A Parte 1 já tinha uma história muito fraca (se resumia a assistir a uma gravidez parada e desagradável) dando a impressão que muito iria acontecer nesse capítulo final da série, afinal qual seria a justificativa para dividir o livro em 2 filmes? Mas acontece que essa parte tem ainda menos a mostrar que a outra.
A filha de Edward e Bella nasceu, e agora eles correm o risco de serem atacados pelos Volturi (a "família real" dos vampiros que destrói aqueles que desrespeitam suas leis). E tudo por causa de um mal entendido: os Volturi ficam sabendo da existência da criança, mas acham que se trata de uma criança humana transformada em vampira, o que iria contra suas regras.
(SPOILERS) Ou seja, o filme todo é uma expectativa por uma batalha que não tem razão de existir, e que no fim nem acontece: antes da briga eles explicam pros Volturi que a menina é filha deles e tudo se resolve na conversa! Mas o que acontece é ainda pior - há uma batalha de uns 10 minutos onde vários personagens importantes morrem, chocando toda a plateia - mas daí o diretor "volta a fita" e revela que tudo não havia passado de uma visão na mente de Alice, a vampira capaz de ver o futuro. E todos ainda estavam lá parados, conversando pacificamente! É um dos roteiros mais absurdos que eu já vi e um final nada épico pra série - esse grande clímax na cabeça da personagem é um crime dramatúrgico que nenhum roteirista são ousaria cometer.
Fora isso o filme continua surpreendentemente trash pra uma mega-produção de Hollywood: atuações mal ensaiadas, diálogos constrangedores, maquiagem tosca, efeitos especiais de mau gosto... A única coisa que sustenta a série é seu romantismo - a tentativa de retratar uma paixão intensa entre personagens idealizados. O resultado é decepcionante, mas se vê tão pouco disso hoje em dia que até o mal feito acaba se tornando necessário.
The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2 (EUA / 2012 / 115 min / Bill Condon)
INDICAÇÃO: pra quem gostou da Parte 1.
NOTA: 4.5
terça-feira, 20 de novembro de 2012
domingo, 18 de novembro de 2012
Argo
Terceiro filme dirigido por Ben Affleck, que desta vez acerta em cheio com um ótimo roteiro sobre uma operação secreta da CIA (junto com o governo canadense) que resgatou 6 diplomatas americanos do Irã em meio à uma revolução no ano de 1980. A sacada de Tony Mendez (Ben Affleck), especialista "exfiltrações" da CIA, foi inventar uma falsa produção de Hollywood como fachada para a operação - um filme de ficção científica que seria rodado no Irã.
É um desses filmes com uma situação muito clara: um herói, uma missão com etapas bem definidas, e um vilão perigoso servindo como obstáculo. Tudo se resume a uma pergunta: eles irão escapar ou não? Acho sempre eficientes esses roteiros onde há um momento no terceiro ato pelo qual você espera o filme todo e para o qual todos os eventos apontam. Desde o começo você sabe que o clímax será uma tentativa perigosa de fuga, o que cria uma expectativa e um senso de propósito pra trama que nos mantém interessados até o fim.
O filme foi baseado numa história real, mas obviamente distorce alguns eventos pra tornar o roteiro mais envolvente, o que realmente funciona (a sequência do aeroporto é puro suspense e funciona na maneira em que coloca a vida de todos nas mãos de um telefone que toca, de uma passagem que não chega, etc).
Parte do charme da produção é a cara de filme antigo. Affleck usou um processo fotográfico especial pra deixar a imagem granulada e, segundo o IMDb, copiou cenas e movimentos de câmera de Todos os Homens do Presidente. Toda a produção é impecável e te dá a impressão de estar vendo um desses dramas políticos dos anos 70. Há referências a vários outros filmes da época como Rede de Intrigas, Planeta dos Macacos, Star Wars - e todo esse encontro entre o mundo da CIA com a magia de Hollywood cria um contraste interessante para a história, trazendo um elemento imaginativo e escapista pra uma trama que talvez fosse burocrática demais de outra forma.
Affleck está contido e eficaz no papel principal, mas sua melhor performance mesmo é como diretor. Em seus dois filmes anteriores ele me pareceu apenas uma celebridade brincando de cineasta. Suspeito que agora ninguém o verá mais como o amigo menos talentoso de Matt Damon.
Argo (EUA / 2012 / 120 min / Ben Affleck)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Tudo Pelo Poder, Operação Valquíria, Munique, Todos os Homens do Presidente.
NOTA: 8.5
É um desses filmes com uma situação muito clara: um herói, uma missão com etapas bem definidas, e um vilão perigoso servindo como obstáculo. Tudo se resume a uma pergunta: eles irão escapar ou não? Acho sempre eficientes esses roteiros onde há um momento no terceiro ato pelo qual você espera o filme todo e para o qual todos os eventos apontam. Desde o começo você sabe que o clímax será uma tentativa perigosa de fuga, o que cria uma expectativa e um senso de propósito pra trama que nos mantém interessados até o fim.
O filme foi baseado numa história real, mas obviamente distorce alguns eventos pra tornar o roteiro mais envolvente, o que realmente funciona (a sequência do aeroporto é puro suspense e funciona na maneira em que coloca a vida de todos nas mãos de um telefone que toca, de uma passagem que não chega, etc).
Parte do charme da produção é a cara de filme antigo. Affleck usou um processo fotográfico especial pra deixar a imagem granulada e, segundo o IMDb, copiou cenas e movimentos de câmera de Todos os Homens do Presidente. Toda a produção é impecável e te dá a impressão de estar vendo um desses dramas políticos dos anos 70. Há referências a vários outros filmes da época como Rede de Intrigas, Planeta dos Macacos, Star Wars - e todo esse encontro entre o mundo da CIA com a magia de Hollywood cria um contraste interessante para a história, trazendo um elemento imaginativo e escapista pra uma trama que talvez fosse burocrática demais de outra forma.
Affleck está contido e eficaz no papel principal, mas sua melhor performance mesmo é como diretor. Em seus dois filmes anteriores ele me pareceu apenas uma celebridade brincando de cineasta. Suspeito que agora ninguém o verá mais como o amigo menos talentoso de Matt Damon.
Argo (EUA / 2012 / 120 min / Ben Affleck)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Tudo Pelo Poder, Operação Valquíria, Munique, Todos os Homens do Presidente.
NOTA: 8.5
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Magic Mike
Filme de Steven Soderbergh que mostra a vida de Mike e Adam (Channing Tatum e Alex Pettyfer), 2 amigos que trabalham como strippers num "clube das mulheres" na Flórida.
Durante a sessão esqueci completamente que era um filme de Steven Soderbergh e me espantei ao ver o nome dele nos créditos finais; estava convencido de que se tratava de um diretor estreante - um amador sem a menor noção de como contar uma história, dirigir atores ou filmar uma cena.
O filme realmente é um caso estranho. O problema é que ele faz uma mistura infeliz de estilos e intenções. Parte de uma proposta meio Flashdance / Burlesque / Striptease - uma dessas histórias onde um desconhecido busca algum tipo de fama e enfrenta uma série de obstáculos. Mas ao mesmo tempo, o filme tem um estilo naturalista que foge disso e vai mais pro lado do cinema independente, não-comercial - diálogos improvisados, enquadramentos esquisitos, narrativa solta, protagonista indefinido, cenas sem propósito, etc. Acaba que nenhuma das duas propostas funcionam.
O lado Flashdance / Burlesque do filme é desastroso. Pra começar, os personagens não estão buscando um sonho pessoal; trata-se apenas de um "bico". Os números de apresentação são constrangedores, visualmente feios (há algo naturalmente ridículo num homem exibindo suas curvas para mulheres; fica até difícil imaginar como seria uma boa cena dessas que não fosse pro lado cômico). Alex Pettyfer está apático no papel, sua escalada para o sucesso não é bem ilustrada e não convence... Falta um conflito maior para os personagens, que aceitam muito bem o fato de serem strippers (pra mulheres parece que há sempre um dilema moral quando usam o corpo pra ganhar dinheiro, o que cria automaticamente um conflito pra história; no caso desses personagens, tirar a roupa parece apenas uma profissão meio patética, mas sem esse mesmo tom degradante). O roteiro é uma bagunça. Se a intenção era fazer algo na linha dos filmes que mencionei, o resultado é trágico.
Já se a intenção era a de fazer um filme mais "artístico" - um retrato realista do universo desses personagens, sem a pretensão de contar uma história de sucesso, com começo, meio, fim, etc - então o filme não funciona pela falta de boas caracterizações. Os personagens são incongruentes, se comportam de maneira artificial... Você está constantemente pensando "essa pessoa jamais agiria dessa maneira / jamais se interessaria por essa pessoa / jamais faria tal comentário". As atitudes nunca formam personalidades reconhecíveis. Muito do problema é o elenco. Um bom drama naturalista é sempre sensível, tem personagens verdadeiros e bons atores.
O filme só funciona mesmo no nível do strip - pra quem for ao cinema ver corpos bonitos. E pelos 150 milhões que ele faturou, isso deve ter sido motivo o suficiente pra muita gente.
Magic Mike (EUA / 2012 / 110 min / Steven Soderbergh)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Burlesque; Ela Dança Eu Danço; Show Bar.
NOTA: 4.0
Durante a sessão esqueci completamente que era um filme de Steven Soderbergh e me espantei ao ver o nome dele nos créditos finais; estava convencido de que se tratava de um diretor estreante - um amador sem a menor noção de como contar uma história, dirigir atores ou filmar uma cena.
O filme realmente é um caso estranho. O problema é que ele faz uma mistura infeliz de estilos e intenções. Parte de uma proposta meio Flashdance / Burlesque / Striptease - uma dessas histórias onde um desconhecido busca algum tipo de fama e enfrenta uma série de obstáculos. Mas ao mesmo tempo, o filme tem um estilo naturalista que foge disso e vai mais pro lado do cinema independente, não-comercial - diálogos improvisados, enquadramentos esquisitos, narrativa solta, protagonista indefinido, cenas sem propósito, etc. Acaba que nenhuma das duas propostas funcionam.
O lado Flashdance / Burlesque do filme é desastroso. Pra começar, os personagens não estão buscando um sonho pessoal; trata-se apenas de um "bico". Os números de apresentação são constrangedores, visualmente feios (há algo naturalmente ridículo num homem exibindo suas curvas para mulheres; fica até difícil imaginar como seria uma boa cena dessas que não fosse pro lado cômico). Alex Pettyfer está apático no papel, sua escalada para o sucesso não é bem ilustrada e não convence... Falta um conflito maior para os personagens, que aceitam muito bem o fato de serem strippers (pra mulheres parece que há sempre um dilema moral quando usam o corpo pra ganhar dinheiro, o que cria automaticamente um conflito pra história; no caso desses personagens, tirar a roupa parece apenas uma profissão meio patética, mas sem esse mesmo tom degradante). O roteiro é uma bagunça. Se a intenção era fazer algo na linha dos filmes que mencionei, o resultado é trágico.
Já se a intenção era a de fazer um filme mais "artístico" - um retrato realista do universo desses personagens, sem a pretensão de contar uma história de sucesso, com começo, meio, fim, etc - então o filme não funciona pela falta de boas caracterizações. Os personagens são incongruentes, se comportam de maneira artificial... Você está constantemente pensando "essa pessoa jamais agiria dessa maneira / jamais se interessaria por essa pessoa / jamais faria tal comentário". As atitudes nunca formam personalidades reconhecíveis. Muito do problema é o elenco. Um bom drama naturalista é sempre sensível, tem personagens verdadeiros e bons atores.
O filme só funciona mesmo no nível do strip - pra quem for ao cinema ver corpos bonitos. E pelos 150 milhões que ele faturou, isso deve ter sido motivo o suficiente pra muita gente.
Magic Mike (EUA / 2012 / 110 min / Steven Soderbergh)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Burlesque; Ela Dança Eu Danço; Show Bar.
NOTA: 4.0
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Frankenweenie
No espírito de Hugo de Martin Scorsese, Tim Burton usa o melhor da tecnologia 3D e dos seus talentos visuais pra fazer uma homenagem ao cinema clássico. Frankenweenie foi um curta-metragem que Burton fez em 1984, e que agora ganha um remake estendido e em animação stop motion.
A história é uma paródia / homenagem em preto e branco ao Frankenstein de 1931, e conta a história de Victor Frankenstein, um garoto desajustado que usa seu conhecimento científico pra trazer seu cachorrinho Sparky de volta à vida, após ele ser atropelado.
Mas em vez de voltar como um monstro, o cão permanece do mesmo jeito que ele era, deixando a história sem grandes conflitos. Após ressuscitar Sparky, não há nada de muito envolvente na trama. Victor já realizou seu objetivo principal e suas preocupações passam a ser esconder o cão de seus pais (que no máximo dariam uma bronca nele), e mais para o final, corrigir um erro cometido por seus colegas da escola, que roubam sua ideia e ressuscitam gatos, tartarugas e outros bichos que saem destruindo a cidade (não fica claro por que alguns animais ficam bons, outros maus, uns gigantes, outros não, etc).
O curta foi expandido pra virar longa-metragem, mas não parece ter sido expandido em termos de profundidade, conflito. Burton evita mensagens sérias, situações dramáticas, surpresas, cenas muito intensas - tudo é meio morno, como se ele estivesse preparando um programa para pessoas com problemas cardíacos. O filme é agradável, impecável tecnicamente, mas frustra por não aproveitar os temas de amizade/perda, aceitação/rejeição, e todos os acordes mais dramáticos da história.
Frankenweenie (EUA / 2012 / 87 min / Tim Burton)
INDICAÇÃO: Quem gostou de A Invenção de Hugo Cabret, Os Fantasmas de Scrooge, A Noiva Cadáver, O Estranho Mundo de Jack, Ed Wood, etc.
NOTA: 6.5
A história é uma paródia / homenagem em preto e branco ao Frankenstein de 1931, e conta a história de Victor Frankenstein, um garoto desajustado que usa seu conhecimento científico pra trazer seu cachorrinho Sparky de volta à vida, após ele ser atropelado.
Mas em vez de voltar como um monstro, o cão permanece do mesmo jeito que ele era, deixando a história sem grandes conflitos. Após ressuscitar Sparky, não há nada de muito envolvente na trama. Victor já realizou seu objetivo principal e suas preocupações passam a ser esconder o cão de seus pais (que no máximo dariam uma bronca nele), e mais para o final, corrigir um erro cometido por seus colegas da escola, que roubam sua ideia e ressuscitam gatos, tartarugas e outros bichos que saem destruindo a cidade (não fica claro por que alguns animais ficam bons, outros maus, uns gigantes, outros não, etc).
O curta foi expandido pra virar longa-metragem, mas não parece ter sido expandido em termos de profundidade, conflito. Burton evita mensagens sérias, situações dramáticas, surpresas, cenas muito intensas - tudo é meio morno, como se ele estivesse preparando um programa para pessoas com problemas cardíacos. O filme é agradável, impecável tecnicamente, mas frustra por não aproveitar os temas de amizade/perda, aceitação/rejeição, e todos os acordes mais dramáticos da história.
Frankenweenie (EUA / 2012 / 87 min / Tim Burton)
INDICAÇÃO: Quem gostou de A Invenção de Hugo Cabret, Os Fantasmas de Scrooge, A Noiva Cadáver, O Estranho Mundo de Jack, Ed Wood, etc.
NOTA: 6.5
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Atividade Paranormal 4
É uma continuação de Atividade Paranormal 2 (e não do 3), se passando alguns anos depois dos eventos daquele filme. Mas as histórias são tão parecidas e os personagens tão secundários que eu acho um pouco demais esperar que a plateia se lembre de quem era quem em cada um dos filmes - e se importe por eles.
É melhor que a parte 3, que abusava de sustos baratos e tinha personagens que agiam de maneira incoerente. Fora isso, é mais do mesmo e minhas queixas continuam iguais (leia meus comentários sobre o 2 e o 3). Não há um enredo, o que limita as possibilidades do filme e reduz a experiência a aguardar passivamente o próximo susto - que nem sempre é tão forte quanto gostaríamos. Há algumas sacadas novas que são divertidas (como o efeito visual da sala forrada com pontinhos luminosos, provocados pelo sensor do video game).
Mas ideias visuais e estratégias pra provocar medo não compensam a falta que faz uma história, então infelizmente (digo infelizmente porque eu sempre quero gostar de filmes que trazem fantasia e aventura para o ambiente domiciliar) depois de meia hora o filme acaba se tornando monótono - especialmente para aqueles que não acreditam em espíritos (pra quem acredita, pelo menos o filme está falando de um assunto sério e dando explicações assustadoras para as portas que batem sozinhas e para as crianças que acordam no meio da noite).
Paranormal Activity 4 (EUA / 2012 / 88 min / Henry Joost, Ariel Schulman)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou dos outros da série, Apollo 18, Quarentena, etc.
NOTA: 4.5
É melhor que a parte 3, que abusava de sustos baratos e tinha personagens que agiam de maneira incoerente. Fora isso, é mais do mesmo e minhas queixas continuam iguais (leia meus comentários sobre o 2 e o 3). Não há um enredo, o que limita as possibilidades do filme e reduz a experiência a aguardar passivamente o próximo susto - que nem sempre é tão forte quanto gostaríamos. Há algumas sacadas novas que são divertidas (como o efeito visual da sala forrada com pontinhos luminosos, provocados pelo sensor do video game).
Mas ideias visuais e estratégias pra provocar medo não compensam a falta que faz uma história, então infelizmente (digo infelizmente porque eu sempre quero gostar de filmes que trazem fantasia e aventura para o ambiente domiciliar) depois de meia hora o filme acaba se tornando monótono - especialmente para aqueles que não acreditam em espíritos (pra quem acredita, pelo menos o filme está falando de um assunto sério e dando explicações assustadoras para as portas que batem sozinhas e para as crianças que acordam no meio da noite).
Paranormal Activity 4 (EUA / 2012 / 88 min / Henry Joost, Ariel Schulman)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou dos outros da série, Apollo 18, Quarentena, etc.
NOTA: 4.5
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