sexta-feira, 28 de março de 2014

Rio 2 (anotações)

- Imagens lindas, animação de primeira categoria.

- Homenagem impressionante ao Brasil. Não me lembro de um outro país sendo retratado assim com tanto orgulho no cinema americano, tirando os EUA. No máximo cidades como Paris ou Londres. E nesse ponto o filme é ainda melhor que o primeiro, que focava demais nas favelas, no contrabando, e nos aspectos negativos do Brasil.

- Herói envergonhado: talvez o meu maior problema com o filme. Mas pelo menos o personagem não é detestável ou imoral... É apenas comum, inseguro, sem nada de muito interessante.

- "Fotografia" e direção do filme acima da média, mesmo se compararmos com os filmes da Disney. História muito bem contada.

- Ir atrás das raízes, se juntar à própria raça: não é uma meta que me empolga.

- Eles chegam muito rápido na Amazônia. Roteiro perde um pouco o interesse depois.

- Filme tem alguns toques de humor que destoam do resto do filme (animais fofos sendo devorados por predadores, etc). E algumas sequências musicais soam desesperadas e sem graça (como a de "I Will Survive"). Pro meu gosto, o humor às vezes cai pra um lado bobo e constrangedor.

- Em vez de ir crescendo, Blu vai se tornando cada vez mais fraco como protagonista. Em vez de ser fiel aos seus princípios, ele se altera pra impressionar a mulher, pra fazer parte da tribo... Depois faz o time perder o jogo. Acaba sendo um verdadeiro loser.

- Filme não tem conflitos sérios, coisas importantes em jogo que realmente envolvam a plateia. É tudo "lightzinho", legalzinho, como se pra se dirigir a crianças você tivesse que ser sempre alegre e superficial.

- Não simpatizo muito pela mensagem ecológica. Filme trata a civilização como vilã.

- SPOILER: Final desagradável: Blu tem que se sacrificar e ficar na Amazônia pra agradar a família e a tribo.

CONCLUSÃO: Filme começa bem mas se perde pelo desenvolvimento fraco da história e dos personagens - além disso promove valores suspeitos (ele não me parece mal-intencionado, mas pra seguir as tendências da atualidade acaba absorvendo também o que há de ruim na cultura).

(Rio 2 / EUA / 2014 / Carlos Saldanha)

FILMES PARECIDOS: Turbo, Os Croods, Madagascar 3, A Era do Gelo, etc.

NOTA: 6.5

quarta-feira, 26 de março de 2014

300: A Ascensão do Império (anotações)

- Não diria que é uma boa fotografia, mas pelo menos o filme é diferente e estimulante visualmente.

- Protagonista distante, pouco carismático, sem um lado pessoal. Difícil de se identificar com ele ou se importar.

- Tom é sempre agressivo, sério, o que torna o filme monótono e irreal. Não há momentos de leveza, humor, romance, etc. Filme parece obcecado com o conceito de "masculinidade".

- Não me identifico com personagens que só pensam em lutar e parecem estar amando ir pra guerra. Ninguém está com medo de morrer, de perder algum parente ou algo do tipo, então não há grandes preocupações ou conflitos pessoais.

- Tática pra afundar navios inimigos parece falsa. Mesmo hoje em dia com motores e rádio seria difícil coreografar os barcos dessa forma pra baterem simultaneamente nas laterais dos outros navios e afundá-los.

- Filme quer que a gente admire os gregos por serem mais fortes mesmo estando em menor número, mas não há nenhuma demonstração convincente da superioridade deles. As táticas parecem falsas e as cenas de luta também (os personagens saem girando espadas e fatiando dezenas de pessoas como se fossem legumes - isso não me dá a impressão de que eles são bons, e sim que o inimigo é fraco).

- Não há senso de escapismo, pois não há uma referência de realidade. Filme já se passa num mundo distante do nosso, e além disso visualmente é artificial, com estética de video game. Fantasia sobreposta a fantasia.

- Herói faz sexo com a pior inimiga?! É pra gente achar isso legal?

CONCLUSÃO: Filme monótono, nada divertido, sem surpresas, que em vez de uma boa história, tenta prender a atenção através de corpos bonitos e violência na tela. Se não fosse por esse exagero visual, seria uma das coisas mais entediantes de ver.

(300: Rise of an Empire / EUA / 2014 / Noam Murro)

FILMES PARECIDOS: Thor: O Mundo Sombrio, Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros, Resident Evil 5: Retribuição, Fúria de Titãs (2010).

NOTA: 3.5

sábado, 22 de março de 2014

Namoro ou Liberdade (anotações)

- Por que o Zac Efron está com a voz grossa?!

- Nível geral da produção baixo. Personagens fracos, diálogos ruins, piadas ruins, fotografia comum, etc, etc.

- Cenas de mau gosto (piadas de banheiro, etc). Zac não combina com esse estilo de personagem "American Pie" atrapalhado e irresponsável.

- Zac e menina não têm muita química. Diálogos ruins entre eles.

- Filme acha que está fazendo reflexões inteligentes sobre relacionamentos, mas tudo o que diz é extremamente comum e superficial. Saudades de Ele Não Está Tão a Fim de Você.

- Ele rouba a chave do parque e isso é pra ser romântico?!

- Primeira transa entre ele e a loira péssima. Pula logo pro "pós" e mostra eles reclamando que tinham planejado esperar mais, etc. Filme tem visão totalmente naturalista, anti-romântica de relacionamentos. Foca nos detalhes banais e desagradáveis do dia a dia e não mostra a parte interessante.

- Personagem da menina fraco, sem carisma. Filme mostra ela jogando video game com os rapazes por 2 segundos e acha que isso é o bastante pra caracterizá-la como a namorada ideal.

- Essas pessoas só pensam em relacionamentos? Não têm mais nada pra fazer da vida? Personagens não demonstram muitas qualidades, só falam besteira... Filme só me faz agradecer por estar solteiro.

- "Se relacionar é estar presente quando o outro precisa" - filme acredita que a principal função do namoro é servir como uma espécie de terapia pra amenizar as horas difíceis.

- Cena horrível no banheiro quando Zac descobre os dois transando. Ele fica bravo pois os amigos tinham combinado que não iriam namorar: conflito da trama é muito fraco.

- Péssimo o texto que Zac "lê" pra menina no clímax.

CONCLUSÃO: Roteiro fraco com cenas ruins, personagens desinteressantes e uma visão banal e desagradável de relacionamentos.

(That Awkward Moment / EUA / 2014 / Tom Gormican)

FILMES PARECIDOS: Noite de Ano Novo, 17 Outra Vez, Três Vezes Amor.

NOTA: 3.5

O Grande Herói (anotações)

- Trilha sonora bonita. Incomum pra esse tipo de filme.

- Soldados carismáticos. Filme estabelece uma amizade agradável entre eles.

- Missão clara. Vilão claro. Filme tem uma estrutura simples e eficiente, embora ainda falte uma motivação pessoal mais forte pro protagonista (além de estar cumprindo seu dever).

- Raramente filmes de guerra se passam em locações tão bonitas quanto essas montanhas!

- Dilema muito bom: soltar os pastores, prendê-los ou matá-los. Absurdo os soldados não terem permissão para matá-los! De que adianta ir a uma guerra com as mãos atadas?

- Começo do tiroteio muito tenso!! Som do filme é ótimo (agora entendo as 2 indicações ao Oscar). Ausência de trilha apenas aumenta o suspense.

- Chocado com eles rolando montanha abaixo. Cena muito bem filmada!!

- Personagens heróicos - continuam confiantes e determinados mesmo em péssimas condições.

- SPOILER: Ainda bem que sabemos desde o começo que o Mark Wahlberg sobrevive. Se não seria muito angustiante ver o filme. A violência é um pouco explícita demais, mas não me incomoda tanto pois ela está envolta pelos valores positivos do filme.

- SPOILER: Legal o afegão e o menino que ajudam ele! Mostra que o filme não é preconceituoso e dá um toque de benevolência pra história.

- SPOILER: Prazer estranho ver os helicópteros chegando e metralhando todo mundo!

- SPOILER: Final emocionante: despedida do garotinho / imagens reais dos soldados.

CONCLUSÃO: Muito tenso e bem dirigido, com personagens admiráveis, uma mensagem positiva - só não é pra quem se incomoda com violência.

(Lone Survivor / EUA / 2013 / Peter Berg)

FILMES PARECIDOS: Capitão Phillips, A Hora Mais Escura, Vôo United 93, Munique, O Resgate do Soldado Ryan.

NOTA: 7.5

terça-feira, 18 de março de 2014

Até o Fim (anotações)

- Interessante o filme começar já com o acidente, sem muita apresentação de personagem, etc. É basicamente um filme de ação - mas uma ação lenta, onde o protagonista está sempre calmo, e nada de muito extremo pode acontecer (não é como Gravidade onde o ambiente é extremamente hostil).

- Filme se passa em ambiente interessante e protagonista é admirável de certa forma - tem experiência e toma decisões inteligentes pra se salvar. Isso torna tudo mais assistível.

- Será que vai ser só ação o filme inteiro? Como o filme é lento e é protagonizado por um senhor respeitável, dá a impressão de ser algo mais profundo, mas se você for pensar, até Velozes e Furiosos tem mais conteúdo que esse filme.

- Muito bem feita a primeira sequência da tempestade (barco capotando, etc)!

- Recusa do filme de discutir valores, ter um tema abstrato, é uma forma de Subjetivismo. Filme quer apenas registrar passivamente um acontecimento físico, sem dizer nada a respeito dele. Até o estilo é neutro e não transmite muitos valores. Ver alguém apenas querendo sobreviver fisicamente não é interessante se não sabemos nada a respeito do personagem. Ele tem uma esposa pra quem quer voltar? Uma carreira pra perseguir? Algum conflito interno? Além disso Redford está sempre tranquilo, como se não estivesse muito preocupado se vai viver ou morrer. Isso faz o espectador sentir a mesma coisa - não estou preocupado se ele vai viver ou morrer.

CONCLUSÃO: Produção de classe que chama atenção por ter apenas 1 ator e quase nenhuma fala, mas que no fim das contas é um filme de ação vazio e sem emoção.

(All Is Lost / EUA / 2013 / J.C. Chandor)

FILMES PARECIDOS: Gravidade, A Perseguição, Náufrago.

NOTA: 5.0

sábado, 15 de março de 2014

Ninfomaníaca - Volume 2


NOTAS DA SESSÃO:

- SPOILER: Muito bom Seligman revelar ser assexuado! Cria uma relação interessante entre os dois - introduz um elemento que não havia no primeiro filme e que renova a energia do enredo.

- Adoro que a performance da Charlotte Gainsbourg seja tão pé no chão; que ela pareça ser uma pessoa tão honesta, esclarecida, madura, sensível. Torna as coisas que ela faz muito mais fortes (do que se ela fosse um personagem ignorante, inconsequente - daí seria óbvio).

- "Acho que essa foi uma de suas digressões mais fracas" - hahahaha. Engraçado o filme ter consciência de que Seligman passa do ponto.

- Presença de um bebê na história: outro elemento que intensifica o choque, pois contrasta as atitudes dela com algo puro e inocente.

- Hilário Lars usar a mesma música de Anticristo na cena em que Marcel sai do berço! Piada interna!!

- Uma fraqueza da segunda parte: no primeiro filme, havia todo um mistério de por que Joe havia sido espancada - e isso criava um interesse geral pela história. Como nesse filme ela é espancada o tempo inteiro, e ela parece gostar disso, a curiosidade sobre o final diminui consideravelmente.

- Não é um filme sério e "responsável" sobre distúrbios sexuais (do jeito que Clube de Compras Dallas, por exemplo, é um filme sério sobre a AIDS). Gosto disso.

- Interrogatório do pedófilo demais! Técnica ótima pra extrair informações do cara!!!

- SPOILER: Filme perde um pouco a força quando ela começa a trabalhar pro Willem Dafoe. Não combina essa personagem começar a fazer essas coisas. Ela parecia ser uma pessoa honesta, ética, exceto em sua vida sexual. Não convence ela começar a trabalhar como uma mafiosa. Sem falar que isso foge do tema do filme, que até agora era sobre relacionamentos, emoções... Não parece um desenvolvimento apropriado do roteiro.

- SPOILER: Espancamento dela não é tão surpreendente no fim... Ela ainda era apaixonada por Jerome? Ela era apaixonada pela menina? Emocionalmente não é claro... Não tirei nenhuma conclusão ou significado importante desse acontecimento. Será que esse era pra ser o preço final que ela paga por todas as suas maldades? Me parece que ela já vinha pagando esse preço por muitos anos... Não é algo transformador pro personagem... Um clímax que resolve as questões levantadas pelo filme.

- Crítica ao machismo não é pertinente. Qualquer pessoa que fizesse as coisas extremas que ela fez seria considerada imoral, eu acho, mesmo que fosse um homem.

- SPOILER: Por que o tiro no final? O que isso significa? Parece que o diretor quis acabar o filme de uma maneira surpreendente, e inventou qualquer reviravolta, mas que não acrescenta muito ao filme em termos de conteúdo, desenvolvimento de personagem.

CONCLUSÃO: Ainda muito criativo e interessante, mas com um roteiro menos satisfatório e coerente que o da primeira parte.

(Nymphomaniac: Vol. II / Dinamarca, Bélgica, França, Alemanha, Reino Unido / 2013 / Lars von Trier)

FILMES PARECIDOS: Ninfomaníaca - Volume 1, Dogville, Anticristo.

NOTA: 8.0

Walt nos Bastidores de Mary Poppins (anotações)

- Produção bonita! Tudo de ótimo nível. Direção de arte, figurinos, elenco, trilha sonora, diálogos...

- Choque de valores e personalidades entre Walt e Mrs. Travers muito legal e envolvente. Personagens muito bem apresentados.

- É tão europeu o pessimismo dela... Achar alegria vulgar e superficial.

- Não sei se eu quero que ela mude de ideia. Ela e Disney têm valores bem diferentes. Por mais que eu prefira os dele, eu ainda respeito a integridade artística dela. Não quero vê-la "abrindo as pernas"... A não ser que ela realmente se convença.

- Colin Farrell muito bem como o pai! Relação fofa dele com a filha.

- Travers não quer a cor vermelha no filme inteiro: estou começando a ficar com raiva dessa mulher!!

- U-A-U, impressionado com a ilustração do filme do que leva uma pessoa a se tornar cínica e pessimista ("Senso de Vida Malevolente"). O pai da Mrs. Travers era pra ela, quando criança, mais ou menos o que o Walt Disney representa - um símbolo de diversão, inocência, felicidade, otimismo. Só que no caso do pai dela, era tudo uma farsa!! Uma máscara usada pra esconder alcoolismo, fracasso, depressão, e uma realidade extremamente cruel. Uma vez que a menina descobriu isso, ela ficou traumatizada... Tudo o que havia de positivo nele era um teatro. Mas em vez de concluivr que o pai dela é que era uma farsa, e continuar tendo uma visão positiva da vida, ela concluiu que toda felicidade era uma ilusão, uma fuga da realidade. É por isso que ela rejeita os trabalhos de Walt Disney... Ela acha que eles são nocivos, pois não preparam as crianças pra uma realidade inevitavelmente trágica!

- Interessante conhecer a história da autora, pois eu sempre senti algo de distante e frio na personagem da Mary Poppins (um pouco no filme, e ainda mais no musical da Broadway). Ela nunca foi pra mim uma caracterização convincente e tridimensional de uma pessoa alegre, benevolente... Parece tudo um pouco um teatro; não enxergamos uma mulher real por trás daquele comportamento (é diferente de uma babá como a "noviça rebelde", por exemplo, que é convincente psicologicamente). Talvez isso venha do pai da Mrs. Travers.

- Demais a sequência filmada na Disneyland! Não me lembro de já ter visto o parque assim num filme.

- SPOILER: Emocionante a cena em que eles apresentam a música da pipa pra Mrs. Travers! Que alívio vê-la gostando de algo finalmente!

- Haha, divertida a ideia de que Disney é hiperativo e tem déficit de atenção ("Isso explica tudo!"). Não sei se não tem um fundo de verdade.

- Diálogo incrível entre Disney e Travers na casa dela em Londres (ele falando sobre os contadores de histórias, etc). Filme é uma ótima defesa do Idealismo - mas sem fazer isso de maneira didática ou explícita.

- SPOILER: Travers finalmente assistindo Mary Poppins - emocionante! Sempre reclamo que em geral, cenas que se passam dentro de cinemas em filmes são ruins. Os personagens fazem de tudo menos assistir ao filme. Aqui a cena é sobre o filme e sobre a reação da personagem à ele. Ótimo final e ótima performance de Emma Thompson.

CONCLUSÃO: Filme impecável, divertido, informativo, com profundidade emocional surpreendente, e com ótima produção e elenco.

(Saving Mr. Banks / EUA, Reino Unido, Austrália / 2013 / John Lee Hancock)

FILMES PARECIDOS: Em Busca da Terra do Nunca, Lincoln, Julie & Julia.

NOTA: 8.5

terça-feira, 11 de março de 2014

Pompéia (anotações)

- Atriz principal não muito boa ou carismática. Não sei se o romance vai ter força.

- Nível geral da produção mediano: direção, elenco, fotografia, diálogos... Falta profundidade, sofisticação, etc.

- Virtudes do protagonista são basicamente físicas (tem um corpo bonito, sabe lutar bem, etc). Falta uma personalidade pra torná-lo interessante.

- Legal que o desastre é apenas um detalhe numa história mais ampla. Lembra Titanic. Não só isso, mas o fato de ser um romance entre uma mulher rica e um homem pobre.

- Seria desinteressante (como narrativa) se o vulcão explodisse de uma vez... É legal que ele vai dando "sinais" e causando estragos menores ao longo do filme.

- Semelhanças com Titanic: Milo é capturado por guardas e Cassia o protege, dizendo que ele salvou sua vida. Outra: arena apresenta rachaduras e pode desabar, mas eles decidem prosseguir com o espetáculo.

- SPOILER: Muito boa a sequência em que os gladiadores lutam acorrentados - culminando na explosão do vulcão!!

- Subornando homem pra entrar no bote salva-vidas: filme inteiro parece ter sido inspirado em Titanic.

- Romance de fato não funciona muito bem. O relacionamento dos dois não empolga (personagens têm pouca personalidade).

- SPOILER: Um pouco forçado haver um tsunami! Filme quer ter todos os desastres: onda gigante, incêndio, terremoto, meteoros, vulcão...

- Filme se comunica através de clichês - há pouca autenticidade. E há pouca preocupação com realismo físico / visual. Filme acaba parecendo um videogame em alguns momentos (não parece uma produção séria - nisso ele não se inspirou em Titanic).

- SPOILER!!!!: Bonito o final! Um pouco frustrante ninguém sobreviver, mas ideia da estátua é ótima.

CONCLUSÃO: Entretenimento bem intencionado e relativamente envolvente, mas peca pela falta de originalidade, profundidade e sofisticação.

(Pompeii / EUA, Alemanha, Canadá / 2014 / Paul W. S. Anderson)

FILMES PARECIDOS: Príncipe da Pérsia, 2012, Poseidon, O Núcleo, Volcano.

NOTA: 6.5

sexta-feira, 7 de março de 2014

6 momentos que me fizeram desgostar da Rainha Elsa de "Frozen"

Criticando a sequência "Let It Go" de Frozen (e tentando explicar por que não estava gostando de Elsa no filme), eu disse na página do Facebook que Elsa "deveria estar preocupada com os danos terríveis que causou à cidade, e não curtindo seu castelo com vestidos sensuais". Outro dia discutindo com amigos, eles me lembraram que Elsa não sabia que tinha causado danos terríveis à cidade. Ou seja: eu não poderia desgostar dela por causa isso. Resolvi então rever o filme pra analisar o que aconteceu de fato no primeiro ato (até os 31 minutos de filme quando Elsa canta "Let It Go") que me fez desgostar da personagem. Selecionei 6 momentos-chave:

1) 8:53 - Anna quer montar um boneco de neve com Elsa, mas ela manda a irmã ir embora sem dar explicações. Se Elsa fosse bondosa, ela deixaria claro que tem carinho pela irmã, mas que não pode brincar pois foi proibida pelos pais (ou por outro motivo qualquer). Não há uma boa razão pela qual Elsa não possa contar para Anna sobre sua "maldição". Mas mesmo que houvesse uma razão válida dada pelos trolls, Elsa poderia se explicar de forma indireta (dizer que tem uma doença contagiosa, etc). O que ela jamais faria seria deixar a melhor amiga pensar que está sendo rejeitada.

2) 10:40 - Quando morrem os pais delas, Elsa se recusa a consolar a irmã, que fica sozinha implorando por sua companhia. Elsa fica em silêncio do outro lado da porta.

3) 20:30 - Quando as duas se encontram no baile, Elsa se comporta de maneira formal e distante em relação à irmã.

4) 22:25 - Anna diz que as duas poderiam voltar a ser amigas. Elsa diz não, fica brava, e se recusa a explicar mais uma vez.

5) 25:50 - Anna e Hans estão apaixonados e vão pedir a bênção de Elsa, que se mostra fria, não
demonstra nenhuma empatia pelos sentimentos da irmã, e não autoriza o casamento deles.

6) 29:40 - Elsa ataca algumas pessoas na festa e traz a maldição do inverno para a cidade inteira. Como ela faz isso sem querer, de fato não podemos culpá-la por esse momento. Mas ela poderia tentar se justificar ou se desculpar antes de fugir - e não o faz. O ponto é que o FILME não parece estar tentando construir um personagem gostável nesse momento. O problema não é nem Elsa e sim o roteiro. Imagine se, pouco antes de sair cantando pelas colinas, a Noviça Rebelde sem querer provocasse um incêndio no convento e ferisse algumas freiras. Não seria intencional da parte dela, mas vê-la cantando e se divertindo logo após essa cena seria totalmente inapropriado, se a intenção do filme fosse criar um personagem gostável.

Isso tudo me parece um erro tão grosseiro de roteiro que não poderia ter sido cometido por um roteirista inocente. Mas esse fato no IMDb parece explicar o que houve, e mostra o que acontece quando executivos insensíveis interferem na integridade de um trabalho artístico:

"Originalmente, a Rainha Elsa era pra ser a vilã da história. No entanto, quando a canção principal da personagem, "Let It Go", foi tocada para os produtores, eles concluíram que não só a música era muito atraente, como seus temas de empoderamento e auto-aceitação eram positivos demais pra uma vilã expressar. Então, a história foi reescrita pra ter Elsa como uma inocente isolada...".

Ou seja, em vez de mudar um pouco a letra da música, que soava inapropriada, e manter a essência da história, resolveram mudar a história inteira pra se ajustar à música - e fizeram o trabalho pela metade. Poderia ter funcionado, mas nem tudo foi reescrito, e Elsa, retratada positivamente, está constantemente revelando traços da vilã que deveria ter sido.

(Pra uma discussão mais elaborada sobre essa tendência dos filmes de apresentarem protagonistas falhos, leiam meu texto sobre o "herói envergonhado": http://profissaocinefilo.blogspot.com.br/2011/06/heroi-envergonhado.html)

(Entenda também o que faz as pessoas terem reações diferentes aos filmes no texto "Senso de Vida":
http://profissaocinefilo.blogspot.com.br/2014/07/senso-de-vida.html)

domingo, 2 de março de 2014

RoboCop (anotações)

- Piada com o leão da MGM divertida mas totalmente fora de contexto! Filme não é uma comédia.

- Adorei a trilha que toca sobre o título do filme. Será que é o tema do RoboCop original?

- Discussão moral válida e interessante (permitir ou não que robôs usem armas).

- Uau, incrível a cena do cara aprendendo a tocar violão!

- Referências a Sinatra, O Mágico de Oz - adoro quando um filme futurista tem elementos clássicos.

- Chocado com a cena em que ele se olha no espelho pela primeira vez com o novo corpo. Uma das cenas mais sinistras que já vi. O efeito é espetacular, mas a situação é muito mórbida. O Robocop não é um herói que nós gostaríamos de ser, tipo Superman, etc.

- Se a máquina começa a tomar decisões por Murphy, isso não vai contra o motivo original de terem criado o RoboCop? E será que é possível admirar o personagem se não é ele de fato agindo?

- Dramático o encontro com a família. Filme é cheio de cenas fortes!

- Introdução da história um pouco longa e sombria. Demora pra ele ter uma missão e começar a demonstrar suas habilidades.

- Discussão política interessante - e é realista a mudança da opinião pública sobre a questão das armas.

- Figura do vilão é um pouco fraca. Não é alguém presente, de quem sentimos ódio. Filme é envolvente mais pela situação em que o protagonista se encontra, não tanto pela missão dele.

- SPOILER: Personagem começa a se transformar num herói de verdade mais pro final! Incrível quando ele se reprograma, passa a ter emoções, se volta contra a corrupção na polícia, etc.

CONCLUSÃO: Ficção séria com uma história dramática e um roteiro muito mais rico do que se poderia imaginar (embora eu não me lembre o quanto já estava no Robocop original).

(RoboCop / EUA / 2014 / José Padilha)

FILMES PARECIDOS: Dredd, Minority Report, Blade Runner, etc.

NOTA: 7.5

sábado, 1 de março de 2014

Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum (anotações)

- Universo negativo retratado com leveza - lembra o "pessimismo light" que disse de Nebraska. O personagem é triste, fracassado, tem uma vida medíocre, ninguém gosta dele, o ambiente é deprimente, ele não tem futuro - mas o filme tem uma fotografia bonita, o ator é simpático, há vários toques de humor, a música é agradável, etc.

- Personagem está sempre trombando com personagens inconvenientes ou bizarros que deixam ele sem jeito. É fofo, mas é um tema meio repetitivo (o que lembra Nebraska também).

- Hitchcock dizia: "drama é a vida com as partes chatas cortadas". Esse filme parece ter sido feito dessas partes cortadas (minha maior preocupação na história é o fato do gato ter fugido).

- Tudo dá errado na vida dele. Esse é o tema do filme. Não só na sua carreira, na vida amorosa, mas até em coisas insignificantes do dia a dia: enfia o pé na neve molhada, pega uma carona e o motorista vai preso, etc, etc. Se fosse exagerado e cômico, seria positivo pois o filme estaria negando que a vida é trágica. Seria uma comédia tipo Férias Frustradas. Mas o humor aqui é sutil - o filme leva o tema a sério em grande parte.

- SPOILER: Por que a volta ao início no final? Pra dar uma ilusão de estrutura a um roteiro que não tem muita estrutura... Irmãos Coen adoram fazer filmes vazios intelectualmente mas com finais misteriosos, que dão a sensação de que há um sentido genial por trás da história que os diretores não quiseram deixar claro.

SPOILER: Engraçado mostrarem o Bob Dylan no final. O filme parece estar dizendo pra plateia: lembrem-se de que nós poderíamos ter contado a história de um cantor folk talentoso, de sucesso, com uma vida fora do comum. Mas não... Isso seria uma exceção... E a vida não é feita de exceções... Portanto nosso filme será sobre um músico comum, vivendo uma vida desinteressante, sem grandes dramas - isto é a vida real.

CONCLUSÃO: Filme tem bons atores e uma fotografia bonita, mas Naturalismo extremo torna o filme meio chato e vazio.

(Inside Llewyn Davis / EUA, Reino Unido, França / 2013 / Ethan Coen, Joel Coen)

FILMES PARECIDOS: Nebraska, Um Homem Sério, Não Estou Lá.

NOTA: 5.0