio logo explicando: ela tinha acabado de assistir Gravidade. Fiquei surpreso, pois nem havia me passado pela cabeça a ideia de chorar nesse filme. Numa associação aparentemente casual - mas que depois vi que fazia sentido - lembrei do filme O Impossível (com a Naomi Watts, sobre o tsunami). Na estréia de O Impossível, quando vi as pessoas saindo aos prantos do cinema, tive uma sensação parecida com a que tive hoje. Claro que a reação da funcionária não foi padrão, pois a maioria das pessoas não chora em Gravidade (acho eu) mas chora em O Impossível. Mas achava que uma coisa estava ligada a outra de alguma forma, e que o caso merecia mais análise. Resolvi então assistir o filme uma segunda vez - e dessa vez percebi algo interessante que parece explicar por que, embora eu tenha gostado de Gravidade em vários aspectos, não tive esse tipo de conexão emocional com a história:

- Quando a gente vai ao cinema, existem alguns valores abstratos que a gente busca, conscientemente ou não. Pra mim, existem 4 ou 5 principais que, na medida em que eles estão presentes ou ausentes, eu gosto ou não de um filme (pelo menos num nível emocional). Gravidade tem alguns deles, mas...

- Um dos mais fundamentais desses valores, pra mim, tem a ver com autoestima: a experiência de admiração (e ao mesmo tempo de orgulho, pois num filme você se sente na pele do personagem) que você sente ao ver uma pessoa com certas características especiais.

- A personagem da Sandra Bullock, embora seja uma astronauta atraente sobrevivendo a situações
difíceis (ou seja, aparentemente uma mulher pra ser admirada), no fundo é caracterizada como vítima, uma "pobre coitada", o que, pra alguém como eu que está atrás de força e confiança, acaba gerando certo distanciamento. Tudo é uma questão de ênfase. Nenhum personagem convincente é 100% vulnerabilidade nem 100% força. A cena do extintor em Gravidade, por exemplo, é um momento de inteligência, feito pra aplaudirmos Bullock (se é que aquilo é possível). Mas é preciso ler as entrelinhas - ver a intenção principal por trás do filme. E em Gravidade, o desejo do cineasta não me pareceu ser o de mostrar Sandra Bullock, a sobrevivente (como faria um James Cameron, que aliás é amigo de Alfonso Cuarón), e sim Sandra Bullock, a sofredora abandonada, vítima de um mundo cruel (a história da filha que ela perdeu, os monólogos cheios de auto-piedade, o momento de quase suicídio, as lágrimas flutuantes, etc). Este é o elemento que, embora pareça sutil, me impediu de embarcar totalmente na história e me conectar emocionalmente com a personagem.

Não estou dizendo que, se você se comoveu com o filme, foi necessariamente por se enxergar na posição de vítima de Bullock. Mas, do meu lado, foi isso que me impediu de curtir o filme ainda mais. Não foi o fato do roteiro ser pura ação e não ter um conteúdo mais profundo (Encurralado é pura ação e eu adoro), não foi o fato do filme ter certas imprecisões científicas (muitos dos meus filmes favoritos têm imprecisões científicas). Foi especificamente a falta de ênfase nas forças da protagonista (num tipo de história onde parecia quase impossível evitar isso) e a caracterização dela como sofredora (o que me leva de volta a O Impossível, outro filme bem feito, mas que não me emocionou, pois é feito pra gente sentir pena dos personagens, chorar por vítimas numa realidade "injusta").

Ainda assim, acho que Gravidade é um filme com vários méritos e que tem valor real como entretenimento. Este é apenas um elemento que me distanciou um pouco da história, e achei interessante expor aqui.

sábado, 12 de outubro de 2013

Gravidade (anotações)

(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)

ANOTAÇÕES:

- Cena de abertura tem pelo menos 15 minutos sem cortes?? Impressionante tecnicamente. Coisa que crítico adora. Embora é claro que devem haver cortes, já que muito é computação gráfica. 

- História simples, mas direção, trilha e fotografia fantástica tornam o filme uma experiência sensorial forte.

- Ambientação original destaca o filme. Não me lembro de outro filme sobre pessoas à deriva no espaço. Se o filme tivesse a mesma qualidade, mas se passasse no mar ou numa ilha deserta, não seria tão memorável.

- Cena em que George Clooney se desprende de Sandra parece falsa. A corda estica e ele continua sendo puxado pra trás, como se houvesse uma espécie de vento ou correnteza. Mas sem gravidade, assim que a corda esticasse, imediatamente eles voltariam no sentido oposto. Filme não parece respeitar as leis da física.

- SPOILER: Estranho não explorarem a morte do George Clooney, teria sido uma cena assombrosa. Ele vai embora todo seguro, dando conselhos positivos pra Sandra. Imagine o que esse cara não passou?? Deveríamos ter ficado na pele dele por alguns momentos...

- Destruição da estação espetacular! Efeitos especiais merecem Oscar. O fato de não haver o som do impacto torna tudo ainda mais realista e dramático.

- Revelar que ela perdeu uma filha não torna a história mais profunda... Isso é uma tentativa de inserir significado numa história que no fim é pura ação (em Aliens, o fato da Sigourney Weaver ter perdido uma filha era relevante, pois dava um contexto pra relação dela com a nova garotinha, que era central na história).

- SPOILER: Entendi por que não mostraram a morte do George Clooney - pra fazer a plateia pensar por alguns segundos que ele sobreviveu, na cena da alucinação. Mas não sei se foi uma boa escolha. 

- Filme está muito mais pra um filme de ação minimalista do tipo Mar Aberto, Enterrado Vivo, ou mesmo Encurralado do que pra um 2001. Comparação de certos críticos com 2001 é inapropriada. Gravidade não é um filme de ideias. É apenas sobre pessoas escapando de uma ameaça física. Ação pura. O que dá a sensação do filme ser grandioso e importante não tem tanto a ver com o conteúdo, mas com a direção de Cuarón (e a trilha sonora agressiva estilo Christopher Nolan). 

- Lágrimas em gravidade zero: ótima sacada!

- SPOILER: Pensei que fosse haver uma revelação no final, alguma ideia surpreendente ou profunda. Alfonso Cuarón disse que no filme há o tema do "renascimento" (Bullock na posição fetal, etc), e que o final é a evolução do homem resumida em 1 única cena.. Ela saindo da água, como as criaturas primitivas, se rastejando até a terra, andando sobre 4 pernas e finalmente ficando de pé. Puro besteirol. Filme não é sobre isso.

CONCLUSÃO: Filme de ação tenso, com produção espetacular e ambientação original, mas não é tão profundo ou intelectual quanto tenta ser.

(Gravity / EUA, Reino Unido / 2013 / Alfonso Cuarón)

FILMES PARECIDOS: O Impossível, Mar Aberto, Apollo 13, Das Boot.

NOTA: 8.0

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aposta Máxima (anotações)

- Timberlake é natural como ator. Merecia estar em filmes de mais destaque. Por que os pesos-pesados da música quando vão pro cinema viram pesos-leves? Aguilera, Madonna, Mariah, Beyoncé... Exceções: Barbra Streisand, Cher, Will Smith, Sinatra.

- História morna. Não há grandes conflitos e valores em jogo. Objetivo do protagonista não é envolvente. Um filme desse gênero tem que agarrar o espectador pelo pescoço nos primeiros minutos e não soltar até o fim.

- Cena dos crocodilos tinha potencial pra ser cheia de suspense, mas acaba sendo fraca pois os caras jogados na água são personagens irrelevantes. Seria tenso se fosse o Justin!

- Difícil de se identificar e se preocupar com o personagem do Justin, mesmo quando ele esta correndo risco de vida. Foi ele que escolheu trabalhar com isso. Não é uma pessoa inocente numa situação inescapável. A sensação é de que se ele quisesse abandonar tudo e voltar pra casa ele poderia.

- Affleck não chega a ser um antagonista ameaçador. Conflito entre os dois não é dramático, então o clímax não tem força.

CONCLUSÃO: Affleck e Timberlake estão bem mas filme peca pela falta de intensidade, originalidade, trama desinteressante, etc.

(Runner Runner / 2013 / Brad Furman)

FILMES PARECIDOS: Atração Perigosa, Quebrando a Banca, Os Donos da Noite.

NOTA: 4.5

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O Capital (anotações)

- Personagens detestáveis e artificiais em trama desinteressante. Propósito do filme é passar uma mensagem didática, vender uma ideologia, não contar uma história. E pra piorar a ideologia é falsa.

- Ambiente chato (o que Hitchcock chamava de "sink to sink"). A plateia passa o dia inteiro em bancos e lugares como este lidando com burocracia, pessoas chatas. Daí vão ao cinema à noite pra se finalmente divertirem e o que elas encontram na tela? Mais burocracia e pessoas chatas!

- Qual o mal em demitir funcionários? A empresa tem que pensar nos próprios interesses. Ou eles querem dizer que ela deveria manter funcionários desnecessários por caridade, mesmo perdendo dinheiro? Que tipo de pessoa iria querer permanecer num cargo sabendo que a empresa estaria melhor sem ela?

- Necessidade do autor é crer que empresários são imorais e só ficam ricos por venderem a alma pro diabo (ou seja, e se convencer de que, se ele não é tão bem sucedido, é porque no fundo é uma boa pessoa).

- Claro que existem pessoas corruptas, mas o problema não é o dinheiro (se não existisse dinheiro ainda existiriam coisas de maior e menor valor que as pessoas lutariam pra ter). O problema é o caráter de cada indivíduo e como ele lida com cada situação. Mesmo um mendigo pode agir da maneira corrupta e "gananciosa" que o filme condena.

- O fato dele trair a esposa, ser um estuprador, nada tem a ver com "capital". As crianças gostarem de vídeo games violentos também. A crítica do filme é contra o que? Qualquer comportamento que desagrade o diretor? Falta de foco intelectual.

CONCLUSÃO: Filme de "mensagem" mas com mensagem suspeita e sem foco. "A Negociação" com o Richard Gere passou uma mensagem muito parecida, mas de maneira mais correta e em uma história bem mais interessante.

FILMES PARECIDOS: O Homem da Máfia, Cosmópolis.

NOTA: 3.5