Projeto Gemini (2019) - 6.0
Malévola: Dona do Mal (2019) - 4.0
El Camino: A Breaking Bad Film (2019) - 5.0
Morto Não Fala (2019) - 4.0
Predadores Assassinos (2019) - 1.0
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Coringa
(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)
ANOTAÇÕES:
- A performance do Joaquin Phoenix é forte porém um pouco forçada já desde o início. O filme mal começa e ele já está rindo loucamente, chorando, fazendo caretas bizarras, sendo que ainda não temos nenhuma informação sobre o personagem, não sabemos quem ele é, por que ele é assim. A atuação deveria servir à história em primeiro lugar, se não corre o risco de virar exibicionismo (o fato dele já parecer insano e ameaçador desde a primeira imagem também enfraquece o arco do personagem, pois não há uma diferença tão grande entre o que ele é no começo e o que ele se torna no final).
- O personagem não parece ter nada a ver com o Coringa do Batman. É como se fosse um remake de Taxi Driver (sem muita autenticidade) onde simplesmente trocaram algumas páginas do roteiro, mudaram a profissão do protagonista pra palhaço e chamaram a cidade de Gotham.
- Pseudo-sofisticação: o filme acha que é mais artístico e profundo (que um filme tradicional do gênero) por ser Anti-Idealista. Em vez de um verdadeiro entretenimento, agora a franquia está flertando com o cinema Naturalista, transformou o Coringa num americano comum, pobre, que cuida da mãe idosa (não é mais um super-vilão - no Naturalismo nada pode ser "super"), quer discutir questões sociais, problemas psicológicos, fazer um estudo de personagem intimista em vez de criar um grande espetáculo (mais ou menos como Logan fez pra conseguir respeito da crítica). Sem falar na ênfase na feiúra do Joaquin Phoenix (quando um ator abre mão do ego e se mostra horrível em cena, é garantia de prêmios).
- Alerta Vermelho: o filme é anti-americano, anti-ricos... É como se a "América malvada" fosse a culpada pelos problemas do Coringa (e de todos os americanos "excluídos pela sociedade") por não ter lhe dado o sonho prometido. O Coringa se tornou a vítima, e os Wayne (ou seja, o Batman) é o grande vilão por representar os ricos. Há uma completa inversão de valores.
- O filme se torna moralmente condenável por querer justificar a maldade do Coringa e pedir pro espectador ter empatia por ele, torcer por ele. É possível criar um vilão forte, carismático, como Hannibal Lecter por exemplo, mas sem pedir que o espectador tenha pena, o veja como vítima.
- O Coringa não tem o menor talento, a menor vocação pra ser comediante, e o culpado no fim não é ele, mas o capitalismo, o “sistema” - como se a América tivesse o dever de realizar os sonhos irracionais de todos os cidadãos (talvez o filme seja tão popular pois é muito mais agradável culpar o sistema por suas frustrações do que assumir responsabilidade).
- A capa do jornal diz "MATEM OS RICOS - Um novo movimento?" - parece até um comentário sobre o cinema de 2019, considerando que vários dos filmes mais aclamados do ano como Parasita, Bacurau, são justamente sobre matar os ricos.
- Não há uma boa trama, um bom enredo de fato. Em termos de narrativa o filme é apenas uma série de coisas ruins acontecendo ao Coringa pra mostrar como a vida é cruel com ele. O máximo de interesse narrativo que isso gera é o senso de que no final ele irá explodir e sair matando todo mundo. Mas isso só será um clímax satisfatório pro espectador que estiver torcendo pelo Coringa, simpatizando pelas queixas do personagem. Para os outros, não há algo de muito positivo a ser aguardado.
- A direção tenta glamourizar o Coringa, torná-lo cool... Não há problemas em tornar um vilão cool no contexto de um filme que claramente o condena moralmente (tipo Darth Vader, Alien, etc), onde o foco é o herói, os personagens "do bem", e o vilão é apenas algo ameaçador a ser derrotado. Mas aqui todo o foco é no mal. Não temos um herói pra nos apoiarmos, pra servir de contraponto. SPOILER: No final o Coringa termina em cima do carro sendo aplaudido, aclamado pela população, vitorioso, rindo ao som de uma música alegre. O filme acaba cultuando a violência, é feito pra "empoderar" o espectador revoltado, que também se sente um dos excluídos e deseja vingança.
Joker (Canadá, EUA / 2019 / Todd Phillips)
NOTA: 4.0
ANOTAÇÕES:
- A performance do Joaquin Phoenix é forte porém um pouco forçada já desde o início. O filme mal começa e ele já está rindo loucamente, chorando, fazendo caretas bizarras, sendo que ainda não temos nenhuma informação sobre o personagem, não sabemos quem ele é, por que ele é assim. A atuação deveria servir à história em primeiro lugar, se não corre o risco de virar exibicionismo (o fato dele já parecer insano e ameaçador desde a primeira imagem também enfraquece o arco do personagem, pois não há uma diferença tão grande entre o que ele é no começo e o que ele se torna no final).
- O personagem não parece ter nada a ver com o Coringa do Batman. É como se fosse um remake de Taxi Driver (sem muita autenticidade) onde simplesmente trocaram algumas páginas do roteiro, mudaram a profissão do protagonista pra palhaço e chamaram a cidade de Gotham.
- Pseudo-sofisticação: o filme acha que é mais artístico e profundo (que um filme tradicional do gênero) por ser Anti-Idealista. Em vez de um verdadeiro entretenimento, agora a franquia está flertando com o cinema Naturalista, transformou o Coringa num americano comum, pobre, que cuida da mãe idosa (não é mais um super-vilão - no Naturalismo nada pode ser "super"), quer discutir questões sociais, problemas psicológicos, fazer um estudo de personagem intimista em vez de criar um grande espetáculo (mais ou menos como Logan fez pra conseguir respeito da crítica). Sem falar na ênfase na feiúra do Joaquin Phoenix (quando um ator abre mão do ego e se mostra horrível em cena, é garantia de prêmios).
- Alerta Vermelho: o filme é anti-americano, anti-ricos... É como se a "América malvada" fosse a culpada pelos problemas do Coringa (e de todos os americanos "excluídos pela sociedade") por não ter lhe dado o sonho prometido. O Coringa se tornou a vítima, e os Wayne (ou seja, o Batman) é o grande vilão por representar os ricos. Há uma completa inversão de valores.
- O filme se torna moralmente condenável por querer justificar a maldade do Coringa e pedir pro espectador ter empatia por ele, torcer por ele. É possível criar um vilão forte, carismático, como Hannibal Lecter por exemplo, mas sem pedir que o espectador tenha pena, o veja como vítima.
- O Coringa não tem o menor talento, a menor vocação pra ser comediante, e o culpado no fim não é ele, mas o capitalismo, o “sistema” - como se a América tivesse o dever de realizar os sonhos irracionais de todos os cidadãos (talvez o filme seja tão popular pois é muito mais agradável culpar o sistema por suas frustrações do que assumir responsabilidade).
- A capa do jornal diz "MATEM OS RICOS - Um novo movimento?" - parece até um comentário sobre o cinema de 2019, considerando que vários dos filmes mais aclamados do ano como Parasita, Bacurau, são justamente sobre matar os ricos.
- Não há uma boa trama, um bom enredo de fato. Em termos de narrativa o filme é apenas uma série de coisas ruins acontecendo ao Coringa pra mostrar como a vida é cruel com ele. O máximo de interesse narrativo que isso gera é o senso de que no final ele irá explodir e sair matando todo mundo. Mas isso só será um clímax satisfatório pro espectador que estiver torcendo pelo Coringa, simpatizando pelas queixas do personagem. Para os outros, não há algo de muito positivo a ser aguardado.
- A direção tenta glamourizar o Coringa, torná-lo cool... Não há problemas em tornar um vilão cool no contexto de um filme que claramente o condena moralmente (tipo Darth Vader, Alien, etc), onde o foco é o herói, os personagens "do bem", e o vilão é apenas algo ameaçador a ser derrotado. Mas aqui todo o foco é no mal. Não temos um herói pra nos apoiarmos, pra servir de contraponto. SPOILER: No final o Coringa termina em cima do carro sendo aplaudido, aclamado pela população, vitorioso, rindo ao som de uma música alegre. O filme acaba cultuando a violência, é feito pra "empoderar" o espectador revoltado, que também se sente um dos excluídos e deseja vingança.
Joker (Canadá, EUA / 2019 / Todd Phillips)
NOTA: 4.0
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